Travessia do Rio Caí
Os primeiros imigrantes italianos que chegavam ao Brasil desembarcavam exclusivamente pelo porto do Rio de Janeiro. Desciam nas instalações portuárias da Ilha das Flores, onde se situava a Hospedaria dos Imigrantes, que os acolhia pelo prazo máximo de oito dias depois seguiam o seu destino.
A partir de 1882, com o grande aumento do fluxo de imigrantes, o desembarque também passou a ser feito pelo porto de Santos, especialmente para aqueles imigrantes cujo destino final era o Estado de São Paulo. Os recém chegados faziam o trajeto desde o porto até a cidade de São Paulo, por trem ou em grandes carroças. Ficavam hospedados na Hospedaria dos Imigrantes esperando pelos representantes dos fazendeiros que vinham busca-los.
Os imigrantes já vinham da Itália com contratos assinados com grandes fazendeiros de café, e também de algodão, e somente depois de registrados na hospedaria é que ficavam sabendo para onde seriam levados.
Aqueles imigrantes que seguiriam ainda para outros destinos na região Sul, como os portos de Paranaguá, Laguna ou Porto Alegre, eram transportados por navios costeiros brasileiros de menor calado.
Os imigrantes que estavam destinados às colônias italianas do Sul do país, criadas a partir de 1875, paravam no porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul.
Depois de uma parada de alguns dias, esperando pelas pequenas embarcações fluviais a vapor, ainda na Lagoa dos Patos, passavam por Pelotas até Porto Alegre, para então começar a subir pelos rios Caí ou Jacuí, até desembarcarem no local mais próximo de onde estavam situadas as colônias italianas recém criadas pelo governo brasileiro.
Subindo o rio Caí, os imigrantes que estavam destinados para as Colônia Dona Isabel e Conde d'Eu, hoje respectivamente as cidades de Bento Gonçalves e Garibaldi, desembarcavam em Montenegro. Já aqueles destinados para a Colônia Caxias, desembarcavam em São Sebastião do Caí.
Do desembarque, nos portos do rio Caí, até as respectivas colônias, precisavam vencer uma longa distância, cujo percurso era feito em carroções puxados por bois ou a pé. A estrada era somente uma estreita picada no meio da mata, aberta a facão pelos próprios imigrantes e funcionários do governo brasileiro que os acompanhavam.
No fim do trecho plano da chamada estrada Rio Branco, às margens do Rio Caí, tinha então início a parte mais difícil do trajeto que era a subida da Serra. Mas, antes de seguirem viagem, muitos paravam na improvisada hospedaria para se alimentar e descansar. Os italianos eram acompanhados por alguns funcionários do serviço de imigração que além do transporte, também serviam de guias para localizar o lote de terra correspondente a cada um dos imigrantes.
Os imigrantes italianos que seguiram para a Colônia Silveira Martins, nome dado em homenagem ao presidente da província, porém, mais conhecida como quarta colônia de imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, tiveram que subir pelo rio Jacuí até Rio Pardo e completar o restante do caminho em carros de bois ou a pé, até a localidade de Val de Buia.
A 4ª Colônia, criada em 1877, ficava próximo do município de Santa Maria, uma extensa região no planalto central do estado que engloba os atuais municípios de Silveira Martins, Ivorá, Faxinal do Soturno, Dona Francisca, Nova Palma, Pinhal Grande e São João do Polêsine, além de partes dos municípios de Agudo, Itaara e Restinga Seca.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS