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quinta-feira, 24 de julho de 2025

A Odisseia de um Imigrante Italiano


Enrico Castellari 

A Odisseia de um Imigrante


Em 1899, já no final do século, Enrico Castellari, um agricultor mantovano, vivia os dias difíceis de uma Itália marcada pela fome, desemprego e crise social. Com 34 anos, Enrico era um homem dedicado à família e ao trabalho na pequena localidade rural de Piubega. Contudo, as terras de sua região, empobrecidas por décadas de cultivo intensivo, já não ofereciam o sustento necessário para ele, sua esposa Rosa e seus dois filhos, Carlo e Bianca.

A decisão de emigrar surgiu como uma luz em meio às trevas. Nos dias sombrios em que o peso da fome apertava e os campos, antes férteis, se tornavam incapazes de sustentar a família, a visita de um agente de imigração trouxe um misto de esperança e incerteza. Ele passava pelas pequenas cidades e vilas italianas com discursos eloquentes, pintando o Brasil como um paraíso distante. "Uma terra onde a riqueza brota do solo e o trabalho honesto é recompensado", dizia ele, enquanto distribuía panfletos e mostrava ilustrações de vastos campos e famílias sorridentes.

Enrico ouviu falar do agente durante a missa dominical. A pequena igreja de pedra ecoava murmúrios sobre as promessas da nova terra, e, embora muitos hesitassem, ele sentiu algo despertar dentro de si. Movido pela esperança e pelo desespero, reuniu-se com o agente na praça principal de sua aldeia. A conversa foi breve, mas cada palavra parecia carregar um peso imenso: uma promessa de futuro ou uma armadilha disfarçada de oportunidade.

Após dias de reflexão e noites insones, Enrico tomou sua decisão. Vendeu seus poucos pertences: a velha carroça, os utensílios de cobre herdados da mãe, e até mesmo o pequeno rebanho que restava. Com o dinheiro, comprou passagens para ele e sua esposa no próximo navio que zarparia de Gênova rumo ao Brasil. A visão da travessia era ao mesmo tempo assustadora e excitante; o desconhecido os atraía como um chamado irresistível.

Enquanto empacotava os poucos pertences que restaram, Enrico sentiu um nó na garganta ao dobrar as roupas simples de trabalho e guardar o velho rosário que pertencera ao seu pai. Sua casa de pedra, pequena e humilde, parecia agora mais cheia de memórias do que de paredes. Ao lado da esposa, olhou pela última vez para os campos que os viram crescer e sofrer. A terra que sempre fora seu lar agora era apenas um peso de dor e despedida. O dia da partida chegou sob o céu cinzento de uma manhã fria. A vila inteira parecia estar presente para se despedir daqueles que embarcavam na jornada. Lágrimas se misturavam com sorrisos encorajadores, enquanto Enrico subia na carroça que os levaria ao porto. O som das rodas no cascalho parecia marcar o início de uma nova vida.

A jornada começou em Gênova, onde o cais fervilhava de atividade. Homens gritavam ordens, bagagens eram empilhadas desordenadamente, e o cheiro de maresia misturava-se ao aroma agridoce da ansiedade que pairava no ar. Enrico e sua família chegaram cedo, mas mesmo assim enfrentaram longas horas de espera. O navio a vapor, um gigante metálico com chaminés que cuspiam fumaça negra, parecia quase vivo, com suas máquinas ruidosas e tripulação apressada.

Quando finalmente embarcaram, foram direcionados ao convés inferior, um espaço apertado e abafado que parecia mais uma caverna metálica do que um lar temporário. Ali, centenas de famílias se amontoavam com suas posses, tentando criar alguma ordem no caos. O calor era insuportável, e o ar pesado trazia uma sensação de sufocamento constante. Bebês choravam, mães cantavam baixinho tentando acalmá-los, e o murmúrio de orações em diferentes dialetos italianos preenchia os momentos de silêncio.

Durante as semanas no mar, enfrentaram desafios que testaram tanto o corpo quanto o espírito. Os mares revoltos balançavam o navio de forma implacável, deixando muitos à mercê do enjoo e do desespero. As doenças, inevitáveis em um ambiente tão insalubre, começaram a se espalhar rapidamente. A febre e a tosse eram visitantes frequentes entre os passageiros. Rosa, sempre vigilante, cuidava de Bianca com uma devoção incansável, enquanto Carlo, com sua energia infantil, encontrava maneiras de transformar aquele espaço limitado em um campo de brincadeiras, usando um pedaço de corda como um jogo improvisado.

Enrico, por sua vez, passava longos momentos em silêncio, observando a família e refletindo. Ele se perguntava se havia tomado a decisão certa. A saudade do que haviam deixado para trás era uma dor persistente, um peso invisível que carregava a cada instante. No entanto, cada vez que olhava para Rosa embalando Bianca, ou ouvia o riso inocente de Carlo, sentia uma centelha de esperança. Talvez o sacrifício valesse a pena.

Então, um dia, após o que parecia uma eternidade, o navio entrou em águas mais calmas. A tripulação começou a correr pelo convés, e um burburinho tomou conta do ambiente. Enrico subiu ao convés superior, seguido por Rosa, que carregava Bianca, e por Carlo, com os olhos brilhando de curiosidade. Lá, no horizonte, ele viu pela primeira vez o porto do Rio de Janeiro. Montanhas imponentes erguiam-se contra o céu azul, enquanto as águas reluziam sob o sol. A paisagem era majestosa, quase surreal. Enrico sentiu um nó na garganta; as dúvidas que o haviam assombrado começaram a se dissipar. Ele segurou a mão de Rosa com firmeza, compartilhando com ela aquele momento que parecia um sonho. “Estamos aqui”, sussurrou, mais para si mesmo do que para ela. Era o começo de uma nova vida, e pela primeira vez em muito tempo, ele acreditou que poderiam vencer.

Do Rio de Janeiro, a família seguiu para o Espírito Santo. Após dias costeando a praia, chegaram ao porto de Vitória e, dali, foram transportados em pequenos barcos para uma colônia chamada São Antônio. Giuseppe Artioli, um italiano que já vivia ali há anos, os acolheu e explicou as dificuldades que enfrentariam.

“Essa terra é generosa, mas precisa ser domada”, disse Giuseppe. As terras designadas a Enrico eram vastas, mas cobertas por uma floresta densa e desconhecida. Ele passou os primeiros dias limpando o terreno, aprendendo sobre o clima e tentando se adaptar à comida local. A mandioca, o feijão e as frutas tropicais eram estranhos ao paladar lombardo, mas, com o tempo, tornaram-se parte de sua dieta.

O cultivo do café era a principal promessa de riqueza. Enrico, com a ajuda de Rosa e Carlo, começou a plantar as primeiras mudas. O trabalho era extenuante, mas ele nunca reclamava. Cada semente plantada representava a esperança de um futuro melhor.

A floresta também era fonte de aventura e perigo. Carlo adorava explorar, mas Enrico sempre o alertava sobre os animais selvagens. Certo dia, um grupo de colonos encontrou uma preguiça gigantesca, que despertou a curiosidade de todos. “Esse lugar é cheio de surpresas”, disse Rosa, sorrindo.

A colônia era um mosaico de culturas. Italianos, alemães, franceses e suíços conviviam, trocando conhecimentos e experiências. As ocasionais festas comunitárias, onde se misturavam músicas italianas e danças locais, eram momentos de união e alegria.

Enrico começou a ensinar os vizinhos sobre técnicas de cultivo que havia aprendido na Lombardia. Em troca, aprendeu a lidar com as particularidades do solo brasileiro. “Aqui, todos dependem de todos”, dizia ele.

À noite, quando o trabalho terminava, Enrico escrevia cartas aos parentes que haviam ficado na Itália. Contava sobre as dificuldades, mas também sobre as conquistas. “Esta terra é diferente de tudo que conhecemos, mas tem um potencial imenso. Se tivermos coragem, construiremos algo grandioso”, escreveu ao irmão Matteo.

A saudade era uma constante. Rosa, às vezes, chorava ao lembrar dos campos da Lombardia. Mas Enrico a consolava dizendo: “Estamos plantando nossas raízes aqui. Um dia, nossos netos falarão deste lugar como sua casa.”

Anos se passaram, e a família Castellari prosperou. O café floresceu nas terras de Enrico, e sua colônia tornou-se um exemplo de sucesso. Carlo cresceu e começou a ajudar o pai, enquanto Bianca se tornou uma jovem forte e alegre, adaptada à vida no Brasil.

Enrico Castellari nunca voltou à Itália, mas seu espírito aventureiro e sua dedicação deixaram um legado. Ele e Rosa encontraram no Brasil não apenas um novo lar, mas uma nova identidade, onde as raízes italianas se misturaram com o solo brasileiro, criando uma história de coragem, resiliência e esperança. 

Nota do Autor

Escrever Enrico Castellari: A Odisseia de um Imigrante foi como traçar um mapa das complexas emoções e desafios que envolvem o ato de recomeçar em terras desconhecidas. Inspirada em histórias reais de imigrantes italianos, esta obra é uma homenagem à coragem daqueles que, movidos pela necessidade e pela esperança, deixaram para trás suas raízes para plantar novas em um solo distante.

Enrico Castellari é mais do que um personagem; ele é um símbolo da resiliência humana e da capacidade de sonhar mesmo em tempos de adversidade. A narrativa busca capturar não apenas os grandes feitos, mas também os pequenos momentos de dúvida, dor e triunfo que marcam a jornada de cada imigrante. Ao mergulhar nas dificuldades da viagem transatlântica, nos desafios do trabalho árduo e no esforço para adaptar-se a uma cultura diferente, espero que o leitor possa sentir a profundidade da luta e da fé de famílias como a de Enrico. Mais do que um relato histórico, esta é uma história sobre a alma humana, que persevera e floresce mesmo nas condições mais difíceis.

Dedico este livro aos descendentes daqueles que vieram antes de nós, que trazem em seu sangue a força de seus ancestrais, e a todos que acreditam no poder transformador da esperança. 

Dr. Luiz C. B. Piazzetta



domingo, 20 de julho de 2025

Tra Sònio e Realtà


Tra Sònio e Realtà

Luigi Peretti el zera un zòvane contadin int un pìcolo paese ´ntela provìnsia di Mantova, in Itàlia. A soli ventoto ani, el ga preso la dessision de lassar la sua tera natale a la riserca de ´na vita miliore in Brasile. Fassinà da le promesse di tere fèrtili e nove oportunità di lavoro, el ze imbarcà a bordo di un grande piroscafo, verso el sconossesto. Il viaio el ze stà lungo e faticoso, ma Luigi si ga incolà a la speransa di un futuro miliore per sé e per so mòie Caterina, in dolse spera del loro primo fiol.

Quando la nave finalmente ga rivà ´ntel pìcolo porto de Rio Grande, la delusione la ze stà imediata. Luigi non aveva mai dimenticato quel momento. El ga scrito ai genitori, rimasti in Itàlia:

"Quando sono sbarcà per la prima olta, mi son stà perplesso. Non zera nula, assolutamente nula! El porto de Rio Grande, benché pìcolo par confronto con quelo de Rio de Janeiro e de Genova che Luigi gavea vardà drio, el zera un porto importante par el Brasil. Sbarcando, no ghe zera gnente de grando: un caìs no tanto longo, strade sporche de fango e vèci magazine. Ma, no obstante tuto questo, el zera el pòrtego de ingresso par la rica provìnsia del Rio Grande do Sul."

El panorama el zera triste e desolà. Ma, pròprio là vissin al porto, ghe gera ´na sità granda, rica, pien de movimento. Sul cais, ghe se vedeva diverse barche, vele e vapor, tute che ´ndava e vegniva, portando mersi e persone. Luigi gavea sentì parlar de ‘na pianta strana, la guaçatonga, che la gaveva fruti picolini che assomiliava ai mirtilli, ma che gera tanto amari. La legenda contava che chi i gavesse magnà quei fruti el zera destinà a tornar sempre là. Luigi el ga fato un soriso a metà, come par prender in giro ‘sta stòria, ma ´ntel fondo del so cuor el se sentiva strànio, come se ‘na man invisìbile ghe strenseva el stòmago: l’idea de tornar lì ghe fassea paura.

Luigi Peretti e so mòier Giovanna lori i ze rivà in Rio Grande su ´na nave pien de emigranti, quase tuti oriundi de Mantova. La loro destinassion finale la zera Alfredo Chaves, ´na nova colónia italiana inaugurà un ano prima, ´ntel 1898. La colónia, situà un poco pì a nord de la colónia Dona Isabel (che incòi se ciama Bento Gonçalves), la zera stà creà parché le prime colònie de la Serra Gaúcha – Caxias, Bento Gonçalves e Conde d’Eu – in lore no gavea pì spàssio par tuti i imigranti che rivava continuamente dal Véneto e da altre region d’Itàlia.

Luigi el zera un marangon, specialisà ´ntela construssion de cese e de mulini coloniai, che prima i ´ndava con l’aqua e dopo con i primi impianti de energia elètrica. Con la so maestria, lu gavea imparà l’arte dal so pare, un marangon esperto che ghe aveva insegnà tuto, dai segreti del legno al disegno de struture sòlide e durature. Ma in Itàlia, come tanti altri, el laorava anca la tera, parché i laori de marangon no i zera sempre contìnui.

La famèia Peretti e un gruppo de altri compaesan de Mantova intraprese un lungo viaio da Rio Grande fin su a Alfredo Chaves. Ghe volse setimane de fatiche e speranse. Luigi, con Giovanna inssinta, no el zera tipo da lamentarse. Durante el traieto, el imaginava el futuro su la so tera nova, un lote ben situà no tanto distante dal nùcleo sentral de la colónia. Con el cuor pien de sòni e el corpo segnà dal laoro e dal viaio, lori i ze rivà finalmente al so destino.

El teren de Luigi el zera grande, coerto de foresta vèrgine. Con l’aiuto de Giovanna, che no ghe rifiutava gnente nonostante el peso de la gravidessa, el scominsiò sùito a disboscar un'àrea limità. El laorava con el cuor e con la testa, usando ogni momento lìbaro par preparar el futuro. In pochi mesi, Luigi, con la so esperiensa, el tirò su una casa provisòria par la so famèia. Ma el ghe ga fato anca de pì: trovò el tempo par aiutar i so compagni de viaio, tuti vissin del tereno che gavea ricevuto, a construìr le loro case. Questo gesto el ga fato crèsser un senso de comunità che ghe sarebe restà par tanti ani.

Con el tempo, el talento de Luigi come marangon el se ga fato conossiuto in tuta la colónia. La qualità del so laoro no ghe passava inosservà. I visin no tardò a notar la pressision e la belessa de le òpere che Luigi tirava su. L’ano dopo che el gavea rivà, ´ntel 1900, el ga ricevesto el primo incàrico importante: construìr ´na capela in ´na de le linee vissin de Alfredo Chaves. El zera un laoro che el ghe dava onor e orgòio, ma anca ´na gran responsabilità.

Giovanna, con la forsa de ´na dona che no se spaventa davanti ai sacrifìssi, la continuava a curar la tera, piantando e racoiendo ciò che serviva par sfamar la famèia. Luigi tornava a la piantassion solo durante la racolta, ma el ghe fassea tuto par divìder el tempo tra la so vocassion come marangon e el bisogni de la tera. I fiòi i ga nassesti uno dopo l’altro, e ogni passo vanti el zera fruto de lavoro, determinassion e fede. Alfredo Chaves, come tante altre colònie taliane, ghe ga scominsiava a prender forma gràssie a persone come Luigi e Giovanna, che vedea el futuro ´ntei solchi de la tera e ´ntei muri de le case e de le cese che el tirava su.

Nota del Autor

Sta stòria qua, Tra Sònio e Realtà, la ze ‘na memòria che vien da lontan, da ‘na tera lontan e da ‘n tempo ancor pì distante. No la ze solo la crónaca de un viaio, ma el raconto de ‘na fede che no se spesa, de un omo che, come tanti, el ga lassà tuto drio – casa, famèia, radìsi – par inseguir un futuro che lu no podéa gnanca vardar.

Mèio che i archivi, mèio che le date, ze le man calose de Luigi Peretti, el so sudor che casca ‘ntel legno e ‘ntela tera, el sguardo de Giovanna che no se gira indrio. Ze da loro che nasse sta stòria, con la forsa de chi ghe crede fin in fondo a ‘na promessa, anca se la promessa la ze fata de fango, foresta e fadiga.

Scrivar sta stòria la ze stà, par mi, come scoltar i silénsi de ‘na generassion che no gavea tempo de contar, parchè la vivea. Ze un omàio a quei che i ga portà la loro cultura su la schena, che i ga piantà paroe, costumi, fede e speransa drento ‘na tera che no li spetava, ma che cn el tempo la ze diventà casa.

A ti che te lese, domando solo ‘na roba: no ti pensar che tuto questo el sia stà scontà. Ogni casa tirà su, ogni fila de parole scrita qua, la costa làgreme, coraio e amore. Se ghe senti el peso, ze parchè el ze vero. E se el te toca, ze parchè, forsi, un canton de sta stòria la toca anca a ti.

Dr. Luiz C. B. Piazzetta





quarta-feira, 16 de julho de 2025

Enrico Castellari La Odiséa de un Emigrante

 


Enrico Castellari
La Odissea de un Emigrante

Intel ano 1899, verso la fine del sècolo, Enrico Castellari, un agricultor de Mantova, viveva i zorni difìssili de ´na Itàlia marcà da la fame, el disocupassion e la crisi sossial. Con 34 ani, Enrico lu el zera un omo dedicà a la so famèia e al lavoro ´nte la pìcola località rural de Piubega. Ma, le terre de la so region, póvare per sècoli de coltivassion intensa, no ghe dava pì el sostegno nessessàrio par lui, la so mòier Rosa e i so do fiòi, Carlo e Bianca.

La resolussion de emigrar la ze rivà come ´na luse in meso a le tènebre. Nte quei zorni scuri dove el peso de la fame se sentiva forte e i campi, che prima i zera boni e fèrtili, adesso i zera incapace de sustentar la famèia, la visita de un agente de emigrassion la ga portà ´na mescolansa de speransa e paùra. El girava per le pìcole sità e i paeseti italiani con discorsi eloquenti, descrivendo el Brasile come un paradiso lontan. "Na tera ndove la ricchessa salta fora del tereno e el lavoro onesto el vien ricompensà", diseva lui, distribuindo foietin e mostrando desegno de campi vasti e famèie soridenti.

Enrico lu el ga sentì parlar de l'agente durante la messa de la doménega. La pìcola cesa de sasso ecoava de mormori su le promesse de la nova tera, e anca se tanti i zera indecissi, lui el ga sentì un qualcosa sveiarse drento de lui. Con un sentimento de speransa e disperassion, el se ga incontrà con esse tal agente in la piasa prinssipal de la so vila. La conversassion la ze stà curta, ma ogni parola la pareva portar un peso enorme: ´na promessa de futuro o ´na arapuca travestida da oportunità.

Dopo zorni de riflession e noti sensa sono, Enrico lu el ga siapà la so resolussion. El vendeva i so pochi ben: la vècia careta, i utensili de rame eredità da la mare, e anca el pìcolo grege che ghe restava. Con quei schei, el ga comprà i biglieti par lui e la so famèia sul pròssimo vapor che salpava da Génova verso el Brasile. L'idea de la traversia la zera tanto spaventosa quanto essitante; lo sconossiuto li atirava come un richiamo irresistìbile.

Mentre impacava i pochi beni che ghe restava, Enrico lu el ga sentì un nodo ´nte la gola doblando i pani simpli de lavoro e metendo via el vècio rosario che zera de so pare. La so casa de sasso, pìcola e ùmile, la pareva adesso pien de ricordi pì che de muri. Al fianco de la mòier, el gaveva dato l'ùltimo sguardo sui campi che i li aveva visto crèsser e sofrir. La tera, che sempre la zera stà la so casa, adesso la zera solo un pesá de dolor e adio.

El zorno de la partensa lui i ga rivà soto un ciel grìgio de ´na matina freda. Tuta la vila pareva presente par salutar chi che l'andava via. Làgreme se mescolava con soriso incoragianti, mentre Enrico el montava su la carossa che i li portava fin a la station del treno che i ga portà al porto. El rumor de le rote sul ghiaio pareva marcar lo scomìnsio de ´na nova vita. Enrico, sofiando via el fredo de la matina co le man rossi e rugà de la fatiga, el stava su la carossa mentre che la caravana, lenta ma decisa, se avicinava de la stassion del treno. La lunga colona de vagon la coreva verso Génova, con un rumor contìnuo che pareva cantar ´na melodia de fero e speransa. Le rote le bateva sul binàrio, scandendo ogni momento, ogni pensiero. Enrico, con el sguardo perso fora dal finestrin, el vardava el paesàgio che se cambiava piano, passando dai campi verdi de la pianura a le coline rugose, e poi ancora verso le sità sempre pì grande e confuse. Rosa la teneva streto a sé Carlo, che dormiva straco sul so col, mentre Bianca la stava con la testa scorà sul so fassoleto, silensiosa, come se lei capisse che quel viaio no el zera solo uno spostamento, ma na partensa da tuto quel che i gaveva conosuo fin là.

“Credi tu che troveremo veramente ´sto futuro?” Rosa la gaveva sussurà, senza vardar el marito, come par no farghe sentir el peso de la domanda. Enrico, sensa desviar el sguardo dal finestrin, el gaveva solo smenar con la testa. No gaveva parola, ma drento de lui el cuor el zera pien de promesse che no podeva romper, no par lui, ma par quei che adesso se fidava ciecamente de lui. Le stassion che lori i incontrava lungo la strada le zera come tape de ´na liturgia. Ogni fermada la portava un misto de emossion: zente che se sbrassiava, borse e baule che i se alsava sui vagon, e volti che no se vardaria mai pì. La vita de quei paesi ghe zera e rimaneva là, come ´na fotografia che pian pianino el tempo la gavaria canselar. Mentre la sera la vegnìa zo, con le ombre che se alungava drento el vagon, Enrico el strense el rosàrio che el gaveva in tasca. “Par Sant’António, da ghe se forsa a ‘sta famèia”, el pregava in silènsio, mentre la lunga colona de vagon continuava a cantar el so rumor. Con Carlo e Bianca che ghe stringeva forte le man, el no diseva gnente, ma el cuor ghe bateva forte come un tamburo. Rosa, al so fianco, teneva un fassoleto straco de strensarse i òci rossi.

La sità portuària la zera un caos vibrante. Navi enormi de fero, con camini alti che sbofava fumo nero, i zera sircondà de una moltitudine de zente. Al porto, se senti i vari dialeti italiani, mescolà co l'acento strano de chi che gestiva el embarco. Le famèie le zera tute con i so carichi, legate e baule impilà un sora l'altro. Enrico, sempre taconà ai so fiòi, el gaveva la schiena rìgida e el sguardo fisso su quel vapor imenso che pareva un mostro marìtimo. Finalmente, drio ore de atesa e controli, i zera saliti su la nave. Enrico el se ricordarà par sempre el primo passo sul ponte, con el scricolar del legno e el profumo misto de sal marìn e fumo de carbone. Le cabine, scure e pòvere, no gaveva finestre; el spasso zera streto, ma almeno i gaveva un posto par sdraiarse. Bianca e Carlo i se sedeva su le casse con le so poche robe, mentre Rosa el sistemava le coerte con cura.

La nave, drio un fischio poderoso che pareva squarciar el ciel, finalmente la ze partì. Génova pian pianin la se riduseva a un puntìn sfumato all’orisonte, e un silènsio reverensial el cadeva su tuti. Enrico, con el braso su la spala de Rosa, el gaveva el sguardo fisso sul mare sconfinà. El futuro lo aspetava da qualche parte, ma el passà, con tuta la so pesantessa, el ghe restava indrio. 

I primi zorni sul vapor i zera un misto de riangiarse e soferensa. Carlo e Bianca, no abituà a l'onde del mare, I zera debiliti e malandati, mentre Rosa la stava streta al so posto, sempre preocupà par i fiòi. Enrico, drio ore de riflession e preghiere, el gaveva fato amicissia con altri passegieri. Un vècio, con la barba bianca e le man nodose, el contava de stòrie del Sudamérica; un paron de Vicenza el descriveva le imense foreste de la nova tera, ndove la legna la se trovava con le man nude.

“Ma ti no lo ga mai visto sto Brasil?” el gaveva domandà Enrico, con un sorriso incrèdulo.

No, fiol mio, ma no te gavè bisogno de vardar par creder. El sconossiuto el ze quel che te dà coraio,” el gaveva risposto el vècio, con el sguardo lontan.

I zorni sul mar i gaveva un ritmo monòtono, interroto solo dai pasti stràchi e dai cori de preghiera che i passegièri improvisava. Ma el ventèsemo zorno, el cuor de Enrico el gaveva sentì un peso novo. Bianca la gaveva scominsià a tossir, ´na tosse dura e seca che la zera incapace a fermarse. Carlo el gaveva la segui a poco dopo. Rosa, disperà, la gaveva sfiorà el volto de la fiola, sentindo la febre ardente. El vapor, che prima el pareva un sìmbolo de speransa, el diventò un luogo de paura. El sarampion el ga fato la so entrata, come ´na maledission portà dal vento. Fiòi de ogni àngolo de la nave i gavea scominsià a cascar malà, e ´na scia de silènsio pesante la segueva la disperassion. Enrico, drio tentativi de domandar aiuto al poco equipagio disponìbile, el gaveva capì che poco se podeva far.

Una sera, con Bianca tra le brasse de Rosa e Carlo su el materasso vècio, el silènsio el se spesò. El cuore de Bianca el se fermò, e Rosa la scopiò in un grido che ghe dilasserava l´ ànima. Enrico, colpìto dal dolore, el no gaveva la forsa de piànser; el stava là, fermo, sentindo el peso de ´na colpa che no era soa.

El capitano, sensa emossion, el li avisò: “I corpi no pol restar a bordo. L’aqua del oceano li acoglierà.”

Con grande pena, i marinai i li ga spiegà le regole. Bianca la no podeva essere tenuda a bordo. El capitano, con ´na fassia tesa e dura, el gaveva deto che i doveva fare el ritual de sepoltura al mar, par evitar ulteriore contagio. Rosa, devastà, la no voleva lasarla andar. Se ghe teneva streta, cantando co la vose rota. Ma el destin el no gaveva misericòrdia. Con ´na cerimonia breve, ndove le preghiere de un prete imbarcà le se mescolava ai singhiossi de Rosa, el corpin de Bianca el ze stà calà dolcemente ´ntel mar. Enrico, con el rosàrio in man, el pregava, mentre le onde del mare le se chiudeva piano su quel picolo invòlucro de amore e disperassion. Rosa la gaveva voluto sercar con gli òci fino a perderse nel horizonte, sperando invano de vardarla ancora ´na volta. Con el cuor spesà, Enrico e Rosa i ghe ga dato l’ùltimo sguardo a la Bianca, prima de vederla sparir tra le onde scure. La sua risata e i so òci vivi i se mescolava ora con el infinito del mar. 

Drio ´sto evento, la famèia Castellari la zera devastà, ma anca ancora pì unìda. Rosa e Enrico i se tegneva streti, condividendo un peso de dolore che solo loro i podeva capir. Carlo, ancora dèbile, el sercava conforto ´nte la loro presensa.

Dopo setimane interminàbili, el vapor el ga rivà finalmente a el porto de Rio de Janeiro. I Castellari i zera trasformà: ´na famèia che gavèva lassà la so tera con speransa, ma che ora la gaveva le sicatrissi de ´na pèrdita che el tempo no podeva guarir. Ma la promessa de ´na nova tera la ghe restava, come ´na ancora a cui agraparse.

Dal porto, con molti altri emigranti, i zera stati caricà su un altro vapor fin al Rio Grande do Sul. Finalmente, i Castellari lori i ze rivà a la Colònia Dona Isabel. Le prime impressioni zera de un mondo de lavoro e sacrifìssio. La selva densa, le case de legno mal rabersià, e la comunità spersa le zera lontan dal "paradiso" che l'agente de emigrassion el gaveva promesso. Ma le parole del vècio sul vapor le ritornava a Enrico: "El sconossiuto el ze quel che te dà coraio."

Enrico el alzò ´na capanna insieme a altri coloni, lavorando de sol a sol. Rosa la se dedicava a mantegner la casa, con i pochi mesi che gaveva. Carlo, recuperà, el zera tornà a essere un fiol vispo, ma con ´na ombra de malinconia che solo ´l tempo la podarà canselar. Bianca la zera sempre presente ´nte le loro menti, ´na presensa silensiosa che ogni sera i onorava con ´na preghiera.

Drio ani de sacrifici e lavor, la famèia Castellari la zera riussì a stabilir ´na vita dignitosa. La tera la gaveva risposto al loro sudor, e la comunità, benché inisialmente dispersa, la zera diventà ´na rete de suporte e amississia. Rosa la trovò conforto ´nte le done de la colònia, e Enrico el zera diventà ´na figura respetà, un omo che i zovani i consultava. Ogni primavera, davanti a ´l piccolo altar che gaveva costruì in memòria de Bianca, Enrico e Rosa i raccontava a Carlo de la so sorela, de quel che la gaveva rapresentà par loro e de come la so memòria la zera ´na guida. Carlo, cressendo, el ga giurà de onorar quel sacrifìssio, lavorando duro par no sprecare quel que i so genitori i gaveva conquistà.

La storia de i Castellari no zera solo de soferensa, ma anca de resiliensa e amor, un testemónio de come ´l coraio e la volontà i podeva vinser anca le tragèdie pì scure. E Bianca, benché sia nda via, lei la ghe restava viva, no solo ´nte la memòria de la famèia, ma anca ´nte le radise che lori i gaveva piantà drento a quel novo mondo.


Nota de l'Autor


Sta stòria la ze sta inventà, ma la ghe speta na base vera. I fati i vien dai raconti e dai scriti trovà in le lètare dei nostri vèci emigranti. Le so parole le ga portà fin qua el peso de la so vita, el dolor de la lontanansa e la speranza de un doman miliore.

Se ben la ze na stòria de fantasia, la ghe porta drento l’ànima de chi i ga passà quele visende, e la vol far onorar la memòria de tanti che i ga costruì con el sudor un futuro novo.

Con afeto,

dott. Luiz C. B. Piazzetta



quarta-feira, 4 de junho de 2025

Le Aventure de Vittorio Mardoni

 


Le Aventure de Vittorio Mardoni


El vento caldo de l’Atlàntico pareva portar con sè tanta speransa quanto el peso de le dùbie che tormentava Vittorio Mardoni da quando lu el zera partì da Monzambano, un pìcolo e quasi desmentegà comune de la provìnsia de Mantova, in Lombardia. Zera el ano 1883, e lu no podeva pì soportar la vita in un posto ndove la tèra zera consumà e no rendeva pì fruti bastansa par mantegner ‘na famèia che cresséa ogni ano. Tre de i so fradei i zera za sposà, e la casa paterna, za streta, la stava diventando un peso che no se podeva pì sostegner. Par questo, quando i ga sentì parlar de le promesse del Brasil – ‘na tera de oportunità ndove el governo pagava el viaio –, lu e do de i so fradei lori i ga deciso de imbarcarse.

El viaio in navio el ze stà ‘na prova de fogo. El sotocoerta, ndove i stava, la zera pien de imigranti, con l’ària pesante, impregnà del odor del sudor e de la disperassion de chi lassava tuto indrìo. Tempeste i ga scossà la nave con ‘na fùria che pareva dovesse sfondar el vapore. Ogni note la zera segnà da la tension; el rumor del vento el rimbombava come urli, e el dindolar del barco el faseva perder speransa – e stómago – a tanti. Ma Vittorio el restava fermo in ‘na idea: in Itàlia no ghe zera pì niente par lu. La promessa de un futuro la zera l’ùnica ancora che lo tegneva.

Quando i ze rivà al porto de Rio de Janeiro, i fradei Mardoni i ze stai portà a la "Hospedaria dos Imigrantes", ndove i ga passà qualche dì aspetando la destinassion. Questa la saria vegnù decisa da un sistema burocràtico, e in poco tempo lei i ze sta mandà in ‘na fasenda ´nte al’interno de São Paulo, ndove i gaveva da laorar in ‘na gran piantassion de café. Le promesse de tera fèrtile e prosperità le se ga svelà ben presto come ilusion. Par lori la strada no gavea portà a la libertà, ma a ‘na nova forma de servitù. Da matin a sera, lori i piantava, colieva e portava grandi sachi de cafè soto la supervision implacàbile de i fatori brasilian.

Le note le zera segnà da ‘na strachesa tremenda e da la nostalgia. La zera in quei momenti che Vittorio el se sedeva al fianco de ‘na pìcola candela, scrivendo lètare par la famèiia restà a Monzambano. "Cara mama", el scrisse in una de quelle, "el laor che ghe ze chi el ze duro, ma el sònio de conquiṣtar un peseto de tera el me spinge avanti. Dighe a tuti de spetar, che presto mando schei par farghe vegner anca lori."

Un ano dopo, finalmente la speransa la gavea tegnù vita. Vittorio el ga riussir a meter via qualche schei e, con altri coloni, el ga resolver de partire par scovar nove tere a est de Campinas. I ga formà ‘na carovana com carete rudimentàrie, ndove i portava strumenti, qualche semensa e quei pochi averi che i gaveva. Par giorni, i ga traversà boschi fiti, fiumi insidiosi e campi deserti. El rumor de le sigare e del vento ´nte la vegetassion el zera compagno costante, ma el vero perìcolo el vegniva dai briganti – i "cangaceiros", come i li ciamava.

‘Na note, mentre che i zera acampà in ‘na radura, i ze stà sorpresi da un ataco. Tre òmeni armadi i ga sircondà le carosse, urlando in ‘n portughese che Vittorio el capiva poco. La paura la se ga spandù tra i coloni. Ma Vittorio el se ga ricordà del fusil che lu aveva portà in sgondo da l’Italia. In ‘n movimento disperà, lu e do altri coloni i ga risposto al fogo, obligando i briganti a scampar. L’insidente el ga mostrà che la nova vita no saria stà sensa perìcoli.

Finalmente, i ze rivà in ‘na zona ndove i podeva fermàrse. La zera ‘n gran spiasso, sircondà da bosco folto. El lavor par trasformsr quel tereno bruto in ‘n vero campo el pareva sensa fine. I ga prinssipià construindo casete de legno e fango e coltivando pìcoli campi de formenton e fasòi, con le semense che i gaveva portà. La solidarietà tra i coloni la zera vitale; i divideva strumenti, semense e stòrie de la tera che lori i gaveva lassà.

Col passar dei ani, la colònia la ze cressù. L’isolamento inissial el ga lassà el posto a ‘na comunità pròspera, con ‘na pìcola cesa, ‘na botega e fin anca ‘na scoleta improvisà. Ntel 1890, Vittorio el gaveva za le so tere. No zera grandi, ma ogni peseto a zera fruto del so sudor e de la so resistensa.

Ntele ùltime lètare che el scrisse a Monzambano, Vittorio el parlava con orgòglio: "Queste tere me ga dà pì de quel che prometeva. No la ze un paradiso, ma gavemo costruì qualcosa che ze veramente nostro. Vegni, mama, vegni tuti. Chi, el futuro el ze possìbile."

La storia de Vittorio Mardoni la ze diventà legenda tra i dissendenti. Lu el rapresentava el coràio de ‘n popolo che, davanti a le dificultà, el ga trovà la forsa par ricominsiar. L’Itàlia la zera ormai un ricordo lontan, ma el lassà del so sforso el continuava a fiorir in sta tera che ‘n zorno el ga ciamà "la tera del futuro".


Nota Stòrica: Le Aventure de Vittorio Mardoni


Le Aventure de Vittorio Mardoni le rapresenta un capìtulo de la grande epopèa de l’emigrassion italiana, tra la fin del Otocento e el prinssìpio del Novecento, la ga portà migliaia de persone a lassar le so case par inseguir ‘na speransa de vita méio. L’Itàlia, un paese da poco unificà, la zera segnà da gravi crisi economiche e sociali. Par i contadini, che zera la magioransa, le prospetive de vita le zera scure: la mancansa de tera coltivàbile, la povertà crònica e le ingiustìssie de i padroni le rendeva impossìbile ‘na vita dignitosa.

In sto contesto, le promesse de le autorità brasiliane – che gaveva bisogno de manodopera par sostituì i schiavi liberà – le ga spinto tanti, come Vittorio Mardoni, a imbarcarse su i vapor che traversava l’Ocèano Atlàntico. Ma, come le narra la so stòria, el viaio no zera mica fàssile, e spesso le promesse no se tradusseva in realtà.

Le fatiche, le dificoltà e le lote par la sopravivensa le zera parte del pressio che sti emigranti i ga pagà par conquistar ‘na tera nova. Ma el so coràio e la so determinassion i ga permesso de trasformar boschi deserti e campi abandoni in comunità pròspere, segnà da un forte senso de unità e solidaretà.

Le stòrie come quela de Vittorio le insegna che, anca ndove le condisioni le pare impossìbili, el coràio e la speransa i pol costruì el futuro. A tuti quei che ga lassà la so tera par sercar fortuna, se ghe de riconosser no solo el sacrifìssio, ma anca la grande eredità che lori i ga lassà par le generassion future.



terça-feira, 12 de março de 2024

Da Mantova allo Spirito Santo: La Notabile Avventura di una Famiglia Pioniera

 


Giuseppe Montanari, nato nella Provincia di Mantova nel 1841, ha iniziato un viaggio straordinario che non avrebbe plasmato solo la sua vita, ma anche il percorso di una famiglia resiliente. Nel 1862, sposò Amélia Benedino, dando così inizio a una famiglia che, nel corso degli anni, avrebbe affrontato sfide, superato perdite e costruito una nuova vita in terre lontane. Con il peggioramento sempre maggiore della situazione economica in Italia nel 1877, Giuseppe e Amélia decisero di intraprendere un'audace impresa verso il Brasile, lasciando la loro terra natia. Genova fu il punto di partenza e, dopo un viaggio di 40 giorni, arrivarono a Rio de Janeiro. La Hospedaria da Ilha das Flores, a Niterói, fu la prima casa temporanea, seguita dalla Hospedaria da Pedra d'Água a Vitória. Utilizzando vari mezzi di trasporto, carri, canoe fino a 16 metri, navigarono lungo i fiumi fino a Cachoeiro de Santa Leopoldina, passando per Santa Teresa. Insieme ad altre 15 famiglie, si stabilirono in un luogo disabitato, dando inizio a un piccolo insediamento, che in seguito si trasformò in una bella città. La discendenza di Giuseppe fiorì in Brasile. Suo figlio Antonello, all'età di 25 anni, si unì in matrimonio a Beatrice Mancini. La coppia scelse la regione della Valle Verde per costruire la propria vita, acquistando e negoziando terre. Con dodici figli, Antonio si distinse come un imprenditore visionario. I suoi viaggi d'affari fino a Vitória con un piccolo convoglio di asini erano contraddistinti dalla commercializzazione di prodotti unici, come pepe e zafferano, tra gli altri, introducendo un tocco italiano nelle tradizioni brasiliane. Lo spirito avventuroso di Antonio lo portava in luoghi lontani e pericolosi come Taquaral, attraversando fitti boschi abitati da indigeni. Per evitare conflitti, regalava e affascinava i nativi, garantendo così non solo la sicurezza dei suoi viaggi, ma anche simboleggiando uno scambio culturale arricchente. Tuttavia, il fervido desiderio di Antonio di tornare alle sue radici italiane persisteva come un sogno irrealizzato nel corso degli anni. Purtroppo, l'opportunità di revisitare la terra natale, tanto desiderata, non si materializzò mai. In un triste epilogo, Antonio morì nel 1925, portando con sé la nostalgia di un lontano focolare che rimase solo nei recessi della sua memoria e del suo cuore. La saga della famiglia Montanari è una narrazione di perseveranza e contributo alla costruzione di una nuova vita e una nuova comunità. Lasciando un'eredità che trascende generazioni e confini, la famiglia non solo prosperò in Brasile, ma incorporò anche elementi italiani nella ricca tessitura culturale della regione. La storia di Giuseppe e dei suoi discendenti è un tributo alla capacità umana di affrontare sfide e prosperare in terre straniere, mantenendo viva la fiamma della propria eredità sul suolo brasiliano.