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domingo, 10 de dezembro de 2023

Tra Due Mondi: Un Viaggio Epico di Sopravvivenza in Brasile


 


Antonio Calzolar, un emiliano di 33 anni originario di Marzabotto (BO), intraprese un viaggio epico nel 1897 quando si imbarcò a Genova verso il Brasile con sua moglie Sofia Ferraro e i loro cinque figli. Accanto a Antonio, c'era suo fratello Lorenzo e la sua famiglia. Dopo un lungo viaggio di quasi due mesi, finalmente sbarcarono a Vitória, nel cuore dello stato brasiliano dell'Espírito Santo.

Da Vitória, presero il treno diretto a Cachoeiro de Itapemirim, una pittoresca cittadina a sud di Vitória. Dopo alcuni giorni trascorsi presso una Hospedaria de Imigrantes, furono assunti per lavorare nella Fazenda Arcobaleno, situata nel comune di Cachoeiro de Itapemirim. La vita lì non era facile; adulti e bambini si trovavano a lavorare duramente in cambio di modesti salari o piccole razioni di cibo, spesso costituite principalmente da farina di mais.

Insoddisfatti di questa dura realtà, i Calzolar presero una decisione coraggiosa: interruppero il loro contratto di lavoro e si trasferirono nel distretto di Castelo, sempre nell'Espírito Santo. Qui vissero per due anni, affrontando nuove sfide e costruendo il loro destino lontano dalle difficoltà della Fazenda Arcobaleno.

A partire dal 1901, la fortuna sorrise loro quando trovarono lavoro nella fazenda Guatambu. Questa fazenda, successivamente acquisita dal governo dell'Espírito Santo, si trasformò in una colonia di immigranti. Le due famiglie Calzolar, finalmente, videro realizzarsi il loro sogno di diventare proprietari di pezzi di terra, una conquista che avevano cercato per generazioni.

Con il passare degli anni, i figli di Antonio si sposarono con altri immigrati italiani o con i loro discendenti, creando legami duraturi che ancoravano la famiglia nelle terre brasiliane. I Calzolar si stabilirono in diverse città dello stato, tra cui Cachoeiro de Itapemirim, Castelo, Venda Nova do Imigrante, Alegre, Marechal Floriano, e persino nella capitale dell'Espírito Santo, Vitória.

La storia dei Calzolar è un racconto di perseveranza, coraggio e successo. Antonio e Sofia Calzolar, ormai ottantenni, si spensero a breve distanza l'uno dall'altro nel 1949, lasciando dietro di loro una discendenza radicata nelle terre che avevano contribuito a plasmare. La loro storia continua a risuonare attraverso le generazioni, un tributo vivente alla forza e alla resilienza di coloro che hanno forgiato un nuovo destino in terre lontane.




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS





sábado, 9 de dezembro de 2023

Imigrantes Italianos no Brasil: Uma Jornada Épica de Desafios e Resiliência dos Pioneiros




Antes de embarcarem, a maioria dos imigrantes italianos precisava enfrentar extensas jornadas que duravam muitas horas, por terras do país, até atingirem os portos de Gênova ou Nápoles, os principais pontos de partida para o Brasil. Abandonavam suas vilas e cidades natais para se lançarem nos trens, um meio de transporte ainda pouco utilizado pela maioria. Os que se aventuravam nessa jornada partiam sem garantias, movidos apenas pela necessidade de buscar uma nova existência. A maioria desses emigrantes, ao deixar a Itália, desconhecia totalmente o destino que os aguardava no Brasil, descobrindo o caminho apenas ao alcançarem os portos de Santos ou do Rio de Janeiro.
Nos primeiros anos da emigração, durante o período em que durou o agressivo recrutamento de mão de obra, as passagens fornecidas pelo governo brasileiro às famílias de imigrantes italianos restringiam-se à terceira classe e, geralmente, eram destinadas aos porões dos navios. Esses compartimentos, caracterizados por escassa ventilação, má iluminação e umidade, frequentemente estavam superlotados, pois as companhias de navegação, no afã de conseguirem mais lucros, burlavam as leis, transportando um número de passageiros acima do recomendado. Apenas passados alguns dias de viagem, o cheiro proveniente dos porões era insuportável; uma mistura do odor de corpos mal lavados e de excrementos humanos tornava o ar irrespirável. Esse fato foi comentado diversas vezes por comandantes e médicos de bordo em seus relatos oficiais. A higiene a bordo deixava a desejar, e frequentemente a água potável era distribuída com restrições. A escassez de instalações sanitárias adequadas nos navios, diante do grande número de passageiros, forçava a tripulação a posicionar grandes baldes de madeira, devidamente tampados, no final das filas de beliches, funcionando como improvisadas latrinas para os desafortunados imigrantes. A privacidade deles era completamente comprometida.
Nas primeiras décadas da emigração, antes da imensa onda de deslocamento em massa, a travessia era feita em antiquados navios à vela, demandando cerca de 60 dias até o Brasil. Com a subsequente introdução dos navios movidos a vapor, mais velozes e independentes dos ventos, o percurso foi reduzido para um intervalo de 20 a 30 dias.
Em vista do grande número de passageiros confinados, as condições sanitárias nesses navios eram deploráveis, propiciando o aparecimento de surtos de doenças infectocontagiosas como piolhos, tracoma, cólera, tuberculose e sarampo. A ausência de meios para tratar os enfermos resultava em muitas vidas perdidas antes de atingirem o destino final.
Dada a grande lotação dos porões, que se tornavam verdadeiros microcosmos de sobrevivência, e na persistente tentativa de conter a propagação de doenças, a prática de reter os corpos dos falecidos até o desembarque no Brasil para um velório adequado era inviável. Mesmo porque, naquela época, ainda não existiam câmaras frigoríficas a bordo. Em substituição a esse ritual póstumo, uma breve, porém tocante, cerimônia religiosa antecedia o delicado procedimento de envolvimento dos corpos em sacos de pano habilmente confeccionados a partir de roupas de cama, amarrados com cordas e uma grande pedra atada nos pés do cadáver. Este último gesto, por sua vez, representava não apenas um adeus apressado, mas também uma dura realidade imposta pelas condições adversas da jornada, culminando no solene lançamento ao mar, assistido pelos familiares e amigos. Essa prática, mais do que um ato fúnebre, tornava-se uma dolorosa metáfora das dificuldades e sacrifícios enfrentados pelos imigrantes italianos durante sua travessia rumo ao desconhecido.
Os imigrantes italianos enfrentavam dias de sofrimento devido às doenças, à perda de entes queridos e à saudade de tudo e todos deixados para trás. Para mitigar a dor e passar o tempo, era comum entoarem cantos de músicas tradicionais italianas. A chegada ao Brasil, para aqueles que conseguiram superar tantas adversidades e condições precárias, representava um alívio. A beleza da exuberante natureza tropical ainda preservada na época encantava os imigrantes, embora os intrigasse a presença de homens e mulheres de pele escura, geralmente funcionários do porto, uma raridade na Europa daquele período.
Após a extenuante viagem marítima entre a Itália e o Brasil, ao desembarcarem em Santos ou no Rio, os imigrantes italianos eram encaminhados para uma Hospedaria dos Imigrantes para aguardarem o seguimento das suas viagens até os locais de trabalho. Depois de alguns dias, eram designados para as fazendas que os tinham contratado, mas frequentemente muitos embarcavam em outros navios costeiros para trajetos ainda mais longos até o seu destino. Alguns imigrantes seguiam para os portos de Paranaguá, no Paraná, enquanto outros rumavam para Desterro, em Santa Catarina. Os que tinham por destino as fazendas de café do Espírito Santo ou Minas Gerais seguiam viagem até o porto de Vitória e dali de trem até os destinos. Entretanto, em determinados períodos, a maioria dos imigrantes optava por direcionar-se ao movimentado porto de Rio Grande, localizado no estado do Rio Grande do Sul. Ao alcançarem esse destino, eram acomodados em modestos barracões coletivos, algumas vezes por períodos superiores a um mês, aguardando ansiosamente a chegada das lanchas fluviais que os conduziriam pelos intricados cursos dos rios Caí e Jacuí. O destino final era próximo às prósperas colônias Caxias, Dona Isabel e Conde D'Eu, através do primeiro rio, e à remota colônia Silveira Martins, situada no coração do estado, pelo segundo. Dos portos fluviais onde desembarcavam, a jornada ainda não atingia seu desfecho.
Ao deixarem esses pontos de chegada, os imigrantes eram confrontados com a necessidade de percorrer extensas distâncias a pé ou em carroças, desbravando picadas que cortavam a densa floresta, ainda intocada. Nesse ambiente, a sinfonia dos cantos de milhares de pássaros se entrelaçava com os sons imponentes e, por vezes, amedrontadores dos bandos de macacos bugios, cujo alvoroço era desencadeado pelo movimento constante da caravana.
Após horas, e por vezes dias, de trilhas sinuosas, os viajantes finalmente superavam as longas subidas, alcançando a sede das colônias. Ali, aguardavam em barracões temporários, ansiosos pela designação de seus respectivos lotes de terra, encerrando assim mais uma etapa dessa árdua jornada rumo à construção de uma nova vida.
Essa fase adicional da jornada não apenas testava, mas aprofundava ainda mais a resiliência desses destemidos imigrantes, desafiando-os tanto na perigosa travessia fluvial quanto na árdua adaptação a uma vida totalmente nova em território estrangeiro.

Texto 
Dr. Luiz Carlos Piazzetta
Erechim RS


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Prima di imbarcarsi, la maggior parte degli immigrati italiani doveva affrontare estese giornate che duravano molte ore, attraversando le terre del paese fino a raggiungere i porti di Genova o Napoli, i principali punti di partenza per il Brasile. Abbandonavano i loro villaggi e città natali per imbarcarsi sui treni, un mezzo di trasporto ancora poco utilizzato dalla maggior parte. Coloro che si avventuravano in questo viaggio partivano senza garanzie, spinti solo dalla necessità di cercare una nuova esistenza. La maggior parte di questi emigranti, lasciando l'Italia, era totalmente all'oscuro del destino che li attendeva in Brasile, scoprendo la strada solo quando raggiungevano i porti di Santos o Rio de Janeiro.

Nei primi anni dell'emigrazione, durante il periodo di aggressiva reclutamento di manodopera, i biglietti forniti dal governo brasiliano alle famiglie degli immigrati italiani erano limitati alla terza classe e, di solito, erano destinati alle stive delle navi. Questi spazi, caratterizzati da scarsa ventilazione, scarsa illuminazione e umidità, spesso erano sovraffollati, poiché le compagnie di navigazione, desiderose di ottenere maggiori profitti, eludevano le leggi trasportando un numero di passeggeri oltre il consentito. Solo dopo alcuni giorni di viaggio, l'odore proveniente dalle stive diventava insopportabile; una miscela di odori di corpi poco lavati e di escrementi umani rendeva l'aria irrespirabile. Questo fatto fu commentato più volte da comandanti e medici di bordo nei loro resoconti ufficiali. L'igiene a bordo lasciava a desiderare e spesso l'acqua potabile veniva distribuita con restrizioni. La carenza di strutture igieniche adeguate sulle navi, data l'elevato numero di passeggeri, costringeva l'equipaggio a posizionare grandi secchi di legno, opportunamente chiusi, alla fine delle file di letti, funzionando come improvvisati cessi per gli sfortunati immigrati. La loro privacy era completamente compromessa.

Nelle prime decadi dell'emigrazione, prima dell'immensa ondata di spostamenti di massa, la traversata avveniva su antichi velieri, richiedendo circa 60 giorni per raggiungere il Brasile. Con l'introduzione successiva delle navi a vapore, più veloci e indipendenti dai venti, il percorso fu ridotto a un intervallo di 20-30 giorni.

Dato il grande numero di passeggeri confinati, le condizioni igieniche su queste navi erano deplorevoli, favorendo la comparsa di epidemie di malattie infettive come pidocchi, tracoma, colera, tubercolosi e morbillo. L'assenza di mezzi per curare i malati comportava la perdita di molte vite prima di raggiungere la destinazione finale.

Dato l'affollamento delle stive, diventate veri e propri microcosmi di sopravvivenza, e nel persistente tentativo di contenere la diffusione di malattie, la pratica di trattenere i corpi dei defunti fino all'approdo in Brasile per un adeguato funerale era impraticabile. Anche perché, in quel periodo, non esistevano ancora camere frigorifere a bordo. In sostituzione di questo rituale postumo, una breve, ma toccante, cerimonia religiosa precedeva la delicata procedura di avvolgere i corpi in sacchi di stoffa abilmente confezionati con lenzuola, legati con corde e una grande pietra legata ai piedi del cadavere. Questo gesto, a sua volta, rappresentava non solo un addio frettoloso, ma anche una dura realtà imposta dalle avverse condizioni del viaggio, culminando nel solenne lancio in mare, assistito da familiari e amici. Questa pratica, più di un atto funebre, diventava una dolorosa metafora delle difficoltà e dei sacrifici affrontati dagli immigrati italiani durante la loro traversata verso l'ignoto.

Gli immigrati italiani affrontavano giorni di sofferenza a causa di malattie, della perdita di cari e della nostalgia di tutto e tutti lasciati alle spalle. Per mitigare il dolore e passare il tempo, era comune intonare canti di tradizionali canzoni italiane. L'arrivo in Brasile, per coloro che erano riusciti a superare tante avversità e condizioni precarie, rappresentava un sollievo. La bellezza della lussureggiante natura tropicale ancora preservata in quel periodo affascinava gli immigrati, anche se li intrigava la presenza di uomini e donne dalla pelle scura, generalmente impiegati nel porto, una rarità nell'Europa di quel periodo.

Dopo l'estenuante viaggio marittimo tra l'Italia e il Brasile, sbarcati a Santos o a Rio, gli immigrati italiani venivano indirizzati verso una Casa degli Immigranti per attendere il proseguimento dei loro viaggi verso i luoghi di lavoro. Dopo alcuni giorni, venivano assegnati alle fattorie che li avevano assunti, ma spesso molti imbarcavano su altre navi costiere per percorsi ancora più lunghi verso la destinazione. Alcuni immigrati si dirigevano verso i porti di Paranaguá, nel Paraná, mentre altri si dirigevano verso Desterro, a Santa Catarina. Quelli che avevano come destinazione le piantagioni di caffè dell'Espírito Santo o di Minas Gerais viaggiavano fino al porto di Vitória e poi in treno verso le destinazioni. Tuttavia, in certi periodi, la maggior parte degli immigrati optava per dirigere verso il trafficato porto di Rio Grande, situato nello stato del Rio Grande do Sul. Arrivati a questa destinazione, venivano sistemati in modesti baraccamenti collettivi, talvolta per periodi superiori a un mese, aspettando con ansia l'arrivo dei motoscafi fluviali che li avrebbero condotti attraverso gli intricati corsi


dei fiumi Caí e Jacuí. Il destino finale si trovava vicino alle prosperose colonie Caxias, Dona Isabel e Conde D'Eu, attraverso il primo fiume, e alla remota colonia Silveira Martins, situata nel cuore dello stato, attraverso il secondo. Dai porti fluviali dove sbarcavano, il viaggio non aveva ancora raggiunto la sua conclusione.

Lasciati questi punti di arrivo, gli immigrati si trovavano di fronte alla necessità di percorrere lunghe distanze a piedi o in carri, aprendosi un passo attraverso la densa foresta, ancora intatta. In questo ambiente, la sinfonia dei canti di migliaia di uccelli si mescolava con i suoni imponenti e talvolta spaventosi dei branci di scimmie urlatrici, il cui trambusto era scatenato dal costante movimento della carovana.

Dopo ore, e talvolta giorni, di tortuose piste, i viaggiatori superavano finalmente le lunghe salite, raggiungendo la sede delle colonie. Lì, aspettavano in baracche temporanee, ansiosi per l'assegnazione dei loro rispettivi lotti di terra, chiudendo così un'altra fase di questa ardua giornata verso la costruzione di una nuova vita.

Questa fase aggiuntiva del viaggio non solo metteva alla prova, ma approfondiva ulteriormente la resilienza di questi coraggiosi immigrati, sfidandoli sia nella pericolosa traversata fluviale che nell'ardua adattamento a una vita completamente nuova in un territorio straniero.

Testo: Dr. Luiz Carlos Piazzetta Erechim RS








quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Mar Tempestuoso, Terra Prometida: A Épica Jornada dos Imigrantes Italianos ao Brasil





Era o final do século XIX, em 1878, quando os Caprari, uma família natural da Sicília, imigrantes italianos como milhões de outros de todas as partes do país, decidiu deixar sua pequena vila no sul da Itália e partir em busca de uma nova vida no Brasil. Eram camponeses e a situação econômica no campo estava cada vez pior com grande desemprego e a fome já rondando os lares. Eles estavam ansiosos para recomeçar a vida em uma nova terra, onde acreditavam que poderiam ter melhor sorte, uma vida digna e oportunidades para seus filhos. Iam em busca daquelas mesmas oportunidades que, por diversas razões, a Itália de então, não podia lhes oferecer: um trabalho digno do qual pudessem conseguir o pão de cada dia, uma vida melhor para eles e um futuro promissor para os filhos.
A viagem começou com um sentimento misto de empolgação misturado com tristeza pela despedida dos amigos e parentes. A família não tinha comprado as passagens de navio, pois não tinham condições financeiras, aproveitaram a oferta do governo brasileiro de viagem grátis até as terras onde começaria a nova vida. 
O navio partiria do porto de Nápoles em direção ao Rio de Janeiro e de lá com com outro navio menor até o porto de Santos. O navio era grande e parecia imponente, dando a impressão de que eles estavam embarcando em uma grande aventura.
A bordo, a família se acomodou como pôde em suas precárias camas beliche de três andares, dispostas em várias filas nos dois grandes salões no porão do navio. Com muita preocupação a família teve que se separar: homens e meninos maiores de oito anos em um dos salões e mulheres e meninas em outro. Em ambos alojamentos comunitários não havia banheiros suficientes para todos os passageiros e nos grandes salões, nas filas de beliches, sem qualquer privacidade, estavam colocados baldes de madeira com tampas para servirem de latrina. O ar ali dentro desses enormes alojamentos era quente, úmido e fétido devido a falta de ventilação adequada. 
Assim que puderam eles começaram a explorar o navio e se familiarizar com o que seria sua casa pelas próximas semanas.
A viagem seguia tranquila até que, aproximadamente o meio do trajeto, logo após ultrapassarem a linha imaginária do Equador, uma grande tempestade começou a se formar no horizonte. O vento aumentou, e as ondas ficaram cada vez mais altas e violentas. A tripulação começou a correr de um lado para o outro e a se preocupar, e os passageiros foram instruídos a se manterem nos alojamentos.
A família Caprari se apavorou, e o medo tomou conta de todos. Eles seguravam-se firmemente aos móveis e objetos, que estavam fixados no assoalho, para não serem jogados de um lado para o outro pela agitação do mar. O vento uivava e o navio balançava e sacudia, e o som das ondas batendo no casco era ensurdecedor.
A tempestade durou algumas horas, e a ninguém a bordo conseguia comer ou dormir devido o enjôo que o balanço tinha provocado. Eles ficavam juntos em seus alojamentos, rezando para que o navio não afundasse. Em momentos de calmaria, saíam rapidamente para tomar ar fresco no convés, mas logo eram obrigados a voltar para dentro com o vento e as ondas que se intensificavam novamente.
Finalmente, a tempestade passou, e o sol brilhou novamente. A tripulação informou que o navio havia sofrido alguns danos, mas nada que impedisse a continuação da viagem. A família Caprari se sentiu aliviada, mas também exausta e traumatizada com a experiência.
O restante da viagem transcorreu sem incidentes, mas eles nunca esqueceram os momentos de angústia vividos durante aquela tempestade. 
Ao chegar ao porto do Rio de Janeiro, foram recebidos por funcionários do porto e encaminhados para a o setor de imigração que os ajudou com os trâmites alfandegários e os encaminhou para um alojamento provisório na hospedaria. Lá, eles tiveram que dividir um grande quarto com outras famílias de imigrantes, mas estavam felizes por finalmente terem chegado ao seu destino. 
Chegando ao Rio de Janeiro, tiveram que se adaptar a um novo país, uma nova língua e uma nova cultura, mas sabiam que estavam prontos para enfrentar qualquer adversidade, já que haviam enfrentado a fúria do mar e sobrevivido.
Para eles tudo era muito diferente daquela pequena vila perdida no interior da Sicilia. Ficaram impressionados com as pessoas de cor escura, pois ainda não conheciam pessoas negras, que eram comuns na ilha onde desembarcaram.
Depois de 3 dias na Hospedaria de Imigrantes, chegou a hora de embarcarem novamente para a cidade de Santos onde seriam recebidos pelos funcionários da fazenda de café que os tinha contratado.
Todos eles tinham sido contratados para trabalhar no cultivo de café de uma grande fazenda do interior de São Paulo. O trabalho era pesado, mas eles estavam dispostos a dar o seu melhor para ganhar a vida. Com o tempo, até conseguiram economizar algum dinheiro e comprar um pequeno lote de terra, na periferia de uma pequena cidade vizinha da fazenda que tinham vivido nos últimos cinco anos e passaram a trabalhar em pequenas fábricas da região.
Passados mais alguns anos, com os filhos agora crescidos, os Caprari se estabeleceram na cidade, abrindo um pequeno negócio próprio junto com o filho mais velho. 
Eles nunca esqueceram da tempestade que enfrentaram durante a viagem ao Brasil, mas agradeciam por terem sobrevivido e por terem construído uma nova vida em um país que lhes deu tantas oportunidades.
A experiência de imigração da família Caprari foi compartilhada por muitas outras famílias que deixaram a Europa em busca de uma vida melhor nas Américas. A tempestade que enfrentaram em alto-mar é um exemplo das dificuldades e dos desafios que tiveram que superar para se estabelecer em uma nova terra.
Mas, como eles, muitos outros pobres imigrantes conseguiram construir uma nova vida e deixar um legado que é valorizado até hoje. 


Texto


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS




segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Caminhos Transatlânticos: Uma Jornada Épica da Itália à Colônia Silveira Martins




No início do inverno de 1890, Antonio B. e Giovanna R., dois jovens emigrantes italianos de 25 anos, como tantos outros compatriotas, embarcaram em uma emocionante e totalmente desconhecida jornada rumo ao mítico Brasil, na ocasião reputado como um verdadeiro el Dorado. A situação econômica da Itália continuava cada dia pior, a quebra de safras e a concorrência dos produtos importados atingia especialmente a agricultura, com diminuição dos postos de trabalho no campo e nas cidades. O fenômeno da emigração já há quinze anos contagiava todos na Itália, cada qual tentando encontrar meios para comprar os bilhetes para o navio e embarcarem para aquele novo país do outro lado do oceano. O casal era proveniente de um pequeno município, de não mais de dois mil habitantes, no interior de Vicenza, e vinha com o sonho e o firme propósito de construir uma nova vida na Colônia Silveira Martins. Levavam consigo seu precioso tesouro, um filho de 18 meses chamado Carlo.
A angustiante e temida travessia do oceano Atlântico foi uma experiência desafiadora a qual ficou indelevelmente marcada na memória de todos os emigrantes italianos. O navio em que viajavam, o Utopia, estava lotado de outros imigrantes, todos ansiosos por uma chance melhor. As condições a bordo eram simples, com beliches apertados, comida e água limitadas, higiene precária e falta de instalações sanitárias suficiente para aquele grande número de passageiros. Antônio e Giovanna enfrentaram duas tempestades ferozes, as quais pareciam que fossem o fim do mundo, mas nunca perderam a esperança, agarrados aos corrimões do barco e orando fervorosamente à Madonna di Monte Berico, a Santa de devoção dos dois jovens. 

Finalmente, após semanas de sofrimento e muitas incertezas, avistaram a costa brasileira. O Porto do Rio de Janeiro os recebeu com a promessa de um novo começo. Tinham enfim conseguido chegar ao Brasil, mas ainda faltava muito até o local onde seriam assentados. A jornada até a Colônia Silveira Martins foi outro trecho longo e árduo, que durou quase quatro semanas, com viagem em um novo navio, barco fluvial e carroções puxados por diversas mulas, mas a família chegou com a determinação de transformar aquele lugar em seu lar.

As primeiras impressões da nova terra eram um misto de surpresa, encantamento e medo com tantas coisas novas. A paisagem era desafiadora, com vastas áreas ainda cobertas de mata virgem a serem desbravadas, povoadas por bandos de aves e animais desconhecidos, alguns perigosos. No entanto, a comunidade de imigrantes italianos que já haviam se instalado estava unida, e todos ajudaram na construção de suas casas simples, erguidas com troncos de árvores, abundantes nos seus lotes e cobertas com folhas e capim entrelaçados.

Os primeiros anos foram bastante difíceis. Após abrirem uma clareira na mata, plantaram suas primeiras sementes e lutaram contra os desafios da agricultura em um clima tão diferente do que estavam acostumados. Mas com trabalho duro e a ajuda de seus vizinhos, logo viram os frutos de seu esforço crescerem. A terra era muito fértil e havia abundância de água.

Carlo, o filho que havia cruzado o oceano com eles, cresceu forte e saudável. Antônio e Giovanna tiveram mais seis filhos, todos nascidos na Colônia. A família prosperou, expandindo sua plantação e construindo uma vida melhor.

Os anos se passaram, e os filhos de Antônio e Giovanna cresceram, casaram-se com outros imigrantes italianos, e a família cresceu ainda mais. A Colônia Silveira Martins também floresceu, tornando-se um ponto de referência na região. Ela ficou conhecida como a quarta colônia da imigração italiana no Rio Grande do Sul, localizada na parte central do estado, próxima à cidade de Santa Maria.

Antônio e Giovanna viram a chegada de netos, e seu lar se encheu de risos e histórias. A jornada desde aquela pequena e atrasada vila na Itália até a Colônia Silveira Martins havia valido a pena. Eles haviam construído um legado, uma família unida e uma história de sucesso naquela nova terra.

A saga da família italiana continuou, com cada geração contribuindo para o crescimento da colônia e mantendo viva a memória de Antônio e Giovanna, os corajosos imigrantes que ousaram sonhar e construir uma vida melhor em uma terra distante. E assim, a história da família italiana na Colônia Silveira Martins se tornou uma parte essencial da rica tapeçaria cultural e histórica do Brasil.



sábado, 30 de setembro de 2023

Vapor Colombia: A Épica Jornada das Famílias Italianas Rumo ao Espírito Santo



 

Famílias Italianas no Espírito Santo

Vapor Colombia

15 de agosto de 1877




Amadio - Basso - Bazzo - 
Bibanel - Bigolin - Bit - Bitti - Bresciani - Cao - Caon - Casagrande - Chiaradia - Cisana - 
Costa - Cuzzuol - 
D' Ambros - Da Dalt - 
Dal Gobbo - 
Dall'Antonia - Dambom - 
D'Ambrosine - De Mari - De Mattia - 
De Nardi - De Poli - Del Pio Luogo - 
Del Puppo - 
Della Pascoa - Dusioni - 
Fantin - Faraon - Fiorot - Fiorotto - 
Follin - Franco - Furgeri - Garbelloto - 
Levis - Manente - Marin - Masullo - 
Mazzon - Menegazzo - Modolo - 
Moro - Nardi - Pazzin - Perin - Peruch - 
Pessot - Pianca - Pignaton - Pizzinat - 
Poletto - Redivo - Rizzo - Rosolen - 
Rossini - Rui - Sagrillo - Santret - Sarzi - 
Scarpat - Scopel - Soneghet - 
Sonego - Spinazzè -  
Susana - Tessianelli - Tonon - Venturin - 
Vighin - Zancanari - 
Zandonà




domingo, 24 de setembro de 2023

Caminhos Transatlânticos: Uma Jornada Épica da Itália à Colônia Silveira Martins




No início do inverno de 1890, Antônio e Giovanna, jovens imigrantes italianos, ambos com 25 anos, da mesma maneira que tantos outros italianos, embarcaram em uma emocionante e totalmente desconhecida jornada rumo ao mítico Brasil. A situação econômica da Itália continuava cada dia pior, com diminuição dos postos de trabalho no campo e nas cidades, onde grandes grupos de desempregados passavam as manhãs reunidos na praça da matriz, na esperança de conseguir algum trabalho como diarista. O fenômeno da emigração contagiava todos, cada qual tentando encontrar meios para comprar as passagem e embarcarem para aquele novo país do outro lado do oceano. Eles vinham de um pequeno comune no interior de Vicenza, com o sonho de construir uma nova vida na Colônia Silveira Martins. Levavam consigo seu precioso tesouro, um filho de 18 meses chamado Carlo.

A tão temida travessia do oceano Atlântico foi uma experiência desafiadora a qual ficou indelevelmente marcada na memória daqueles emigrantes. O navio em que viajavam, o Andrea Doria, estava lotado de outros imigrantes, todos ansiosos por uma chance melhor. As condições a bordo eram simples, com beliches apertados, comida limitada, higiene precária e falta de instalações sanitárias suficiente para o número de passageiros. Antônio e Giovanna enfrentaram duas tempestades ferozes, as quais pareciam que fosse o fim do mundo, mas nunca perderam a esperança, agarrados nos corrimões do barco e orando fervorosamente à Madonna di Monte Berico, a Santa de devoção dos dois jovens. 

Finalmente, após semanas de sofri e incertezas, avistaram a costa brasileira. O Porto do Rio de Janeiro os recebeu com a promessa de um novo começo. Tinham chegado ao Brasil, mas ainda faltava muito até o local onde seriam assentados. A jornada até a Colônia Silveira Martins foi longa e árdua, durou mais quatro semanas, com viagem de navio, barco e carroças puxadas pó diversas mulas, mas a família chegou com a determinação de transformar aquele lugar em seu lar.

As primeiras impressões da nova terra eram mistas. A paisagem era desafiadora, com vastas áreas ainda cobertas de mata virgem a serem desbravadas. No entanto, a comunidade de imigrantes italianos ja instalados estava unida, e todos ajudaram na construção de suas casas simples, erguidas com troncos de árvores, abundantes nos seus lotes..

Os primeiros anos foram bastante difíceis. Depois de abrir uma clareira na mata, plantaram suas primeiras sementes e lutaram contra os desafios da agricultura em um clima tão diferente do que estavam acostumados. Mas com trabalho duro e a ajuda de seus vizinhos, logo viram os frutos de seu esforço crescerem.

Carlo, o filho que havia cruzado o oceano com eles, cresceu forte e saudável. Antônio e Giovanna tiveram mais seis filhos, todos nascidos na Colônia. A família prosperou, expandindo sua plantação e construindo uma vida melhor.

Os anos se passaram, e os filhos de Antônio e Giovanna cresceram, Casaram-se com outros imigrantes italianos, e a família cresceu ainda mais. A Colônia Silveira Martins também floresceu, tornando-se um ponto de referência na região. Ela ficou conhecida como a quarta colônia da imigração italiana no Rio Grande do Sul, localizada na parte central do estado, próxima à cidade de Santa Maria.

Antônio e Giovanna viram a chegada de netos, e seu lar se encheu de risos e histórias. A jornada desde aquela pequena vila na Itália até a Colônia Silveira Martins havia valido a pena. Eles haviam construído um legado, uma família unida e uma história de sucesso naquela nova terra.

A saga da família italiana continuou, com cada geração contribuindo para o crescimento da colônia e mantendo viva a memória de Antônio e Giovanna, os corajosos imigrantes que ousaram sonhar e construir uma vida melhor em uma terra distante. E assim, a história da família italiana na Colônia Silveira Martins se tornou uma parte essencial da rica tapeçaria cultural e histórica do Brasil.



sexta-feira, 4 de agosto de 2023

A Chegada dos Italianos: Como Foi a Jornada dos Imigrantes Italianos até o Brasil

 



A jornada dos imigrantes italianos até o Brasil era longa e difícil, geralmente levando semanas e em muitos casos até dois meses. Viajavam em velhos navios superlotados, com poucas condições de higiene e conforto. A comida a bordo dos navios geralmente era escassa e muitas vezes de má qualidade, o que levava muitos imigrantes a sofrerem de doenças. Muitos deles também sofriam de enjoo e outros problemas de saúde devido às más condições das acomodações disponíveis a bordo. 
Por outro lado, a viagem para o Brasil também era cara, para aqueles que não tinham nada, o que significava que muitos imigrantes tiveram que economizar durante muito tempo para pagar pela passagem, no entanto, outros puderam aproveitar o período em que o governo imperial concedia viagem com passagens grátis para aquelas famílias que quisessem vir trabalhar no Brasil. 
A chegada ao Brasil muitas vezes era caótica, com muitos imigrantes desembarcando no porto sem saber bem para onde ir. Em muitos lugares os imigrantes italianos às vezes enfrentavam discriminação e preconceito devido à sua origem, à cor da pele, como os meridionais, que eram mais morenos, à pobreza estampada em seus rostos, o que raramente acontecia em nosso país. 
A língua também era uma barreira para muitos imigrantes, que tinham que aprender o português para se comunicar e se adaptar à vida no Brasil. Aqueles que foram para o Rio Grande do Sul chegaram até a criar uma língua, chamada talian, para se comunicar entre eles, pois naquela época a grande maioria não falava o italiano e sim os vários dialetos das regiões de onde provinham. Quando chegaram no sul do país a Itália como nação só existia a menos de 10 anos e grande maioria dos imigrantes desconhecia a língua oficial do país.
Muitos italianos enfrentaram dificuldades no trabalho no Brasil, especialmente nas áreas rurais. No entanto, a maioria deles acabou encontrando trabalho nas plantações de café e pequenas fábricas, como no setor têxtil. 
Os italianos também enfrentaram desafios ao estabelecerem suas próprias comunidades no Brasil, incluindo a falta de infraestrutura e a discriminação por parte de outros grupos étnicos. As primeiras comunidades italianas no Brasil foram formadas na década de 1870, principalmente em São Paulo. 
Essas comunidades italianas no Brasil muitas vezes eram formadas por imigrantes de uma mesma região da Itália, que mantinham suas próprias tradições, costumes e especialmente o seu dialeto. Muitas também se dedicaram à preservação de sua cultura e tradições, incluindo a culinária e as festas religiosas que colaborou para os imigrantes se adaptarem mais rapidamente à vida no país e a superarem os desafios que enfrentavam. 
A presença italiana no Brasil é evidente em muitas áreas, incluindo a arquitetura, a culinária, a música e a arte. O modo de se alimentar italiano se tornou popular em todo o Brasil, com pratos famosos como pizza, pasta, risoto e lasanha se tornando parte da culinária brasileira. A música italiana também teve um impacto significativo no Brasil, especialmente na música popular brasileira. A arte italiana , influenciou os movimentos artísticos no Brasil, com muitas obras de arte italianas sendo expostas em museus e galerias de arte em todo o país. 
A chegada dos imigrantes italianos ao Brasil também teve um impacto na economia do país, especialmente na indústria têxtil, na produção de café e no comércio em geral. Os imigrantes italianos trouxeram habilidades e conhecimentos que ajudaram a desenvolver a indústria, a produção de café e a criação de negócios comerciais, pois muitos deles eram hábeis artesãos e iniciaram negócios próprios. A indústria têxtil foi uma das principais áreas em que os imigrantes italianos se destacaram no Brasil, trazendo suas habilidades de tecelagem e costura. 
A presença italiana no Brasil também teve um impacto na política, com muitos imigrantes italianos se envolvendo em movimentos políticos e sindicais. Muitos italianos se uniram a sindicatos para lutar por melhores condições de trabalho e direitos trabalhistas, esses trabalhadores geralmente eram provenientes do centro da Itália, regiões mais industrializadas daquele país, e que tinham experiência com esses movimentos trabalhistas. Alguns imigrantes italianos também se envolveram em movimentos políticos de esquerda, incluindo o Partido Comunista Brasileiro. 
A presença italiana no Brasil também foi marcada por conflitos e tensões, incluindo a participação de muitos italianos em movimentos fascistas em São Paulo e nos estados do sul do Brasil. Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos imigrantes italianos foram presos e até deportados do Brasil devido à sua associação com o regime fascista. 
No entanto, a maioria dos imigrantes italianos no Brasil eram trabalhadores honestos e dedicados que contribuíram significativamente para o país. 
A história da imigração italiana no Brasil é uma parte importante da história do país, marcada por desafios, oportunidades e contribuições significativas para a cultura, economia e política brasileiras.