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sexta-feira, 1 de março de 2024

Imigração Italiana em Minas Gerais: Contribuição e Integração na Sociedade Brasileira



A imigração italiana para Minas Gerais foi marcada por um significativo influxo de cidadãos oriundos da Itália durante o final do século XIX e o início do século XX, tornando este estado brasileiro um dos destinos mais procurados por esses imigrantes em todo o país, ficando apenas atrás de São Paulo e Rio Grande do Sul em termos de recebimento populacional.
A crise econômica que assolava a Itália ao final do século XIX, caracterizada pelo declínio das atividades agrícolas e industriais, impulsionou uma emigração em larga escala para várias nações, incluindo o Brasil. Os registros da Hospedaria Horta Barbosa, em Juiz de Fora, revelam que entre 1888 e 1901, 68.474 imigrantes italianos desembarcaram em Minas Gerais. No período de 1872 a 1930, esse número aumentou para 77.483. Originários principalmente do Norte da Itália, esses migrantes desempenharam um papel significativo nas plantações de café da Zona da Mata, onde cerca de 80% deles se dedicaram a essa atividade, enquanto aproximadamente um terço optou pelo Sul de Minas.
O governo de Minas Gerais desempenhou um papel ativo no estímulo ao fluxo migratório italiano, assumindo os custos das passagens marítimas para suprir a crescente demanda por trabalhadores nas plantações de café. Embora a economia mineira estivesse fortemente ligada à exportação desse produto na época, o estado possuía a maior população do Brasil, o que significava uma reserva considerável de mão de obra local disponível para substituir os escravos recentemente libertados. Portanto, ao contrário de São Paulo, não se viu a necessidade premente de um influxo massivo de imigrantes europeus.
Os imigrantes italianos que se estabeleceram em Minas Gerais inicialmente encontraram ocupações principalmente ligadas à produção de café. Contudo, ao longo do tempo, sua presença na sociedade mineira expandiu-se para diversas esferas, especialmente nas áreas urbanas, onde desempenharam um papel ativo no desenvolvimento do comércio, da indústria e de outras atividades. A integração dos italianos na sociedade mineira ocorreu de forma rápida e harmoniosa, sem a formação de enclaves isolados. Pelo contrário, os imigrantes dispersaram-se por todo o território do estado, constituindo uma minoria em meio à população majoritária, em um processo de assimilação tranquila.


terça-feira, 31 de outubro de 2023

Entre Fronteiras: Uma Jornada pela Emigração Italiana ao Longo de Quase Dois Séculos

 



A emigração italiana representa um amplo movimento de saída da população italiana, visando à expatriação. Inicialmente concentrado no norte da Itália, o fenômeno expandiu-se, a partir de 1880, também para o sul do país, abrangendo consistentes deslocamentos internos dentro das próprias fronteiras geográficas.
A trajetória da emigração italiana se desenha ao longo de três períodos distintos de êxodo. O primeiro, denominado "grande emigração", teve início em 1861, após a unificação da Itália, e encerrou-se nas décadas de 1920, com o advento do fascismo. Já o segundo, marcado por intensa emigração internacional e reconhecido como "migração europeia", ocorreu do pós-Segunda Guerra Mundial, de 1945 até a década de 1970. Entre 1861 e 1985,  aproximadamente 20 milhões de italianos deixaram o país, sem perspectiva de retorno. Os descendentes, chamados de "oriundi italianos", podem deter cidadania italiana, além da do país de nascimento, embora poucos solicitem enquanto residem fora da Itália. Estima-se que entre 60 e 80 milhões de oriundi italianos estejam dispersos pelo mundo.
Uma terceira onda migratória, conhecida como "nova emigração", teve início no início do século XXI, impulsionada pelas dificuldades originadas na grande recessão, a crise econômica global que teve início em 2007. Este terceiro fenômeno migratório, embora numericamente inferior aos dois anteriores, impacta principalmente os jovens, muitos deles graduados, sendo caracterizado como uma "fuga de cérebros". De acordo com o registro de italianos residentes no exterior, o número de cidadãos italianos vivendo fora da Itália aumentou de 3.106.251 em 2006 para 5.806.068 em 2021, representando um crescimento significativo de 87%.