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domingo, 20 de agosto de 2023

Os Pioneiros Italianos do Paraná: Uma História de Coragem e Perseverança

Tradicional fila de carroças de descendentes de imigrantes italianos de Santa Felicidade, geralmente mulheres,  em direção à Curitiba, levando os produtos agrícolas por elas produzidos para comercialização casa a casa na capital 


A chegada dos primeiros imigrantes italianos no Porto de Paranaguá no Paraná ocorreu no final do século XIX, quando o Brasil começou a incentivar a imigração de europeus para colonizar o país e trabalhar nas plantações de café, principalmente na região do Vale do Paraíba em São Paulo. Na época, a Itália era um país pobre e com muita fome, e muitos italianos viram na emigração para o Brasil uma oportunidade de melhorar suas condições de vida.

A maioria dos imigrantes italianos que chegaram ao Brasil eram camponeses e vinham das regiões mais pobres do país, especialmente do norte da Itália, primeiramente atingidos pela grave crise econômica do país. Eles eram atraídos pelos agentes de imigração, dispersos por toda a península, com promessas de terras férteis, trabalho e um futuro melhor para si e suas famílias. A viagem para o Brasil era longa e difícil, cheia de perigos e muitos imigrantes morriam no caminho devido às condições precárias de higiene e saúde a bordo dos navios.

Ao chegar ao Porto de Paranaguá, os imigrantes eram encaminhados para as chamadas colônias, que eram áreas destinadas à implantação de pequenas propriedades agrícolas para as famílias de imigrantes. As colônias Alessandra e Nova Itália foram duas das primeiras colônias italianas a serem fundadas no Paraná. Eles foram recebidos por representantes do governo brasileiro e por funcionários das empresas de colonização que os ajudaram a encontrar seus lotes e estabelecer as suas primeiras roças.

A vida nessas colônias era muito difícil e os imigrantes enfrentavam a fome e muitos desafios, incluindo o clima, a falta de recursos, doenças e pragas que atacavam as plantações. No entanto, os italianos eram muito trabalhadores e perseverantes, e mesmo com grande esforço não conseguiram levar adiante a vida nessas colônias. A má administração das colônias, primeiro Alessandra e logo a seguir a de Nova Itália, apressou o seu falimento com os imigrantes exigindo a sua transferência para a capital do estado fazendo valer a cláusula do contrato que permitia mudança de colônia caso não se adaptassem. 

Com o tempo, muitos imigrantes italianos que ficaram nas terras a eles destinadas, conseguiram melhorar suas condições de vida e progredir na vida. Eles começaram a estabelecer escolas, igrejas e outras instituições que ajudaram a manter viva a cultura italiana. No entanto, muitos italianos, a grande maioria dos alocados na colônia Nova Itália decidiram deixar as colônia e se mudar para as cidades em busca de oportunidades de trabalho e de uma vida melhor.

Em Curitiba, muitos imigrantes italianos se estabeleceram na região do bairro de Santa Felicidade, que se tornou um importante centro da cultura italiana na cidade. Lá, compraram terras e onde plantavam gêneros alimentícios que comercializavam na vizinha capital. Mais tarde, em meados do século XX eles fundaram restaurantes, vinícolas, lojas de artesanatos e produtos típicos além de pequenas empresas.  Outros imigrantes se mudaram para outras partes da cidade, onde também trabalhavam a terra e mais tarde fundaram suas próprias empresas e se integraram à sociedade brasileira.

A chegada dos imigrantes italianos no Paraná e em outras partes do Brasil teve um impacto significativo na formação da sociedade brasileira. A cultura italiana é parte integrante da cultura brasileira, e muitos dos hábitos e tradições italianas foram incorporados à vida cotidiana do país.

Apesar das dificuldades enfrentadas, os imigrantes italianos conseguiram prosperar nas terras das colônias da capital e naquelas em sua volta e iniciar um processo de desenvolvimento econômico. Com o tempo, alguns deles decidiram deixar as colônias e partir para outras áreas, como o comércio e a indústria, em busca de novas oportunidades.

Com o tempo muitos desses imigrantes que se estabeleceram na capital do estado, Curitiba abriram lojas, fábricas e outras empresas, contribuindo para o crescimento econômico da cidade. Grande número dos descendentes   daqueles pioneiros ainda moram na região e preservam as tradições italianas, como a culinária e a música.

Os imigrantes italianos deixaram um legado duradouro no Paraná e no Brasil. Além de contribuirem para o desenvolvimento econômico do estado, eles ajudaram a enriquecer a cultura brasileira com sua música, culinária e tradições. Muitas famílias brasileiras têm origem italiana e mantêm fortes laços com a Itália, mantendo viva a herança dos seus antepassados.

Em resumo, a imigração italiana teve um grande impacto no Paraná e no Brasil como um todo. Os imigrantes enfrentaram muitas dificuldades, mas conseguiram superá-las e estabelecer uma nova vida em um país estrangeiro. Sua coragem e perseverança deixaram um legado duradouro na cultura e economia do país, e sua herança continua viva até os dias de hoje.

Texto
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS



segunda-feira, 17 de abril de 2023

Colônia Alessandra: A História da Imigração Italiana no Paraná

Estação Ferroviária de Alexandra



A Colônia Alessandra, a primeira do gênero criada em solo paranaense, foi fundada no dia 14 de fevereiro de 1872, após intermediação do controvertido empresário italiano Savino A. Tripoti, nascido em 184o, na província de Teramo. Proprietário das terras e dono da concessão de colonização da área, Tripoti pretendia trazer, no decorrer de alguns anos, milhares de agricultores italianos para a província do Paraná. Foi somente a partir de 1877 que ela mudou de nome passando a ser chamada de Colônia Alexandra. No ano de 1875, com o veleiro Anna Pizzorno e o vapor Liguria, chegaram os primeiros imigrantes italianos, pouco mais de trezentas pessoas, provenientes das províncias de Teramo, na região de Abruzzo, de Caserta, na Campania e de Potenza, na Basilicata. Uma vez desembarcados no porto de Paranaguá, foram alojados na Casa da Imigração, recebendo sua primeira alimentação em terra, ocasião quando alguns tiveram uma grande decepção pelo tipo de alimentos que eram consumidos no país, especialmente a sem sabor farinha de mandioca tão consumida pelos brasileiros, ainda desconhecida para eles, que desapontados confundiram com o queijo ralado. Da Casa da Imigração, eram levados à Colônia Alessandra, com as despesas de hospedagem e transporte correndo por conta do governo da província. Ao chegarem no local onde se situavam os seus lotes, os colonos perceberam de imediato que aquela terra não era o que sempre tanto tinham sonhado. Muitos dos lotes ficavam em lugares praticamente inabitáveis, com os terrenos posicionados em áreas alagadiças, arenosas ou muito pedregosas, localizados em uma zona isolada e afastada dos centros mais povoados, como Morretes e Paranaguá, o que causou um grande desânimo em todos os recém chegados. Não tinham o menor conhecimento prévio do clima que encontrariam, com ar abafado, muito quente e úmido, típicos de zonas do litoral cercadas por montanhas. Chamou atenção de todos a grande quantidade de incômodos insetos que infestavam o lugar, além da presença de animais selvagens que não conheciam e cujos gritos e rugidos muito os amedrontava. Não viam por onde pudessem começar a implantar uma agricultura rentável naquele lugar. Ficaram esmorecidos e isso também influiu negativamente no futuro sucesso econômico da colônia. Os primeiros casos de doenças graves como a malária logo começaram a aparecer em vários pontos da colônia. A falta de assistência médica ficou rapidamente evidente e os poucos médicos disponíveis estavam nas cidades vizinhas mas, segundo eles, cobravam muito caro pelos atendimentos e assim eram pouco procurados pelos imigrantes. Recorriam freqüentemente aos charlatães e curandeiros que gozavam de grande prestígio entre a população brasileira nativa, pessoas ignorantes e também, como os italianos, bastante supersticiosas. Casos de frequentes deserções e desavenças entre o empresário e alguns colonos, assim como os desentendimentos constantes, com as autoridades provinciais, foram se acirrando. A chegada de novos contingentes de imigrantes italianos era intensa e por essa época mais 870 colonos, provenientes da Lombardia, Tirol e do Piemonte, chegaram ao porto de Paranaguá, trazidos pelo mesmo empresário e que também tinham como destino final a Colônia Alessandra, o que agravaria as condições já deficientes desta colônia. Tripoti dizendo que estava sem recursos até para manter os antigos colonos, abandonou-os declarando que não tinha meios sequer para entregar os primeiros suprimentos. Por sua vez os imigrantes recém chegados alegaram que tinham sido ludibriados pelo empresário e ao saberem da situação de penúria, que estavam passando os colonos já moradores na colônia, não quiseram de forma alguma ser assentados naquele lugar sem futuro. Apresentaram reclamações junto à direção da colônia e também às autoridades provinciais exigindo a transferência de Alexandra para a recém criada Colônia Nova Itália, localizada em Morretes. Caso não fossem atendidos pretendiam a recisão dos contratos firmados com os empresários e as autoridades do império. Segundo alguns historiadores, como a prestigiada escritora paranaense Altiva P. Balhana, que diz: "o empresário Savino Tripoti não se interessou nem pelos colonos, nem pela colonização. Seu objetivo era apenas atrair o maior número de imigrantes para assim poder usufruir maiores ganhos". Por sua vez, a pesquisadora e escritora Jussara Cavanha, revela o contrário em seu livro intitulado "Colônia Alessandra" onde diz: "o empresário Savino Tripoti era uma pessoa preparada para implantar e gerir colônias agrícolas" e continuando baseia essa afirmativa em documentos preservados que provam "que produtos obtidos na Colônia Alessandra receberam diplomas especiais de honra na Feira Mundial da Philadelphia em 1876". Ainda de acordo com as suas pesquisas: "Tripoti se empenhou para construir um projeto viável, mas, que sucumbiu por motivos alheios à sua vontade". Com a situação dos colonos de Alexandra se agravando a cada dia e a chegada e um novo grande grupo de imigrantes, o então presidente da província do Paraná, Adolfo Lamenha Lins, por motivos políticos ou mesmo econômicos da província, talvez ainda por ter percebido o rumo que estava sendo dado ao empreendimento, por decreto assinado em 1877, rescindiu o contrato realizado e confiscou as terras do empresário, que acabou extraditado para a Itália, vindo a falecer poucos anos depois. Mas o descontentamento ainda continuou reinando na colônia de Nova Itália, para onde foi transferida a maior parte dos imigrantes de Alexandra, com muitos colonos em situação de miséria, iniciando uma nova debandada. Nesse meio tempo as autoridades provinciais providenciavam a aquisição de terrenos em torno de Curitiba para a formação de novas colônias.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS







quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Sobrenomes de Imigrantes Italianos em Morretes no ano de 1911

Rio Nhundiaquara Morretes Paraná

 

Sobrenomes de Imigrantes Italianos em

 Morretes Estado do Paraná

Ano 1911


Gnatta, Buzetti, Bettega, Foltran, 
Sanson, Zilli, Brandalize, Chierigatti, 
Pedinato Consentino, Fruscolin, 
De Fiori, De Bona, Citti, De Rocco, 
Ciscata, Robassa, Filipetti, 
Callegari, Tonetti, Simon, 
Dall' Col, Dall' Negro, Meduna, 
Orreda, Dalcucchi, Manosso, Pilotto, 
Fabris, Tosetto, Valério, Turin, 
De Mio, Fante, Cherobin, 
Sotta, Ghignone, Fontana, 
Dall' Stella, 
Borsatto, Grandi, Mazza, Gregorini, 
Bindo, Lati, Pontoni, Bacci, 
Brambilla, Madalozzo, Della Bianca, 
Pasquini, Gobbo, Zanardi, 
Canetti, Moro, Bavetti, Cavagnoíli, De Lay, Mori, Possiedi, Piovesan, Sundin, 
Miranda, Bertholdi, Bortholin, 
Triacchini, Curcio, 
Meneghetti, Contin, Cavogna, 
Bazzani, Grossi, Cavagnari, 
Brustolin, Belotto, 
Bergonse, Bertagnolli, Bortholuzzi, 
Carazzai, Carta, Casagrande, Cavalli, 
Cavallin, Cheminazzo, Chiarello, 
Zicarelli, Cini, Cit, Conte, 
Costa, 
Cusman, Dall' Ligna, Dal Lin, 
Dea, De Carli, De Paola, 
Dirienzo, 
Dotti, Ercole, Scarante, 
Favoretto, Comandulli, Ferrari, 
Ferrarini, Fraxino, Ferruci, 
Gabardo, Galli, Gaio, Gasparin, 
Grigoletto, Guzzoni, Jacomelli, 
Lazzarotto, Lucca, Lunardeli, 
Malucelli,  Marchioratto, 
Marconsin, Marcon, Menin, 
Moreschi, Menegazzo, Molinari, 
Muraro, Nadalin, Nori, Olivetti, Orlandi, Panzolini, Piazza, Pilatti, 
Poletto, Possiedi, Ramina, 
Ramagnolli, Roncaglio, Rossetto, Rossi, Salvare, Santi, Savio, Scarpin, Scorzin, 
Scremin, Scucato, Semionatto, Simeão, Sperandio, Sguário, Stocco, Stocchero, Strapasson, Talamini, Feltrin, Tessari, Giglio, Tosin, Tozetto, Tramontini, Trevisan, 
Trombini, Todeschini, Túllio, Valenti, 
Valenza, Vicentini, Volpato, 
Vardanega, 
Zalton, Zeni, Zem, Zampieri, Zanardini, 
Zanella, Zanetti, Zanier, 
Zanon, Zortea




quarta-feira, 17 de agosto de 2022

As Várias Colônias que Receberam os Imigrantes Italianos no Paraná






Nome        Data Fundação       Procedência       Município


Colônia Alexandra 1870 italianos de Mântua, Téramo e do Vêneto Paranaguá

Colônia Assunguy 1871 italianos (fundada em 1860 por ingleses e franceses)

Colônia Argelina 1870 italianos (fundada em 1868 por argelinos os franceses saídos da Argélia e suíços Curitiba

Colônia Pilarzinho 1870 italianos (com alemães e poloneses) Curitiba

Colônia D. Pedro 1876 italianos (com poloneses e franceses) Curitiba

Colônia D. Augusto 1876 italianos (com poloneses prussianos) Curitiba

Colônia Nova Itália 1877 italianos Morretes

Colônia Santa Maria do Novo Tirol 1878 italianos trentinos Piraquara

Colônia Antônio Rebouças 1878 italianos Campo Largo

Colônia Senador Dantas 1878 italianos vicentinos Curitiba

Colônia Alfredo Chaves 1878 italianos vicentinos e tiroleses Colombo

Colônia Muricy 1878 italianos (com poloneses) São José dos Pinhais

Colônia Inspetor Carvalho 1878 italianos São José dos Pinhais

Colônia Virmond 1878 italianos (com russos-alemães) Lapa

Colônia Maria Luiza 1879 italianos Paranaguá

Colônia Santa Felicidade 1880 italianos vênetos Curitiba

Colônia Mendes de Sá 1885 italianos Campo Largo

Colônia Antonio Prado 1886 italianos Colombo

Colônia Santa Gabriela 1886 italianos Almirante Tamandaré

Colônia Santa Cristina 1879 italianos Campo Largo

Colônia Alice 1886 italianos Campo Largo

Colônia Barão de Taunay 1886 italianos Araucária

Colônia Presidente Faria 1886 italianos Colombo

Colônia Maria José 1887 italianos Quatro Barras

Colônia Visconde de Nácar 1888 italianos Paranaguá

Colônia Santa Cruz 1888 italianos Paranaguá

Colônia Santa Rita 1888 italianos Paranaguá

Colônia Eufrásio Correia 1888 italianos

Colônia Campo Largo da Roseira 1888 italianos São José dos Pinhais

Colônia Balbino Cunha 1889 italianos vênetos Campo Largo

Colônia D. Mariana 1889 italianos vênetos Campo Largo

Colônia Ferraria 1890 italianos Campo Largo

Colônia Inglesa 1889 italianos (com ingleses e alemães) Foz do Iguaçu

Colônia Santa Helena 1889 italianos venezianos Foz do Iguaçu

Colônia Contenda 1890 italianos Contenda

Colônia Accioli 1891 italianos Curitiba

Colônia Cecília 1891 italianos Palmeira

Colônia Bela Vista 1896 italianos vênetos 

Colônia Afonso Pena 1908 italianos São José dos Pinhais

Colônia Pinho de Baixo 1908 italianos Irati

Colônia Uvaranas 1924 italianos Ponta Grossa




quarta-feira, 27 de julho de 2022

As Colônias Italianas no Paraná

Portal de entrada do bairro Santa Felicidade em Curitiba

 



As primeiras colônias no estado do Paraná, destinadas exclusivamente para receber os imigrantes italianos, que em grandes levas chegavam, foram criadas na zona litorânea paranaense, muito próximas a Paranaguá e ao seu porto, na esperança de exportação futura de produtos agrícolas com destino à Europa. Foram as Colônias de Alessandra e Nova Itália ambas de propriedade particular, subvencionadas pelo governo imperial do Brasil. 

De propriedade do empreendedor italiano Sabino Tripotti, que obteve um contrato com o império para trazer milhares de pequenos agricultores italianos e suas famílias para o Paraná, a Colônia Alessandra foi fundada em fevereiro de 1872 mas, por diversos motivos teve vida muito curta.

Localizada em terrenos alagadiços, de má qualidade, não muito adaptados para as culturas que os imigrantes estavam acostumados na Itália, somados com o tipo de clima do local, muito quente e abafado, onde proliferavam insetos causadores de doenças, desconhecidos pelos recém chegados, foram fatores que dificultaram o progresso do empreendimento.

Um outro fator que contribuiu para o falimento da colônia foi a não construção de uma estrada de ferro que a ligaria até o porto, e que constava como uma cláusula principal do contrato quando da criação da colônia.
 
O empreendedor italiano, de fama algo duvidosa, alegou que haviam falhas no contrato pois, este não especificava quem era o responsável pelas despesas iniciais até o definitivo assentamento dos imigrantes. Conseguiu que o contrato fosse reescrito, mas por erro de cálculos, o valor a ser pago pelo governo diminuía em cinquenta porcento, obrigando uma série de racionamentos na colônia, entre eles o de alimentos aos colonos, que muitas vezes passavam fome.

Essas repetidas falhas, que tornavam bastante precárias as condições de vida dos colonos, fizera com que se revoltassem, alguns protestos surgindo ainda na Itália, contra os agentes e administradores de Tripotti. O contrato finalmente acabou por ser rescindido pelo governo estadual, que sequestrou todos os bens, ficando os imigrantes abandonados até a sua transferência para o município de Morretes e Porto de Cima onde o governo do estado criou a Colônia  Nova Itália. 

Esta nova colônia contava com treze núcleos  de assentamentos, espalhados por Morretes e Porto de Cima. Os assentamentos de América de Cima, América de Baixo,  Rio do Pinto, Sesmaria, Anahaia, Rio Sagrado, Sitio Grande  e Nossa Senhora do Porto, esses oito ficavam todos eles no município de Morretes. 
No município de Porto de Cima estavam mais cinco assentamentos: Esperança, Cari, Ipiranga, Bananal e Marques.

Apesar da transferência, as condições de vida na nova colônia não eram melhores do que na anterior. O clima continuava igual, com muito calor úmido no verão, presença de doenças graves como a febre amarela e os terríveis insetos que atormentavam os colonos: mosquitos, moscas, bicho de pé. 

O retardo na construção de pequenos abrigos para todas as famílias, a falta de alimento e agasalhos, o mau uso das verbas estaduais pelos responsáveis pela colônia, estavam levando o novo empreendimento pelo mesmo caminho trilhado pela colônia predecessora. 

Segundo o contrato, cada um dos colonos após instalados nos seus respectivos lotes de terra, deveriam nos primeiros seis meses, além de plantar, desmatar uma determinada área de aproximadamente 400 braças quadradas, construir uma pequena casa, abrir caminhos nos limites dos seus lotes mantendo-os  limpos e desmatados. Se não cumprissem o estipulado perdiam os melhoramentos e as parcelas já pagas.

Desconhecendo as culturas agrícolas da nova terra, os colonos contavam com a ajuda dos nativos e negros, antigos moradores dessas localidades, que os ensinava as técnicas da queimada,   também forneciam alimentos e ajudavam na escolha da madeira para construção das casas. 

Pelo contrato com o governo, os colonos imigrantes tinham liberdade para trabalhar por seis meses na construção da estrada de ferro, como forma de obter alguma renda extra. A grande demora na demarcação dos lotes e o assentamento definitivo, que dava direito ao trabalho alternativo de seis meses nas obras da ferrovia, fez com que muitos imigrantes ficassem sem qualquer tipo de renda, praticando uma pequena roça de subsistência. 

A vida dos imigrantes nos variados assentamentos da Colônia Nova Itália, estava piorando cada vez mais, tornando-se insuportável em 1877, quando mais de oitocentas famílias, se encontravam na miséria, sem roupas e sem sementes para plantar. 

O descontentamento sempre maior, era geral, alguns dos assentados ameaçavam retornar para Itália e outros, baseando-se ainda no contrato assinado com o governo, que dava direito de mudança de local caso não se adaptassem, exigiam a rápida transferência para outros locais do estado. 

Ao governo do estado não restaram alternativas do que fornecer carroças para que os imigrantes subissem a Serra do Mar, em direção à capital, pela Estrada da Graciosa. Nos assentamentos ficaram algumas poucas famílias e algumas outras desistiram do sonho de fazer a América e retornaram para a Itália. 

Os imigrantes haviam aprendido, com os viajantes que apareciam,  que no planalto acima da Serra do Mar, a cerca de mil metros sobre o nível do mar, existiam terras de ótima qualidade, ao redor da capital paranaense. Também ouviram dizer que o clima era muito parecido com aquele que haviam deixado na Itália: estações bem definidas, com um verão agradável e inverno bastante frio.

Algumas dessas famílias imigrantes, por conta própria, adquiriram lotes de terras e foram se fixando nos arredores de Curitiba, como Santa Felicidade. Outros foram assentados em novas colônias que foram sendo criadas com o propósito de assentá-los definitivamente.

Essas diversas colônias deram origem a muitos bairros da capital como Santa Felicidade, Água Verde, Pilarzinho e Umbará. Também inúmeras localidades vizinhas a Curitiba receberam, num primeiro momento, os imigrantes italianos que deixavam a Colônia Nova Itália e depois, aqueles outros, que continuavam chegando em grande número, provenientes da Itália. Locais como São José dos Pinhais, Piraquara, Araucária, Campo Largo, Lapa, Cerro Azul e Colombo se tornaram bairros ou municípios.

Além das condições de salubridade do clima encontradas, a ótima qualidade das terras, água em abundância e a localização próxima de um grande centro consumidor, que era Curitiba, fizeram que essas novas colônias conhecessem um rápido progresso. 

Segundo algumas estatísticas, por volta do ano de 1900 já viviam no estado do Paraná, mais de 30 mil italianos, assentados em catorze colônias etnicamente compostas unicamente por famílias italianas e mais vinte outras de população mista. 

 






sexta-feira, 18 de março de 2022

Algumas Solicitações dos Imigrantes Italianos de Morretes ao Imperador Don Pedro II

 

Emigrantes italianos no convés de um navio



No ano de 1880 o Imperador do Brasil, Don Pedro II, fez uma visita à Província do Paraná. Os imigrantes italianos, moradores nas diversas colônias de Morretes, apresentaram vários requerimentos e abaixo-assinados, datados de Junho de 1880, com algumas reivindicações ao monarca. Este documento com os nomes dos solicitantes pode ser visto e estudado. 

Estação de Morretes



Entre os pedidos daqueles imigrantes está um encabeçado por Giacomo Arboit, morador na Colônia Nova Itália, solicitando que o imperador mandasse fornecer ferragens e outros materiais necessários para construção de um moinho para fazer a farinha de milho, usada na confecção da polenta, alimento muito usado por eles.





Em outro abaixo-assinado, com data de 3 de Junho de 1880, encabeçado pelo imigrante Alessandro Bridarolli, solicitavam cobertura de telhas para as suas pequenas casas em substituição daqueles de palha. Também a concessão de gratuidade nos bilhetes da balsa entre Barreiros e a cidade, ou a licença para a construção de uma ponte.


Em outro abaixo assinado encabeçado pelo imigrante Giovanni Tassi também cobravam do imperador a doação de telhas de barro para cobrirem as suas casas, em substituição daquela de palha que usavam. 


Em outra solicitação com a mesma data, o imigrante de nome Giuseppe Comei pedia ao imperador o abono alimento a que tinha direito e também telhas para cobrir a sua pequena casa.


Em um outro pedido pessoal, com a data de 2 de Junho de 1880, a imigrante Caterina Vollodel, suplicava à sua majestade para mandar para sua companhia o seu filho Pietro Vollodel com a sua esposa e os três filhos do casal, seus netos, que foram destinados para Santa Catarina e ela não sabia mais o destino deles. 


Muitos outros requerimentos foram apresentados ao soberano mas, não tiveram a sorte do devido encaminhamento, ou mesmo, muitos deles não foram deferidos pelo soberano.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS







terça-feira, 15 de março de 2022

Colônias Italianas de Alexandra e Nova Itália no Paraná

Estação Ferroviária de Alexandra
 






O empresário italiano Savino Tripotti, natural de Teramo, região de Abruzzo, foi quem organizou a Colônia Alexandra, fundada no ano de 1872 e inaugurada logo em seguida com a chegada do primeiro grupo de imigrantes italianos, trazidos pelos navios Anna Pizzorno e Liguria. 

Após uma longa travessia do oceano, desembarcaram na Ilha das Flores, no litoral do Rio de Janeiro. Passados alguns dias embarcaram novamente em outro navio em direção ao Porto de Paranaguá destino final da longa viagem.

Nesta cidade foram abrigados na Casa de Imigração por conta do governo provincial e logo transportados e encaminhados para a Colônia Alexandra para ocuparem os lotes a eles destinados.

A impressão que tiveram não foi das melhores e o desânimo tomou conta de todos. Esmorecidos, perceberam que a tão sonhada terra prometida não era bem aquilo que eles imaginaram e o que tinha sido apregoado pelos agentes de emigração ainda na Itália. Os seus lotes ficavam muito longe das cidades mais próximas de Morretes e Paranaguá, localizados em terrenos inadequados, alagadiços, arenosos ou muito pedregosos, praticamente inabitáveis e onde não seria possível cultivar.

Logo sentiram que o clima da região era muito diferente daquele que eles estavam acostumados na Itália. Muito calor e umidade que provocavam uma sensação de abafamento. A infestação de mosquitos e outros insetos, causavam doenças, algumas desconhecidas, como o irritante bicho de pé e grandes moscas, que depositavam seus ovos em qualquer parte do corpo e cujas larvas causavam o berne. 

Doenças para eles desconhecidas começaram a surgir entre eles, agravadas pela falta de médicos e de um serviço de saúde. Quando nas maiores emergências apelavam para os curandeiros e aos giustaossi, os quais tinham grande prestígio no meio da população nativa brasileira.

Em pouco tempo a Colônia de Alexandra tinha uma população de 870 habitantes, quando o diretor Savino Tripotti os abandonou, alegando não ter mais recursos para manter funcionando a colônia. 

Enquanto isso os imigrantes italianos continuavam chegando em número cada vez maior. Estes recém chegados ao tomarem conhecimento das condições em que estavam os primeiros que chegaram, se negaram em se instalar na Colônia Alexandra.

O governo provincial foi obrigado rescindir o contrato com o empresário e a criar rapidamente uma outra colônia, em Morretes, que foi denominada Colônia Nova Itália. 

Devido a desorganização interna, o rigor do clima tropical e as duras condições de vida, quase iguais aquelas de Alexandra, a colônia Nova Itália não conseguiu progredir e em pouco tempo também teve o mesmo destino. 

Estação Ferroviária de Morretes




Com o declínio da colônia muitos imigrantes italianos já trabalhavam na construção da estrada ferro Paranaguá - Curitiba como uma opção para ganhar a vida.


Entre os colonos muitos deles tinham uma outra profissão, aprendida ainda na Itália. Haviam, entre outros, carpinteiros, pedreiros, marceneiros, ferreiros, canteiros, alfaiates, sapateiros, que aos poucos se estabeleceram em Morretes e Paranaguá.


No livro n° 239 intitulado "Livro de Contas de Colonos de Morretes - 1878", encontram-se registrados muitos nomes de imigrantes italianos que ali se fixaram, depois de uma passagem pelas colônias: Lazarotto Pietro, Taverna Giacomo, Trevizan Giuseppe, Simioni Giovani, Mocelin Adamo, Mottin Giovani, Maschio Francesco e outros. Alguns registros nesse livro apontam que para esses imigrantes o Governo Provincial havia entregue ferramentas, utensílios de trabalho e alimentos.


Mesmo depois do declínio da Colônia Nova Itália muitos desses imigrantes continuaram trabalhando na construção da estrada de ferro, outros, a grande maioria, subiram a Serra do Mar e se fixaram nas terras férteis e de clima ameno, nos arredores de Curitiba.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS


terça-feira, 23 de novembro de 2021

Imigrantes Italianos com Destino ao Paraná

Navio Colombo




RELAÇÃO DOS IMIGRANTES ITALIANOS
 
VAPOR COLOMBO

PARTIDA DE GÊNOVA COM DESTINO AO PARANÁ
 
12 DE FEVEREIRO 1878


TUALDO Gio.Batta 
TUALDO Luigia 
TUALDO Maria 
TUALDO Emanuele 
TUALDO Giuseppe 
TUALDO Tarquino 
TUALDO Silvio
45 
42 
14 
10 
7 
5 
3
VICENZA 
" 
" 
" 
" 
" 
"
Itália 
" 
" 
" 
" 
" 
"
Agricultor 
" 
" 
" 
" 
" 
"
Católico 
" 
" 
" 
" 
" 
"
ROARO Giovanne 
ROARO Regina 
ROARO Giulio 
ROARO Antonio
38 
36 
6 
3
" 
" 
" 
"
"
"
"
FOGLIATO Francesco 
FOGLIATO Maria 
FOGLIATO Giacomo 
FOGLIATO Cecilia 
FOGLIATO Francesco
35 
33 
7 
4 
2
" 
" 
" 
" 
"
"
"
"
TREVISAN Giuseppe 
TERVISAN Francesca 
TREVISAN Giovanna 
TREVISAN Lucia 
TREVISAN Angela 
TREVISAN Francesco 
TREVISAN Francesco 
TREVISAN Domenico 
TREVISAN Caterina
38 
36 
15 
10 
9 
7 
6 
4 
1
" 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
"
"
"
"
PIROTTO Francesco 
PIROTTO Elisabetta 
PIROTTO Giustina 
PIROTTO Francesco 
PIROTTO Costanza 
PIROTTO Maria 
PIROTTO Pietro
35 
30 
10 
9 
6 
3 
1
" 
" 
" 
" 
" 
" 
"
"
"
"
CHEMELO Antonio 
CHEMELO Domenica
30 
30
" 
"
"
"
"
BAGIN Giovanni 
BAGIN Filomena 
BAGIN Maria 
BAGIN Maddalena 
BAGIN Giovanni
42 
10 
15 
11 
4
" 
" 
" 
" 
"
"
"
"
GUERRA Antonio 
GUERRA Maria 
GUERRA Francesca 
GUERRA Gio.Batta 
GUERRA Maria
44 
40 
16 
13 
3
" 
" 
" 
" 
"
"
"
"
BARBIERO Giuseppe 
BARBIERO Bortolo 
BARBIERO Maria
79 
52 
52
" 
" 
"
"
"
"
POTTOLLON(?) Antonio 
POTTOLLON Caterina 
POTTOLLON Giovanni
32 
30 
4
" 
" 
"
"
"
"

NODARI Sebastianno 
NODARI Angela 
NODARI Luigia 
NODARI Lucia 
NODARI Domenico 
NODARI Romano 
NODARI Maria 
NODARI Emilio
41 
40 
10 
9 
7 
5 
4 
2
VICENZA 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
"
Itália 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
"
Agricultor 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
"
Católico 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
"
LORENZONI Caterina 
LORENZONI Antonio 
LORENZONI Maria 
LORENZONI Giulio 
LORENZONI Andrea 
LORENZONI Gaetano
60 
24 
41(?) 
14 
8 
1
" 
" 
" 
" 
" 
"
"
"
"
MASCHIO Gio Maria(?) 
MARCHIO Angela
27 
22
" 
"
"
"
"
DALLA COSTA Domenico 
DALLA COSTA Maria 
DALLA COSTA Eva 
DALLA COSTA Maria 
DALLA COSTA Costanza 
DALLA COSTA Speranza 
DALLA COSTA Guglielmo
46 
40 
14 
12 
10 
8 
6
" 
" 
" 
" 
" 
" 
"
"
"
"
FINALTI Michele 
FINALTI Angelo 
FINALTI Giovanna
62 
27 
25
" 
" 
"
"
"
"
FORNER Giacomo 
FORNER Maria 
FORNER Antonia 
FORNER Antonio 
FORNER Maria 
FORNER Guglielmo 
FORNER Giordano
41 
- 
39 
14 
10 
2 
0.7
" 
" 
" 
" 
" 
" 
"
"
"
"
GAZZOLA Agostino 
GAZZOLA Lucia 
GAZZOLA Fortunato 
GAZZOLA Alessandro
35 
30 
32 
3
" 
" 
" 
"
"
"
"
MENEGHETTI Valentino 
MENEGHETTI Caterina 
MENEGHETTI Giuseppina
33 
30 
1
" 
" 
"
"
"
"
BIZZOTTO Francesco  
BIZZOTTO Angela 
BIZZOTTO Antonio 
BIZZOTTO Matteo 
BIZZOTTO Giovanni 
BIZZOTTO Orsola 
BIZZOTTO Regina
41 
35 
13 
11 
9 
7 
3
" 
" 
" 
" 
" 
" 
"
"
"
"
BASCAN Valentino 
BASCAN Maria 
BASCAN Amedeo 
BASCAN Sante
32 
26 
6 
3
" 
" 
" 
"
"
"
"

CECCON Gaetano 
CECCON Cecilia 
CECCON Maria 
CECCON Angelo 
CECCON Margheritta
34 
34 
11 

1
VICENZA 
" 
" 
" 
"
Itália 
" 
" 
" 
"
Agricultor 
" 
" 
" 
"
Católico 
" 
" 
" 
"
DALLAPOZZA Maria 
DALLAPOZZA Antonio 
DALLAPOZZA Rosa 
DALLAPOZZA Giuditta 
DALLAPOZZA Massimiliano 
DALLAPOZZA Maria
60 
40 
35 


3
"
"
"
"
GHENO Giovanna 
GHENO Maria Angela 
GHENO Bartolomeu 
Constam dois nome riscados 
59 
13 

-
"
"
"
"
PAOLETTO Bortolo 
PAOLETTO Maria 
PAOLETTO Giuseppe 
PAOLETTO Anna 
PAOLETTO Carlo
57 
37 


0.8
"
"
"
"
RIGHI Giovanni 
RIGHI Teresa 
RIGHI Giovanni 
RIGHI Francesco 
RIGHI Emilia
28 
25 


0.5
"
"
"
"
BRAGAGNOLO Pietro 
BRAGAGNOLO Angela 
BRAGAGNOLO Ciriaco 
BRAGAGNOLOMatteio
51 
54 
15 
12
"
"
"
"
MENEGAZ Abramo 
MENEGAZ Pasqua 
MENEGAZ Domenico 
MENEGAZ Pietro 
MENEGAZ Maria 
MENEGAZ Anna
55 
43 
14 


3
"
"
"
"
CARLESSO Bernardo 
CARLESSO Angela 
CARLESSO Giovanni 
CARLESSO Francesco
49 
46 
15 
11
"
"
"
"
TOTONE(?) Andrea 
TOTONE Pasqua 
TOTONE Sebastiano 
TOTONE Lucia 
TOTONE Maria
37 
28 


2
"
"
"
"
GRIGOLETTO Giuseppe 
GRIGOLETTO Maria 
GRIGOLETTO Maria 
GRIGOLETTO Rosa 
GRIGOLETTO Giovanni
33 
33 


1
"
"
"
"

TRITOLATI Vincenzo 
TRITOLATI Angela 
TRITOLATI Gaetano 
TRITOLATI Giovani 
TRITOLATI Anacleto
32 
27 


1
VICENZA 
" 
" 
" 
"
Itália 
" 
" 
" 
"
Agricultor 
" 
" 
" 
"
Católico 
 " 
" 
" 
"
MORO Bortolo 
MORO Luigia 
MORO Maria 
MORO Pietro 
MORO Domenica
44 
44 
16 
14 
12
"
"
"
"
BOLZON Pietro 
BOLZON Luigi 
BOLZON Rosa 
BOLZON Giacomo 
BOLZON Adora

26 
23 
22 
0.5
"
"
"
"
STRADIOTTO Antonio 
STRADIOTTO Antonia 
STRADIOTTO Valentino 
STRADIOTTO  Cristina
31 
33 

3
TREVISO 
" 
" 
"
"
"
"
MILANI Antonio 
MILANI Rosa 
MILANI Maria 
MILANI Valentino 
MILANI Caterina 
MILANI Giovanni
40 
34 
16 


1
"
"
"
"
FILIPPIN Giovanni 
FILIPPIN Antonia
22 
21
"
"
"
"
GUIDOLIN Angelo 
GUIDOLIN Angela 
GUIDOLIN Luigi 
GUIDOLIN Giuseppe
59 
57 
19 
16
"
"
"
"
PASINATO Amedeo 
PASINATO Patrizio 
PASINATO Luigia 
PASINATO Pietro 
PASINATO Giuseppe 
PASINATO Angelo 
PASINATO Matteo 
PASINATO Angelo 
PASINATO Gio (?)
70 
46 
40 
18 
13 
11 


0.18
"
"
"
"
PIEROBOM Antonio 
PIEROBOM Teresa 
PIEROBOM Marco
33 
27 
26
"
"
"
"
CECCHIN Francesco 
CECCHIN Veronica 
CECCHIN Celeste 
CECCHIN Maria 
CECCHIN Gio.Batta 
CECCHIN Vittorio 
CECCHIN Maria
52 
47 
29 
26 
18 
14 
12
"
"
"
"

SOUZA Celeste 
SOUZA Domenica 
SOUZA Angelo 
SOUZA Maria 
SOUZA Amedeo 
SOUZA Giovanni 
SOUZA Giuseppe 
SOUZA Angela
37 
37 
14 
12 
10 


2
TREVISO 
" 
" 
" 
" 
" 
"
"
Itália 
" 
" 
"
"
 
" 
" 
"
Agricultor 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
"
Católico 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
"
GAZZOLA Antonio 
GAZZOLA Pietro
65 
30
"
"
"
"
TONIOLO Eugenio 
TONIOLO Maria 
TONIOLO Maria
30 
27 
2
"
"
"
"
STANGHERLIU(?) Sante 
STANGHERLIU Maria 
STANGHERLIU Cesare 
STANGHERLIU Eugenio 
STANGHERLIU Pasquale 
STANGHERLIU Regina 
STANGHERLIU Teresa
63 
53 
27 
23 
16 
13 
11
"
"
"
"
FUGANTI(?) Felice 
FUGANTI Bortolomea 
FUGANTI Lucia 
FUGANTI Virginia 
FUGANTI Rosa 
FUGANTI Cesare 
FUGANTI Pietro 
FUGANTI Caterina 
FUGANTI Romedio
49 
38 
18 
17 
16 
10 


5
TRENTO 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
"
"
"
"
TOMAS Gio.Batta 
TOMAS Margherita 
TOMAS Corona 
TOMAS Margherita 
TOMAS Giacomo
36 
28 
10 

2
"
"
"
"
TONIETTI Fortunata 
TONIETTI Maria 
TONIETTI Barbera 
TONIETTI Pietro 
TONIETTI Giorgio 
TONIETTI Giovanni
42 
15 
11 


1
"
"
"
"
PERMIAN Caterina 
PERMIAN Giuseppe 
PERMIAN Carolina 
PERMIAN Maria 
PERMIAN Luigia 
PERMIAN Luigi 
PERMIAN Alessandro 
PERMIAN Gaetano 
PERMIAN Rosa 
PERMIAN Giuseppe
70 
33 
38 
20 
19 
18 
16 
14 
11 
2
VERONA 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
"
"
"
"

VIERO Giovanni 
VIERO Caterina 
VIERO Andrea 
VIERO Giovanna 
VIERO Antonio 
VIERO Santo
43 
40 



1
VICENZA 
" 
" 
" 
" 
"
Itália 
" 
" 
" 
" 
"
Agricultor 
" 
" 
" 
" 
"
Católico 
" 
" 
" 
" 
"
TOLFO Eurosia 
TOLFO Giovanni 
TOLFO Margherita 
TOLFO Pietro 
TOLFO Drusilla 
TOLFO Fioravante
61 
28 
26 


2
"
"
"
"
RINCO Margherita 
RINCO Luigi 
RINCO Isotta 
RINCO Gio.Batta 
RINCO Giuseppe
70 
35 
36 
11 
2
"
"
"
"
RECCHIA Luigi 
RECCHIA Maria 
RECCHIA Antonio 
RECCHIA Massimiliano 
RECCHIA Benvenuto
32 
25 


1
"
"
"
"
FACCIN Benedetto 
FACCIN Pasqua 
FACCIN Rodolfo 
FACCIN Romano 
FACCIN Guglielma 
FACCHIN Agostino
48 
44 
15 
22 

5
"
"
"
"
MELATTO Michele 
MELATTO Domenica 
MELATTO Clorinda 
MELATTO Paola
27 
25 

2
"
"
"
"
DAL SANTO Bortolo 
DAL SANTO Filomena 
DAL SANTO Maria 
DAL SANTO Natale 
DAL SANTO Rosa
37 
32 
10 

3
"
"
"
"
NOGARA Angelo 
NOGARA Teresa 
NOGARA Lucia 
NOGARA Alessandro 
NOGARA Gio.Batta 
NOGARA Maria
49 
39 
15 
11 

6
"
"
"
"
BROCCARDO Francesco 
BROCCARDO Elena 
BROCCARDO Silvio 
BROCCARDO Aliuto
32 
30 

2
"
"
"
"
RUGGINE Antonio 
RUGGINE Maria 
RUGGINE Attilio
37 
31 
3
"
"
"
"

NOGARA Giuseppe 
NOGARADomenica 
NOGARA Teresa 
NOGARA Elisabetta 
NOGARA Rosa
39 
30 
10 

3
VICENZA 
" 
" 
" 
"
Itália 
" 
" 
" 
"
Agricultor 
" 
" 
" 
"
Católico 
" 
" 
" 
"
LOVATO Isidoro 
LOVATO Cristina 
LOVATO Giseppe 
LOVATO Gio.Batta
50 
46 
13 
7
"
"
"
"
GOBBO Mario 
GOBBO Maria 
GOBBO Amalia 
GOBBO Massimiliano 
GOBBO Giuseppe 
GOBBO Petronilla
49 
35 
10 


2
"
"
"
"
COSTA Isidoro 
COSTA Caterina 
COSTA Angela 
COSTA Domenico 
COSTA Rosa
31 
30 


0.7
"
"
"
"
CARLOTTO Antonio 
CARLOTTO Maria 
CARLOTTO Domenico 
CARLOTTO Rosa 
CARLOTTO Andrea 
CARLOTTO Antonio
62 
54 
23 
21 
18 
0.8
"
"
"
"
PELIZZARO Giovanni 
PELIZZARO Giuditta 
PELIZZARORiccardo 
PELIZZARO Rosa
35 
35 

2
"
"
"
"
BISOGNIN Francesco 
BISOGNIN Brigida 
BISOGNIN Isidoro 
BISOGNIN Alessandro 
BISOGNIN Santa 
BISOGNIN Rosa
46 
27 



0.8
"
"
"
"
CREAZZO Luicia 
CREAZZO Luigi 
CREAZZO Angela 
CREAZZO Elena
70 
40 
33 
25
"
"
"
"
GIARETTA Angelo 
GIARETTA Pasqua 
GIARETTA Michele 
GIARETTA Maria 
GIARETTA Antonio
50 
50 
29 
29
"
"
"
"
LORENZON Giovanni 
LORENZON Caterina 
LORENZON Francesco 
LORENZON Pia 
LORENZON Paola
39 
37 


2
"
"
"
"

GUERRA Giovanni 
GUERRA Francesco 
GUERRA Orsola 
GUERRA Gio.Batta 
GUERRA Genovieffa
53 
39 
37 
14 
2
VICENZA 
" 
" 
" 
"
Itália 
" 
" 
" 
"
Agricultor 
" 
" 
" 
"
Católico 
" 
" 
" 
"
LORENZON Francesco 
LORENZON Giovanna 
LORENZON Maria 
LORENZON Giovannina 
LORENZON Giovanni 
LORENZON Pietro
40 
37 



2
"
"
"
"