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terça-feira, 24 de setembro de 2024

Na Nova Vita tra le Montagne



Na Nova Vita tra le Montagne

Noè el zera un toseto pien de vita, el gavea pena fato i nove ani. El zera el pi novo dea casa, ma co un spìrito che brusava come un fogo vivo. I so fradèi, Giovanni e Antonio, e le sorèie, Maria e Augusta, i gera pi grandi, sempre pronti a protèger. Con sete ani avea lo sfortùnio de pèrdar la mama, dopo longo tempo de sofrimento. El pupà, Francesco, el zera un omo forte, de quei che la vita di rùspigo laoro lo ga plasmar. Tuti insieme, i ga resòlver emigrar par sempre de Pederobba, na decision che parèa pesante come na montagna, ma che portea co sé un fil de speransa.

Na matina de desembre, ancora presto, dopo na nevada, co l'aria freda che ghe penetrea fin ai ossi, i se incaminaron verso la stasion de Cornuda, dove el treno i aspetea. Noè e i so fradèi no i avea mai vardar un treno. Na bestia de fero che sbufea fumo dal muso. Co i rivà in stasion, el cuor de Noè el batea forte, metà paùra e metà per èsser entusiasmà. Francesco el disea ai fiòi: "Questo i ze solo l’iníssio. El Brasile el ze lontan, ma ze na tera che ne speta co i brassi verte."

Su el treno, tra i rumori de el fero e i paesagi che passea via veloce come na saeta, Noè el pensea a tuto quel che i gavaria lassa drio: la campagna, i amici, el campanàrio dea chiesa de Pederobba che i parea sempre presente e in special la sorea pi granda Pina, za sposà e co la pròpria famèia, no podea venir in Brasile con lori. Ma el futuro lo ciamea, e el lo sapea. Le ore sul treno i ga passà lenti, ma co la voglia de rivar.

A Gènoa, el porto zera pien de zente, un formigher de ànime perse che andea vanti e indrio. El vapore Adria, grande e maestoso, el zera pronto par partir. Francesco el strensea forte la manina de Noè, come par dir: "La ze dura, ma insieme ghe rivaremo". El mar, tanto spaventoso, ghe parea un deserto blu senza fine. I zorni su el vapore i zera lunghi, el rumor de el mare che sbateva el stomaco e la nostalgia che scominciava a farsi sentire. Ma el pensier de ‘l Brasile ghe dava forsa.

Finalmente, lori i ze rivà al porto de Rio de Janeiro. Noè el rimase a boca verta co el caldo umido e i profumi che ghe riempiva l’aria. Lori i si ga meraviglià con el mùcio di zente di color moro che i ga incontrà ´tel porto. Era come un altro mondo. Ma el tempo par fermarse no ghe zera: dopo un breve riposo, i se ga preparà a continuar el viàio al destin, el porto de Paranaguá. Sul vapore Maranhão, Noè el se sentiva ormai abituà al mar, ma el viàio lo zera ancora longo. I fradèi i parlea tra de lori de quel che i sognea de far quando i ghe rivaria al destin, mentre le soree i cantea pianin, par scordarse de la malinconia.

Co i rivà a Paranaguá, Noè el se sentiva più grande, come se el viàio lo gavesse fato cressere. Morretes, co la so colònia Nova Italia, ghe parea un posto strano, scotante e isolà, ma Francesco el disea: "El ze solo temporaneo, no staremo qua tanto tempo." E così zera. Dopo un periodo de alcuni mesi, co la natura selvàdega che ghe avolgeva tuto atorno, i ripartì col treno verso Curitiba.

El viàio finalmente finìo quando i rivà a la Colònia Dantas. La zera na tera nuova, bea, polita co prati, basse coline e i boschi vicin che i ghe ciamea par esplorar. Noè el corea lìbero, co l’aria che ghe riempiva el peto. El pupà Francesco el vedea lontan, co un sguardo de sodisfassion e de speransa. "Qua, fiòi," el disea, "qua faremo casa nostra."

Noè el capì che la so nova vita scominciava proprio lì, tra quele montagne lontane.




terça-feira, 15 de março de 2022

Colônias Italianas de Alexandra e Nova Itália no Paraná

Estação Ferroviária de Alexandra
 






O empresário italiano Savino Tripotti, natural de Teramo, região de Abruzzo, foi quem organizou a Colônia Alexandra, fundada no ano de 1872 e inaugurada logo em seguida com a chegada do primeiro grupo de imigrantes italianos, trazidos pelos navios Anna Pizzorno e Liguria. 

Após uma longa travessia do oceano, desembarcaram na Ilha das Flores, no litoral do Rio de Janeiro. Passados alguns dias embarcaram novamente em outro navio em direção ao Porto de Paranaguá destino final da longa viagem.

Nesta cidade foram abrigados na Casa de Imigração por conta do governo provincial e logo transportados e encaminhados para a Colônia Alexandra para ocuparem os lotes a eles destinados.

A impressão que tiveram não foi das melhores e o desânimo tomou conta de todos. Esmorecidos, perceberam que a tão sonhada terra prometida não era bem aquilo que eles imaginaram e o que tinha sido apregoado pelos agentes de emigração ainda na Itália. Os seus lotes ficavam muito longe das cidades mais próximas de Morretes e Paranaguá, localizados em terrenos inadequados, alagadiços, arenosos ou muito pedregosos, praticamente inabitáveis e onde não seria possível cultivar.

Logo sentiram que o clima da região era muito diferente daquele que eles estavam acostumados na Itália. Muito calor e umidade que provocavam uma sensação de abafamento. A infestação de mosquitos e outros insetos, causavam doenças, algumas desconhecidas, como o irritante bicho de pé e grandes moscas, que depositavam seus ovos em qualquer parte do corpo e cujas larvas causavam o berne. 

Doenças para eles desconhecidas começaram a surgir entre eles, agravadas pela falta de médicos e de um serviço de saúde. Quando nas maiores emergências apelavam para os curandeiros e aos giustaossi, os quais tinham grande prestígio no meio da população nativa brasileira.

Em pouco tempo a Colônia de Alexandra tinha uma população de 870 habitantes, quando o diretor Savino Tripotti os abandonou, alegando não ter mais recursos para manter funcionando a colônia. 

Enquanto isso os imigrantes italianos continuavam chegando em número cada vez maior. Estes recém chegados ao tomarem conhecimento das condições em que estavam os primeiros que chegaram, se negaram em se instalar na Colônia Alexandra.

O governo provincial foi obrigado rescindir o contrato com o empresário e a criar rapidamente uma outra colônia, em Morretes, que foi denominada Colônia Nova Itália. 

Devido a desorganização interna, o rigor do clima tropical e as duras condições de vida, quase iguais aquelas de Alexandra, a colônia Nova Itália não conseguiu progredir e em pouco tempo também teve o mesmo destino. 

Estação Ferroviária de Morretes




Com o declínio da colônia muitos imigrantes italianos já trabalhavam na construção da estrada ferro Paranaguá - Curitiba como uma opção para ganhar a vida.


Entre os colonos muitos deles tinham uma outra profissão, aprendida ainda na Itália. Haviam, entre outros, carpinteiros, pedreiros, marceneiros, ferreiros, canteiros, alfaiates, sapateiros, que aos poucos se estabeleceram em Morretes e Paranaguá.


No livro n° 239 intitulado "Livro de Contas de Colonos de Morretes - 1878", encontram-se registrados muitos nomes de imigrantes italianos que ali se fixaram, depois de uma passagem pelas colônias: Lazarotto Pietro, Taverna Giacomo, Trevizan Giuseppe, Simioni Giovani, Mocelin Adamo, Mottin Giovani, Maschio Francesco e outros. Alguns registros nesse livro apontam que para esses imigrantes o Governo Provincial havia entregue ferramentas, utensílios de trabalho e alimentos.


Mesmo depois do declínio da Colônia Nova Itália muitos desses imigrantes continuaram trabalhando na construção da estrada de ferro, outros, a grande maioria, subiram a Serra do Mar e se fixaram nas terras férteis e de clima ameno, nos arredores de Curitiba.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS


quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Emigração Italiana no Paraná

Igreja da Colônia Italiana de Nova Itália

No ano de 1875 chegaram os primeiros italianos na Província do Paraná. Eles eram constituídos por famílias de vênetos e foram destinados às colônias imperiais recém criadas de Morretes e Antonina, localizadas próximas de Paranaguá. Essas colônias foram idealizadas dentro de um grande projeto imperial de imigração,  que pretendia trazer milhares de famílias italianas para serem assentadas na região. Grupos de corretores, terceirizados por uma companhia de imigração constituída a propósito, que havia ganho a indicação imperial para a prestação deste serviço,  passaram a percorrer as vilas e cidades mais afetadas pelo grande desemprego que assolava a Região do Vêneto em particular e a Itália em geral, naquele período situado nos últimos 25 anos do século XIX. 



Distribuíam panfletos e visitavam os locais onde se reuniam os camponeses diaristas à espera de trabalho, como pontos de reunião, praças, bares, igrejas, festas paroquiais e, com muita conversa mas também com inúmeras  promessas, exageradas e quase sempre não verdadeiras, conseguiam com facilidade convencer aqueles mais desesperados a empreenderem a longa viagem. Milhares deles respondiam quase prontamente, assinando o devido contrato. Outros os levavam para casa, junto com os panfletos de propaganda, para junto da família decidirem qual o caminho que deveriam tomar. No entanto estavam decididos a mudar de vida, pois, aquela que estavam vivendo não poderiam continuar por mais tempo. 

Carroças com Imigrantes Italianos levando produtos agrícolas para Curitiba 

O desemprego atingia cada vez mais trabalhadores camponeses e pequenos artesãos e a fome já rondava há tempo os lares mais pobres em todo o Vêneto. O recrutamento era uma atividade legal, estimulada quase sempre pelo governo italiano para evitar a explosão que se aproximava . A companhia de emigração tinha a autorização para funcionar, e mesmo, falar em nome do governo imperial brasileiro. As autoridades italianas faziam vista grossa, pois, a situação era de calamidade. Foram muito poucos, aqueles que levantaram a voz pedido a interrupção da liberdade para emigrar. Eram especialmente os produtores rurais donos de terras e mais alguns políticos, aqueles que viam na emigração um mal maior para o país.  Evidentemente que estavam falando em causa própria, pois, com a saída de uma grande parte da população os deixaria sem aquela mão de obra barata e de fácil contratação que estavam acostumados. A Igreja em geral apoiava os esforços para liberação da emigração e, em muitos casos, também dela participou em várias paróquias, onde os sacerdotes partiram junto com os seus fiéis em busca de uma nova vida em terras distantes. 

Igreja Matriz Santa Felicidade início século XX

As Colônias Italianas de Alexandra e a de Nova Itália, localizadas nas regiões de intorno a Morretes e Antonina, tiveram inúmeros problemas, desde o início da instalação, que desiludiram e irritaram a maioria dos imigrantes, os quais chegaram a se rebelar contra as suas administrações. Estes acontecimentos influíram decisamente na vida dos primeiros imigrantes vênetos assentados na Província do Paraná. 

Os problemas surgidos  nessas duas colônias foram sobretudo, decorrentes da má administração dos funcionários da companhia de imigração encarregados em zelar no bem estar dos recém chegados. As precárias instalações colocadas à disposição das famílias; a comida que era servida, escassa e até totalmente  desconhecida pelos imigrantes; o clima de litoral  encontrado na região, muito quente e úmido, era diferente do que eles estavam acostumados nas suas terras natal; a má qualidade da terra e os tipos de culturas que eram obrigados a cultivar, que não estavam habituados, foram, entre outros, o motivo que levou ao fim dessas colônias italianas no Paraná. 

Igreja Matriz de Colombo 

A maioria dos imigrantes foi remanejada para terras férteis próximas da capital paranaense, onde desde 1872 já se encontravam outros imigrantes. Também, aqueles imigrantes trabalhadores do campo e os pequenos artesãos que tinham trazido consigo algum dinheiro, geralmente este obtido da venda dos poucos bens que deixaram na Itália, reuniam-se em grupos e adquiriam, por conta própria, terrenos bem situados na periferia de Curitiba e ali se instalavam constituindo uma comunidade. Da venda da produção agrícola desses lotes tiravam o sustento para as famílias, com a venda de produtos hortifrutigranjeiros comercializados por toda a Curitiba. 


Os artesãos logo conseguiam trabalho abrindo oficinas e negócios por conta própria ou trabalhando como operários nas indústrias da capital. Essas colônias se tornaram o ponto de partida para o surgimento de inúmeros importantes bairros curitibanos como: Santa Felicidade, Água Verde (colônia Dantas), Colombo (colônia Alfredo Chaves), Umbará, São José dos Pinhais, Araucária, Campo Largo, Piraquara (colônia de Santa Maria do Novo Tirol da Boca da Serra) e em algumas cidades vizinhas como Cerro Azul (colônia Assunguy) colônia de origem mista, criada em 1860, com recursos próprios da Província do Paraná. 

Colombo

Segundo as estatísticas, no início do século XX, no ano de 1900, viviam no estado do Paraná uma população de mais de trinta mil italianos, espalhados por 14 colônias somente de italianos e em mais 20 outras com população mista com imigrantes de outras procedências. 

Colônia Faria 1888 - Colombo 

Uma outra original colônia italiana no Paraná foi criada em 1890, no atual município de Palmeira, quando um grupo de italianos com ideal libertário, mobilizados por Giovanni Rossi, criaram a primeira experiência anarquista no Brasil. Nos quatro anos que durou a vida dessa colônia chegou a ter uma população de 250 pessoas. Ela tinha uma área de 80 alqueires de terra, doadas pelo Imperador D. Pedro II, pouco antes da Proclamação da República. O fim do experimento anarquista da Colônia Cecília se deu por motivos econômicos e sócio culturais. 


Dr. Luiz Carlos Piazzetta

Erechim RS