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quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Padre Pietro Colbacchini nas Colônias Italianas do Paraná




O Padre Pietro Colbachini nasceu em 11 de setembro de 1845 no município de Bassano del Grapa, localizado na província de Vicenza, Região do Vêneto, Itália. Ele ingressou na Ordem da Companhia de Jesus com a idade de 18 anos. Ordenou-se em 26 de julho de 1869 com 24 anos e permaneceu por 15 anos em serviço pastoral na Itália. Quando manifestou seu interesse em vir ao Brasil para oferecer assistência religiosa aos imigrantes italianos não recebeu aprovação da Companhia de Jesus, procurando outra congregação para realizar tal feito. Encontrou na Congregação dos Scalabrinianos a possibilidade, chegando ao Paraná no ano de 1885 estabelecendo-se no núcleo colonial Dantas, na paróquia do bairro Água Verde em Curitiba. O padre Pietro Colbachini atuou junto aos Scalabrinianos, a Congregação dos Missionários de São Carlos, que tinha como principal missão a assistência aos imigrantes e por essa razão veio ao Paraná, muito embora não tenha deixado de lado todo o ensinamento recebido da Ordem Jesuítica. Entrava em contradição inclusive com a Ordem Scalabriniana, negando a integração entre o catolicismo e a italianidade. Em vários documentos ainda conservados, podemos observar que o padre também era conhecido como “o feroz Jesuíta” e não como um missionário Scalabriniano. 


 


Passou grande parte de sua estada no Brasil como missionário, atendendo as colônias paranaenses Dantas (Água Verde), Santa Felicidade, Alfredo Chaves, Antonio Rebouças, Campo Comprido, Santa Maria do Novo Tirol da Boca da Serra, Murici e Zacarias. Todas elas no planalto de Curitiba, e que faziam parte da Capelania Curata Italiana, criada para dar assistência religiosa aos imigrantes italianos e estava estabelecida na Capela da Colônia de Santa Felicidade. 



O Padre Pietro Colbacchini também é lembrado pelo fato de ter escrito dois longos relatórios para os seus superiores e autoridades italianas, ambos publicados e divulgados. Um destes, no qual trata sobre o tema dos imigrantes, foi escrito em Curitiba e enviado, em outubro de 1892, ao Marquês João Batista Volpe Landi, no município italiano de Piacenza, então Presidente da Sociedade Italiana de São Rafael. O outro relatório, com tema referente a emigração italiana, foi enviado, em 1895, ao Ministro do Exterior da Itália. 



No relatório do missionário italiano datado de 1892,  ele relatou as precárias condições daqueles colonos que viviam no litoral paranaense, no período de 1875 e 1877. Entre outros tantos problemas, Colbacchini destacava no relatório principalmente as doenças que acometiam os imigrantes causadas pelos insetos. Assim descreveu a situação dos imigrantes das Colônias Alexandra e Nova Itália, ambas no litoral paranaense:

"...Durante o dia os trabalhos eram insuportáveis devido o calor excessivo e por enxames de mosquitos que fazem inchar as partes descobertas das pessoas e produzem fortes incômodos; à noite outra espécie do mesmo rompe o sono e sangra os pobres imigrantes. Entre a carne e a pele as picadas de um outro verme, que assume no seu desenvolvimento a grossura de um feijão, e que vem injetado por  uma mosca cor de ouro (berne). Nos pés, especialmente nas extremidades e no calcanhar, coceiras insuportáveis e feridas malcheirosas, produzidas por outro inseto (bicho de pé) que nidifica e incuba, e se desenvolve como uma pequena pulga. As crianças e os velhos são os mais susceptíveis a esta grave enfermidade, que não respeita, todavia, idade e sexo ou condição das pessoas. A isto acrescento as consequências produzidas diretamente pelo clima, isto é, tontura, enfraquecimento dos membros, falta de apetite, desânimo, preguiça e tédio da vida. Esta é a verdadeira condição daqueles que vivem no litoral do Paraná"



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Emigração Italiana no Paraná

Igreja da Colônia Italiana de Nova Itália

No ano de 1875 chegaram os primeiros italianos na Província do Paraná. Eles eram constituídos por famílias de vênetos e foram destinados às colônias imperiais recém criadas de Morretes e Antonina, localizadas próximas de Paranaguá. Essas colônias foram idealizadas dentro de um grande projeto imperial de imigração,  que pretendia trazer milhares de famílias italianas para serem assentadas na região. Grupos de corretores, terceirizados por uma companhia de imigração constituída a propósito, que havia ganho a indicação imperial para a prestação deste serviço,  passaram a percorrer as vilas e cidades mais afetadas pelo grande desemprego que assolava a Região do Vêneto em particular e a Itália em geral, naquele período situado nos últimos 25 anos do século XIX. 



Distribuíam panfletos e visitavam os locais onde se reuniam os camponeses diaristas à espera de trabalho, como pontos de reunião, praças, bares, igrejas, festas paroquiais e, com muita conversa mas também com inúmeras  promessas, exageradas e quase sempre não verdadeiras, conseguiam com facilidade convencer aqueles mais desesperados a empreenderem a longa viagem. Milhares deles respondiam quase prontamente, assinando o devido contrato. Outros os levavam para casa, junto com os panfletos de propaganda, para junto da família decidirem qual o caminho que deveriam tomar. No entanto estavam decididos a mudar de vida, pois, aquela que estavam vivendo não poderiam continuar por mais tempo. 

Carroças com Imigrantes Italianos levando produtos agrícolas para Curitiba 

O desemprego atingia cada vez mais trabalhadores camponeses e pequenos artesãos e a fome já rondava há tempo os lares mais pobres em todo o Vêneto. O recrutamento era uma atividade legal, estimulada quase sempre pelo governo italiano para evitar a explosão que se aproximava . A companhia de emigração tinha a autorização para funcionar, e mesmo, falar em nome do governo imperial brasileiro. As autoridades italianas faziam vista grossa, pois, a situação era de calamidade. Foram muito poucos, aqueles que levantaram a voz pedido a interrupção da liberdade para emigrar. Eram especialmente os produtores rurais donos de terras e mais alguns políticos, aqueles que viam na emigração um mal maior para o país.  Evidentemente que estavam falando em causa própria, pois, com a saída de uma grande parte da população os deixaria sem aquela mão de obra barata e de fácil contratação que estavam acostumados. A Igreja em geral apoiava os esforços para liberação da emigração e, em muitos casos, também dela participou em várias paróquias, onde os sacerdotes partiram junto com os seus fiéis em busca de uma nova vida em terras distantes. 

Igreja Matriz Santa Felicidade início século XX

As Colônias Italianas de Alexandra e a de Nova Itália, localizadas nas regiões de intorno a Morretes e Antonina, tiveram inúmeros problemas, desde o início da instalação, que desiludiram e irritaram a maioria dos imigrantes, os quais chegaram a se rebelar contra as suas administrações. Estes acontecimentos influíram decisamente na vida dos primeiros imigrantes vênetos assentados na Província do Paraná. 

Os problemas surgidos  nessas duas colônias foram sobretudo, decorrentes da má administração dos funcionários da companhia de imigração encarregados em zelar no bem estar dos recém chegados. As precárias instalações colocadas à disposição das famílias; a comida que era servida, escassa e até totalmente  desconhecida pelos imigrantes; o clima de litoral  encontrado na região, muito quente e úmido, era diferente do que eles estavam acostumados nas suas terras natal; a má qualidade da terra e os tipos de culturas que eram obrigados a cultivar, que não estavam habituados, foram, entre outros, o motivo que levou ao fim dessas colônias italianas no Paraná. 

Igreja Matriz de Colombo 

A maioria dos imigrantes foi remanejada para terras férteis próximas da capital paranaense, onde desde 1872 já se encontravam outros imigrantes. Também, aqueles imigrantes trabalhadores do campo e os pequenos artesãos que tinham trazido consigo algum dinheiro, geralmente este obtido da venda dos poucos bens que deixaram na Itália, reuniam-se em grupos e adquiriam, por conta própria, terrenos bem situados na periferia de Curitiba e ali se instalavam constituindo uma comunidade. Da venda da produção agrícola desses lotes tiravam o sustento para as famílias, com a venda de produtos hortifrutigranjeiros comercializados por toda a Curitiba. 


Os artesãos logo conseguiam trabalho abrindo oficinas e negócios por conta própria ou trabalhando como operários nas indústrias da capital. Essas colônias se tornaram o ponto de partida para o surgimento de inúmeros importantes bairros curitibanos como: Santa Felicidade, Água Verde (colônia Dantas), Colombo (colônia Alfredo Chaves), Umbará, São José dos Pinhais, Araucária, Campo Largo, Piraquara (colônia de Santa Maria do Novo Tirol da Boca da Serra) e em algumas cidades vizinhas como Cerro Azul (colônia Assunguy) colônia de origem mista, criada em 1860, com recursos próprios da Província do Paraná. 

Colombo

Segundo as estatísticas, no início do século XX, no ano de 1900, viviam no estado do Paraná uma população de mais de trinta mil italianos, espalhados por 14 colônias somente de italianos e em mais 20 outras com população mista com imigrantes de outras procedências. 

Colônia Faria 1888 - Colombo 

Uma outra original colônia italiana no Paraná foi criada em 1890, no atual município de Palmeira, quando um grupo de italianos com ideal libertário, mobilizados por Giovanni Rossi, criaram a primeira experiência anarquista no Brasil. Nos quatro anos que durou a vida dessa colônia chegou a ter uma população de 250 pessoas. Ela tinha uma área de 80 alqueires de terra, doadas pelo Imperador D. Pedro II, pouco antes da Proclamação da República. O fim do experimento anarquista da Colônia Cecília se deu por motivos econômicos e sócio culturais. 


Dr. Luiz Carlos Piazzetta

Erechim RS


segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Imigração Italiana em Curitiba


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Os primeiros italianos a imigrar para o Paraná foram os vênetos, a partir de 1875, alocados em colônias próximas à Paranaguá, nas regiões de Morretes e Antonina. A Colônia Alexandra e posteriormente a Colônia Nova Itália tiveram vários problemas, sendo que seus moradores foram posteriormente remanejados para regiões mais próximas da capital.

Em 1900, viviam no estado do Paraná mais de trinta mil italianos, espalhados por catorze colônias etnicamente italianas e outras vinte mistas. No início, a maior parte dos imigrantes trabalhou como colonos autônomos porém, com o desenvolvimento do café, passaram a compor a mão-de-obra da região. As maiores colônias prosperaram na Região Metropolitana de Curitiba, sendo o município de Colombo localizado na Grande Curitiba) a maior colônia italiana do Paraná. A Colônia Alfredo Chaves (que posteriormente se tornaria a cidade de Colombo) foi uma das quatro onde se concentraram os primeiros italianos que chegaram ao estado. As outras são a Senador Dantas (que deu origem ao bairro curitibano Água Verde), a Santa Felicidade (atual pólo gastronômico da capital paranaense) e a Colônia de Santa Maria do Tirol, localizada no município de Piraquara (na Grande Curitiba). A influência italiana se faz presente em todas as regiões do estado (como no norte do estado, com o vocábulo terra roxa, oriundo da confusão da língua italiana para a cor vermelha – “terra rossa”).


Em Curitiba chegaram a partir de 1872, estabelecendo-se como agricultores em vários núcleos coloniais da região, que posteriormente deram origem aos atuais bairros de Pilarzinho, Água Verde, Umbará e Santa Felicidade (tradicional bairro de cultura e gastronomia italiana da capital paranaense), por exemplo. Com o passar do tempo adotaram outras atividades, incluindo industriais e comerciais.


Outras cidades receberam imigrantes italianos: além de municípios da Microrregião de Paranaguá (na Serra do Mar e litoral) e a capital, cidades da Grande Curitiba (como São José dos Pinhais, Araucária, Campo Largo, Piraquara, Cerro Azul e Colombo), assim como do interior receberam significativo número de imigrantes. Atualmente representam cerca de 40% da população paranaense, sendo o estado sulista com maior população descendente de italianos.


Colombo


Em novembro de 1877 um grupo de imigrantes italianos, composto de 162 colonos: 48 homens, 42 mulheres, 42 meninos e 30 meninas chefiados pelo Padre Angelo Cavalli, saíram do Norte da Itália, região do Veneto, como Nove, Cismon del Grapa, Maróstica, Bassano del Grapa, Valstagna, entre outras e chegaram às terras do Paraná. Primeiramente, esses imigrantes se estabeleceram em Morretes na Colônia Nova Itália e mais tarde, abandonaram as terras e subiram a Serra do Mar, em direção a Curitiba.


Em setembro de 1878, esse grupo de italianos, um total de 40 famílias, recebeu do Governo Provincial terras demarcadas em 80 lotes, 40 urbanos e 40 rurais, localizados a 23 Km de Curitiba, na localidade do Butiatumirim recebendo o nome de Colônia “Alfredo Chaves”. Este nome se deu em homenagem ao então Inspetor Geral de Terras e Colonização, Dr. Alfredo Rodrigues Fernandes Chaves.


Ainda no fim do século XIX, as terras que originariam o Município de Colombo receberam novos contingentes de imigrantes. No ano de 1886 foi criada a Colônia Antonio Prado, com imigrantes polacos e italianos, também no mesmo ano, criou-se a Colônia Presidente Faria somente com imigrantes italianos; um ano depois anexo a Colônia Presidente Faria, surgiu a Colônia Maria José (atualmente Município de Quatro Barras); e finalmente em 1888 surgiu a Colônia Eufrazio Correia (atualmente Bairro do Capivari), sendo as duas últimas colônias somente de imigrantes italianos. Porém, a Colônia que mais se destacou foi a Colônia Alfredo Chaves que assumiu o papel de sede do futuro Município.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Santa Felicidade Bairro Gastronômico de Curitiba


Santa Felicidade é hoje um distrito da cidade de Curitiba, no Estado do Paraná, localizada no antigo caminho dos tropeiros paulistas que iam em direção ao sul do Brasil. Atualmente a administração da regional de Santa Felicidade abrange os bairros: Butiatuvinha, Campina do Siqueira, Campo Comprido, Cascatinha, Jardim Gabineto, Lamenha Pequena, Mossunguê, Orleans, Santa Felicidade, Santo Inácio, São Braz, São João, Seminário e Vista Alegre.
Toda essa região fazia parte da antiga Colônia Santa Felicidade, formada por imigrantes italianos. A ocupação da área ocorreu com mais intensidade à partir de 1878, com a chegada de imigrantes na sua maioria provenientes das regiões do Vêneto e do Trento, no norte da Itália. 
Os colonos inicialmente dedicavam-se à produção de queijos, vinhos, hortigranjeiros e artesanato. Mais tarde, com o passar dos anos, já nos anos 1950 e 1960 foram aos poucos se consolidando e os seus descendentes passaram a suprir a cidade de Curitiba com os seus produtos agrícolas. Pela manhã, ainda muito cedo, se formavam grandes filas de carroças com quatro rodas, puxadas geralmente por um cavalo, cobertas na sua parte dianteira por um pequeno toldo, para proteger o condutor do sol, e que se dirigiam lentamente, uma atrás da outra, no sentido da capital do estado. Lá chegando se espalhavam pela cidade, cada produtora já tinha os seus fregueses habituais e os visitava com regularidade. O mesmo acontecia no início da tarde, só que a caravana percorria o sentido inverso, quando a passo lento, as vendedoras e suas carroças, uma atrás da outra, retornavam para as suas propriedades em Santa Felicidade. Essas carroças eram geralmente conduzidas por mulheres, algumas delas às vezes senhoras de idade avançada, que exerciam com dedicação e bom humor este importante comércio. Levavam a produção de galinhas, ovos, frutas e hortaliças produzidas em suas propriedades para serem comercializadas em Curitiba. 
Foi assim que nesta fase mais avançada da imigração a maioria das famílias de descendentes dos pioneiros sobreviviam. Nessa mesma época, lentamente, também ocorria a transformação para a verdadeira vocação do seu povo. Surgia Santa Felicidade como um bairro gastronômico de Curitiba, quando então foram aparecendo e se consolidando dezenas de restaurantes que serviam a comida típica italiana. O artesanato, a indústria e o comércio vieram consolidar esse ciclo, transformando a antiga colônia em um rico bairro de Curitiba.
Dizem os historiadores que o nome de Santa Felicidade veio da antiga proprietária das terras Dona Felicidade Borges, pertencente a uma família de origem portuguesa. Ela e os seus irmãos, Antônio e Arlindo Borges, venderam os lotes para as primeiras 15 famílias de imigrantes ali se instalarem. De acordo com os relatos dos pioneiros registrados em 1908 pelo padre Giuseppe Martini, a Colônia de Santa Felicidade foi fundada em novembro de 1878 por quinze famílias de imigrantes italianos retirantes da Colônia Nova Itália. 
Este grupo de imigrantes italianos, originários da região do Vêneto, chegou ao Porto de Paranaguá no mês de Janeiro de 1878, tendo sido assentados pelo governo provincial no litoral paranaense – mais precisamente em Porto de Cima e São João da Graciosa, núcleos da colônia que foi denominada Nova Itália. 
Insatisfeitos com o clima tropical típico do lugar e com a qualidade do solo do litoral, e principalmente pela falta de perspectiva de um mercado consumidor, os imigrantes começaram a se interessar pelos relatos otimistas provenientes dos tropeiros que transitavam entre a região e o planalto curitibano. Falavam de Curitiba, do seu clima frio e das terras férteis que a circundavam e de outros imigrantes por lá assentados. 

Inauguração Nova Fachada 1928 Igreja Matriz de Santa Felicidade

Ainda neste mesmo ano de 1878, algumas dessas famílias subiram a Serra do Mar até Curitiba, solicitando ao governo do Paraná a sua transferência para o planalto. Muitas delas foram assentadas nas colônias italianas já existentes, próximas a Curitiba, tais como: Alfredo Chaves, Presidente Faria e Maria José. 
Aqueles que possuíam alguma economia decidiram comprar terras de particulares. Reunindo os recursos de todo o grupo, as quinze famílias compraram o terreno pertencente aos irmãos Antônio, Arlindo e Felicidade Borges. Os relatos antigos dizem que ao venderem o terreno aos italianos, os irmãos Borges teriam exigido que o núcleo colonial passasse a se chamar Felicidade, em homenagem a sua irmã. Isso pode ser confirmado também pelos relatos do padre Maximiliano Sanavio, vigário local: os imigrantes por serem católicos, acrescentaram a palavra santa ao nome sugerido pelos brasileiros, e a colônia ficou sendo denominada Santa Felicidade. O terreno adquirido pelos italianos em Santa Felicidade foi dividido em quinze lotes de dois alqueires, demarcados lado a lado a partir de uma picada central, e distribuídos por sorteio entre as famílias. 
Segundo Moisés Stival, pesquisador e entusiasta da imigração vêneta no Paraná, das famílias italianas que chegaram em Santa Felicidade cerca de 65% delas eram provenientes da província de Vicenza, na região do Vêneto. Desses, o maior grupo, com aproximadamente 12 famílias, provinha do comune de Sandrigo. Ainda de acordo com o mesmo relato cerca de 50% das famílias da atual Santa Felicidade são oriundos de "comuni" como: Montecchio Precalcino, Dueville, Bressanvido, Bolzano Vicentino, San Pietro in Gù, Carmignano di Brenta, Pozzoleone, Schiavon, Nove, Marostica, Breganze, Zugliano e Thiene, todas localizadas em um raio de aproximadamente 10 Km de Sandrigo.
Conforme o livro do escritor Pe. Jacir Braido “O bairro que chegou num navio: Santa Felicidade Centenário, impresso pela editora Líbero-Técnica, Curitiba, novembro de 1978, e também baseado nas pesquisas do Pe. Irio Dalla Costa, esta é a relação das famílias pioneiras na formação do atual bairro  curitibano: 

ANO 1878

Alberti Giovanni
Boscardin Francesco
Boscardin Luigi
Benato Madalena
Bacalfil Basilio
Bertapelle Andrea
Breda Giacomo
Bosa Antonio
Bosa Valentino
Comparin Francesco
Cumin Calisto
Casagrande Giovanni
Cuman Santo
Dalla Stella Giuseppe
Dallarosa Antonio
Decarli Giovanni
Lucca Giovanni
Lucca Latini
Muraro Bortolo
Muraro B. Travisanello
Meneguzzo Giovanni
Maestrelli Dionisio
Poeltto Giovanni
Paolin Antonio
Ravanello Giuseppe
Slompo Bortolo
Tagliaro Sebastiano
Tabarin Clemente
Tulio Agostino
Travensoli Francesco
Valente Domenico
Villanova Bortolo
Vendramin Giuseppe
Zanotto Celestino
Zonato Domenico


DE 1879 À 1887

Alfornalli Giovanni
Alessi, viúva
Anzolin Pelegrino
Budel Giaccomo
Bonato Giovanni
Benato Giovanni
Bazani Angelo
Culpi Giuseppe
Colodel Giuseppe
Colodel Alessandro
Costa Luigi
Costantin Giovanni
Cecchetto Giuseppe
Cortese Luigi
Dallavia Angelo
Dallabona Giovanni
Dall’Armi Giovanni
Dallamarta Giovanni
Dorigan Antonio
Dorigan Romano
Franceschini, viúva
Ferro Vittore
Fontana Giovanni
Foiato Massimino
Garzaro Lorenzo
Gobbi Giuseppe
Gualdesi Pacifico
Gabardo Antonio
Lucca, viúva
Lovato Domenico
Lugarini Agostinho
Manfron Basilio
Meneguzzo Bortolo
Mion Girolamo
Miola Santo
Mazzarotto Angelo
Pegoraro Vitório
Parise Maria
Petrobelli Giovanni
Sandri Giovanni
Sandri Bortolo
Scabia Antonio
Strapasson Giovanni
Strapasson Domenico
Segala Valentino
Saccheto Francesco
Toaldo Pelegrino
Trevisan Felice
Trevisan Antonio
Tomasi Girolamo
Tomasi Francesco
Tessari Giovanni
Tessaro Antonio
Volpe Gianbatista
Volpe Andrea
Zardo Giaccomo
Zeminian Giuseppe
Zen Antonio


DE 1888 À 1895 FAMÍLIAS

Antoniacomi
Basso
Botega
Brandalise
Berti
Borgo
Bucco
Bindo
Bugliana
Bello
Brognolo
Baron
Brunetti
Brotto
Bortoluzzo
Brustolin
Cagliari
Ceronato
Costantini
Coradi
Castagnoli
Cechin
Cavacchiolo
Chiminello
Dal Santo
Dallalibera
Darú
Dalzoto
De Marchi
Ercole
Esilioto
Festa
Fochese
Finzeto
Fogiato
Fiori
Ferrarini
Foltran
Fraccaro
Frasson
Ferronato
Giaretta
Gardaro
Golin
Grande
Giacomelli
Gnata
Giusti
Gasparin
Granato
Galli
Leonardi
Mocelin
Manosso
Maestrelo
Marchesini
Milani
Murara
Moleta
Micheleto
Menegoto
Marioti
Matio
Molinari
Nappa
Pansarin
Peruzzi
Pianaro
Pizzato
Parodi
Poletti
Paganetti
Puglia
Rizzetto
Smanioto
Stella
Scorsin
Stival
Simeoni
Simoneto
Sartori
Scaramelio
Toresin
Veuzon
Vale
Volpato
Zampieri
Zanzovo
Zilio
Zilioto
Zaramella





Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Curitiba o Destino Final dos Vênetos no Paraná

Colônia Nova Itália 1ª Igreja



Com a falência dos projetos coloniais localizados no litoral paranaense, a capital Curitiba atraiu a grande maioria dos imigrantes que vieram se instalar nas novas colônias formadas ao redor da cidade. 

Diversos foram os fatores que impediram o progresso daquelas colônias litorâneas, sendo que os principais foram: 


1. desorganização administrativa nas colônias; 
2. assentamentos em locais inadequados, com terrenos arenosos localizados em zonas propensas a enchentes; 
3. calor úmido, típico da região, que muito dificultava à adaptação dos colonos a nova terra; 
4. moradias precárias condições e falta de higiene nos barracões; 
5. locais na maioria úmidos, infestados por muitos tipos insetos e parasitas desconhecidos dos imigrantes que provocavam doenças e desconfortos, tais como mosquitos e bicho-de-pé que causavam grandes sofrimentos aqueles pioneiros; 
6. insistência no plantio de culturas tradicionais europeias não recomendadas para a região; 
7. finalmente, e a causa principal, a falta de um mercado consumidor próximo para escoar os produtos agrícolas colhidos. 


Assim, com o passar do tempo, aprendendo com os tropeiros que desciam com as tropas de mulas com destino a Morretes e ao Porto de Paranaguá, ficaram sabendo da existência de uma vila com terras melhores situadas ao redor de onde é hoje a capital do Estado. Assim, em ritmo cada vez maior, o êxodo foi aumentando em direção às terras férteis do planalto paranaense local onde o clima também era muito mais parecido com aquele que deixaram no Vêneto. A subida da Serra do Mar foi pela realizada pela Estrada da Graciosa, a pé e em carroças, e que durava alguns dias. 


Ao que se sabe o governo da província não dificultou este grande deslocamento de imigrantes para a capital da Província do Paraná, tendo pelo contrário na maioria dos casos os ajudado com transporte em carroças.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS