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quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Os Hábitos dos Imigrantes Vênetos no Interior do Rio Grande do Sul

 

Filó natalino na Barra do Rio Azul RS


Hábitos Sociais dos Vênetos na Zona Rural do Rio Grande do Sul


Um  dos mais importantes hábitos sociais cultivados pelos imigrantes vênetos que colonizaram as terras gaúchas, foi o costume do "filò", que ainda hoje podem ser vistos, mantidos mais como atração turística local, em algumas cidades do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Antigamente o filò tinha uma outra conotação social, era um encontro fraternal entre os componentes de famílias vizinhas, que tinha início com o cair da noite, após uma jornada dura de trabalho no campo. 


Filó de Vila Flores RS


Era um momento para o relaxamento e descontração, que unia jovens e velhos de ambos os sexos. Este hábito, que foi trazido da Itália, servia como um momento de ajuda recíproca com a troca de informações pessoais e coletivas, de confidências e conselhos sobre a saúde, o andamento da plantação e das colheitas. 

Era o espaço em que se podia saber das novidades ocorridas com as famílias vizinhas, tanto as boas como também aquelas tristes. Este encontro informal ocorria cada vez na casa de um vizinho, sempre nas estrebarias, junto com o gado, que com o seu calor aquecia o ambiente, assim como se fazia por séculos nas terras de origem, deixadas para trás com a emigração.


Jogo da Mora



Cantavam se estavam alegres, jogavam, contavam histórias e ao mesmo tempo faziam pequenos trabalhos manuais, em que todos participavam. As mulheres, enquanto conversavam, faziam cestas, bolsas, estas chamadas de "sporte" e chapéus com a palha entrelaçada - la dressa - para uso da família e às vezes também para serem vendidos no mercato mais próximo. 

Nos dias de inverno também faziam trabalhos com a lã, como o tricot ou remendavam as roupas da família. As moças que pretendiam se casar e aquelas já noivas, aproveitavam para fazer o próprio enxoval.




Sempre era servido alguma coisa para comer e beber, conforme a estação do ano. Cada família levava alguma coisa de casa, aquilo que podia, e juntos, dividiam alegremente. O filó era também o momento esperado, em que os rapazes e moças travavam conhecimento e começavam fortuitos namoros, início da maioria dos casamentos daquela época. 

O filó foi também a maneira encontrada pelas coletividades de imigrantes para, com o estar juntos reunidos, poderem mitigar o sofrimento e as saudades da terra natal, dos parentes e amigos deixados para trás com a radical mudança de vida causada pela emigração. 

Com esses encontros firmava-se cada vez mais o sentimento de pertencer a uma comunidade e isso criava as condições para a fixação e o enraizamento daqueles imigrantes. Juntamente com a forte e decisiva presença feminina, os filós muito concorreram para o sucesso alcançado pela imigração vêneta e italiana em solo gaúcho.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS









terça-feira, 6 de março de 2018

Hábitos Sociais dos Vênetos na Zona Rural do Rio Grande do Sul - O Filò



Hábitos Sociais dos Vênetos na Zona Rural do Rio Grande do Sul


Entre os importantes hábitos sociais cultivados pelos imigrantes vênetos que colonizaram as terras gaúchas, estava o do "filò", que era um encontro fraternal entre os componentes de famílias vizinhas, que tinha início com o cair da noite, após uma jornada dura de trabalho no campo. Era um momento para o relaxamento e descontração, que unia jovens e velhos de ambos os sexos. Este hábito, que foi trazido da Itália, servia como um momento de ajuda recíproca com a troca de informações pessoais e coletivas, de confidências e conselhos sobre a saúde, o andamento da plantação e das colheitas. Era o espaço em que se podia saber das novidades ocorridas com as famílias vizinhas, tanto as boas como também aquelas tristes. Este encontro informal ocorria cada vez na casa de um vizinho, sempre nas estrebarias, junto com o gado, que com o seu calor aquecia o ambiente, assim como se fazia por séculos nas terras de origem, deixadas para trás com a emigração. Cantavam se estavam alegres, jogavam, contavam histórias e ao mesmo tempo faziam pequenos trabalhos manuais, em que todos participavam. As mulheres, enquanto falavam, faziam cestas, bolsas, estas chamadas de "sporte" e chapéus com a palha entrelaçada - la dressa - para uso da família e à vezes também para serem vendidos no mercato mais próximo. Nos dias de inverno também faziam trabalhos com a lã, como o tricot ou remendavam as roupas da família. As moças que pretendiam se casar e aquelas já noivas, aproveitavam para fazer o próprio enxoval. Sempre era servido alguma coisa para comer e beber, conforme a estação do ano. Cada família levava alguma coisa de casa, aquilo que podia, e juntos, dividiam alegremente. O filó era também o momento esperado, em que os rapazes e moças travavam conhecimento e começavam fortuítos namoros, início da maioria dos casamentos daquela época. O filó foi também a maneira encontrada pelas coletividades de imigrantes para, com o estar juntos reunidos, poderem mitigar o sofrimento e as saudades da terra natal, dos parentes e amigos deixados para trás com a radical mudança de vida causada pela emigração. Com esses encontros firmava-se cada vez mais o sentimento de pertencer a uma comunidade e isso criava as condições para a fixação e o enraizamento daqueles imigrantes. Juntamente com a forte e decisiva presença feminina, os filós muito concorreram para o sucesso alcançado pela imigração vêneta e italiana em solo gaúcho.

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS