Espaço destinado aos temas referentes principalmente ao Vêneto e a sua grande emigração. Iniciada no final do século XIX até a metade do século XX, este movimento durou quase cem anos e envolveu milhões de homens, mulheres e crianças que, naquele período difícil para toda a Itália, precisaram abandonar suas casas, seus familiares, seus amigos e a sua terra natal em busca de uma vida melhor em lugares desconhecidos do outro lado oceano. Contato com o autor luizcpiazzetta@gmail.com
domingo, 3 de março de 2024
O Açúcar em Veneza
quarta-feira, 6 de outubro de 2021
Veronica Franco a mais Famosa Cortesã de Veneza
Veneza era uma cidade cosmopolita, com a suas estreitas ruas e becos, sempre repletas e agitadas, por onde circulavam diariamente centenas de pessoas, entre os quais estrangeiros, comerciantes, marinheiros e navegadores. A prostituição era considerada pelo governo como um mal necessário e antes de ser uma atividade proibida, era de certa forma protegida e até mesmo estimulada.
Até o século XVI as prostitutas eram submetidas a vigilância dos juizes da noite e dos chefes de cada sestiere (bairro), dois órgãos públicos que tinham poder de polícia. Ela não podiam morar em casas comuns, não podiam frequentar os bares e só podiam passear pela cidade aos sábados, não distante das suas casas. No ano de 1360 foram obrigadas a morar em um conjunto de casas, muito semelhante a um gueto, em San Matteo de Rialto, o local ficou conhecido como "Casteletto". Desse local só podiam sair para passear entorno, mas, dentro de um perímetro bem preciso e restrito, e a noite, depois do terceiro toque do sino, deviam estar reclusas em casa, sob pena de receberem multas em dinheiro e chicotadas caso fossem descobertas. Cada casa era comandada por uma mulher mais velha, a chamada matrona, uma espécie de diretora, que mantinha a contabilidade de cada quarto e pagava os impostos. Muitas prostitutas moravam fora do casteletto, em outras áreas da cidade, que pelo hábito, foram posteriormente também oficializadas à prostituição. Nas datas de festas religiosas, como exemplo a Páscoa e o Natal, não podiam chegar perto de nenhum homem, sob a pena de receberem quinze chicotadas pela infração. Se por um lado o estado emanava normas muito restritivas para elas, por outro criava leis apropriadas para protege-las de abusos e opressões que frequentemente eram vítimas, especialmente, de cavalheiros. Durante um certo período o governo da Sereníssima as deixou ficar nos balcões das suas casas, com os seios a mostra, com a finalidade de estancar o crescimento da homosexualidade.
O número de prostitutas em Veneza era grande, segundo um censo realizado em 1509 foram registradas onze mil cento e sessenta e quatro cortesãs na cidade. A profissão não era considerada desonrosa, elas eram até invejadas pelo teor de vida que tinham e pelas amizades que podiam fazer. A maioria delas eram cortesãs de classe baixa, pouco atraentes, desleixadas, que moravam em casebres insalubres, frequentadas pelo povo de menor poder aquisitivo. Outras, no entanto, eram belas e bem cuidadas mulheres, que moravam em casas luxuosas e usavam roupas confeccionadas com finos tecidos, frequentemente muito cultas, escritoras, poetisas ou até excelentes musicistas, que ocupavam aqueles lugares esperados somente para as mulheres de origem nobre. Eram as cortesãs de altíssimo luxo em cujas salas recebiam literatos, artistas, expoentes da nobilidade veneziana e de outros países que ficavam estupefatos. Para aqueles visitantes estrangeiros elas mandavam publicar catálogos com nomes e os endereços onde podiam ser encontradas, assim como o valor que seria cobrado pelos serviços.
Veronica Franco foi provavelmente o exemplo mais famoso de cortesã "honesta", embora não fosse a única intelectual em uma Veneza renascentista que ostentava uma cultura refinada e contava com inúmeros talentos nos campos literário e artístico. Nascida em Veneza de uma família de classe média da cidade, teve três irmãos, um deles acabou morto na epidemia de peste em 1570 e outro foi prisioneiro dos turcos. Muito jovem ela se casou com o médico Paolo Panizza, deixando-o pouco tempo depois. Foi a mãe que a iniciou nessa arte de cortesã "honesta", profissão que ela também exerceu quando ainda jovem. Veronica Franco não foi a única cortesã intelectual a ostentar uma cultura requintada e a expressar numerosos talentos nos campos literário e artístico. Depois da separação, para se sustentar, ela se tornou uma cortesã de alto nível. Foi incluída no catálogo de todas as principais e mais honradas cortesãs de Veneza, publicado por volta de 1565, era uma lista que fornecia o nome, endereço e taxas das cortesãs mais importantes da cidade, segundo o qual um beijo desta cortesã custava cinco ou seis ducados de ouro e o serviço completo chegava a 50 ducados de ouro. Para se ter uma idéia real do valor nos dias de hoje basta fazer o cálculo: um ducado tinha o peso 3,44 gramas de ouro de 24 quilates.
Graças à sua amizade com homens ricos e figuras importantes da época, ela logo se tornou bastante conhecida pela aristocracia veneziana e até teve uma breve ligação com o rei Henrique III da França. Escritores relatam que em seguida a um grande jantar no palácio ducal, oferecido pelo doge ao monarca francês, ela foi servida nua sobre a mesa a frente do soberano.
Veronica Franco foi uma das cortesãs mais honradas de uma cidade próspera e cosmopolita e viveu cercada de conforto durante a maior parte de sua vida como cortesã; no entanto, ela não pode desfrutar da proteção concedida às mulheres ditas respeitáveis. Ela sempre teve que fazer seu caminho sozinha. Estudou e procurou seus patronos entre homens ricos e instruídos.
A partir de cerca de 1570, passou a fazer parte de um dos círculos literários mais famosos da cidade, participando de discussões, fazendo doações e até curando antologias de poesia. Veronica Franco escreveu dois livros de poesia: Terze rime no ano de 1575 e Lettere familiari a diversi em 1580. Publicou coleções de cartas e reuniu obras de escritores famosos em uma antologia. Após o sucesso dessas obras, ela ainda fundou uma instituição de caridade em favor das cortesãs e seus filhos.
Em 1575, durante a epidemia de peste que assolou a cidade, Veronica Franco foi forçada a deixar Veneza e, após o saque de sua casa e de suas posses, perdeu grande parte de sua riqueza. Após seu retorno, em 1580, ela se defendeu brilhantemente durante o julgamento da Inquisição, que a acusava de encantamento e feitiçaria. Essas acusações eram até muito comuns às cortesãs daquela época, mas acabaram se desfazendo. De acordo com os depoimentos, suas ligações com a nobreza veneziana contribuíram para a absolvição. Após esse evento, pouco se sabe sobre sua vida; porém os documentos ainda existentes relatam o fato de que, mesmo tendo obtido sua liberdade, eles perdeu toda riqueza e bens materiais. Quando seu último benfeitor também morreu, ela se viu privada de apoio financeiro.
Em 1577, ela propôs ao governo da Sereníssima a construção de uma casa para mulheres carentes, administrada por ela, mas, não foi ouvida. Na época, seus filhos já haviam crescido ou morrido de peste, e Verônica estava criando netos órfãos.
A sua vida também é contada no livro de Margaret F. Rosenthal, "The Honest Courtesan". Segundo os críticos literários, este livro "retrata a figura de Veronica Franco de forma contundente no contexto cultural, social e econômico da época. Rosenthal sublinha, nos escritos de Veronica Franco, o apoio desapaixonado às mulheres indefesas, as convicções muito fortes sobre as desigualdades e o caráter político e sedutor de seus poemas, escritos em verso em uma linguagem altamente erótica. É a introspecção de Verônica Franco nos conflitos de poder entre os dois sexos e a consciência de representar uma ameaça ao homem contemporâneo, que fez tão atual suas obras literárias e suas relações com os intelectuais venezianos".
Catherine McCormack interpretou Veronica Franco no filme de 1998 Mistress of Her Destiny. O filme é baseado no livro de Margareth Rosenthal, The Honest Courtesan.
A atriz Giusy Buscemi interpretou Veronica Franco no programa Stanotte...a uma série de documentários sobre a história da arte apresentado por Alberto Angela, transmitidos na Rai 1, a partir de 28 de maio de 2015.
quarta-feira, 29 de setembro de 2021
O Demorado e Complicado Rito da Eleição dos Doges
Como acontece em todos os governos do mundo, entorno do cargo de doge, se moviam não só interesses familiares, econômicos e de poder, mas, também abusos e rivalidades mal disfarçadas.
Nos primeiros séculos da história veneziana, alguns doges tentaram tornar o seu poder absoluto e hereditário. Em 1268 para por fim a esse tipo de ideia foi introduzida a promessa ducal, uma espécie de contrato que o doge firmava com o Maior Conselho, que era o verdadeiro centro do poder do estado veneziano, que limitava os seus poderes e um novo mecanismo eleitoral a ser usado para a escolha do futuro doge. Este complicado sistema de eleição foi mantido até a queda da república em 1797, com a invasão das tropas napoleônicas.
A demorada eleição se desenvolvia em diversas fases: primeiro o conselheiro mais jovem devia sair do palácio ducal e descer até a Basílica de San Marco, pegar pela mão o primeiro menino que encontrasse e levá-lo para o palácio. Era o denominado balotin, o encarregado de extrair as esferas da votação de uma urna. Todos os eleitores deviam obviamente fazer parte do Maior Conselho e deveriam ter completado a idade de trinta anos. No dia escolhido para a eleição do novo doge, todos os que tinham o direito de votar, se reuniam na Sala do Maior Conselho. Ali, em uma urna, estavam as esferas, em número exato ao total dos membros votantes. Em trinta destas esferas estava escrito "elector".
O menino, que se denominava de balotin, extraia uma esfera por vez e a consignava sucessivamente a um dos votantes. Os conselheiros que tinham recebido a esfera com a palavra elector se reuniam e sorteavam nove nomes entre eles.
Estes nove se reuniam e escolhiam outros quarenta conselheiros - os primeiros quatro dos nove tinham o direito de escolher cinco nomes e os cinco deles restantes podiam propor quatro nomes cada um. Todos esses quarenta conselheiros que tinham sido escolhidos faziam uma nova extração entre eles e designavam doze representantes, os quais por sua vez elegiam outros vinte e cinco conselheiros, estes por sua vez deveriam escolher, através de novo sorteio, nove nomes entre eles.
Estes nove deveriam escolher outros quarenta e cinco conselheiros, os quais por sua vez deviam escolher onze nomes. Estes últimos onze conselheiros deveriam eleger quarenta e um "grandes eleitores" os quais elegeriam o novo doge.
Era eleito doge aquele que conseguisse o maior número de preferências, com o mínimo de vinte e cinco votos.
segunda-feira, 12 de março de 2018
Le Leggende de El Bocolo - Festa del Patrono di Venezia
1) Secondo una di queste, durante la fortissima mareggiata che, come narra Marin Sanudo, colpì Venezia nel febbraio del 1340, un barcaiolo riparatosi presso il ponte della Paglia fu invitato a riprendere il mare da un cavaliere.
Durante il tragitto verso la bocca di porto, il barcaiolo fece sosta a S. Giorgio Maggiore e poi a S. Nicolò del Lido. Raggiunto il mare aperto, i demoni che spingevano l'acqua verso Venezia furono affrontati e battuti dai tre Santi cavalieri: Marco, Giorgio e Nicolò. Sconfitti i demoni, San Marco affidò al barcaiolo un anello, da consegnare all'allora doge Bartolomeo Gradenigo perchè fosse conservato nel Tesoro di San Marco.
2) Un’altra riguarda la storia del contrastato amore tra la nobildonna Maria Partecipazio ed il trovatore Tancredi. Nell'intento di superare gli ostacoli dati dalla diversità di classe sociale, Tancredi parte per la guerra cercando di ottenere una fama militare che lo renda degno di tanto altolocata sposa. Purtroppo però, dopo essersi valorosamente distinto agli ordini di Carlo Magno nella guerra contro i Mori di Spagna, cade ferito a morte sopra un roseto che si tinge di rosso con il suo sangue. Tancredi morente affida a Orlando il paladino, un bocciolo di quel roseto perché lo consegni alla sua (di Tancredi, non di Orlando) amata.
Orlando fedele alla promessa giunge a Venezia il giorno prima di S. Marco e consegna alla nobildonna il bocciolo quale estremo messaggio d'amore del perito spasimante. La mattina seguente Maria Partecipazio è trovata morta con il bocciolo rosso posato sul cuore e da allora, gli amanti veneziani usano quel fiore come rappresentativo pegno d'amore.
3) Nella seconda metà dell'Ottocento (864-881 N.d.r.) Orso I° Partecipazio era Doge di Venezia. Sua figlia amava, riamata, un giovane bello e coraggioso ma di umile famiglia, ragione per la quale suo padre non ne voleva sentir parlare. La ragazza allora consigliò all'innamorato di andare a combattere contro i Turchi(1), in modo da riscattare con la gloria delle imprese le sue umili origini. In breve i racconti sul coraggio e sulle eroiche gesta del giovane giunsero ovunque, finché un messaggero portò a Venezia un fiore ed una triste notizia: il giovane era caduto colpito a morte in combattimento. Prima di morire tuttavia questi trovò la forza cogliere un bocciolo da un cespuglio lì vicino e chiamare un compagno d'armi facendogli promettere di consegnarlo all'amata in segno di un amore e di una fedeltà che nemmeno la morte avrebbe potuto spezzare. Nel raccoglierlo il bocciolo si macchiò del sangue dello sfortunato giovane, tanto da renderlo rosso... come le rose che ancor oggi si donano.
4) Secondo altra leggenda la tradizione del bocolo discende invece dal roseto che nasceva accanto alla tomba dell'Evangelista. Il roseto sarebbe stato donato a un marinaio della Giudecca di nome Basilio quale premio per la sua grande collaborazione nella trafugazione delle spoglie del Santo. Piantato nel giardino della sua casa, il roseto alla morte di Basilio divenne il confine della proprietà suddivisa tra i due figli. Avvenne in seguito una rottura dell'armonia tra i due rami della famiglia (fatto che sempre secondo le narrazioni fosse causa anche di un omicidio), e la pianta smise di fiorire. Un 25 aprile di molti anni dopo nacque amore a prima vista tra una ragazza discendente da uno dei due rami e un giovane dell'altro ramo familiare. I due giovani s’innamorarono guardandosi attraverso il roseto che separava i due orti. Il roseto accompagnò lo sbocciare dell'amore tra parti nemiche coprendosi di boccoli rossi, e il giovane cogliendone uno lo donò alla ragazza. In ricordo di quest’amore a lieto fine, che avrebbe restituito la pace tra le due famiglie, i veneziani offrono ancor oggi il boccolo rosso alla propria amata.
Particolare venexiano, il bocolo è anche dono che in quel giorno i figli usano fare alle mamme.
Fonte: Mattia Von Der Schulenburg
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
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domingo, 11 de março de 2018
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sábado, 10 de março de 2018
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sexta-feira, 9 de março de 2018
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