Santo Pazette e sua esposa, Isabella Merlini, deixaram sua terra natal em uma longa jornada transatlântica rumo à América, com destino ao Brasil, no ano de 1886. Santo Pazette nasceu na Itália em 1860, em um pequeno município do interior da província de Rovigo, no Veneto, e veio a falecer em 1941. Sua esposa, Isabella Merlini, também nasceu na mesma província, em 1866, e faleceu em 1942. Com o casal, vieram para o Brasil seus dois filhos pequenos, nascidos na Itália. Ao chegarem ao Brasil, a família se estabeleceu em um lugar distante de grandes centros, onde passaram a trabalhar na extensa fazenda de cultivo de café propriedade de um rico fazendeiro, o qual tinha até o título de Barão. Em meio às vastas terras, Santo Pazette e sua esposa dedicaram-se integralmente a cuidar de milhares de pés de café, limpando a terra do mato que teimosamente não parava de crescer. No tempo da colheita, o trabalho era dobrado. Depois de colhidos manualmente, os grãos eram levados para uma grande área calçada por pedras, para secarem ao sol. Depois de secos, o que demorava alguns dias, os grãos eram ensacados e levados em carroções até a estação ferroviária que ficava em uma comunidade vizinha. No entanto, a vida desse casal de imigrantes começou com tristezas, pois já tendo perdido dois filhos na Itália, agora, infelizmente, perderam também os dois filhos que trouxeram consigo para o Brasil. Com o tempo, o lar deles foi iluminado com o nascimento de seus outros filhos Guerino, Domenico, Giuseppe, Albino e Teresa. Todos os imigrantes que trabalhavam na fazenda, mais de uma centena, precisavam comprar alguns mantimentos no armazém local da propriedade, cujos preços eram bem mais altas que nas cidades, resultando em uma alta conta para Santo Pazette. Decidiram, então, economizar ainda mais, na alimentação diária da família passaria a base de polenta, como quando ainda moravam na Itália, um excelente alimento, e suco de laranja. A farinha de milho para preparar a polenta era adquirida em troca de milho no engenho de açúcar da mesma fazenda. Além disso, eles mantinham, com o consentimento do patrão, uma pequena horta e alguns poucos animais de criação, como 1 ou 2 porcos, uma vaca para leite e aves, cuja carne e ovos complementavam a pobre alimentação. Graças às suas economias, e para isso todos da família contribuíam, vendendo sabão, hortaliças, ovos e os doces que a prendada Isabella e a filha Teresa faziam e vendiam na própria fazenda e até nas cidades próximas, quando íam nos dias de folga ou finais de semana. Ao longo de dez longos anos, eles finalmente conseguiram deixar o trabalho assalariado na fazenda e adquiriram um terreno relativamente grande e fértil em uma cidade vizinha que estava vivendo um período de intenso crescimento da sua população. Decidiram se estabelecer ali pois já a conheciam e lá já tinham alguns amigos e até fregueses para os quitutes das mulheres da casa. Santo e Isabella, junto com todos os filhos já casados e seus primeiros netos, passaram a fazer parte da comunidade italiana local, Santo trabalhando em uma olaria, fabricando tijolos e telhas de barro e os filhos foram se colocando na crescente indústria e no comércio local. A única exceção foi sua filha Teresa Pazette, que se casou com Angelo Marino, também de origem italiana, e se estabeleceu em uma outra fazenda de plantação de cana de açúcar, onde seu marido trabalhava como gerente e ganhava mais que a maioria dos empregados.
Com o passar dos anos, a família prosperou na nova cidade. O terreno que adquiriram tornou-se um lar acolhedor, onde plantavam não apenas diversas frutas e hortaliças que contribuíam para a mesa farta da família e o que sobrava era vendido na cidade.
Santo Pazette continuou a trabalhar na olaria, aprimorando suas habilidades na produção de tijolos e telhas, enquanto Isabella, com sua experiência culinária, expandiu a produção de doces e quitutes que se tornaram famosos na região. A pequena horta e os animais de criação no quintal contribuíam com ingredientes frescos e sadios.
A casa dos Pazette foi se tornando um ponto de encontro para a comunidade italiana local, onde as velhas tradições italianas eram preservadas e celebradas. As festas familiares eram marcadas por risos, música e, é claro, boa comida. A história de perseverança e superação dos imigrantes italianos inspirava não apenas os descendentes da família Pazette, mas também aqueles ao seu redor.
Os filhos de Santo e Isabella seguiram caminhos diversos. Os filhos, os mais velhos, continuaram no ramo industrial, enquanto o caçula, que tinha dom para negócios, explorou as oportunidades no comércio local e nas cidades vizinhas, abrindo uma pequena loja de material de construção, que com o tempo se transformou em um império nas mãos de seus filhos. Teresa e Angelo Marino prosperaram na fazenda de cana de açúcar, contribuindo para a prosperidade da família. Depois de alguns anos ela e marido também adquiriram uma pequena chácara na mesma cidade e passaram a morar perto dos pais.
Com o tempo, a cidade testemunhou o crescimento da comunidade italiana, que se tornou uma parte integral da cultura local. Os Pazette foram reconhecidos não apenas pelo trabalho árduo, mas também por sua generosidade e envolvimento na comunidade. Seu legado perdurou através das gerações, e o nome da família era sinônimo de resiliência e sucesso.
Ao final de suas vidas, Santo e Isabella puderam contemplar o que construíram: uma família unida, uma comunidade fortalecida e uma história de superação que seria contada por muitas gerações. Faleceram com um ano de diferença um do outro e seus túmulos, localizados no cemitério da cidade, eram visitados não apenas pela família, mas por todos que reconheciam a contribuição valiosa dos Pazette para a construção daquele lugar. A jornada que começou em uma pequena vila no interior de Rovigo, na Itália, culminou em uma vida plena e significativa no Brasil, e o nome Santo Pazette tornou-se uma referência de determinação e sucesso.