Espaço destinado aos temas referentes principalmente ao Vêneto e a sua grande emigração. Iniciada no final do século XIX até a metade do século XX, este movimento durou quase cem anos e envolveu milhões de homens, mulheres e crianças que, naquele período difícil para toda a Itália, precisaram abandonar suas casas, seus familiares, seus amigos e a sua terra natal em busca de uma vida melhor em lugares desconhecidos do outro lado oceano. Contato com o autor luizcpiazzetta@gmail.com
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
A Emigração Europeia para os EUA no Século XIX: Motivos, Mudanças e Impactos
sábado, 5 de agosto de 2023
Trecho da Carta do Imigrante Italiano Giuseppe Gelain: Breve Relato de Uma Jornada Épica
Trechos da Carta do
Imigrante Italiano Giuseppe Gelain
Nascido no "comune" de Cittadella, província de Padova na região do Vêneto. No ano de 1868, junto com a sua família, emigrou para o Brasil, então com vinte anos de idade. Giuseppe Gelain foi autor de um livro "Uma memória real dos começos das colônias italianas". Segue um trecho:
"Nesse período de 1884 e depois, todos na vila falavam da América, e naquelas localidades onde éramos residentes, alguém já começou a se mudar para a América, principalmente para a Argentina. Notícias chegavam à Itália que parecia que a América era a terra do Gênesis, que estava escaldante e mel.
Então o Santo [meu tio] partiu para a América, ele, a mulher e as duas filhas pequenas vieram aqui para o Brasil. Quando as cartas dele chegaram parecia que a América era a terra do ouro [...] eu fui embora, com meus papéis.
Fazendo minha viagem em 20 dias, chegamos no porto de Santos e assim que chegamos pedi para ser transferido para o Rio Grande do Sul.
Enfim, depois de 70 dias de descanso na emigração e chegamos a Porto Alegre, no dia 13 de maio, dia da deliberação dos escravos que foi em 1888.
O avô e o tio Giovanni que estavam na Itália disseram que estamos voltando para nossa terra natal [...] Mas os dois irmãos, tio Prosdocimo e meu pai Vittore disseram: Já estamos aqui, voltarei novamente para minha família, com o tempo pode ser.... Vamos ficar aqui! A plantação de painço, trigo e vários cereais já haviam começado, e eles eram muito bonitos, e renunciaram às ofertas paternas e fraternas.
Mas tia Lúcia e eu queríamos voltar para casa ... E costumava dizer: “Se eu encontrasse Cristóvão Colombo o mataria, por ter descoberto a América, essas regiões inóspitas, são lugares de selvagens e não de nós que fazemos parte da fina flor da bela pátria italiana”.
Tia Lúcia também trabalhou muito e meu coração se comoveu, e eu disse: "Querida tia, fiquemos, fiat voluntas tua, a vontade de Deus nosso Pai que estás nos céus".
E já começamos a fazer grandes plantações de colheitas, painço e plantamos a nossa vinha, e já começamos a ter um pouco de crédito, e vamos, pouco a pouco, habituando, mas sempre no nosso coração a pátria Natal.