Trechos da Carta do
Imigrante Italiano Giuseppe Gelain
Nascido no "comune" de Cittadella, província de Padova na região do Vêneto. No ano de 1868, junto com a sua família, emigrou para o Brasil, então com vinte anos de idade. Giuseppe Gelain foi autor de um livro "Uma memória real dos começos das colônias italianas". Segue um trecho:
"Nesse período de 1884 e depois, todos na vila falavam da América, e naquelas localidades onde éramos residentes, alguém já começou a se mudar para a América, principalmente para a Argentina. Notícias chegavam à Itália que parecia que a América era a terra do Gênesis, que estava escaldante e mel.
Então o Santo [meu tio] partiu para a América, ele, a mulher e as duas filhas pequenas vieram aqui para o Brasil. Quando as cartas dele chegaram parecia que a América era a terra do ouro [...] eu fui embora, com meus papéis.
Fazendo minha viagem em 20 dias, chegamos no porto de Santos e assim que chegamos pedi para ser transferido para o Rio Grande do Sul.
Enfim, depois de 70 dias de descanso na emigração e chegamos a Porto Alegre, no dia 13 de maio, dia da deliberação dos escravos que foi em 1888.
O avô e o tio Giovanni que estavam na Itália disseram que estamos voltando para nossa terra natal [...] Mas os dois irmãos, tio Prosdocimo e meu pai Vittore disseram: Já estamos aqui, voltarei novamente para minha família, com o tempo pode ser.... Vamos ficar aqui! A plantação de painço, trigo e vários cereais já haviam começado, e eles eram muito bonitos, e renunciaram às ofertas paternas e fraternas.
Mas tia Lúcia e eu queríamos voltar para casa ... E costumava dizer: “Se eu encontrasse Cristóvão Colombo o mataria, por ter descoberto a América, essas regiões inóspitas, são lugares de selvagens e não de nós que fazemos parte da fina flor da bela pátria italiana”.
Tia Lúcia também trabalhou muito e meu coração se comoveu, e eu disse: "Querida tia, fiquemos, fiat voluntas tua, a vontade de Deus nosso Pai que estás nos céus".
E já começamos a fazer grandes plantações de colheitas, painço e plantamos a nossa vinha, e já começamos a ter um pouco de crédito, e vamos, pouco a pouco, habituando, mas sempre no nosso coração a pátria Natal.