Desde
quando os otomanos invadiram Alexandria e todo o Egito, o imperador bizantino
Leone V, que governou entre os anos 813 e 820, impôs, à todas as regiões do
império, a proibição absoluta, para qualquer um, de ir para o Egito em
negócios. Essa proclamação se difundiu por toda a parte e chegou também aos
venezianos, que nessa época estavam sob o jugo de Bizâncio. Giustiniano
Partecipazio, que naquela ocasião era doge de Veneza, confirmou aquela mesma
ordem aos seus súditos. Mas, em Janeiro de 828 umas dez naves venezianas,
empurradas por fortes ventos, fazendo crer mesmo que fosse vontade divina, foram
obrigadas a procurar refúgio em Alexandria. Entre os nobres embarcados nesses
navios, estavam o tribuno Bono da Malamocco e Rustico da Torcello. Os dois
constataram a difícil situação dos cristãos locais e o resultado das contínuas espoliações
de todo o tipo de bens materiais que eles estavam sofrendo. Falando sobre isso, confessaram a Stauranzio e
Teodoro, os dois guardiões de origem grega da igreja de São Marcos, junto a qual
repousavam os restos mortais do evangelista, o seu plano de roubar a santas
relíquias e leva-las para um lugar mais seguro, em Veneza. Os dois guardiães inicialmente tiveram
uma dura e negativa reação temendo pelas suas vidas e de todos os cristãos do
Egito. Depois de muitas discussões e avaliações da situação que duraram mais
alguns dias, aterrorizados também pelas notícias cada vez mais alarmantes das
violências e roubos praticados pelos turcos, aceitaram o plano proposto.
Acertaram o dia da transferência do santíssimo corpo e na hora combinada os dois
guardiões forçaram o túmulo de mármore. Os restos do corpo jaziam em supino,
completamente envolvido em um manto de
confecção síria. O corpo foi extraído do manto e no seu lugar, para retardar
uma possível descoberta, foi preenchido com relíquias de Santa Cláudia, recolhidas
a sua volta de um sarcófago vizinho. Os restos foram colocados em uma cesta e
recobertas por folhas de repolho e de outras hortaliças e logo acima foram colocados
grossos pedaços de carne de porco. Pegaram a cesta e dirigiram-se ao seu navio,
mas, logo adiante foram barrados por uma patrulha sarracena com o propósito de examinar o
seu conteúdo. A vista da carne de porco, que eles consideram impura, começaram
a gritar: “kanzir” “kanzir”, que significa porco, e cuspindo por terra em sinal
de nojo, se afastaram imediatamente. Somente Teodoro decidiu de não partir.
Durante a viagem de retorno à Veneza, segundo alguns relatos, aconteceram alguns
milagres, como a salvação do navio, de um naufrágio seguro, durante um temporal. A
notícia da chegada em Veneza do navio que transportava as relíquias do santo se
difundiu rapidamente e o próprio Doge Giustiniano, entusiasmado perdoou os
responsáveis por desobedecer a sua ordem e comerciarem com os infiéis Sarracenos.
Tão logo o navio entrou no porto de Olivolo, em Castello, veio o bispo Orso
seguido de todo os representantes do clero, todos devidamente paramentados com
suas roupas sacras. O corpo foi transportado ao palácio do Doge e colocado em
um lugar do andar superior. Decidiram depois construir uma basílica em honra do
Santo, que foi executada por Giovanni, irmão do Doge Giustiniano.
Espaço destinado aos temas referentes principalmente ao Vêneto e a sua grande emigração. Iniciada no final do século XIX até a metade do século XX, este movimento durou quase cem anos e envolveu milhões de homens, mulheres e crianças que, naquele período difícil para toda a Itália, precisaram abandonar suas casas, seus familiares, seus amigos e a sua terra natal em busca de uma vida melhor em lugares desconhecidos do outro lado oceano. Contato com o autor luizcpiazzetta@gmail.com
segunda-feira, 5 de março de 2018
O Transferimento dos Restos Mortais de São Marcos para Veneza
O Transferimento dos Restos Mortais de São Marcos para Veneza
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