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quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Os Desencontros Familiares na Imigração Italiana: Histórias da Grande Emigração


Os Desencontros Familiares na Imigração Italiana: Histórias da Grande Emigração


A Mobilidade Italiana antes da Unificação

Muito antes de a Itália tornar-se um Estado unificado — conquista que se consumaria ao término do turbulento Risorgimento, iniciado em 1815 e concluído em 1871 —, a mobilidade já fazia parte da vida de inúmeros habitantes da península. Nas regiões setentrionais, como Piemonte, Lombardia, Veneto, Trento e Friuli, a migração não era novidade. Antes de transformar-se em necessidade, já ocorria além das fronteiras vizinhas, em busca de subsistência e sobrevivência.

A Migração das Andorinhas

No início, eram sobretudo os homens, e depois também as mulheres, que se ausentavam temporariamente, deixando para trás famílias inteiras. Seguiam para a França, Suíça, Áustria e Alemanha, empregando-se na agricultura, na construção civil ou em serviços sazonais. Tal deslocamento periódico recebeu o nome de migrazione delle rondini — a migração das andorinhas — numa alusão às aves que, após um período distante, regressavam ao ninho.

Da Migração Temporária à Grande Emigração Definitiva

Nas últimas décadas do século XIX, esse movimento temporário transformou-se em definitivo devido a diversos fatores, entre eles a formação do Reino da Itália. A miséria estrutural, a pressão demográfica e a escassez de oportunidades — somadas à promessa de terras, salários ou simplesmente de pão — levaram milhões de italianos a deixarem o país para sempre.

Os destinos prediletos eram, inicialmente, os Estados Unidos, a Argentina e o Brasil, vistos como terras de abundância do outro lado do Atlântico. Ao mesmo tempo, países europeus mais prósperos, como França, Suíça, Bélgica e Alemanha, continuaram absorvendo grande parte dos emigrantes que abandonavam suas aldeias natais.

Portos Lotados e a Partida Irreversível

Os portos de Gênova e Nápoles tornaram-se pontos de partida simbólicos de uma diáspora sem precedentes. Marselha e Le Havre, na França, também viam seus cais apinhados de italianos em trânsito, carregando baús modestos, sacos com roupas e ferramentas, mantimentos e, sobretudo, esperanças. Os navios de linha, quase sempre superlotados, eram a última imagem da pátria que ficava para trás.

O Tamanho das Famílias e a Separação Progressiva

Naquele período, as famílias italianas eram numerosas. Casas modestas abrigavam dez, doze ou até quinze pessoas em poucos cômodos. A fome rondava com frequência, especialmente nas comunidades camponesas das montanhas e nas aldeias pobres do Mezzogiorno.

Em cada núcleo familiar, a lógica se repetia: os filhos mais velhos emigravam primeiro, abrindo caminho para que os mais novos partissem depois. Porém, essa fragmentação do grupo familiar se intensificava conforme os destinos se dispersavam.

Famílias Fragmentadas pelo Mundo

Os destinos raramente eram os mesmos. Um irmão podia instalar-se na Argentina, outro embarcar para o Brasil, enquanto um terceiro tentava a sorte nos Estados Unidos. Alguns permaneciam na Itália; outros cruzavam os Alpes e se fixavam definitivamente em países vizinhos.

A rede familiar, antes sustentada pela proximidade física e pelo trabalho conjunto, fragmentava-se pelo mapa do mundo.

O Silêncio das Cartas e a Distância Irreversível

A comunicação era precária, especialmente para os que cruzavam o Atlântico. No Brasil e na Argentina, vastos territórios recebiam colonos semi-alfabetizados e até analfabetos em áreas rurais distantes, mal servidas por estradas e com serviços postais inexistentes ou instáveis.

As cartas, único elo possível entre mundos tão afastados, levavam meses para cruzar o oceano. Muitas se extraviavam; outras jamais saíam dos portos. Para um emigrante que partia rumo às colônias brasileiras, não era raro permanecer anos sem notícias concretas de pais, irmãos ou mesmo mulher e filhos.

Com o tempo, a distância convertia-se em silêncio. Mesmo quando outro membro da família decidia emigrar, muitas vezes desembarcava no mesmo país, mas era enviado para colônias distantes, talvez em outro estado. A vastidão territorial e a falta de meios de comunicação tornavam os reencontros improváveis.

Laços Perdidos e Histórias que se Apagam

Muitas famílias perderam contato para sempre, apesar de viverem sob o mesmo céu, separados apenas pela geografia e pelo destino.

Até hoje, não é incomum encontrar famílias com o mesmo sobrenome — descendentes de um mesmo tronco ancestral — sem saber que seus antepassados estiveram lado a lado em algum porto, que partilharam a mesma aldeia de origem ou que trocaram cartas que jamais chegaram.

A Grande Emigração Italiana, que levou milhões de vidas para longe de casa, deixou também incontáveis histórias de desencontros que atravessaram gerações.

Nota do Autor

Este artigo é um sopro vindo de longe, como o eco de passos que já não se ouvem, mas que ainda ressoam nas memórias que atravessaram gerações. A Grande Emigração não foi feita apenas de travessias marítimas e terras desconhecidas; foi feita de silêncios que se instalaram em casas vazias, de cartas que não chegaram, de abraços que o destino não permitiu.

Nas docas de Gênova e Nápoles, famílias se despediam acreditando que o tempo traria reencontros. Mas, muitas vezes, o tempo trouxe apenas distância. Irmãos foram espalhados por continentes, nomes se perderam em registros incompletos, e histórias se diluíram na imensidão de terras estranhas.

Este texto é dedicado a todos eles — aos que partiram e aos que ficaram. A cada sobrenome que hoje resiste, há uma raiz antiga fincada em solo estrangeiro. A cada descendente que não conhece sua origem, há uma aldeia que um dia se despediu.

Escrevo para que, ao ler estas linhas, cada um possa sentir que não caminha sozinho: atrás de cada passo presente, há um rastro antigo, aberto por mãos calejadas, carregando esperança no lugar da certeza.

Dr. Piazzetta


quinta-feira, 30 de março de 2023

Curiosidades Sobre a Origem de Alguns Sobrenomes Italianos




Com o crescimento acelerado da população, com as cidades ficando cada vez maiores, já no período romano sentiu-se a necessidade de identificar melhor um individuo para evitar confusões que o mesmo nome causava. Assim foram criados três nomes para identificar as pessoas.
O primeiro nome "praenomen", era o nome próprio da pessoa e era imposto no nono dia de nascimento, denominado "dies nominalis". Somente os membros mais chegados da família chamavam uma pessoa pelo seu prenome. 
O segundo, o "nomen", indicava a "gens" e era o mesmo para todos os seus membros. 
O terceiro, o "cognomen", cuja origem etimológica da palavra "sobrenome" do latim "cognomen", composto por "cum" e "nomen", enfatizava uma característica física ou moral ou o local de origem e, tendo se tornado hereditário, passou a designar a "família" a que pertencia, ou seja, um dos ramos, patrícios ou plebeus, em qual era subdividida a "gens" original. Além disso, alguns nobres adicionavam outros nomes e sobrenomes a seu gosto, às vezes criando longas listas.
O uso sistemático do sobrenome latino cessou no fim do império romano do ocidente em 476 d.C. com o período de decadência política, cultural e social que se seguiu passando o seu uso ao esquecimento. 
Nessa época da Alta Idade Média prevaleceu o uso do primeiro nome, aquele recebido por ocasião do batismo. Assim, cada pessoa voltou a ser identificada apenas pelo nome de batismo pessoal, às vezes também referindo-se às características da pessoa ou ao lugar de origem ou paternidade.
A confusão progressivamente foi aumentando e os casos de inúmeras pessoas tendo o mesmo nome criava enorme confusão nas cidades que estavam novamente em expansão.
Foi por volta dos séculos IX e X que novamente a sociedade da época sentiu a necessidade de distinguir melhor os diversos indivíduos com o mesmo nome, de os identificar claramente para os devidos atos legais. Usava-se a expressão "filho de fulano" ou quando o genitor já era morto de "filho do falecido fulano".
Essa medida não durou por muito tempo, pois a formação de combinações possíveis começou a escassear e a confusão novamente se instalou tornando-se necessário diferenciar os indivíduos. Assim surgiu o sobrenome moderno o qual poderia ser originado do nome paterno ou materno, de um apelido, de um local de origem, de um ofício ou de uma profissão. 
Com o passar dos anos o sobrenome tornou-se hereditário e passou a ser obrigatório por lei. Ao longo dos séculos, o sobrenome sofreu transformações sucessivas e a forma usada atualmente pode ser muito diferente da que se usava no começo.
Na Itália, o uso de sobrenomes no início foi exclusividade de famílias ricas, mas em 1200 em Veneza e no século seguinte em outras áreas, ainda que com alguma resistência e demora, o uso se estendeu às camadas menos abastadas da população. Com o Concílio de Trento de 1564, foi sancionada a obrigação dos párocos de manterem um registro ordenado dos batismos com nome e sobrenome, para evitar casamentos entre parentes. O sobrenome tornou-se finalmente hereditário.


Alguns sobrenomes e suas prováveis origens:

Astuti - com a variante Astuto surgiram de um apelido que indicava uma característica intelectual de um indivíduo, sendo com o tempo incorporado como seu sobrenome.

Barbieri - e variantes Barbiera, Barbere, Barberio, Barbero, Barbera, Barbè, Barberaz, De Barbieri, Debarbieri, De Barberis; La Barbera, Barberini, Barbierato é um sobrenome originário do apelido dado à quem exercia a profissão de cortar a barba, cabelos e bigode. Em tempos mais antigos se usava para denominar aquele que fazia as sangrias, extrações ou pequenas cirurgias. 

Basso - com as variantes Bassi, Bassa, Bassis, Bascio, Basciu, De Bassis, Bassich, Lo Basso, Lobasso, Li Bassi, Lobascio, Lovascio, Bassetti, Bassetto, Bassini, Bassin, Bassoli, Bassolino é um sobrenome que indicava pessoa de estatura baixa, no início apenas um apelido e depois passou a ser incorporado como sobrenome.

Bellagamba - com a variante Bellegambe, é um sobrenome derivado de um apelido de constatação que com o passar do  tempo foi incorporado como um sobrenome.

Bellaver -  e as variantes Bellavere, Bonavera significa a “bonita conquista”, tem caráter gratulatório. 

Belli - com as numerosas variantes Bello, Bella, De Bello, De Bella, De Belli, Debelli, De Bei, De Bellis, Di Bello, Di Bella, Del Bello, Debello, Della Bella, Bellich, Lo Bello, Lobello, Lubello, Lubelli, La Bella, Labella, Bellelli, Belleli, Belletti, Bellettini, Bellini, Bellino, Bellin, Belloli, Belloi, Bellucci, Belluzzi, Bellotti,Bellocci, Bellozzi, Bellotti, Belotti, Bellotto, Bellotta, Belloni, Bellacci, Bellaccini, Bellacchini, Bellazzi, Bellami, Bellemo, Bellen, Bellandi, Bellando, Bellendi, Bellanti, Bellante, Bellentani, Bellani, Bellano, Bellan, Bellardo, Bellasi e Bellocchi sobrenome originado pela constatação de beleza de uma pessoas ou mesmo de augúrio dirigido à um filho para que crescesse bonito.

Benedetti - e as variantes Benedetto, Benedet, De Benedetti, De Benedetto, De Benedettis, De Benedictis, De Beneditti, De Benedittis, Di Benedetto, Benedettini, Benditti, Benetti, Benetto, Benet, Benetelli era um sobrenome muito usado para dar uma origem familiar para as crianças enjeitadas, abandonadas pelos pais nas "Ruota degli esposti", acolhidas e adotadas por instituições religiosas e tinha relação com o culto de São Benedito.

Benigni - com as suas variantes Benigno, Benigna, Benignetti era também um sobrenome muito usado como sobrenome pelos gestores dos orfanatos para as crianças enjeitadas, abandonadas pelos pais e adotadas pelas instituições e tem o significado de benévolo.

Benvenuto - e as variantes Benvenuti, Benvegnù, Venuti, Venutti, Venuto, Venutelli, Begnudelli, Vignudelli, Vignodelli, Vignudini, Nuti, Nutini, Gnuti, Gnudi. Esse sobrenome tem caráter congratulatório, referido a um filho muito desejado. O sentido que o sobrenome encerrava era o de que “a criança era bem-vinda”. 

Bergamo - com as variantes Bergami, Bergomi, Bergamelli, Bergamini, Bergamino e Bergamin, Bergamaschi, Bergamasco, Bergamas, Bergamasi sobrenome toponímico que surgia do apelido que exprime que o indivíduo é proveniente de um determinado lugar, no caso de Bergamo

Bevilacqua - com as variantes Beviacqua, Bevacqua, Bevelacqua, Bevillaqua é um sobrenome jocoso e irônico de ordem comportamental, originado de um apelido, dado para quem era um conhecido bebedor de vinho ou "grappa". Por outro lado também poderia ser o contrário, um apelido dado à alguém que fosse abstêmio. 

Bianchi - e suas variantes Bianco, Bianca, Blanco, Blanca, Blanc, De Bianchi, Del Bianco, Della Bianca, Lo Bianco, Lobianco, La Bianca, Labianca, Bianchetti, Bianchetto, Bianchet, Bianchini, Bianchinotti, Biancucci, Biancoli, Biancolini, Biancotti, Biancotto, Bianciotti, Bianconi, Biancone, Bianconcini; Biancani, Biancato, Biancat, Bianchedi, Biancheda, Biancheri, Bianchera, Bianchessi e Bianchessi sobrenome que deriva de apelidos relativos de característica física, da constatação da cor da pele, dos cabelos, da barba, etc.   

Biondo - e as suas variantes Bionda, Biondi, Biundo, Biunno, Biunni, Blondi, Blundo, Blunno, Brundu, Biondelli, Biondellini, Biondetti, Bionducci, Biondelli, Biondetti, Blondetti, Blondet, Blundetto originam-se de um apelido de constatação física, como a cor dos cabelos loiros, pele clara, barba loira e que posteriormente passaram a ser sobrenomes.

Bonafortuna - e a variante Buonafortuna. É sobrenome derivado de um nome pessoal de caráter gratulatório, de significado transparente, augurio de boa sorte. 

Bonaventura - e a variante Buonaventura. É um sobrenome de caráter augurante e gratulatório. Era usado como augúrio no sentido de que a criança recém-nascida se constituísse “para a família boa ventura, sorte”. 

Boschetti - e suas variantes Boschetto, Boschet, Boschi, Boschis, Bosco, Boschi, Bosche, Busco; Busca, Boschian, Boscato, Boscati, Boscaro, Boscari, Boscarini, Boscarin, Boscardin, Boscain, Boscarello, Boscolo é um sobrenome toponímico derivado de Boschetto ou derivado de profissão de quem trabalhava num bosque ou que nele vivia.

Brescia - e suas variantes Bresci, Bressa e Bressi; Bressani, Bressano, Bressan, Bressanelli, Bressanini, Bressanin Bressanutti sobrenome de origem toponímica de um indivíduo ou família cuja origem estava em Brescia ou era proveniente dela.

Caccialupi - como também Fumagalli, Pappalardoapelidos que se tornaram sobrenomes e aludem a ações ou fatos ocasionais.

Capitani - com as variantes Capitanio, Capitano indica posto militar de um indivíduo e que passou a ser usado como sobrenome. 

Cardinali - com as variantes Cardinal, Cardinale é um sobrenome indicativo de cargo religioso que passou a ser sobrenome.

Casagrande - e suas variantes Casagranda, Casagrandi, Case, Dalla Casa, Dallacasa, Della Casa, Da Ca, Duccà, Da Cha, Dachà, Dalla Ca, Dallacà, Dalla Cha, Dallachà, Casella, Casello, Caselli, Casel, Casiello Casetta, Casetti, Caset Casina, Casine, Casabianca, Casabassa, Casabella, Casagrande sobrenome composto muito usado para as crianças enjeitadas que significava casa grande, orfanato. Casadei, Casadio, Cadei, Casadidio também usados para dar sobrenomes aos órfãos enjeitados, adotadas e criadas por um orfanato, instituto religioso ou hospital de caridade.

Colombo - e suas variantes Colombi, Colomba, Columbo, Colombro, Columbro, Colombani, Colomban, Colombetti, Colombetta, Colombini, Colombin, Colombrino, Colombazzi, Colombari, Colombara, Colombarini, Colombera, Colomberini, Colomberotto significam inocência, pureza e mansidão até mesmo de escuro. Muito usado para sobrenome das crianças enjeitadas.

De Martino - e outros como Di Giulio, Di Maria, Lo Monaco, La Franca, Della Marta, são sobrenomes patronímicos e matronímicos que indicam o nome pessoal do pai ou da mãe.

Diotaiuti  - usado para dar um sobrenome para as crianças abandonadas pelos pais na "ruota" dos orfanatos e acolhidas e adotadas pelas instituição religiosas.

Diotallevi - o mesmo que o sobrenome anterior.

Fabris -  com as variantes Fabbro, Fabbri, Fabbris Fabro, Fabri, Faber, Favro, Fàveri, Fàvero, Fàvaro, Fabrini, aquele que trabalhava com ferro, isto é, ferreiro; era usado também em sentido mais amplo para designar o artesão. 

Fattori - com as variantes Fattor, Fattore, Fattor, Fattur, Fator, Fattorelli, Fattorello, Fattoretto, Fattoretti, Fattorini, Fattorino denominava o caseiro, administrador e feitor de propriedade ou empresa agrícola 

Ferrara - e as variantes Ferrarese, Ferraresi sobrenome que deriva de ferraria ou também um sobrenome toponímico como pessoa ou família proveniente de Ferrara.

Ferro - variantes Ferri, Fierro, Ferretti, Ferretto, Ferin, Ferrini, Ferrucci, Ferruzzi Ferraro, Ferrario, Ferraris, Ferrai, Ferrero, Ferreri, Ferreli, Ferèr nome dado a alguém que exercia a profissão de ferreiro, ou o caráter da pessoa ou ainda a cor do ferro.

Fontana - com as variantes Fontani, Fontanella, Fontinelli, Fontanelle, Fontanino, Fontanini, Fontanin, Fontanotti, Fontanot, Fontanazzi, Fontanari, Fontanesi é um sobrenome toponímico proveniente de uma localidade onde surgia uma fonte, tanto na zona urbana como rural.

Genovese - com as variantes Genovesi, Genoves sobrenome que indica lugar de origem, ou procedência de uma família ou de uma única pessoa, no caso de Gênova.  

Gobbo - e as variantes Gobbe, Gobbi, Gobbino partiu de um apelido irônico por constatação de um defeito físico o qual  passou com o tempo se incorporando ao nome de uma pessoa como o seu sobrenome.

Innocenti - e as variantes Innocente, Degli Innocenti, Nocenti, Nocentini e Nocentino, Innocentin, Innocentini com o significado de não faz o mal, era também um dos sobrenomes dados no passado para as crianças abandonadas pelos pais e confiadas e adotadas por um orfanato.  

Longhi - e suas variantes Longo, Longa, Luongo, Lunga, Del Lungo, Lunghi, Del Lungo, Della Lunga, Del Luongo, Slongo, Longhini, Longhin, Lunghini, Lungherini, Longhetti, Lunghetti, Longato, Longoni, Longon de apelido para pessoas altas e magras passou a ser sobrenome.

Magnani - variantes Magnano, Magnan, Magnino, Magnini, Magnanelli, Magnanini, Maagno, Magni nome de profissão para o fabricante de chaves, de buracos de fechaduras, de corrimões e dobradiças; funileiro, estanhador ambulante que com o tempo foi incorporado como sobrenome. 

Magro - com suas variantes Magri, Magris, Magheri, Magretti, Magrini, Magrino, Magrin, Magrello, Magherini, Magrotti, Magroni e Magrone é um sobrenome que indica uma característica corporal contrária a gordo.

Mancini - com as variantes Mancino, Mancin, Manciana, Mancinelli, Mancinetti derivado do apelido dado à pessoas que usam mais a mão esquerda ou que nela tem mais força. É o chamado canhoto.

Mantovani - com as variantes Mantova, Mantovi, Mantovano, Mantovan, Mantovano, Mantovanelli, Mantoani, Mantoan, Mantuano, Mantuan é um sobrenome toponímico que indica ser proveniente da cidade de Mantova. Geralmente era um apelido que depois passou a ser usado como sobrenome. 

Marangon - e as variantes Marangone, Marangoni dizia da profissão de quem trabalhava a madeira que em vêneto podia também ser carpentiere, de carpinteiro. 

Milani - com as variantes Milano, Milan, Milana, Milanese, Milanesi, Milanesio, Milanello, Milaneschi, Milanetti, Milanetto é um sobrenome toponímico indicando proveniência  de Milano 

Muratori - com as suas variantes Muratore, Murador, Muratorio derivado da profissão de pedreiro 

Omoboni - e a variante Omobono no significado de homem bom, ou um augúrio para o bebe para que seja um homem ou mulher para o bem.

Pellizzer - e suas variantes Pelliccia, Pelliccio, Pellizzaro, Pellizzari, Pellizzieri, Pellizzeri, Pellizza, Pellizzi, Pelliccioni, Pellicciari, Pellicciaro, Pellissero, Pelissero, Pelisèr, Pelisseri, Pelison sobrenome derivado de que trabalhava ou vendia peles.

Piazza - com as variantes Piazzi, Piazzetta, Piassetta,  Del Piazzo, Del Piaz, Del Piaz, Piazzini, Piazzola, Piazzolla, Piazzoli, Piazzese, Piazzera e Piazzesi é um sobrenome toponímico de piazza como lugar aberto, mercado, pátio ou mesmo estrada larga. De um apelido com tempo passou a ser usado como sobrenome.

Preti - com a variante Dal Prete, Dal Prette sobrenome que indica cargo religioso.

Proietti - e as suas variantes Proietto, Proietta, Projetto, derivado de "jogado fora", abandonado, usado para as crianças rejeitadas pelos pais e era o sobrenome dado nos orfanatos que os abrigou e adotou.

Rossi - com as variantes Rosso, Rossa, Russi, Russo, Russa, Ruggiu, Ruiu, Ruju, Rubiu, Del Rosso, De’ Rossi, De Rossi, De Russi, De Rubeis, Della Rossa, Lo Russo, Lorusso, La Russa, Larussa, Rosselli, Rossello, Rossellini, Rossellino, Rosselo, Rossillo, Rossetti, Rossetto, Rosset, Rossettini derivado provavelmente da cor rosada da pele, dos cabelos e barba de um indivíduo. Primeiramente podia ser um apelido, posteriormente foi usado como sobrenome.

Spagnolo - e as variantes Spagnoli, Spagnol é um outro sobrenome que indica lugar de origem, ou prodecedência de uma família ou de apenas uma única pessoa. 

Sartori - e suas variantes Sarti, Sarto, Sarta, Sartin, Sartini, Sartori, Sartor, Sartore, Sartorio, Sartoris, Sartorel, Sartorelli, Sartorello sobrenome derivado da profissão de quem fazia corte e costura de tecidos para a confecção de roupas como o alfaiate e a costureira.

Sperindio - e a variante Sperandio sobrenomes muito usados pelos orfanatos para vários enjeitados abandonados na "ruota" acolhidos e adotados pela instituição.  

Trovato - e as variantes Trovati, Trovatello, Trovatelli, Trovarelli, Trovarello, Trovarella, Trovè, Trovò era dado pelas instituições ou ordens religiosas que acolhiam as crianças abandonadas pelos pais, encontrados pelas estradas, ruas ou mesmo deixadas na roda dos orfanatos.

Vassallo - com a variante Vassali é um sobrenome que indica um cargo, título ou posto social.


Observação: 

Na Itália do século XVIII, era comum que os sobrenomes dados às crianças encontradas fossem genéricos e compartilhados com outras crianças na mesma situação. No entanto, em algumas regiões da Itália, havia sobrenomes que eram exclusivos para crianças encontradas ou abandonadas. Aqui estão alguns exemplos: 

Trovato - "encontrado" 
Esposito - "exposto" 
Proietti - "lançado" 
Sgariglia - "andarilho" 
Troiano - "troiano" (referência a Troia) 
Egidi - "filho de Giles" 
Voltaggio - "volta à estrada" 
Oliva - "azeitona" 
Pace - "paz" 
De Santis - "do santo" 
Diotallevi - "Deus te ajude" 
Acquaroli - "pequena água" 
Corazza - "armadura" 
De Carolis - "do Carlos" 
Dragoni - "dragões" 
Genovesi - "de Gênova" 
Leone - "leão" 
Marcantoni - "Marcos Antônio" 
Paci - "paciência" 
Pirozzi - "pimenta" 


É importante lembrar que esses sobrenomes exclusivos não eram universais na Itália e podem ter sido limitados a certas regiões ou instituições que cuidavam de crianças encontradas. Além disso, muitas vezes esses sobrenomes eram alterados posteriormente à medida que informações adicionais sobre a origem da criança se tornavam conhecidas.