Domenico, a mãe e os irmãos trabalharam duro para limpar parte do terreno e preparar um novo pedaço de terra para as semeaduras de inverno, principalmente, de trigo. Ainda tinham parte dos mantimentos recebidos do governo e muita coisa que por vezes faltava, os vizinhos, que já moravam a mais tempo no local, davam ou vendiam para eles. A primeira safra de milho foi ótima, além das suas expectativas. A semeadura do milho apesar de ter sido feita com um pouco de atraso, foi compensada com o atraso do inverno. Mostrou que a terra era muito fértil e a safra de fim de primavera seria abundante. Aprenderam que quando o milho já estivesse com grãos, precisavam ficar mais atentos, pelo grande número de pássaros e animais selvagens, que em bandos dizimavam as plantações. O tempo corria rápido e os irmãos já haviam começado a fazer as tábuas para a construção da casa. Estavam contentes com o lugar, com a terra que compraram. Agradeciam sempre ao pai Daniele pela indicação do lugar e incentivo para emigrarem. O correio chegava mensalmente na sede da colônia, não muito distante onde moravam. Maria tinha esperanças de receber notícias das duas outras filhas. Não sabia onde miravam e nem como estavam. Antes de deixar Segusino, durante a visita ao pároco Michele, havia deixado com ele o seu novo endereço no Brasil para caso as filhas quisessem ou pudessem entrar em contato com ela. Também tinha iniciado contato por cartas com o velho padre, amigo de muitos anos da família. Estava aguardando a sua resposta. Naquele tempo, conforme o local, uma carta demorava vários meses para ser entregue ao destinatário, especialmente naquelas colônias do Rio Grande do Sul, tão distantes de tudo. A casa de madeira estava quase pronta, os rapazes tinham se saído muito bem, revelando-se bons carpinteiros. Era grande com três grandes quartos e uma sala. A cozinha, com seu fogão de chão, ficava em outra pequena dependência, separada da parte principal da casa, pelo perigo de incêndio. A safra do trigo foi ótima e a do milho excelente, ocasião em que puderam encher os depósitos no grande paiol recém-construído. Parte das safras eram vendidas e seguiam de barcos para a capital do estado e a outra parte era reservada para consumo da família. Já estavam criando galinhas e alguns porcos soltos em um cercado. Um dos filhos andava semanalmente até o correio, na sede da colônia, para ver se tinha chegado alguma carta para eles. Durante muitos meses voltavam tristes, pois, não encontraram nada. Um dia o filho mais novo, voltou gritando e correndo. De longe balançava o braço mostrando dois envelopes brancos. Saíram todos correndo ao encontro do rapaz. De todos eles somente Domenico sabia ler um pouco, pois, tinha somente estudado até a terceira série. Uma das cartas era da filha mais velha que morava nos Estados Unidos e a outra era de Don Michele. Com dificuldade a família foi se inteirando nas notícias tão aguardadas. Ficou sabendo que a filha estava bem e já tinha três filhos, dois meninos e uma menina. O marido estava bem empregado na construção civil e que tinha muito trabalho. Todos estavam bem de saúde e muito contentes na nova pátria. Ela, infelizmente, ainda não tinha recebido notícias da irmã mais nova que havia emigrado para Chipilo, no México. Encontrou o endereço da família através do padre Michele. Pela carta do antigo pároco, ficaram sabendo dos acontecimentos em Segusino e, principalmente, notícias da segunda filha. Ela, como havia previsto Maria, a filha também tinha escrito para o pároco para saber notícias do resto da família. Algum tempo depois de se estabelecerem em Chipilo, entrou em contato com Don Michele e conseguiu o endereço atual da mãe e dos irmãos no Brasil. Já era mãe de dois meninos e estava grávida do terceiro. Estavam bem de saúde e ela e o marido trabalhavam em uma terra própria, comprada a prestações do governo mexicano, onde plantavam principalmente milho e criavam vacas, cujo leite era transformado em queijos, vendidos em Chipilo e nas cidades próximas. Estavam muito felizes no novo país e até já estavam começando a ganhar dinheiro. Maria e os filhos ficaram radiantes de alegria com as boas notícias recebidas das duas.
Este conto continua
Texto de
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS
Nenhum comentário:
Postar um comentário