Mostrando postagens com marcador emigração para o Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador emigração para o Brasil. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Da Província de Treviso ao Pampa Gaúcho: A Jornada Épica de Genaro em Busca de um Futuro Melhor - parte 4








Domenico, a mãe e os irmãos trabalharam duro para limpar parte do terreno e preparar um novo pedaço de terra para as semeaduras de inverno, principalmente, de trigo. Ainda tinham parte dos mantimentos recebidos do governo e muita coisa que por vezes faltava, os vizinhos, que já moravam a mais tempo no local, davam ou vendiam para eles. A primeira safra de milho foi ótima, além das suas expectativas. A semeadura do milho apesar de ter sido feita com um pouco de atraso, foi compensada com o atraso do inverno. Mostrou que a terra era muito fértil e a safra de fim de primavera seria abundante. Aprenderam que quando o milho já estivesse com grãos, precisavam ficar mais atentos, pelo grande número de pássaros e animais selvagens, que em bandos dizimavam as plantações. O tempo corria rápido e os irmãos já haviam começado a fazer as tábuas para a construção da casa. Estavam contentes com o lugar, com a terra que compraram. Agradeciam sempre ao pai Daniele pela indicação do lugar e incentivo para emigrarem. O correio chegava mensalmente na sede da colônia, não muito distante onde moravam. Maria tinha esperanças de receber notícias das duas outras filhas. Não sabia onde miravam e nem como estavam. Antes de deixar Segusino, durante a visita ao pároco Michele, havia deixado com ele o seu novo endereço no Brasil para caso as filhas quisessem ou pudessem entrar em contato com ela. Também tinha iniciado contato por cartas com o velho padre, amigo de muitos anos da família. Estava aguardando a sua resposta. Naquele tempo, conforme o local, uma carta demorava vários meses para ser entregue ao destinatário, especialmente naquelas colônias do Rio Grande do Sul, tão distantes de tudo. A casa de madeira estava quase pronta, os rapazes tinham se saído muito bem, revelando-se bons carpinteiros. Era grande com três grandes quartos e uma sala. A cozinha, com seu fogão de chão, ficava em outra pequena dependência, separada da parte principal da casa, pelo perigo de incêndio. A safra do trigo foi ótima e a do milho excelente, ocasião em que puderam encher os depósitos no grande paiol recém-construído. Parte das safras eram vendidas e seguiam de barcos para a capital do estado e a outra parte era reservada para consumo da família. Já estavam criando galinhas e alguns porcos soltos em um cercado. Um dos filhos andava semanalmente até o correio, na sede da colônia, para ver se tinha chegado alguma carta para eles. Durante muitos meses voltavam tristes, pois, não encontraram nada. Um dia o filho mais novo, voltou gritando e correndo. De longe balançava o braço mostrando dois envelopes brancos. Saíram todos correndo ao encontro do rapaz. De todos eles somente Domenico sabia ler um pouco, pois, tinha somente estudado até a terceira série. Uma das cartas era da filha mais velha que morava nos Estados Unidos e a outra era de Don Michele. Com dificuldade a família foi se inteirando nas notícias tão aguardadas. Ficou sabendo que a filha estava bem e já tinha três filhos, dois meninos e uma menina. O marido estava bem empregado na construção civil e que tinha muito trabalho. Todos estavam bem de saúde e muito contentes na nova pátria. Ela, infelizmente, ainda não tinha recebido notícias da irmã mais nova que havia emigrado para Chipilo, no México. Encontrou o endereço da família através do padre Michele. Pela carta do antigo pároco, ficaram sabendo dos acontecimentos em Segusino e, principalmente, notícias da segunda filha. Ela, como havia previsto Maria, a filha também tinha escrito para o pároco para saber notícias do resto da família. Algum tempo depois de se estabelecerem em Chipilo, entrou em contato com Don Michele e conseguiu o endereço atual da mãe e dos irmãos no Brasil. Já era mãe de dois meninos e estava grávida do terceiro. Estavam bem de saúde e ela e o marido trabalhavam em uma terra própria, comprada a prestações do governo mexicano, onde plantavam principalmente milho e criavam vacas, cujo leite era transformado em queijos, vendidos em Chipilo e nas cidades próximas. Estavam muito felizes no novo país e até já estavam começando a ganhar dinheiro. Maria e os filhos ficaram radiantes de alegria com as boas notícias recebidas das duas.

Este conto continua
Texto de 
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS




segunda-feira, 26 de junho de 2023

Da Província de Treviso ao Pampa Gaúcho: A Jornada Épica de Genaro em Busca de um Futuro Melhor - parte 3

 




A Caminhada

Apesar de usarem o mesmo rio para chegar aos seus destinos, o caminho a ser tomado era um pouco diferente para aqueles que se dirigiam para a Colônia Caxias, daqueles outros que seguiam para as colônias Dona Isabel e Conde D'Eu. Domenico e sua família, subindo pelo rio Caí, passaram pelo porto da cidade de São Sebastião do Caí onde alguns imigrantes desembarcaram com destino a Colônia Caxias. Continuaram a viagem rio acima até o porto da cidade de Montenegro onde aqueles que seguiam para a Colônia Dona Isabel desembarcaram, com vários outros imigrantes, como vimos no capítulo anterior. Aproveitaram para descansar, comprar algum alimento, em uma espécie de armazém, para as crianças e organizar a pouca bagagem que levavam. A distância a ser percorrida era de aproximadamente oitenta quilômetros, mas no caminho teriam que atravessar um trecho bem difícil de serra. Não era uma verdadeira estrada e sim um precário caminho com muitas pedras, bastante tortuoso, pelo meio de grandes árvores. Nos dias de chuva era um lodaçal difícil de ser atravessado. Ficaram espantados com a altura que muitas delas alcançavam, porém, uma em especial, pela sua beleza e grandiosidade, chamou mais a atenção de todos. Eram colossais pinheiros, que naqueles tempos existiam em grande quantidade. Do meio da mata vinham gritos de aves e de outros animais desconhecidos para eles, como dos bandos de macacos bugios, que, assustados com o ruído da caravana, faziam uma grande algazarra. Os adultos e crianças maiores caminhavam ao lado dos carroções puxados por várias mulas, no qual as mulheres grávidas, os mais idosos e as crianças pequenas iam embarcadas. A marcha era lenta, especialmente no trecho montanhoso, onde precisavam parar ocasionalmente para descansar e dar água para os animais. Quatro funcionários do governo brasileiro, dois deles filhos de ex-escravos, acompanhavam o grupo desde Montenegro, eram os guias e cocheiros da expedição. Um dos funcionários, o mais velho do grupo, falava perfeitamente o dialeto vêneto o que facilitou para todos. Depois de várias horas de dura caminhada, ao sol, em pleno verão brasileiro, finalmente chegaram a Colônia Dona Isabel, que então já tinha cerca de quatorze anos desde a sua fundação onde se podia ver grande progresso com algumas ruas de barro e inúmeras casas de madeira, algumas de tijolos. Já era um núcleo urbano. Foram alojados em outro grande barracão, fora da sede, ficando à espera da localização do seu lote de terra que tinha sido escolhido pelo governo. Genaro e a família, mais uma vez, tiveram muita sorte. Em apenas dois dias com todos os papéis assinados, já estavam sobre o que agora seria a sua propriedade. É bem verdade que este grande lote de terra não era fornecido de graça pelo governo, ele deveria ser pago em prestações anuais durante dez anos e o título de propriedade recebiam quando já tivessem quitado 20% da dívida. O governo concedia dois anos de carência para iniciarem o pagamento. Os valores não assustavam muito, as condições eram boas e se tudo corresse bem com as futuras safras, poderia ser pago com facilidade. Ao chegarem no local do lote souberam que cerca de dois anos antes ele já tinha sido concedido para um jovem casal de colonos provenientes de Padova, que, infelizmente, com a morte prematura do marido, devido a um acidente enquanto derrubava uma grande árvore, para fazer tábuas para construção de uma pequena casa para abrigar a família. O pobre homem teve a cabeça e parte do tórax esmagados por um grande galho que se desprendeu do alto, matando-o instantaneamente. A infeliz mulher, desesperada e sozinha, sem amigos ou parentes no Brasil, resolveu desistir e abandonar tudo, retornando rapidamente para Itália, com os dois bebês gêmeos do casal, nascidos justamente naquele lugar, com a ajuda de uma vizinha. Ela tinha restituído a propriedade ao governo, poucas semanas antes de Genaro e a família chegarem. Eles não conheceram a infeliz viúva que partiu poucas semanas antes deles chegarem, logo após o pobre funeral do marido, realizado por alguns vizinhos, sem o conforto religioso de um sacerdote. No lote ainda não havia uma casa, apenas uma pequena choupana construída com galhos de árvores e coberta por grimpas de pinheiro a guisa de telhado, onde a família do falecido se abrigava. Ali tinham nascidos os pobres órfãos, dois brasileirinhos, como tantos outros, que emigraram para a Itália. Todos esses funestos acontecimentos deixaram Domenico e os irmãos muito abalados, supersticiosos como eram, em geral, os vênetos, ficaram com muito medo e até pensaram ser um sinal de mal agouro. Quem trouxe serenidade foi Maria Augusta, sempre hábil em acalmar os filhos. Pela manhã reuniu todos os filhos e disse-lhes que tinha sonhado com o marido, Daniele e ele no sonho "pediu para eles terem coragem e não deixarem se influenciar com a morte daquele jovem. A vida era assim mesmo, cheia de ciladas e este era o seu destino, a sua hora tinha chegado e ninguém poderia ter feito nada para o salvar. Eles deveriam rezar um rosário todas as noites durante uma semana pela intenção da sua alma e também levar algumas flores que encontrassem no local onde ele estava sepultado. A vida da família devia continuar. Não podiam se amedrontar após tudo o que já tinham passado para chegar até ali". Ouvindo o relato do sonho da mãe todos se sentiram mais confortados e se acalmaram bastante, começando a esquecer o ocorrido. Tudo no lote estava por fazer, não queriam morar naquela cabana feita pelo falecido e assim resolveram atear fogo, como forma de exorcizar os maus espíritos. A família, com dificuldade, passou a primeira noite na nova terra, abrigada no oco de uma grande árvore chamada de embú. Era verão e um pequeno fogo, logo à entrada, servia para aquecer um pouco, iluminar e espantar algum animal selvagem. Receberam do governo sacos de mantimentos para alguns meses, vários utensílios domésticos e ferramentas para o trabalho rural, além de vários tipos de sementes para iniciarem uma roça, que naquele mês já deveria estar plantada. Genaro com os três irmãos iniciaram o desmatamento de uma área, perto de onde tinham pensado construir a futura casa, não longe de um curso de excelente água. Com os troncos mais finos retirados do local, fizeram uma grande barraca, serviço que todos tiveram que participar, inclusive a mãe e duas das irmãs menores, pois, a outra ficou encarregada de cuidar da comida que estava sendo preparada em uma fogueira improvisada, cercada por grandes pedras. Após três dias de trabalho a cabana, com três aposentos, ficou pronta. Estavam muito felizes com a nova "casa" e agora, depois semanas poderiam sair do abrigo no oco da árvore. Derrubadas as árvores e queimado o mato, colocaram na terra parte das sementes que haviam recebido, principalmente hortaliças, pois a temporada para semear o milho já havia passado e o trigo só deveria ser semeado no início do inverno, conforme instruções recebidas dos funcionários do governo. Com o passar das semanas foram se ambientando e conhecendo melhor o terreno que haviam adquirido. Era muita terra, mais do que podiam imaginar quando estavam na Itália. A propriedade era coberta por uma vegetação abundante e árvores imensas estavam por todo lado. Um pequeno córrego, com águas cristalinas, cortava toda a propriedade antes de desaguar em um rio maior, situado poucos quilômetros abaixo. Os terrenos foram traçados pelo governo em forma retangular, com duas frentes onde passavam pequenas picadas chamadas de linhas, que por contrato os proprietários deviam manter sempre limpas, para permitir o tráfego. Alguns desses lotes chegavam a ter áreas de 50 hectares, como este da família de Domenico, isso porque tinha sido demarcada alguns anos antes para o outro proprietário. Media 250 metros de largura por 200 metros de comprimento, assim, os vizinhos mais próximos ficavam bastante longe.

Continua
Trecho do conto 
"Em Busca de um Futuro Melhor"
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS



sábado, 24 de junho de 2023

Da Província de Treviso ao Pampa Gaúcho: A Jornada Épica de Genaro em Busca de um Futuro Melhor - parte 2

 




O Embarque


Deixaram Segusino com o coração partido, ansiosos com tudo que ainda estava para suceder. Nenhum deles ainda tinha viajado de trem e essa novidade os estava deixando muito apreensivos. Também a longa viagem de navio, para a travessia do oceano, deixava-os com muito medo. Muito tinham ouvido falar, e até algumas canções populares relatavam temporais e naufrágios em alto mar, o que aumentava o medo de todos. O clima reinante entre eles era uma mistura de tristeza, ansiedade, medo, mesclado com muita esperança em dias melhores. Genaro escondia de todos os seus medos e preocupações, tentava, na presença dos irmãos, se fazer de mais forte do que realmente era a fim de transmitir coragem a eles. Naqueles tempos uma viagem de trem como aquela, entre Segusino e Gênova, demorava muitas horas e no trajeto passavam por muitas dezenas de pequenas e até grandes cidades. Precisaram fazer baldeação, para a troca de trens, que paravam em praticamente todas as estações, onde, invariavelmente, dezenas de outros camponeses como eles embarcavam com destino ao mesmo porto. Nessa época a grande emigração italiana estava em pleno vapor e milhares de italianos do norte ao sul da península deixavam o país todos os meses, sendo o Brasil um dos destinos mais procurados, além dos Estados Unidos e da Argentina. Depois de uma noite sem praticamente poderem dormir, muito cansados, chegaram a Gênova. Estava muito frio, porém não chovia e de longe já puderam ver o porto com alguns grandes navios atracados. Ficaram pensando qual daqueles os levaria para o Brasil. Eles tinham as passagens gratuitas na terceira classe do vapor Giulio Mazzino, um grande navio que embarcaria mais de mil e duzentos passageiros até o Brasil. Eram meados de dezembro de 1883 e o porto estava repleto de pessoas, a maioria deles emigrantes esperando chegar a hora de embarcar. Maria Augusta, em pensamento, agradeceu ao agente de viagens pela honestidade em agendar a partida de Segusino justamente no dia anterior do embarque. Isso, ela sabia, não era comum, pois, muitos agentes desonestos agendavam passagens para o porto muitos dias antes do embarque, fazendo com que os pobres emigrantes, que já não tinham quase nada, ficassem a mercê de comerciantes exploradores, precisando gastar suas poucas economias com alojamentos e alimentação, ou fazer como a maioria, ficar ao relento em torno do cais e comendo alguma coisa que tinham levado de casa. Provavelmente, esses agentes desumanos deviam receber propinas dos donos de albergues e pensões localizadas nas ruas próximas ao porto. Genaro e um dos irmãos aproveitaram para dar umas voltas rápidas pelo cais, passando por de dezenas de grupos de emigrantes com suas grandes malas e sacos, chegando a conversar com alguns deles, se inteirando de alguns aspectos da viagem no grande barco. Genaro era um rapaz muito esperto e ativo, em pouco tempo conseguiu reunir informações que seriam muito úteis para eles. O porto era uma confusão de pessoas, dezenas de funcionários do porto e da companhia de navegação circulavam rapidamente em todos os sentidos, carregando grandes caixas para o interior do navio ancorado a beira do cais. Do seu interior se ouviam ordens gritadas em altos berros pelos marinheiros, que estavam se preparando para a chegada a bordo daquela multidão de passageiros. A tarde, um longo apito pode ser ouvido em todo o porto, era o aviso para o início do embarque. Em fila todos os passageiros, com suas passagens e passaportes à mão, carregando malas e sacos com suas bagagens de mão começaram a subir a longa escada inclinado apoiada na lateral do navio. Dezenas de mulheres com lenço amarrado na cabeça, carregando os filhos pequenos no colo e puxando outros pelos braços, algumas delas ainda aleitando o bebê, muitas crianças pequenas chorando em simultâneo, amedrontadas pela grande movimentação ou pela perda de vista momentânea de suas mães. Homens de aspecto sofrido, chapéu na cabeça, mal vestidos, carregando filhos maiores, cadeiras, sacos com pertences e outras bagagens. Genaro ajudava a mãe organizando a entrada de todos os irmãos, que andando sozinhos subiram a escada. Como os papéis de emigração estavam todos em ordem foram rapidamente admitidos na embarcação, onde imediatamente receberam as primeiras informações de como deveriam se comportar a bordo. Os alojamentos disponíveis eram enormes pavilhões adaptados com filas de beliches. Os homens e os meninos maiores de oito anos ficavam em um pavilhão e as mulheres e as crianças menores em outro. Assim as famílias eram separadas desde o embarque, criando muitas dificuldades. Genaro ficou em um pavilhão com os três irmãos e a mãe com as outras três filhas menores em outro. Com dois novos apitos o navio lentamente se afastou do cais e gradualmente Gênova foi ficando para trás. Estavam descendo pela costa italiana pelo Mar Tirreno, a caminho do porto de Nápoles onde seriam embarcados mais de 400 emigrantes provenientes de várias províncias meridionais da Itália. O destino desse grupo era a Província de São Paulo, contratados para trabalharem nas grandes fazendas de café. Depois do embarque desse novo grupo e acomodar os novos passageiros, o navio se afastou rapidamente da costa italiana e tomou o rumo para o Brasil, após atravessar o estreito de Gibraltar. A vida a bordo era bastante monótona e os passageiros gradualmente foram se acostumando com o balançar da embarcação, diminuindo os casos de tonturas e vômitos dos primeiros dias. Foi cerca de trinta dias confinados em porões malcheirosos, ainda cheirando carvão misturado com odores dos vômitos e outros dejetos humanos. Não havia instalações sanitárias suficientes para todos e a água potável também era racionada ao mínimo. Grandes baldes de madeira, com tampa, colocados no final de cada fileira de beliches eram usados, sem qualquer proteção ou privacidade, para satisfazer as necessidades fisiológicas dos passageiros. A falta de ventilação naqueles porões, o calor, a limpeza precária, a falta de banho dos passageiros, tornavam o ar irrespirável. Animais de corte confinados para fornecerem carne e o abate a bordo sem muita higiene, ajudavam a tornar o ar difícil de respirar. Para agravar, naquela época ainda não havia frigoríficos a bordo, tornando perigoso consumir alimentos que não fossem bem cozidos. Quando passaram da linha do Equador, o calor era grande em contraste com o frio que haviam deixado alguns dias antes. Nem todos os passageiros tinham roupas adequadas. Foi em um desses dias que uma forte tempestade de fim de tarde atingiu a embarcação. Ventos furiosos faziam com as grandes ondas batessem com força no casco da embarcação fazendo muito ruído. O convés era constantemente varrido pelas altas ondas e os passageiros foram proibidos de subir ao tombadilho. O medo tomou conta de todos os passageiros que em voz alta apelavam por clemência, rezando aos seus santos protetores. Depois de duas horas, já escuro, o vento cessou e o mar lentamente foi se acalmando. Essa foi uma experiência terrível e muito traumática que Genaro e os irmãos lembrariam para os seus netos. Por sorte não tinham ocorrido doenças graves a bordo durante todo o trajeto e assim o navio não teria proibições para desembarcar seus mil e duzentos passageiros. Chegaram ainda à noite no porto do Rio de Janeiro e na manhã seguinte já puderam contemplar a bela paisagem verde e montanhosa que os cercava. Para Domenico e família a impressão era de um sonho, parecia até que estavam vendo ao vivo alguns dos relatos sobre o Brasil descritos pelo pai Daniele. Era o mês de janeiro de 1884. Desembarcaram e depois do exame médico de praxe foram encaminhados para a Hospedaria dos Imigrantes, na Ilha das Flores, onde ficaram abrigados por dois dias esperando outro navio de menor calado que os levaria para o Rio Grande do Sul. Os passageiros que embarcaram em Nápoles, que tinham como destino as fazendas de café de São Paulo, embarcaram no dia seguinte da chegada, em outro navio até o porto de Santos. A jornada de Genaro e família ainda seria longa, embarcados agora no navio costeiro Maranhão, seguiam para o porto de Rio Grande, passando pelo porto de Paranaguá, no Paraná para deixar algumas famílias venetas. Em quatro dias estavam em Rio Grande, na província do Rio Grande do Sul, onde desembarcaram com centenas de outros emigrantes italianos entre vênetos e lombardos sendo recebidos em grandes barracões comunitários a espera dos pequenos navios fluviais a vapor e pelas condições de navegabilidade dos rios para seguirem até a Colônia Dona Isabel, o destino de muitos dos emigrantes que viajaram com a família de Genaro. Tiveram que ficar mais de uma semana, praticamente acampados naqueles desconfortáveis barracões, até que finalmente chegou a ordem de embarque. Em pequenos barcos fluviais a vapor Genaro e a família passaram por Pelotas e começaram a atravessar a extensa Lagoa dos Patos, passando também por Porto Alegre, até a foz do rio Caí, pelo qual começaram a subir lentamente por aproximadamente sete horas, até o porto na cidade de Montenegro, o mais próximo da colônia Dona Isabel. Nesse local faziam uma breve parada técnica para poder enfrentar as várias horas de caminhada até os barrações da colônia Dona Isabel. Genaro e sua família estavam realmente extenuados por tantos dias de viagens e ainda tinham que percorrer vários quilômetros e subir uma difícil serra até alcançarem a colônia Dona Isabel. Realmente não tinham sonhado que a viagem seria assim tão penosa e longa. A mãe de Genaro sempre de bom humor tentava de todas as maneiras incutir coragem nos seus filhos, encontrando em tudo que viam, motivos para muitas brincadeiras, comparações e assim passar o tempo, afastando pensamentos negativos.

Continua
Trecho do conto 
Em Busca de um Futuro Melhor
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS



segunda-feira, 19 de junho de 2023

Da Província de Treviso ao Pampa Gaúcho: A Jornada Épica de Genaro em Busca de um Futuro Melhor - parte 1

 



A Vida na Vila

Genaro era um jovem de quatorze anos. Tinha recebido esse nome dos seus pais pelo fato de ter nascido no mês de janeiro, do ano de 1866. Era o quinto filho de uma família de nove irmãos vivos, quatro meninas e cinco meninos. Sua mãe havia perdido três outros filhos, mortos ainda bebês, antes do primeiro ano de vida, por falta de uma melhor alimentação durante as seguidas gravidezes. Viviam na pobreza, como a maioria daqueles que moravam naquela pequena vila quase perdida à margem esquerda do rio Piave, no interior da província de Treviso. A vila, uma pequena fração do município de Segusino, que outrora já tinha vivido mais progresso, não passava agora de um amontoado de algumas poucas casas rurais, mal conservadas, com terrenos pequenos pouco produtivos, resultado dos seguidos desmembramentos quando das transmissões de posse deixadas como herança dos antepassados. A população da vila não ultrapassava, quando muito, duzentas pessoas, distribuídas entre a minúscula zona urbana e a rural. Uma pequena capela, uma pracinha e algumas antigas casas de comércio, entre elas, uma que vendia tabaco, sal, vinho e licores, administrada a muitos anos por uma viúva já idosa, a avó de Genaro. Era tudo que havia na vila. O prédio da prefeitura e a igreja matriz, com sua alta torre dos sinos e a praça, ficavam na sede do município, cerca de quatro quilômetros distantes. Aqui se podia sentir um pouco mais de movimento, principalmente aos domingos e dias santos, por ocasião das missas, quando também as diversas casas de comércio que vendiam vinho e licores também recebiam mais fregueses. Completava o cenário um pequeno hotel, com poucos quartos, agora quase sempre vazios, que em tempos passados dava abrigo às dezenas de balseiros que tinham descido pelo Piave com grandes balsas formadas com toras de madeira, provenientes sobretudo de Cadore e Cansiglio. Os "zattieri" como eram chamados esses trabalhadores, desciam com as balsas pelo rio  Piave até Veneza e retornavam a pé para começar uma nova viagem, muitos deles passando também por Segusino, onde faziam alguma refeição e pernoitavam. 
A família de Genaro tentava sobreviver como podia, plantando algumas hortaliças no pequeno lote de terra e criando alguns poucos animais domésticos, para ovos e abate. O pai Daniele tinha nascido no interior do município de Alano di Piave, localizado não muito distante, mas, já pertencente a província de Belluno e migrado muitos anos antes devido ao seu trabalho. Daniele conheceu a sua esposa Maria Augusta, a mãe de Genaro, no município de Vaz, também não longe de Segusino, quando, acompanhava o seu pai Antonio, que era um hábil carpinteiro, muito procurado em toda aquela região, e faziam um trabalho de reparo do telhado na casa dos pais de Maria. Depois de um namoro e noivado curtos, algum tempo depois, se casaram na Igreja Paroquial San Leonardo, de Vaz e depois de um ano, quando Maria já estava grávida do primeiro filho, Daniele resolveu se estabelecer por conta própria, descendo e costeando o rio Piave, rumando para Segusino, levando também a mãe viúva com eles. A situação de todo o Vêneto, e também da Itália, naquele período era muito difícil. O trabalho de carpinteiro estava cada dia mais difícil. Por falta de dinheiro as  pessoas não mais construíam e nem reformavam suas casas. As oportunidades de trabalho para Daniele foram ficando cada vez mais raras, chegando ao ponto que ele não mais aguentou e também passou a trabalhar como empregado rural diarista para alguns donos de grandes propriedades que ainda estavam sobrevivendo àquela economia que se seguiu a criação do novo país, a chamada Itália, que eles pouco conheciam. Genaro e suas irmãs mais velhas também trabalhavam o dia todo como diaristas em outras propriedades rurais da região. As dificuldades foram crescendo em casa e até as refeições, uma vez mais fartas, começaram a rarear e a polenta se tornou o único alimento ainda disponível. O pão branco e o vinho eram duas coisas que não conseguiam mais comprar. Genaro viu seu pai e irmãs mais velhas definhando a cada dia, por deixarem de fazer uma das refeições do dia, para sobrar comida para os irmãos menores. À mesa a polenta ficava cada vez menor, servida pela mãe e cortada com um fio de linha umedecido em água colocada em um prato fundo. Algumas poucas verduras amargas, tais como o "pissacan", completavam a pobre guarnição. Por cima da mesa ficava dependurada por um barbante, uma sardinha, ou outro peixe frito, em algumas raras vezes, um pequeno salame defumado, onde, cada um por sua vez o tocava com o seu pedaço de polenta, para obter algum sabor. Essa dieta quase única e muito fraca em nutrientes, fez o pai de Genaro e uma das suas irmãs ficarem muito doentes, com a pelagra, precisando internação em um hospital distante, na cidade de Mogliano Veneto. Depois de alguns meses de tratamento a irmã conseguiu se recuperar bem, mas, infelizmente, o seu pai voltou para casa para morrer pouco tempo depois. A morte de Daniele desestruturou completamente a família, deixando-os na miséria completa e as poucas economias, incluindo a vaca e o pequeno burro usado para o trabalho, foram vendidos para tentar salvá-lo. 
Um ano após o falecimento de Daniele, as duas irmãs mais velhas de Genaro se casaram. A primogênita, com um bravo rapaz de Vidor e no mesmo ano emigraram para os Estados Unidos. A outra irmã também se casou logo, em 1882, com um rapaz de família conhecida, moradores à localidade de Col Lonc e emigraram para Chipilo no México, com grande número de outros camponeses trevisanos e beluneses. 
Genaro já estava com dezessete anos, era agora o homem da família, responsável pela mãe viúva e mais seis irmãos e irmãs menores. Era o arrimo da família. Deveria se apresentar para o serviço militar no próximo ano, quando completaria 18 anos e isso o deixava muito preocupado. Pensava como a sua família poderia sobreviver sem ele. Em algumas ocasiões, nos tempos de paz, os rapazes arrimo de família eram dispensados do serviço militar, porém, não dava para ter certeza que isso aconteceria com ele. Não podia esperar pelo ano seguinte, quando então teria dezoito anos e se não conseguisse dispensa do serviço militar seria impedido de sair legalmente do país. Pensou até em migrar sozinho para a França e de lá embarcar em algum navio a caminho do Brasil, o destino que o pai sempre vinha sonhando para todos eles. Nos portos franceses de Le Havre e Marselha o controle do serviço militar era relaxado para os estrangeiros e passaria facilmente. Porém, lembrou que para  isso precisava ter dinheiro para comprar o bilhete de viagem, que não era pouco, e a família de muito tempo já não possuía mais recursos. Lembrou também de como ficariam a sua mãe e irmãos, pois, o outro irmão menor tinha somente 16 anos e não tinha ainda condições de assumir o seu lugar. Assim, em uma reunião da família, a mãe se impôs e resolveu seguir os conselhos do marido, que sempre falava que o Brasil era um grande e rico país no qual, certamente, encontrariam um local para eles. Daniele sempre alimentou a ideia de levar toda a família para o Brasil para fugir da carestia, do desemprego e da fome na Itália. Alguns dos seus conhecidos, anos antes, já tinham emigrado para a província do Rio Grande do Sul e contavam, nas suas cartas para as famílias, que estavam indo muito bem e aconselhavam os amigos a também irem para lá e jamais para a província de São Paulo. Sem discussão todos os irmãos concordaram com a mãe e começaram os preparativos para emigrarem juntos para o Brasil ainda naquele ano de 1883, quando Genaro estava com 17 anos. Na prefeitura fizeram um passaporte coletivo para todos da família, com destino ao Brasil. Ficaram sabendo que o governo do Império do Brasil continuava recrutando mão de obra na Itália e fornecia gratuitamente as passagens de navio e os deslocamentos até o novo local de trabalho. Genaro e quatro dos seus irmãos eram bem altos e muito corpulentos, acostumados desde cedo aos trabalhos pesados do campo, o que talvez compensaria a falta do pai, uma das exigências para obter a gratuidade da viagem, pois, aceitavam somente casais com filhos. Procuraram por um agente de viagens, também representante do governo imperial brasileiro, e sem maiores discussões foram aceitos para emigrar para o Brasil. Precisavam se desfazer das poucas coisas que possuíam e de tudo que não pudessem levar. Venderam até com facilidade a casa em que moravam, para um dos vizinhos. Venderam também a casa de comércio que era da avó, a qual tinha sido alugada e deixada pelo pai Daniele como a última reserva de capital, caso conseguissem emigrar. Conseguiram um bom valor por ela, até mais do que pensavam, por estar bem localizada, às margens da estrada que levava à sede do município.
Um dia antes de partirem, Maria Augusta e os filhos, após organizarem todas as caixas e sacos com a mudança, foram até o cemitério dar a última despedida para Daniele e a avó que ali estavam sepultados. Foram também até a igreja matriz se despedir do velho padre Michele, um antigo amigo da família, e pedir a sua benção para que a viagem transcorresse bem e que tivessem sucesso no Novo Mundo. Aproveitaram também para encomendar missas anuais, nas datas dos falecimentos de Daniele e da avó Giacinta, em intenção às suas almas. Se despediram de todos os amigos e vizinhos e em uma manhã bastante fria do início de dezembro, se dirigiram à estação ferroviária para pegar o trem até Gênova, e assim deixaram definitivamente a querida vila, para nunca mais voltarem.

Continua
Trecho do conto 
Em Busca de um Futuro Melhor
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS




sábado, 16 de janeiro de 2021

Padres Agentes Clandestinos da Emigração

Emigrantes italianos no Porto de Genova a espera do embarque para o Novo Mundo


A partir da década de 1870 as autoridades italianas passaram a questionar o envolvimento  dos padres, e de seus inflamados discursos religiosos, no aumento da organização de grupos cada vez com mais de emigrantes para trabalharem nas terras do Novo Mundo. As consequências da deterioração crescente da já precária economia italiana, acrescida pelo aumento populacional, eram já sentidas na pele pelos pequenos agricultores e acompanhada com preocupação pelos párocos das pequenas cidades e vilas do norte da Itália. Eram eles que estavam mais perto daquela pobre gente que  enfrentava o desemprego cada vez maior, as doenças e a fome que rondava muitos lares, fazendo vítimas entre os adultos mais fracos e crianças menores de idade. Foram os padres, por serem mais esclarecidos e preocupados com o destino dos seus paroquianos que começaram a divulgar  e incentivar a emigração como uma forma pacífica de melhorar as condições de vida do povo. Os pequenos agricultores também viam nela uma oportunidade real para a sobrevivência da família.  Assim nas últimas décadas do século XIX os padres de muitos municípios da região do Veneto, passaram a incentivar e a organizar grupos de emigrantes para a partida definitiva para a América. 

Os párocos passaram a ser vistos pelas autoridades policiais como agentes disfarçados da emigração, que enganavam as famílias dos pequenos agricultores com a propagação de informações falsas. Alguns desses sacerdotes conseguiram realmente organizar a viagem para a América para centenas dos seus paroquianos. Para tal se dedicaram com coragem e muita tenacidade. Sabiam eles dos enormes riscos de se transformarem em alvos de censuras, mesmo das próprias autoridades da Igreja, que não queriam entrar em choque com as autoridades do governo, como também de investigações policiais e possíveis processos judiciários. 

Como exemplo, entre tantos corajosos sacerdotes, podemos citar o desempenho do padre Angelo Cavalli, nascido no ano de 1834, em Valstagna, um pequeno município da província de Vicenza, região do Vêneto, assumiu a paróquia de Santo Spirito in Oliero no ano de 1871. Oliero era uma pequena "frazione" do município de Valbrenta, localizada em meio do vale do rio Brenta. Don Cavalli foi denunciado diversas vezes pela polícia por ser um recrutador não licenciado de emigrantes para a América e levado às autoridades judiciárias de Bassano del Grappa. O fato de ser ele um agente da emigração era sem dúvida conhecido da população de todo o vale do rio Brenta que o protegia. As autoridades afirmaram "que devido ao seu mau comportamento, o padre teria causado amargas desilusões a muitos infelizes que, acreditando em suas palavras, venderam todos os seus bens e, não conseguindo embarcar, retornaram a este distrito". 

A casa do padre Don Cavalli, que ficava em Campolongo sul Brenta, província de Vicenza, as autoridades encontraram e apreenderam inúmeras cartas e circulares que comprovavam o seu envolvimento com o movimento emigratório. Ali estava uma contínua correspondência entre Don Cavalli e Clodomiro de Bernardes, agente de uma companhia de navegação marítima no porto de Genova, que estava organizando a transferência de emigrantes com destino ao Brasil. O referido agente emitia circulares com informações sobre as partidas dos navios e cartas com notícias concernentes as diversas regiões que estavam recebendo agricultores no território brasileiro. Em muitas correspondências, passava informações e instruções para determinadas pessoas que estavam organizando a transferência de emigrantes. Nas cartas também  existiam informações sobre os custos do transporte e da existência de embarque gratuito para grupos familiares.

Não tendo autorização oficial para atuar como um promotor de emigração, o padre Cavalli ,mesmo assim, emitiu carta ao agente Caetano Pinto solicitando o embarque gratuito em um mesmo navio para um grupo de pessoas conhecidas que pretendiam emigrar para o Brasil. A participação do padre, que era uma pessoa bem conhecida, que gozava de boa reputação e confiança,  como um intermediador da emigração, dava para aqueles pequenos agricultores a segurança necessária na tomada de decisões. Os camponeses que pensavam emigrar procuravam se informar junto a pessoas de confiança não somente sobre a viagem mas, também a respeito das vantagens que estavam sendo divulgadas pelos países de destino. Quando no momento da partida eles já estavam informados dos privilégios e oportunidades que encontrariam nas diversas províncias do Brasil. 

Através das cartas que foram apreendidas em sua casa pode-se perceber a existência de uma ampla rede de contatos e informações que forneciam subsídios às famílias antes de embarcarem. Padre Cavalli foi censurado pelas autoridades superiores da igreja, tendo sido suspenso temporariamente pelo seu bispo  das suas funções eclesiásticas por estar sendo acusado de envolvimento com a emigração, recebendo dinheiro dos pequenos agricultores que pretendiam emigrar. Don Cavalli de algum tempo vinha realmente circulando por diversas cidades  da região apesar dos riscos de cair nas mãos da justiça e a população sabia que ele desempenhava também a atividade de agente de emigração. Para as autoridades policiais ele estava divulgando o próximos embarques para a América, iludindo os camponeses.

Os frequentes deslocamentos do padre Cavalli entre as cidades de Veneza, onde ficava o consulado brasileiro, e Genova revelavam que ele ainda continuava a exercer a função de agente clandestino de emigração. As autoridades ao confrontar as partidas de dois navios diretos para o Brasil com emigrantes arrolados por dom Cavalli confirmaram a participação ativa do padre no movimento emigratório. Por diversas vezes, dom Angelo fazia pequenos discursos em bares e feiras, de diferentes municípios das províncias de Treviso e Vicenza, explicando os caminhos da emigração para aqueles que desejavam partir da Itália. Em maio de 1877, o cônsul do império do Brasil em Veneza, Leopoldo Bizio, afirmou ser grande o fornecimento de informações para aqueles que se deslocavam até o consulado. Apesar de recomendar cautela à população, disse que o padre Cavalli “animava o espírito dos emigran- tes” nas províncias do Vêneto, desencadeando em alguns lugares graves desordens. Em face do contínuo aumento dos deslocamentos e do surgimento de tumultos por parte das famílias que retornavam exaltadas dos portos da região, visto não terem conseguido embarque gratuito, a autoridade consular destacava que nenhuma instrução havia sido transmitida pelo governo imperial brasileiro aos agentes consulares na Itália, nem para recrutar, nem para conceder facilitações de viagens, nem, ainda, para “favorecer qualquer modo de emigração”. 

Em fevereiro de 1877, esperando escapar das perseguições por parte das autoridades, padre Cavalli comunicou, ao delegado do distrito de Bassano del Grappa, que em abril ele iria partir para o Brasil junto com familiares, mãe e irmãos, além de algumas famílias conhecidas. A viagem já estava acertada, declarando ter ido até Gênova para pessoalmente acordar com Clodomiro de Bernardes o embarque e certificar-se das condições oferecidas aos familiares e aos outros emigrantes. No entanto, padre Cavalli não cumpriu com a afirmação de que iria partir, preferindo continuar a atuar como agente da emigração, como o fez durante todo aquele ano. 

Nos primeiros anos da emigração para o Brasil, muitos foram os padres que emigraram com os seus paroquianos e conhecidos. O que os motivava eram variados, desde o deseja de fazer fortuna na América até outros que partiam com a intenção de fazer um serviço missionário junto as famílias que emigravam. Partiam por conta própria acompanhados de familiares e amigos, financiados pelos antigos paroquianos que já estavam no Novo Mundo, outros emigravam para escapar de perseguições, dificuldades pessoais e familiares. Uns outro partiam pro serem suspeitos de cometer alguma infração como aquela contra o voto de castidade. 

O trabalho de dom Angelo como agente de emigração também estava ligado ao desejo de se  estabelecer no Brasil junto aos seus familiares e amigos. Nas palavras de um imigrante que o conheceu, dom Cavalli era um jovem inteligente e cheio de vida, sempre pronto para descrever as diversas etapas da longa viagem e o que poderiam encontrar na terra prometida. Dizia que o Brasil era o novo El Dorado, a terra da cucagna. Dom Cavalli acabou se fixando na cidade de Morretes na então província do Paraná. Morreu menos de um ano após a sua chegada ao Brasil.

Um outro padre, que também como dom Angelo Cavalli promovia a emigração, orientando os agricultores desejosos de partir, foi o padre Giovanni Solerti, que trabalhava na paróquia de Piavon, na província de Treviso. Ele ajudou um grande grupo de paroquianos e de localidades vizinhas a se transferirem para a província do Rio Grande do Sul. Considerado pelas autoridades do governo  italiano como sendo um fanático, incentivador da emigração para a América,  foi por elas acusado de ter sido condenado a prisão em 1860, por fraudes, embustes e trapaças, quando ele ainda não trabalhava na paróquia rural de Treviso. O padre Solerti havia sido preso junto com outros paroquianos por roubo, fraude e posse ilegal de arma de fogo, mas, nada foi comprovado e absolvido por falta de provas. 

Nesse período eram comuns denúncias das autoridades constituídas contra sacerdotes que se interessavam em ajudar os pequenos agricultores, abrindo para eles os caminhos da emigração. Procuravam de todas as formas colocar obstáculos para impedir a livre partida dos agricultores. 

Camponeses e muitos padres da província de Treviso caíram nas malhas da justiça porque esta estava empenhada em reprimir a contestação das leis. Diversos padre que atuavam nas paróquias rurais acabaram sendo presos. As autoridades diocesanas, por outro lado, partiam orientações para que os sacerdotes observassem as leis do Estado, porém isso não foi seguido por todos, pois conviviam diretamente com o sofrimento do povo, o desemprego crescente, as doenças por falta de boa alimentação. A fome literalmente rondava inúmeros lares onde os desesperados  pais de família não conseguiam mais dar o sustento aos seus dependentes. O processo de formação do estado italiano modificaram a forma como os pequenos agricultores garantiam o necessário para o sustento das suas famílias. A proibição do uso das terras públicas e as da igreja, de onde tradicionalmente os camponeses plantavam alimentos, criavam alguns animais e retiravam frutos e madeira, desencadearam revoltas nas populações. A implantação de alguns novos tributos, destinados a equilibrar a cambaleante economia italiana, como as novas taxas que passaram a incidir sobre a moagem dos grãos, imposto esse que passou a ser cobrado diretamente nos moinhos, e a taxa sobre o sal, fizeram os preços dos alimentos subirem e aumentaram o desemprego por toda a Itália. 

O padre Giovanni Solerti se envolvia em questões que iam além das relacionadas com a administração dos bens da igreja e a assistência religiosa aos fiéis.  Foi acusado, igual como o padre Ângelo Cavalli,  de ser também um incentivador da imigração para a América. Através de seus “discursos empolgantes”, segundo as autoridades policiais, fazia surgir a “esperança entre a população camponesa de que poderiam melhorar a própria sorte” no além-mar. E, ainda: que longe da pátria teriam liberdade para “conservar sua religião”. Além disso, apresentava o Brasil como a “terra da promissão”, assegurando que “na Itália a religião católica desapareceria”, que a “população seria destruída pela peste, fome e guerra”, e que todos cairiam “sob o domínio Turco”; e que “um novo papa seria eleito do outro lado do Atlântico”. Tal como o padre Cavalli, parece que dom Solerti transmitia em seus discursos uma imagem positiva das vantagens que as famílias camponesas poderiam encontrar na América, uma delas sendo a liberdade de constituir novas comunidades católicas, longe das ameaças e dos problemas enfrentados na pátria de origem.

Padre Solerti foi acusado pelas autoridades, pela imprensa de ser um dos principais instigadores da emigração de Oderzo, que atuava como um agente das companhias de navegação nos municípios de da província de Treviso. Um dos jornais dessa província o acusava também "de pregar a decadência da igreja católica na Itália e estimular os camponeses a fundarem uma colônia religiosa na América". Neste mesmo período acontecia na Itália o crescimento das idéias comunistas, do surgimento de campanhas anti clericais e a perda dos terrenos da igreja, fizeram com que alguns padres reagissem tentando preservar a religião e o poder em terras do Novo Mundo com a participação dos emigrantes. Além de se revoltarem contra a cobrança de novos impostos e proibições, alguns padres foram perseguidos pela justiça por não respeitarem as novas leis estabelecidas. Os discursos, de muitos padres italianos tais como dom Cavalli e dom Solerti, de encorajamento ao abandono da pátria também era uma forma de se manifestarem contra as novas instituições do Estado liberal italiano, considerado por eles o grande responsável pelas dificuldades socioeconômicas que pesadamente,  atingiam as populações rurais. 

As escolhas realizadas tanto pelo padre Giovanni Solerti quanto por Angelo Cavalli auxiliam a compreender o universo de atuação das lideranças religiosas frente ao fenômeno da imigração para a América, pelo menos em sua fase inicial, entre os anos 1877 e 1887, nas províncias do Vêneto. O comportamento de ambos os padres ajuda a entender as percepções políticas e os projetos individuais e coletivos dos paroquianos. As suspeitas sobre a atuação “clandestina” de algumas lideranças religiosas levaram as autoridades policiais a invadir suas residências para apreender objetos como cartas e listas com nomes que indicavam o envolvimento nas atividades de recrutamento de emigrantes.

Todo esse ambiente criado em torno da figura de dom Solerti, acabou tornando insustentável a vida do padre, o qual após dar assistência para um novo grupo de emigrantes, com destino ao Brasil, desapareceu da sua paróquia. 

Esses padres que com seus discursos e ações pregavam e facilitavam a emigração das famílias camponesas para o exterior, ao contrário de estarem ludibriando os seus paroquianos e conhecidos ao falarem das vantagens que seriam encontradas do outro lado do oceano, confiavam plenamente que a emigração definitiva era a grande chance para a maioria mudarem de vida, inclusive para eles. 

Em carta, padre João Solerti mencionou que “sempre havia carregado consigo a vontade de acompanhar os seus conterrâneos até o outro lado do Atlântico”. Assim, na última década do século XIX, após tantos pedidos dos conhecidos já instalados no Brasil, expressados em cartas, depois de ter ajudado a partida de muitos  paroquianos e conhecidos, decidiu também a emigrar para o sul do Brasil para trabalhar nas regiões ocupadas por italianos. 

Dois meses após a sua partida para o Brasil, dom Solerti precisou retornar à Itália, pois ao sair apressadamente, quase certo fugindo às perseguições que vinha sofrendo, não levou consigo os documentos que o liberavam da sua diocese de origem. Sem essa carta de liberação, assinada pelo seu bispo, não podia legalmente assumir integralmente os serviços eclesiásticos que tencionava executar no local de destino. Foram diversos os sacerdotes que emigraram para o Brasil sem a permissão das autoridades diocesanas ou de posse de tão somente de um documento de licença temporária. 

A confiabilidade entre as famílias camponesas e os padres é considerado um dos principais fatores que permitiram que eles tivessem sucesso ao atuarem também como agentes da emigração. Os padres mantinham regular  contato, através de cartas, com seus antigos paroquianos já instalados na nova pátria e elas eram usadas para comprovar o acerto de suas orientação e a legitimidade seus discursos. 

As escolhas realizadas tanto pelo padre Giovanni Solerti quanto por Angelo Cavalli auxiliam a compreender o universo de atuação das lideranças religiosas frente ao fenômeno da imigração para a América, pelo menos em sua fase inicial, entre os anos 1877 e 1887, nas províncias do Vêneto. O comportamento de ambos os padres ajuda a entender as percepções políticas e os projetos individuais e coletivos dos paroquianos. As suspeitas sobre a atuação “clandestina” de algumas lideranças religiosas  realmente levaram as autoridades policiais a invadir suas residências para apreender objetos como cartas e listas com nomes que indicavam o envolvimento nas atividades de recrutamento de emigrantes.

O padre Giovanni Solerti se fixou no Rio Grande do Sul, na Colônia Silveira Martins, também conhecida como a Quarta Colônia Italiana do Estado, localizada próxima da cidade de Santa Maria, onde já estavam instalados centenas de seus conhecidos e ex paroquianos que ele ajudou a emigrar.




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS
























quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Passageiros Italianos Navio Matteo Bruzzo - Santos 21.08.1891



Lista Incompleta 

ARANCHISE TOMMASO 44 MARIDO 
LUISA 43 ESPOSA 
MARIA 03 FILHA 
ELISA 06 FILHA 
ITALIA 06 FILHA 
GIOVANNI 03 FILHO 
SANTE 10 FILHO 
LUIGI 11 FILHO 
PIETRO 17 FILHO 

BATTAGLIN GIOVANNI 46 MARIDO 
LUIGIA 37 ESPOSA 
AMELIA 04 FILHA 
GIUSEPPE 01 FILHO 
FEDERICO 07 FILHO 
RICCARDO 06 FILHO 
FERDINANDO 12 FILHO 
AMABILE 13 FILHO 

ROSSI MARIA TERESA 32 MÃE 
ROSA 03 FILHA 
GIUSEPPINA 01 FILHA 

BORIN GIACINTO 44 MARIDO 
ANTONIA 33 ESPOSA 
GIOVANNI 08 FILHO 
RIZZIERI 02 FILHO 

BUFFIN LUIGI 37 MARIDO
ANNA 37 ESPOSA 
MARIA 13 FILHA 
 
NICOLETTI GIOVANNI 38 MARIDO
PALMIRA 27 ESPOSA 
LANDINA 01 FILHA 
 
CIORAMELLARO GAETANO 34 MARIDO 
GIOVANNIa 25 ESPOSA 
NINA 06 FILHA 
ANGELO 01 FILHO 
NINO 02 FILHO 

MURATORE SANTE 29 MARIDO
GIUSEPPA 24 ESPOSA 
ANNA 01 FILHA 
GIOACCHINO 05 FILHO 
PLACIDO 03 FILHO 
 
RAVAGNANI LUIGI 43 MARIDO 
LUIGIA 39 ESPOSA 
GIUSTINA 07 FILHA 
GIUSEPPE 10 FILHO 
ANTONIO 17 FILHO 

BECCARI LORENSO 38 MARIDO 
MARGHERITA 35 ESPOSA 
LIBERA 07 FILHA 
GIOVANNI 09 FILHO 
MODESTO 02 FILHO 

MALAFON AGOSTINO 33 MARIDO 
MARIA 30 ESPOSA 
ANGELA 07 FILHA 
GIUDITHA 04 FILHA 
ADELAIDE 08 FILHA 
GIUSEPPE 02 FILHO 
MARIA 70 MÃE 

SCURO BORTOLO 28 MARIDO 
TERESA 27 ESPOSA 
PIETRO 02 FILHO 

MION GIUSEPPE 29 MARIDO 
ANNA 23 ESPOSA 
ALBINA 01 FILHA 
ALESSANDRO 03 FILHO 
MARIA 59 MÃE 

ZORZAN ISIDORO 49 MARIDO 
CATERINA 42 ESPOSA 
ELVIRA 02 FILHA 
GIUSEPPE 17 FILHA 
M
ARIA TERESA 22 FILHA 
GIUSEPPE 15 FILHO 
ANTONIO 13 FILHO 

VILLANI GIOVANNI 33 MARIDO 
CARTELINDA 26 ESPOSA 
GIUSEPPE 03 FILHO 

FINATI VITTORIO 30 MARIDO 
NAZZARENA 25 ESPOSA 
MARIA 03 FILHA 
LUIGIA 01 FILHA 

MILLEGARO ANGELO 35 MARIDO 
MARIA 32 ESPOSA 
AUGUSTA 07 FILHA 
EMILIA 02 FILHA 

FRANCESCHINI CATERINA 35 MÃE 
NARCISA 12 FILHA 
ROSA 07 FILHA 
ANGELO 09 FILHO 

ZANESI EUSEBIO 22 MARIDO 
LETIZIA 23 ESPOSA 
ANTONIO 01 FILHO 

SPERONELLO LUIGI 39 MARIDO 
GIUSTINA 31 ESPOSA 
ANGELA 12 FILHA 
GIUDITTA 04 FILHA 
CARLO 01 FILHO 
GIUSEPPE 08 FILHO 

CHIERON ANGELO 35 MARIDO 
AMABILE 30 ESPOSA 
CAROLINA 07 FILHA 
LUIGI 04 FILHO 
ANTONIO 02 FILHO 

BALZANO LUIGI 29 MARIDO 
CARMELA 40 ESPOSA 
ANGELO 07 FILHO 
PASQUALE 06 FILHO 

BARBIERI LUIGI 35 MARIDO 
TERESA 30 ESPOSA 
ORSOLA 05 FILHA 
GIACOMO 02 FILHO 

POLO BENEDETTO 42 MARIDO 
ELENA 36 ESPOSA 
VIRGINIA 02 FILHA 
EMILIA 17 FILHA 
PIETRO 15 FILHO 

PEROSA GIOVANNI BATTISTA 28 MARIDO 
MARIA 31 ESPOSA 
ROSALIA 04 FILHA 
ANTONIO 01 FILHO 

PEDRAZZOLI ANGELO 19 CHEFE 
LIBERA 17 IRMÃO 

ROSSI ANTONIO 50 MARIDO 
DOMENICA 50 ESPOSA 
ERMINIA 10 FILHA 
ANGELO 20 FILHO 

FABRIS FRANCESCO 42 MARIDO 
CATERINA 37 ESPOSA 
MARIA 10 FILHA 
CATERINA 07 FILHA 
LUCIA 15 FILHA 
CARLO 04 FILHO 
EMILIO 02 FILHO 

BRIGATO LUIGI 33 MARIDO 
CATERINA 29 ESPOSA 
GIUSEPPE 04 FILHO 

SPELLER ANTONIO 33 MARIDO
MARIA 30 ESPOSA 
ANTONIO 02 FILHO 
DOMENICO 05 FILHO 
GIACOMO 03 FILHO 
 
GLISA GIUSEPPE 46 MARIDO 
TERESA 36 ESPOSA 
MARIA 14 FILHA 
CATERINA 08 FILHA 
ANGELA 04 FILHA 
GIOVANNI 11 FILHO 

MARSICANO MICHELE 37 MARIDO 
ANNA 45 ESPOSA 
GIUSEPPE 11 FILHO 
VINCENZO 14 FILHO 

ZARANTONELLO DOMENICO 33 MARIDO
CELATO ANGELO 15 AGREGADO 
DOMARIA 30 ESPOSA 
MARIA 08 FILHA 
TERESA 04 FILHA 
 
GRECHI LORENSO 44 MARIDO  
ALBA 40  ESPOSA  
PALMINA 10 FILHA 
MARIA 19 FILHA 
EUGENIO 16 FILHO 
GUGLIELMO 04 FILHO 
VITALE 07 FILHO 

BOLOGNERI GIO BATTA 23 MARIDO  
CESINA 22  ESPOSA  
ELISA 01 FILHA 

BOTOVIN GERMANO 35 MARIDO 
LUIGIA 27  ESPOSA  
DILETTA 01 FILHA 
LUVIA 04 FILHA 
ROZA 63 MÃE 

ZUBBIOLO GAETANO 33 MARIDO  
CATARINA 30  ESPOSA  
VIRGINIA 06 FILHA 
PIETRO 02 FILHO 
LUIGI 08 FILHO 

CAMELATO PASQUALE 53 MARIDO  
GIUDITTA 31  ESPOSA  
ANGELA 09 FILHA 
MARIETTA 12 FILHA 
GIOVANNI 05 FILHO 
ALBERTO 01 FILHO 

ARDINNI PIETRO 54 MARIDO  
GIUSEPPINA 53  ESPOSA  
EVANG.ta 21 FILHO 
LUIGI 22 
REGINA 19 NORA 

VENDRAMINI GIOSUÉ 50 MARIDO 
TEREZA 47  ESPOSA  
ANGELA 10 FILHA 
MADDALENA 21 FILHA 
ALESSIO 15 FILHO 
LUIGI 26 FILHO 
GIOVANNI 17 FILHO 

MARCHIORI CARLO 16 MARIDO
PIETRO 75 AVÔ 
REGINA 45 MÃE 

GRECHI EURICO 46 MARIDO  
TERESA 42  ESPOSA  
VITTORIO 20 FILHO 
TEREZA 27 NORA 

SARSO ANGELO 39 MARIDO ITALIANA
CATERINA 55  ESPOSA  
ALBERTO 14 FILHO 
ANTONIO 19 FILHO 

TREVISAN ANGELO 43 MARIDO 
ANNA 46  ESPOSA  
LUIGIA 12 FILHA 

CORSINI BORTOLO 59 MARIDO  
STELLA 58 FILHO CASADO 
DOMENICO 35 FILHO 
CATERINA 29 FILHA 
ALIANO NICOLA 70 PAI 

PIZZO ANDREA 41 MARIDO 
ROZA 39  ESPOSA  
CONCETTA 13 FILHA 
LUIGI 16 FILHO 

MAMPRESO ANTONIO 32 MARIDO  
EUGENIA 29  ESPOSA  
VIRGINIA 03 FILHA 
ELISABETTA 43 IRMà
ANGELA 67 MÃE 
VITTORIO 05 

BARBIERI GIO BATTA 56 MARIDO
MADDALENA 50  ESPOSA  
MARIA 14 FILHA 
LUCIA 26 FILHA 
GIOVANNI BATTISTA 13 FILHO 
 
SAPORE GIUSEPPE 49 MARIDO 
ANTONIA 48  ESPOSA  
MARIA 04 FILHA 
AGOSTINO 24 FILHO 

ZUCCORATO ANTONIO 23 CHEFE 
SANTA 26 IRMÃO 
MARGHERITA 46 MÃE 

DANZO FEDERICO 48 MARIDO 
SANTA 48  ESPOSA  
ELISA 20 FILHA 
GIOVANNI 06 FILHO 
GIROLAMO 16 FILHO 

RUFFATO LUIGI 55 PAI 
GIUSEPPE 15 
PASQUALE 22 

PAVESE LUIGI 47 
EMILIO 20 
ROZA 45 

PERZOLO FRANCESCO 27 MARIDO  
SILVIA 22  ESPOSA  

ZAPPAROLLI LORENZO 38 MARIDO  
PLACIDA 38  ESPOSA  

GALASSI FRANCESCO 24 MARIDO 
RACHELE 20  ESPOSA  
 
SUINO GIOVANNI 35 MARIDO 
GIOVANNA 32  ESPOSA  
 
GIACCHETTO FEDERICO 26 MARIDO 
ROZA 23  ESPOSA  

 ZANELLA PROSPERO 33 MARIDO  
 CECILIA 25  ESPOSA  

GIOVANNI FERNANDO 28 SÓ SOLTEIRO 

STAGI GIOVANNI 26 SÓ 

MORI GIO BATTA 41 SÓ

RIZZATTO ANTONIO 24 SÓ 

GUAGLIANONE VINCENZO 22 SÓ 

GRAZZATO NATALE 22 SÓ 

NATALI ETTORE 20 SÓ

DUBILLI DOMENICO 33 SÓ 

ZOVIANI GIOVANNI 38 SÓ 

FRIZZO FELICIANO 24 SÓ 

PRANDI PAOLO 22 SÓ 

CAPPI TEMPIRICO 26 SÓ

FACCINI EURICO 20 SÓ 

ZANE DOMENICO 37 SÓ 

PIA PIETRO 24 SÓ 

SIMONCELLI FRANCISCO 30 SÓ 

GARCIA LOPES ANTONIO 20 SÓ ESPANHOLA 

JORENTE FELIPPE 19 SÓ ESPANHOLA 

MUCLACLARO CORBANTINO 49 MARIDO ESPANHOLA 
TEREZA 46 ESPOSA ESPANHOLA C. DI NAPOLI CASADO

FERRARESE PIETRO 56 PAI ESPANHOLA 
MARIA 19 NETA ESPANHOLA  
DOMENICO 22 NETO ESPANHOLA 

DASIE GIOVANNI 37 MARIDO ESPANHOLA 
MARIA 37 ESPOSA ESPANHOLA  CASADO 
GENOVEFFA 03 FILHA ESPANHOLA 
FERDINANDO 12 FILHO ESPANHOLA 
ANTONIO 01 FILHO ESPANHOLA 
ERMINIO 08 FILHO ESPANHOLA 

LUIGIA 22  CASADA
ANGELO 01 FILHO 

BATASIRA CARLO 43 MARIDO  
RADEGONDA 43  ESPOSA 
AGUSTINA 18 FILHA 
OLIVIA 15 FILHA 
AGATA 07 FILHA 
VITTORIA 03 FILHA 
EMILIO 17 FILHO 
BELLINO 12 FILHO 
TALMIRO 10 FILHO 
EURICO 05 FILHO 

MONPELLI GIUSEPPE 53 MARIDO 
LAURA 41  ESPOSA  
BAMVINA 19 FILHA 
 
BAGLIARDIN MARCO 47 MARIDO  
ANGELA 35  ESPOSA  
MARIA 04 FILHA 
GIUSEPPE 08 FILHO 
SANTA 10 FILHO 
EMILIO 16 FILHO 

CANDIAN BENVENUTO 28 MARIDO 
TEREZA 26  ESPOSA  
GIOVANNA 03 FILHA 
ANGELO 01 FILHO 

CELARDI CANTORE 40 MARIDO 
GIOVANNA 40  ESPOSA  
RAFFAELA 04 FILHA 
MARIA 07 FILHA 
ISABELLA 13 FILHA 
ANGELA 09 FILHA 
GIUSEPPE 01 FILHO 
ROCO 02 FILHO 

CAPELLIN GIOVANNI 32 MARIDO
CATARINA 26  ESPOSA  
AURELIA 03 FILHA 
VITTORIO 05 FILHO 
UMBERTO 01 FILHO 
 
TEBALDO VINCENZO  61 MARIDO  
LAETICIA 51 ESPOSA
DONATO 29 FILHO 
ANNUNCIATA 29 NORA 
120 02186 MARIA 04 FILHA 
120 02186 ANTONIO 01 FILHO 
EDVIG 13 FILHA 

PICCOLO GIOVANNI BATTISTAta 43 MARIDO
ANTONIA 37  ESPOSA  
ROZA ? FILHA 
GENOVEFFA 06 FILHA 
BORTOLO 12 FILHO 
GIUSEPPE 09 FILHO 
 
TOLINI GENOVEFFA 10 AGREGADO 
MARCHI FRANCISCO 43 PAI 
OLGA 15 FILHA 
GIOVANNI 07 FILHO 
RODOLFO 12 FILHO 

STEVANNI ANDREA 27 MARIDO 
ROZA 24  ESPOSA  
GIUGLIO 07M FILHO 
GIOVANNI 03 FILHO 

ROSSATO CARLO 29 MARIDO 
ANGELA 25  ESPOSA 
FRANCISCO 55 CUNHADO 
AUGUSTO 04 FILHO 
ZARIA 01 FILHO 
GIOVANNI B. 12 

LIDO GIOVANNI 28 MARIDO 
ANNA 26  ESPOSA  
BENVENUTO 01 FILHO 

TESTA GIUSEPPE 29 MARIDO 
SANTA 25  ESPOSA  
MARIA 03 FILHA 
SANTA 63 MÃE 

BEASSON ANTONIO 32 MARIDO 
MARIA 29  ESPOSA  
LUIGI 07 FILHO 

BRANDO ANANIA 33 MARIDO 
CATARINA 26  ESPOSA  
CECILIA 05 FILHA 
ELISA 03 FILHA 
ÂNGELO 04 FILHO 

LIZO ROCCO  33 MARIDO
FRANCISCA 25 ESPOSA C. DI NAPOLI CASADO 
 
TREVISAN DOMENICO 47 MARIDO
ANTONIA 42  ESPOSA  
MARIA 09 FILHA 
ROZA 14 FILHA 
LUIGI 03 FILHO 
GIOVANNI 05 FILHO 
SANTE 16 FILHO 
 
PICCOLI VIRGILIO 48 MARIDO 
GIUSTINA 38  ESPOSA  
MARIA 05 FILHA 
GIACOMO 10 FILHO 
MAXIMILANO 12 FILHO 

BERIGAN EVANGELISTA 44 MARIDO 
MARIA 40  ESPOSA  
GIULIETTA 17 FILHA 
ANGELINA 05 FILHA 
FELICE 01 FILHO 
FELISBERTO 14 FILHO 
MICHELE 12 FILHO 

RISSOTO GIOVANNI 30 MARIDO 
MARIA 24  ESPOSA  
GUERINA 04 FILHA 
TEREZA 55 MÃE 

VOLPATO GIACOMO 28 MARIDO 
CATARINA 26  ESPOSA  
VITTORINE 03 FILHO 
ANTONIO 02 FILHO
ANTONIO 66 PAI 

ZACCHIN GIOVANNI BATTISTA 33 MARIDO 
AMALIA 30  ESPOSA  
MARIA 02 FILHA 
GIOVANNI BATTISTA 07 FILHO 

PIAZZO EMILIO 19 AGREGADO 
MARCHISIN LUIGI 47 MARIDO 
FILOMENA 41  ESPOSA  
GIUGLIA 08 FILHA 
CAROLINA 04 FILHA 
ANTONIO 15 FILHO 
GIOVANNI 07 FILHO 
MATTEO 14 FILHO 
UMBERTO 10 FILHO 
FORTUNATO 18 FILHO 
AUGUSTO 12 FILHO 
ANGELA 03 FILHA 

GEOMBELLI GIUSEPPE 32 MARIDO 
CRISTINA 22  ESPOSA  
CAMILLA 03 FILHA 
CLITO 07 FILHO 
CELESTO 47 IRMÃO 

ZAMIN GIUSEPPE 27 MARIDO
OLIVA 24  ESPOSA  
MARIA ? FILHA 
PIETRO 03 FILHO 
 
CAVICHIOLLI ADAMO 37 MARIDO
GIOVANNA 34  ESPOSA  
MARIA 07 FILHA 
ADELE 03 FILHA 
ATTILIA 12 FILHA 
ANSELMO 09 FILHO 
 
GREGORATO LUIGI 37 MARIDO
MARIA 36  ESPOSA  
REVENTO 05 FILHO 
BENGAMIN 02 FILHO 
TEREZA 17 NETO 

BANALDI LUIGI 48 MARIDO 
ROZA 38  ESPOSA  
GIUSTINA 04 FILHA 
LUIGIA 02 FILHA 
REGINA 07 FILHA 
MICHELA 14 FILHA 
ANNA 09 FILHA 
DOMENICO 05 FILHO 
PIETRO 12 FILHO 

GIANELLO BORTOLO 47 PAI 
LUIGIA 16 FILHA 
ANGELA 18 FILHA CASADA 
AMALIA 14 FILHA 
GIOVANNI 10 FILHO 
BENEDITTO 12 FILHO 

BEFFI ALEXANDRE 41 MARIDO 
MARIA 39  ESPOSA  
BAMLENA 13 FILHA 
LUIGI 08 FILHO 
GIOVANNI 02 FILHO 

GAZELLI GIUSEPPE 40 PAI 
ROZA 14 FILHA 
VITTORIA 12 FILHA 
GIOVANNI 17 FILHO 
PIETRO 10 FILHO 

VACCHARO DOMENICO 43 MARIDO 
LUIGIA 33  ESPOSA  
ADELAIDE 15 FILHA 
EMMA 12 FILHA 
CORLANTE 13 FILHO 
VITTORIO 03 FILHO 
ORESTO 01 FILHO 

NICOLLETTO CARLO 29 MARIDO 
ARGIA 26  ESPOSA  
ARSENIO 07 FILHO 
ANTONIO 04 FILHO 
ANIALOR 02 FILHO 
GIUDITA 65 MÃE 

LATTO BORTOLO 46 MARIDO  
DOMENICA 43  ESPOSA  
DORIA 08 FILHA 
MARIA 13 FILHA 
CAROLINA 07 FILHA 
ANNA 17 FILHA 

PEVAROLI DOMENICO 48 MARIDO 
ADELAIDE 46  ESPOSA  
LIBERA 14 FILHA 
MAXIMO 04 FILHO 
GIUSEPPE 19 FILHO 
AMALIA 30 CASADA 
GUIDONE 03 FILHO 
GIOVANNI 09 FILHO 
ONORINDO 01 FILHO 
ROBERTO 07 FILHO 
ROSA 

BERIA G. B MARIDO 
MADDALENA 27 ESPOSA 
MARIA 12 FILHA 
GINEORA 07 FILHA 
AMALIA 03 FILHA 

TREVISAN GIUSEPPE 64 PAI 
ANNA 33 NORA 
MARIA 10 NETA 
LUIGIA 05 NETA 
EMILIO 12 NETO 
GIUSEPPE 08 NETO 

GODIM GAETANO 37 MARIDO
ELISA 36 ESPOSA 
ANGELA 04 FILHA 
NARCISO 10 FILHO 
GIUSEPPE 12 FILHO 
ANTONIO 01 FILHO 
 
GIOSSI GIROLAMO 24 MARIDO
CATERINA 24 ESPOSA 
 
DAVAN GIOVANNI 30 MARIDO 
MARIA 21 ESPOSA 
ROSA 01 FILHA 

MAIAN DESIDERIO 40 MARIDO 
COSTANTINA 40 ESPOSA 
PIETRO 13 FILHO 

BARISON GIUSEPPE 50 PAI 
AMALIA 18 FILHA 
IDA 07 FILHA 
EMILIO 15 FILHO 
ANTONIO 20 FILHO 
ALBANO 09 FILHO 

FRANCISCA 41 ESPOSA
ANGELA 14 FILHA 
ROSA 18 FILHA 
GIOVANNA 20 FILHA 
MADDALENA 05 FILHA 
GIOVANNI 12 FILHO 

STRAPAZZON GIOVANNI 33 MARIDO 
TONIN CATERINA 33 ESPOSA 
PALMA 07 FILHA 
MARIA 03 FILHA 
IDA 10 FILHA 
RODOLFO 05 FILHO 
GIOVANNI 08 FILHO 

PIANAETI DOMENICO 51 MARIDO
MARIA 43 ESPOSA 
LUIGIA 08 FILHA 
AMALIA 05 FILHA 
CATERINA 17 FILHA 
SEBATINO 12 FILHO 
 
BONETH GIACINTO 60 MARIDO 
MADDALENA 45 ESPOSA 
ROSA 03 FILHA 
GIOVANNI 09 FILHO 
GIUSEPPE 10 FILHO 

GUERRA CAMILLO 33 MARIDO 
ARPALICE 29 ESPOSA 
LOLIDEA 07 FILHA 
CLELIA 04 FILHA 
GIUSEPPE 01 FILHO 
MARIA 20 IRMà
ANGELINA 60 MÃE 

LAVORENTI SANTE 45 MARIDO 
GIUSEPPE 35 ESPOSA 
MARGHERITA 07 FILHA 
UMBERTO 12 FILHO 
ANGELO 16 FILHO 
DENI 10 FILHO 
GIOVANNI 04 FILHO 

BUGNO FRANCESCO 53 MARIDO 
MARIA 48 ESPOSA 
ANTONIA 16 FILHA 
CATERINA 10 
GIOVANNI 04 
ANGELA 14 
ANTONIO 08 

MASINI REGINA 29 MÃE VIÚVO 
ANTONIO 10 FILHO 
LUIGIA 60 MÃE
 
TURCHETTI GIOVANNI 69 PAI 
ANTONIO 30 FILHO 
FERDINANDO 27 FILHO 
MARIA 25 NORA 
MARIA 58 SOGRA
 
TAGLIARO DOMENICO 57 PAI 
ERMENEGILDO 25 FILHO 
ANTONIO 28 FILHO 
LUCIA 21 NORA 

DEL FERRO FRANCESCO 32 MARIDO 
ANGELICA 25 ESPOSA 
MARIA 01 FILHA 
GIUSEPPE 03 FILHO 

CORTURA GIACINTO 58 MARIDO 
ANGELA 50 ESPOSA 
ELISABETTA 24 FILHA 
GIOVANNI 20 FILHO 

STEFANIN SANTE 57 MARIDO
MARIA 51 ESPOSA 
CATERINA 15 FILHA 
LUIGIA 21 FILHA 
 
MARTINELLO MICHELE 50 MARIDO 
MARIA 48 ESPOSA 
SPERANZA 17 FILHA 
MARIA 14 FILHA 

BAS ANGELO 26 CHEFE 
TERESA 17 IRMà
SANTA 49 MÃE 
LORENZO 74 PAI 

MUMPRESO DOMENICO 55 MARIDO 
BERTOLINA 48 ESPOSA 
CLEOFE 10 FILHA 
GIOVANNIa 16 FILHA 
BENEDETTO 13 FILHO 

MOSTRELLA GIOVANNI BATTISTA 59 MARIDO 
GIUDITTA 58 ESPOSA 
MAURIZIO 28 FILHO 
SILVIO 17 FILHO 

MARTINELLI LUIGI 37 MARIDO 
ANGELA 27 ESPOSA 
EULALIA 07 FILHA 
MARCELLA 12 FILHA 
TERESA 64 MÃE 
MARTINELLI LUIGI 37 MARIDO 
ANGELA 27 ESPOSA 
EULALIA 07 FILHA 
MARCELLA 12 FILHA 
TERESA 64 MÃE 

GHIROTTO ANTONIO 56 MARIDO
CECILIA 54 ESPOSA 
PIETRO 20 FILHO 
 
ANDREATO TOMASO 64 MARIDO
ROSA 51 ESPOSA 
LUIGI 15 FILHO 
GIACINTO 12 FILHO 
 
POSSER ANTONIO 61 MARIDO 
MARIA 55 ESPOSA 
VIRGINIA 17 FILHA 
GIUSEPPE 24 FILHO 
ROSA 25 NORA 

AMADEO GIOVANNI 60 PAI 11/08/1891 
ANGELA 17 FILHA 
PIETRO 26 FILHO 
GIACINTO 23 FILHO 
MARGHERITA 27 NORA 
REGINA 20 NORA 

CERA LUIGI 63 MARIDO 
MARIANNA 54 ESPOSA 
GIOVANNI 24 FILHO 

ROSA ANTONIO 28 MARIDO
ANGELA 22 ESPOSA 
 
VALENTINI CARLO 56 MARIDO 
LUIGIA 49 ESPOSA 
ROMANO 15 FILHO 

GANCO ISIDORO 49 MARIDO
LUIGI 50 ESPOSA 
TERESA 20 FILHA 
MARIA 71 MÃE 
INNOCENTE 77 PAI 

ALQUATI CARLO 28 MARIDO 
LUCIA 24 ESPOSA 

CIBELLI VITA 25 MARIDO 
SERAFINA 20 ESPOSA 

PIOVAN CATERINA 65 MÃE 
ANNUNCIATA 27 FILHA 

PADOVAN GIOVANNI 26 MARIDO 
GIUSEPHINA 28 ESPOSA 

MARASCHIN ANGELO 30 MARIDO 
MARIA 26 ESPOSA 

GIACOMELLI ANTONIO 27 SÓ 

LISSA FRANCESCO 18 SÓ 

ROSSI ANGELO 25 CHEFE 
PIETRO 31 IRMÃO 

FERLIN ISIDORO 52 PAI 
ARTURO 12 FILHO 

D'ANGELO ANTONIO 57 PAI 
LUIGI 21 FILHO 

MUTTERLE ANGELO 52 PAI 
GIUSEPPE 22 FILHO 

PADOVAN LUIGI 34 MARIDO 
GIACOMA 35 ESPOSA 

TIANELLO SEBASTIANO 32 SÓ 

CIAGIBELLI PIETRO 25 SÓ 

POSSOBAN VITTORIO 35 SÓ 

MEGLIORANZI ANTONIO 32 SÓ 

PASQUALINATO PIETRO 25 SÓ 

RAVAGO LUIGI 32 SÓ 

TAFFAREL GIOVANNI 24 SÓ 

BERNARDI GIUSEPPE 25 SÓ 

COLMAOR CANDIDO 20 SÓ ITALIANA

TRALLI VINC.o 24 SÓ 

REATI DOMENICO 24 SÓ 

BRUN GIUSEPPE 47 SÓ 

BIRAL PIETRO 22 SÓ 

CONTARIN FRANCESCO 23 SÓ 

CEUSI PIETRO 30 SÓ 

FURLANETTO GIOVANNI 41 SÓ 

PAGIOLLI PIETRO 22 SÓ 

PALANGO GIOVANNI 32 SÓ 

MARTINELLO GIORDANO 26 SÓ 

GHISATI GIOVANNI 29 SÓ 

LAZZARI GIOVANNI 23 SÓ 

BELLENTONI ADAMO 28 SÓ 

FITZPATRICK CORNELIUS 24 SÓ INGLESA 

FABRELLI FRANCESCO 40 SÓ 

MADDALENA BENVENUTO 31 SÓ 

TANDIN VIRGINIO 24 SÓ 

CISCO EUGENIO 26 SÓ 

ZANASCO GIUSEPPE 40 SÓ 

MASSINIAN PIETRO 23 SÓ 

CASA FELICE 21 SÓ 

BUCHINI CARLO 20 SÓ 

BONFATTI AGOSTINO 21 SÓ 

FERRARI CARLO 20 SÓ 

ZERINA GIOVANNI 25 SÓ AUSTRIACA