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domingo, 26 de fevereiro de 2023

Os Emigrantes Italianos

 




Em um tempo não tão distante assim, os italianos eram iguais aos atuais imigrantes do leste europeu ou aqueles dos países localizados abaixo do deserto do Saara, que, aos milhares, chegam todos os anos às praias da Itália ou de outros países da Europa.

No arco de um século, entre os últimos 25 anos do século XIX, aproximadamente de 1875 e 1975, um verdadeiro êxodo de quase 30 milhões milhões de italianos fugiram de um país apenas unificado alguns anos antes, de uma Itália com graves problemas socioeconômicos, para escapar da fome, da pobreza e do desemprego. 

O mercado mundial de trabalho frequentemente está mudando de lado e as pessoas procuram fugir de seus países quando neles já não existe mais perspectivas de futuro.

O mítico Brasil, um tempo sinônimo de América, era uma das metas sonhadas pelos emigrantes pioneiros, mas também se zarpava aos milhares para a Argentina e Estados Unidos. Esses foram os três principais destinos escolhidos por aqueles que partiam entre 1875 e 1914. 

Em diversos outros períodos da história da grande migração, os países europeus, mais ricos e desenvolvidos, também exerceram forte atração para o quase sempre pobre e analfabeto emigrante italiano que pretendia deixar o país. 

Milhões deles encontraram trabalho principalmente na França, Alemanha, Bélgica e, em muito menor número, em alguns países do leste europeu chegando até a Romênia.

Os italianos devem sempre ter em mente que houve um tempo em que eles eram os imigrantes indesejados. Pobres, maltrapilhos, sujos e analfabetos invadiam países já mais ricos e com costumes mais refinados.

Milhares desses emigrantes italianos sentiram na própria pele o que é o racismo e a indiferença das pessoas nativas, nas cidades onde se instalavam, principalmente em alguns países da Europa e nos Estados Unidos.





segunda-feira, 22 de agosto de 2022

A Emigração Italiana e Preconceitos

Bairro italiano em New York

 

À partir de 1861 uma verdadeira multidão de italianos, do norte ao sul do país, calculada em aproximadamente 30 milhões de pessoas: homens, mulheres e crianças, deixaram suas vilas e pequenas cidades, transladando-se para o exterior, em busca de uma vida melhor.

Os detratores desse grande movimento migratório, geralmente, em artigos da imprensa que refletiam o pensamento dos grandes empresários e proprietários de terras, que viam a até então farta mão de obra, obediente e barata, escassear, diziam que essas pessoas que abandonavam a Itália eram indivíduos gananciosos que estavam deixando o país em busca da "cucagna", aventurando-se além mar em terras do Novo Mundo.

Entretanto, na realidade, essa "cucagna" que buscavam nada mais era que um trabalho digno  que pudesse garantir um prato de comida e um futuro melhor.

No exterior, esses pobres emigrantes quase sempre, eram recebidos com  reservas e preconceitos pelas populações locais, que viam esses novos recém chegados como competidores desleais nos diversos postos de trabalho



A situação econômica cada vez pior e o aumento da convulsão social no novo país criado, agravada pelos anos conturbados para a unificação, foi o estopim que faltava para desencadear o grande êxodo. 

A emigração começou pelos pequenos agricultores e artesãos do norte da Itália, para destinos tão distantes como o Brasil, Argentina e Estados Unidos. 

Os primeiros contingentes de emigrantes eram formados por inteiras, predominantemente do Vêneto e da Lombardia,  que emigravam definitivamente para as recém criadas colônias italianas do sul do Brasil, onde o governo imperial brasileiro iniciava um vasto programa de ocupação da terra e de colonização ou, também,  para as grandes plantações de café dos estados de São Paulo e Espírito Santo, em substituição da mão de obra escrava, liberta alguns anos antes.

Esses primeiros contigentes de emigrantes italianos destinados ao Brasil, tiveram a sua viagem subsidiada pelo governo ou pelos grandes proprietários rurais, interessados naquela mão de obra.  

Aqueles que saíam das regiões centro norte no início embarcavam no porto de Gênova e aqueles das províncias do sul italiano pelo porto de Nápoles. 

A quase totalidade dos emigrantes eram colocados nas acomodações de terceira classe, mal acomodados nos porões dos navios, em situação bastante precárias de conforto e higiene. Nos primeiros anos da grande emigração, esses navios, alguns deles verdadeiras sucatas, com suas estivas recém  adaptadas para transportar pessoas, não possuíam instalações sanitárias ou mesmo água corrente para os passageiros. Baldes de madeira com tampa, colocados nas extremidades das longas filas de beliches, era tudo que existia para os emigrantes satisfazerem as suas necessidades, durante toda a travessia, que poderia durar mais que um mês de viagem.

Muitos deles não tiveram oportunidade de conhecer o Novo Mundo, morrendo por epidemias  que frequentemente surgiam a bordo. Outros deles, e não foram poucos, uma vez alcançado o tão sonhado destino, não puderam desembarcar e tiveram que retornar ao porto de origem. Graves epidemias surgidas a bordo, ocasionando inúmeras mortes, principalmente pelo cólera, fizeram com que as autoridades sanitárias do porto não dessem o aval para o desembarque. 

Nem mesmo os membros das tripulações tinham ordem para desembarcar e o navio só podia ancorar fora do porto, alguns quilômetros em alto mar, para reabastecimento de água, víveres e carvão. 

Esses navios,  com toda a sua carga de infelizes emigrantes, tiveram que empreender a viagem de retorno, para o mesmo porto na Itália de onde tinham saído. Como as epidemias demoravam para serem vencidas, muitas outras mortes ocorreriam nessas viagens de retorno.

Nos Estados Unidos, a conquista de um lugar na nova pátria foi ainda mais complicado que nos países da América do Sul. O trabalho também era muito árduo e a competição bastante severa. 

As constantes perseguições sofridas pelos imigrantes italianos, por preconceito racial e medo da concorrência, por parte dos americanos e de imigrantes de outras nacionalidades, fizeram com que passassem a morar em guetos, ou bairros de italianos e  frequentar escolas paroquiais, retardando a disseminação do inglês nessas comunidades. 

Os americanos, no auge do preconceito diziam que "os italianos não eram brancos, nem descaradamente negros".  Eram considerados por muitos, uma raça inferior "uma linhagem de assassinos, anarquistas e mafiosos". Esse preconceito dos americanos para com os italianos perdurou praticamente até os anos da segunda guerra mundial. 




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS


    




quarta-feira, 4 de abril de 2018

Emigração Italiana Um Fenômeno de Grandes Proporções


Entre os anos de 1876 e 1900 aconteceu um dos maiores êxodos conhecidos. Era a grande emigração em massa dos italianos, quando então mais de cinco milhões de homens, mulheres e crianças, deixaram o país em busca de trabalho e de uma vida mais digna para as suas famílias.
Nessa época o destino dessa grande massa de italianos estava orientada para o Brasil, Argentina, Estados Unidos. Alguns outros países também receberam esses emigrantes mas em bem menor número. 


Até então a Itália a já conhecia a emigração sazonal, onde milhares de trabalhadores emigravam, geralmente, para países vizinhos aproveitando a época de inverno. Também existia a emigração “golondrina” de agricultores que se dirigiam para países mais distantes, como a Argentina, para o período de colheita naqueles países, mas depois retornavam. Geralmente não era uma emigração em definitivo, o emigrante assim que podia voltava para casa e talvez se comprasse um terreno ou iniciava uma atividade como artesão.
Lembramos também da emigração das amas de leite, as balias, como as mulheres da província vêneta de Beluno, que se espalhavam por toda a Itália e na Áustria, servindo as famílias ricas e nobres que as contratavam para amamentarem seus filhos.
A característica comum de todas essas emigrações, até então conhecidas, era que terminado o período do contrato, todos retornavam para as suas casas na Itália trazendo consigo as economias que tinham conseguido. 



No inicio da emigração de massa os que emigravam partiam sozinhos, geralmente os homens e depois de muito tempo, chamavam a família ou ainda, se solteiros, escreviam aos seus parentes para escolherem uma mulher para eles. A mulheres casavam por procuração e partiam para encontrar, e conhecer, os seus maridos no exterior.
Os primeiros à emigrar em definitivo foram aqueles que viviam nas zonas em que os problemas sociais eram maiores e onde a fome já tinha se tornado insuportável. Eram especialmente emigrantes das montanhas vênetas e do sul da Itália. No norte a recente anexação do Vêneto pelo Reino da Itália agravou ainda mais a situação para os pequenos agricultores, que até então se mantinha em relativo controle. O preço pela unificação da Itália foi pago pelos mais pobres e desprotegidos da sociedade italiana. A desnutrição estava difundida no sul do país e no norte grassava a pelagra, uma grave doença originada pela má alimentação, exclusivamente à base do milho e ausência de proteínas. 




Do ano de 1900 até 1914 a emigração italiana foi estimada em seiscentos mil pessoas ao ano. Já não emigravam somente os trabalhadores, mas, inteiras famílias, para não mais retornarem.
Ao estourar a I Guerra Mundial o movimento emigratório se reduziu, sendo que de 1915 a 1918 era de noventa mil ao ano. Passado esse período a emigração deu novamente um salto elevando substancialmente o número de emigrantes ao ano.
Nos anos 1921 e em 1924 surgiram leis nos Estados Unidos que fixavam quotas para cada país de emigração e depois da crise de 1928 neste país a emigração cessou. No Brasil também surgiram leis que procuravam evitar a emigração indiscriminada. Os analfabetos não eram mais bem vindos e se procurava trabalhadores qualificados que favoreceram a emigração urbana e industrial.
Durante o período fascista a emigração tomou um rumo bem diverso, apesar da política contra a emigração, ainda partiam da Itália cento e noventa mil emigrantes ao ano. Nesse período também aconteceu a denominada emigração guiada, ou dirigida, onde pessoas escolhidas, sempre entre as mais fervorosas simpatizantes do regime, eram enviadas para países da América do Sul, inclusive o Brasil, para regiões onde a presença italiana era grande. A política foi de facilitar a vinda desses novos emigrantes italianos, que tinham em comum um novo perfil, geralmente profissionais liberais, comerciantes e operários qualificados. Foram enviados pelo governo italiano para implantarem aqui no Brasil células fascistas, os conhecidos fascios, criando assim condições locais para o crescimento do fascismo. Nas zonas coloniais italianas do Rio Grande do Sul, em quase todas as cidades, essas células fascistas prosperaram bastante e chegaram a contar com um grande número de adeptos.
Este fenômeno também surgiu em São Paulo e em outros estados onde os italianos tinham se instalado. Era comum acontecerem encontros, festividades e desfiles, em datas cívicas italianas, desses partidários de Mussolini, endossando o tradicional uniforme de cor negra. Também era possível encontrar nesses locais as festividades e desfiles com crianças vestidas com o tradicional uniforme negro, com uma espécie de boina da mesma cor na cabeça, eram os chamados balillas.  
A II Grande Guerra, em 1939 colocou um fim na emigração italiana em massa.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta

Erechim RS