Entre
os anos de 1876 e 1900 aconteceu um dos maiores êxodos conhecidos. Era a grande
emigração em massa dos italianos, quando então mais de cinco milhões de homens,
mulheres e crianças, deixaram o país em busca de trabalho e de uma vida mais
digna para as suas famílias.
Nessa
época o destino dessa grande massa de italianos estava orientada para o Brasil,
Argentina, Estados Unidos. Alguns outros países também receberam esses
emigrantes mas em bem menor número.
Até então
a Itália a já conhecia a emigração sazonal, onde milhares de trabalhadores
emigravam, geralmente, para países vizinhos aproveitando a época de inverno.
Também existia a emigração “golondrina” de agricultores que se dirigiam para
países mais distantes, como a Argentina, para o período de colheita naqueles
países, mas depois retornavam. Geralmente não era uma emigração em definitivo,
o emigrante assim que podia voltava para casa e talvez se comprasse um terreno
ou iniciava uma atividade como artesão.
Lembramos
também da emigração das amas de leite, as balias, como as mulheres da província
vêneta de Beluno, que se espalhavam por toda a Itália e na Áustria, servindo as
famílias ricas e nobres que as contratavam para amamentarem seus filhos.
A
característica comum de todas essas emigrações, até então conhecidas, era que terminado
o período do contrato, todos retornavam para as suas casas na Itália trazendo
consigo as economias que tinham conseguido.
No
inicio da emigração de massa os que emigravam partiam sozinhos, geralmente os
homens e depois de muito tempo, chamavam a família ou ainda, se solteiros, escreviam
aos seus parentes para escolherem uma mulher para eles. A mulheres casavam por
procuração e partiam para encontrar, e conhecer, os seus maridos no exterior.
Os
primeiros à emigrar em definitivo foram aqueles que viviam nas zonas em que os
problemas sociais eram maiores e onde a fome já tinha se tornado insuportável.
Eram especialmente emigrantes das montanhas vênetas e do sul da Itália. No
norte a recente anexação do Vêneto pelo Reino da Itália agravou ainda mais a
situação para os pequenos agricultores, que até então se mantinha em relativo
controle. O preço pela unificação da Itália foi pago pelos mais pobres e
desprotegidos da sociedade italiana. A desnutrição estava difundida no sul do
país e no norte grassava a pelagra, uma grave doença originada pela má
alimentação, exclusivamente à base do milho e ausência de proteínas.
Do
ano de 1900 até 1914 a emigração italiana foi estimada em seiscentos mil pessoas
ao ano. Já não emigravam somente os trabalhadores, mas, inteiras famílias, para
não mais retornarem.
Ao
estourar a I Guerra Mundial o movimento emigratório se reduziu, sendo que de
1915 a 1918 era de noventa mil ao ano. Passado esse período a emigração deu
novamente um salto elevando substancialmente o número de emigrantes ao ano.
Nos
anos 1921 e em 1924 surgiram leis nos Estados Unidos que fixavam quotas para
cada país de emigração e depois da crise de 1928 neste país a emigração cessou.
No Brasil também surgiram leis que procuravam evitar a emigração
indiscriminada. Os analfabetos não eram mais bem vindos e se procurava
trabalhadores qualificados que favoreceram a emigração urbana e industrial.
Durante
o período fascista a emigração tomou um rumo bem diverso, apesar da política contra
a emigração, ainda partiam da Itália cento e noventa mil emigrantes ao ano.
Nesse período também aconteceu a denominada emigração guiada, ou dirigida, onde
pessoas escolhidas, sempre entre as mais fervorosas simpatizantes do regime,
eram enviadas para países da América do Sul, inclusive o Brasil, para regiões
onde a presença italiana era grande. A política foi de facilitar a vinda desses
novos emigrantes italianos, que tinham em comum um novo perfil, geralmente
profissionais liberais, comerciantes e operários qualificados. Foram enviados pelo
governo italiano para implantarem aqui no Brasil células fascistas, os conhecidos
fascios, criando assim condições
locais para o crescimento do fascismo. Nas zonas coloniais italianas do Rio
Grande do Sul, em quase todas as cidades, essas células fascistas prosperaram
bastante e chegaram a contar com um grande número de adeptos.
Este
fenômeno também surgiu em São Paulo e em outros estados onde os italianos
tinham se instalado. Era comum acontecerem encontros, festividades e desfiles, em
datas cívicas italianas, desses partidários de Mussolini, endossando o tradicional
uniforme de cor negra. Também era possível encontrar nesses locais as
festividades e desfiles com crianças vestidas com o tradicional uniforme negro,
com uma espécie de boina da mesma cor na cabeça, eram os chamados balillas.
A II
Grande Guerra, em 1939 colocou um fim na emigração italiana em massa.
Dr.
Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim
RS
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