sábado, 25 de fevereiro de 2023

A Emigração dos Vênetos para o Brasil

 




Nos primeiros quarenta anos da emigração italiana, entre os anos de 1876 e 1915, foi o Vêneto a região que mais contribuiu para esse fenômeno, quando deixaram para trás seus familiares, seus poucos pertences, suas vilas e as suas cidades, cerca de 1,8 milhões de homens, mulheres e crianças, especialmente pequenos agricultores, diaristas desempregados e artesãos.

Esse movimento inicialmente estava limitado às zonas de montanha e uma parte da planície, onde a agricultura, desde há muito tempo, era de subsistência.

O Brasil teve um papel muito importante como parte desse processo, pois, foi o destino procurado pela grande maioria desses emigrantes. A necessidade de povoar extensas áreas de fronteira no sul do país e substituir a mão de obra escrava, até então a força motriz da economia do Império, a qual, através de leis abolicionistas, começava a se libertar, fez com que as autoridades brasileiras se voltassem para a grande quantidade de europeus interessados em deixar os seus países. 

A maior parte dos imigrantes italianos que chegaram ao Brasil foram direcionados para as grande fazendas de café do estado de São Paulo e Espírito Santo. Uma menor parte deles foi canalizada para os então ousados projetos de colonização nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Uma das exigências do governo brasileiro na admissão de imigrantes era que fossem agricultores e viessem com toda a família. Essa particularidade até então desconhecida no meio emigratório, tinha por intenção facilitar a  fixação do trabalhador na nova terra.

Nos primeiros anos as despesas de viagem de navio foram subsidiadas pelo governo brasileiro, ou mais tarde, diretamente pelos fazendeiros paulistas.

O sonho da propriedade sempre foi muito forte para aquele pequeno agricultor, empregado rural ou meeiro da região do Vêneto, acostumado já de muitas gerações a sempre calar e obedecer a um patrão, dividindo com o dono da terra a maior parte da colheita. 

Na I Grande Guerra um número elevado de municípios do norte da Itália foram totalmente destruídos e, nos primeiros anos que se seguiram ao conflito, as população se dedicaram à reconstrução das suas casas e começarem o cultivo dos campos.

Com a situação econômica pós guerra cada vez pior para milhares de famílias, novamente  surgiu a necessidade de emigrar. Eram geralmente famílias grandes, com baixa renda agrícola, desempregados por não encontrarem trabalho em outras atividades produtivas. A ainda incipiente industrialização italiana não conseguia admitir todos aqueles que deixavam o campo.

Nas zonas de colonização agrícola para onde foram encaminhados, os imigrantes viviam em condições de absoluto  isolamento, como aconteceu nas quatro primeiras colônias italianas do estado do Rio Grande do Sul, localizadas distantes de cidades, no meio da floresta virgem, sem comunicação, cercados por gigantescas árvores e animais ferozes desconhecidos. Com muito suor, após alguns anos de muito sofrimento, transformaram essa paisagem em floridas cidades e produtivas áreas cultivadas.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS