Maria Augusta, Giuseppina e Antonella eram 3 irmãs com idades de 24, 20 e 17 anos respectivamente, filhas do casal Domenico Zatellon e Anna Mezzomo, moradores no interior de um pequeno município da província de Treviso, na região do Vêneto. Além das três moças Domenico e Anna tinham mais cinco filhos homens, todos vivos e mais duas meninas já falecidas ainda no primeiro ano de vida. Moravam e trabalhavam na agricultura e criação de bichos da seda, em uma grande terra particular margeada pelo rio Sile, de propriedade de uma família nobre veneziana, que já tinha conhecido mais importância e esplendor na época da Sereníssima República de Veneza. Já de alguns séculos era propriedade rural de nobres patrícios venezianos, local de férias de verão da família e de onde obtinham a sua renda. Outrora eram grandes armadores que substituíram a atividade marítima pela produção rural. A propriedade tinha vários empregados, todos morando no próprio local com as famílias, cultivando e produzindo um pouco de tudo, sendo a criação do bicho da seda umas das suas atividades principais.
Na tranquila província de Treviso, aninhada nas margens serenas do rio Sile, erguia-se a imponente Villa del Conte. Um legado de beleza e história, a propriedade era o lar de uma família laboriosa e notável: os Zatellon, que ali trabalhavam a três gerações.
Domenico e Anna, os pilares da família, dedicavam suas vidas à agricultura e, acima de tudo, à laboriosa criação do bicho da seda na Villa del Conte. Domenico, um homem de meia idade, forte e experiente, era o encarregado geral responsável por tudo na propriedade. Sua palavra era a lei, e ele se reportava somente aos distantes patrões da nobre família veneziana.
Além das três filhas - Maria Augusta, de 24 anos, Giuseppina, com seus 20 anos, e Antonella, a caçula de 17 - Domenico e Anna tinham mais cinco filhos homens, cujas vidas se entrelaçavam com a terra e o rio, assim como as irmãs. Juntos, formavam uma família que trabalhava incansavelmente para a produção e manutenção da Villa.
A produção de seda, atividade fabril cuja técnica foi trazida secretamente do oriente pelos navegadores venezianos, era uma arte que exigia dedicação meticulosa. As amoreiras, cujas folhas alimentavam os bichos da seda, eram cultivadas com carinho. A cada safra, casulos preciosos eram colhidos e cuidadosamente preparados para a venda à indústria da seda, que despontava no Vêneto desde a época da sereníssima. Era uma tarefa que demandava habilidade e paciência, mas os Zatellon haviam dominado essa arte ao longo das gerações.
Enquanto a família Zatellon prosperava na Villa del Conte, as três irmãs e seus irmãos encontraram destinos que os levaram a terras distantes. Os irmãos Luigi e Giovanni, em particular, fizeram uma jornada audaciosa para a colônia Dona Isabel, no Brasil. Os dois jovens eram ambiciosos e tinham grandes sonhos, queriam progredir na vida e serem proprietários da terra em que trabalhavam. Não concordavam com a vida que a família tinha levado até agora. Uma vida marcada pela submissão à um patrão, onde o que sobrava era somente trabalhar e calar sempre. Sonhavam romper este antigo costume, passando de empregados à patrões.
A vida no Brasil não era fácil no começo, mas com determinação e trabalho árduo, os dois ambiciosos irmãos logo prosperaram. Eles investiram nas terras férteis da colônia, cultivando safras abundantes e expandindo seus negócios. Anos se passaram, e suas vidas na nova terra se transformaram.
Luigi casou-se com Isabella, uma mulher forte e inteligente que compartilhava seu desejo de sucesso. Juntos, eles tiveram filhos que cresceram em meio aos campos e às fazendas que Luigi adquirira ao longo dos anos. Ele não apenas se tornou um grande proprietário de terras, mas também investiu em indústrias, contribuindo para o desenvolvimento econômico da região.
Giovanni, por sua vez, encontrou o amor nos braços de Elena, uma mulher de grande determinação. Eles construíram um legado juntos, à medida que Giovanni expandia seus negócios para além das fronteiras da agricultura. Ele estabeleceu indústrias prósperas e se tornou um dos empresários mais respeitados da colônia. Seu casamento trouxe à vida vários filhos que compartilharam a visão de seu pai.
Enquanto isso, na Villa del Conte, as famílias das três irmãs continuaram a prosperar, celebrando a vida, o amor e os laços familiares. A história dos Zatellon, marcada pela dedicação à terra, à criação do bicho da seda e à busca de novas oportunidades, era um conto duradouro, escrito com o suor e o amor de gerações de Zatellons nas terras abençoadas pelo rio Sile. E mesmo com a partida de Luigi e Giovanni em busca de novas terras no Brasil, o espírito e os valores da Villa del Conte permaneceram firmes, passados de geração em geração, enquanto os dois irmãos realizavam seus sonhos em terras distantes, tornando-se grandes proprietários de terras e líderes industriais. Suas histórias de sucesso ecoavam através do tempo, inspirando futuras gerações a trilharem seus próprios caminhos em busca de realizações e prosperidade.