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quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

A Emigração das Mulheres Italianas na Grande Diáspora (1880–1920)


A Emigração das Mulheres Italianas na Grande Diáspora (1880–1920)


Até a I Guerra Mundial a participação das mulheres desacompanhadas na emigração italiana era ainda pequena. Entretanto, emigraram em grande número acompanhadas, quando inteiros núcleos familiares atravessavam o Atlântico para se estabelecerem definitivamente nas terras do Novo Mundo, especialmente Brasil, Argentina e Estados Unidos. 

Antes dessa onda de emigração as mulheres italianas  permaneciam em casa cuidando da educação dos filhos, cultivando os campos e administrando a propriedade. Elas dependiam inteiramente das das remessas de economias que os seus maridos enviavam, nem sempre com regularidade necessária, do exterior onde moravam e trabalhavam. 

Elas tinham uma vida muito dura, repleta de solidão, vivendo permanentemente num estado de espera silenciosa, de medo, mas, por outro lado, também de  muita coragem. Após a grande guerra aconteceu uma mudança na vida dessas mulheres, quando as casadas e solteiras passaram a viajar sozinhas. 

Andavam a trabalho nas cidades vizinhas, maiores e mais ricas da Itália, mas, também para o exterior como França e Suiça. Partiam sozinhas para trabalhar como operárias, garçonetes, babás. Procuravam trabalho como operárias nas  fábricas de tecidos, nas regiões de Piemonte e Lombardia. 

Uma vez empregadas e estabelecidas chamavam os genitores e irmãos para as cidades onde tinham encontrado emprego e aos poucos as famílias íam se radicando no lugar. 

Em poucos anos este movimento  de migração feminina, dentro da própria Itália, foi crescendo cada vez mais até se tornar muito forte. Em algumas cidades a partida de mulheres era até muito superior aquela dos homens. 

Eram mães, esposas, noivas, filhas que agora se deslocavam para se encontrarem com os homens da família que tinham emigrado algum tempo antes. Eram agricultoras e mulheres da montanha, com pouca instrução, não conhecendo quase nada  da língua e cultura dos países que as estava acolhendo. 

Entretanto, essas mulheres e filhos mudavam a vida dos seus maridos, pais, companheiros, levando para eles mais alegria e esperança. Ao mesmo tempo essas mulheres levaram com elas as tradições, o dialeto e a cultura de origem; fundamentos que ajudarão os filhos a manter um forte vínculo com a terra de partida. 

As mulheres se superam e aprendem, descobrem uma responsabilidade até então desconhecida no mundo rural em que viviam. Assumem compromissos até então desconhecidos, são elas que ficam com a importante responsabilidade de mandar os filhos à escola. 



Aprendem um novo conceito no qual os filhos não são sua propriedade, têm direitos que ultrapassam as ligações familiares. Quando os maridos ou os filhos adoecem e não podem mais trabalhar, devendo por força ficar em casa, obviamente sem receber o salário, são elas que partem em busca de algum emprego para trazer o pão para casa. 

É necessário que elas também trabalhem, partem em busca de um trabalho a fim de completar a renda do marido, um só estipêndio não basta, e assim melhorar a vida familiar. 

Quando o marido fica doente fazem as vezes de enfermeiras, atendendo o enfermo com amor e transmitindo confiança. Inúmeras vezes o marido morria ainda muito jovem deixando só a mulher e os filhos, em um país estranho, longe de parentes e do conforto da casa paterna. 

Foram elas que guardaram a cultura de origem e os seus valores: a religião, a família, o trabalho e confiança no amanhã. Foi graças a elas que a memória da emigração foi salva.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta