Mostrando postagens com marcador italianos nas fazendas de café. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador italianos nas fazendas de café. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Os Imigrantes Italianos em São Paulo e no Rio Grande do Sul







A maior parte dos italianos que foram levados para as fazendas de café de São Paulo, encontraram condições às vezes muito difíceis de sobrevivência, e sem disporem, em sua maioria, de terras próprias, o que reproduzia mais ou menos a mesma situação da vida na Itália e da qual tinham estavam tentando fugir.

Relatos dessa época, especialmente aqueles encontrados em cartas que posteriormente foram enviadas para os familiares, antigos patrões e padres na Itália, testemunham o desalento e o desespero dos recém-chegados aos cafezais, privados da iniciativa própria, imobilizados pelos termos rígidos dos contratos, impossibilitados de reconstruir a paisagem de modo que se assemelhasse à sua terra de origem, enfiados em pequenas casas de pau-a-pique emprestadas pelo patrão, e constrangidos a uma submissão que devia expressar-se agradecidos, pela "bondade dos patrões em tirá-los da miséria e dar-lhes trabalho". Muitos se rebelaram contra tais condições de exploração e opressão, e tão logo vicia o contrato de trabalho abandonaram o campo buscando as cidades, engrossando a massa marginalizada, ou retornaram desiludidos para a Itália.





Enquanto isso, aqueles imigrantes que foram destinados para o Rio Grande do Sul e, mais tarde, também no Paraná e Santa Catarina, tiveram um destino bem diferente. No Rio Grande do Sul a ideia original dos mentores da imigração européia foi preservada com a criação de colônias, verdadeiros minifúndios formados por homens livres e proprietários das suas terras. Esse fator por si só se constituiu no mais forte atrativo para a fixação dos imigrantes naquelas colônias.

A experiência migratória européia em solo gaúcho teve início com a criação de quatro colônias alemãs. Pelos bons resultados alcançados o governo da Província do Rio Grande em 1869 solicitou ao império a concessão de terras devolutas para a instalação de mais duas dessas colônias. Conseguiu uma área de 32 léguas quadradas localizadas na parte nordeste da província onde foram criadas as colônias de Conde d'Eu (atualmente o município de Garibaldi) e Dona Isabel (atualmente Bento Gonçalves). 

Era intenção do governo provincial era trazer 40.000 colonos alemães no período de 10 anos, no entanto somente conseguiu introduzir cerca de 4.000 imigrantes e a maior parte deles não era formada por alemães como a pretensão inicial, e sim portugueses. Devido o insucesso em trazer os colonos alemães o projeto ficou estacionado. 

No ano de 1874 o numero de imigrantes italianos para as lavouras de café na Província de São Paulo tinha chegado no seu ápice e assim, no ano seguinte 1875, o governo imperial assumiu as colônias Conde d'Eu e Dona Isabel, decidindo ali instalar famílias italianas que continuavam a chegar em grande número ao Brasil. 

Em Maio de 1875 já se instalavam no Rio Grande do Sul as primeiras famílias de imigrantes italianos. Ainda nesse mesmo ano o império delimitou uma nova área, com a mesma finalidade, chamada de Colônia Fundos de Nova Palmira, a qual foi rebatizada em 1877 como Colônia Caxias. Ela deu origem à vários municípios gaúchos: Caxias do Sul, São Marcos, Flores da Cunha, Nova Pádua e Farroupilha. Também no mesmo ano foi criada a Colônia Silveira Martins, que deu origem ao município do mesmo nome e mais oito: Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Seca, São João do Polesine. Era conhecida como a quarta colônia por ter sido instalada cronologicamente em quarto lugar. 

A maior parte da zona colonial italiana no Rio Grande do Sul era coberta por uma densa mata onde se via esporadicamente algum pedaço de campo. Essa grande região era povoada por tribos indígenas que aos poucos foram sendo erradicadas ou expulsas para dar lugar ao assentamento dos colonos europeus.

Os imigrantes depois de uma longa e penosa espera no caís do porto de Gênova, ou de Havre na França, dormindo pelas ruas e sistematicamente sujeitos a exploração de vigaristas e donos de estabelecimentos desonestos, embarcavam nos precários navios transatlânticos que os transportavam para a América, como então o Brasil era comumente conhecido.

A viagem através do mar durava um mês ou mais, mal instalados em velhos e lentos navios, onde a higiene era precária e o surgimento de doenças infeciosas graves era muito frequente, ocasionando diversas mortes a bordo durante o trajeto. Se houvesse suspeita de doenças ao desembarcarem eram imediatamente colocados em quarentena. 

O porto de desembarque para a maioria daqueles que estavam destinados para as fazendas de café de São Paulo era o Porto de Santos e os demais desciam no porto do Rio de Janeiro, onde ficavam alojados temporariamente em uma hospedaria aguardando o encaminhamento para o destino final.

Os imigrantes destinados ao Rio Grande do Sul deviam embarcar, em outro navio de menor calado, até Porto Alegre entrando no rio Guaíba pelo porto de Rio Grande e Pelotas. Em Porto Alegre ficavam alojados provisoriamente em barracões de madeira até que as autoridade de migração dessem a ordem de partirem para as suas terras nas colônias. 

Depois de algum tempo de espera, que variava muito, eram embarcados em pequenos navios fluviais e iniciavam a subida do rio Caí até a pequena cidade de São Sebastião do Caí, na época um importante entreposto comercial onde existia algumas instalações de apoio aos imigrantes para descansarem e tomarem fôlego para a etapa seguinte da longa viagem.

Após alguns dias, acompanhados por guias experientes e funcionários da imigração iniciavam a etapa final, com a formação de caravanas, e a pé, lombo de mulas ou em carroções puxados por juntas de bois ou mulas subiam as escarpadas serras do nordeste da província.

Faziam uma parada em um barracão de acolhimento já na 1ª Légua da Colônia Caxias, onde hoje se chama de Nova Milano, de onde eram então distribuídos para as demais colônias criadas pelo governo.

Os imigrantes que se destinavam à Colônia Conde d'Eu tomavam um atalho que saía de Montenegro, um pouco antes do Caí, onde desembarcavam dos barcos. 

Devido as grandes dificuldades encontradas em todo esse difícil trajeto, muitas eram as mortes especialmente entre os mais fracos, crianças e idosos.

As dificuldades foram muitas, mas, a iniciativa de colonização do Rio Grande do Sul foi muito bem sucedida, o que levou o governo à formação de novos centros de colonização surgindo vários deles: Encantado em 1878, Núcleo Norte (Ivorá) e Núcleo Soturno (Nova Palma) já em 1883, Alfredo Chaves em 1884, São Marcos em 1885, Antônio Prado em 1886, Jaguari em 1889, Ijuí e Guarani em 1890, Guaporé em 1892 e Erechim em 1908. 

O programa de colonização subvencionado pelo estado só terminou em 1914, mas, ainda continuaram a chegar por conta própria novos imigrantes italianos. 

Em todo o Brasil as estatísticas apontam a entrada de um milhão e meio de imigrantes italianos entre os anos de 1819 e 1940 sendo que quase 100.000 deles assentados no Rio Grande do Sul.





sábado, 3 de outubro de 2020

A Imigração Italiana em Minas Gerais



Minas Gerais também foi um dos estados brasileiros que recebeu imigrantes italianos, ficando em número somente atrás de São Paulo e Rio Grande do Sul. Segundo os dados disponíveis sabemos que cerca de 60.000 italianos chegaram neste estado durante os anos da grande imigração nos 25 anos finais do século XIX e os primeiros do século XX, antes da primeira guerra mundial. 

As causas dessa imigração também é semelhante aquela de São Paulo, com a libertação dos escravos em 1888, os colonos italianos foram trazidos para substituir essa mão de obra nas lavouras de café. Diferente de São Paulo foi o estado de Minas Gerais que se encarregou de organizar a vinda dos imigrantes e os obrigava, e também aos fazendeiros, a pagarem a passagem de navio. A imigração subvencionada em Minas teve início em 1867 e só durou até 1879.A imigração para Minas Gerais não foi tão grande como para outros estados brasileiros. O problema da mão de obra no século XIX, que afetou outras províncias, não foi tão grave em Minas. Isto porque contava com a maior população escrava do Brasil e, com a decadência da mineração, essa mão de obra foi desviada para a agricultura, principalmente para as lavouras de café da Zona da Mata.


Foram raros os fazendeiros mineiros que imitaram o exemplo de São Paulo e atraíram trabalhadores livres estrangeiros para as suas propriedades. Enquanto São Paulo investia na introdução de imigrantes, em Minas predominou o escravo, com grande concentração nas áreas cafeeiras. Na época da Abolição da Escravatura, quando as fazendas de café de São Paulo já estavam cheias de imigrantes, em Minas ainda se apostava no trabalho escravo e o uso dessa mão de obra continuou por alguns anos, mesmo após a abolição. Havia um desinteresse tanto do governo mineiro como dos proprietários de terra na atração de imigrantes. Segundo essas mesmas pesquisas realizadas em áreas cafeeiras de São Paulo e Minas Gerais, mostram que os ex-escravos não abandonaram as fazendas após a abolição e não foram completamente substituídos pelos imigrantes europeus. Muitas vezes continuavam trabalhando nas mesmas fazendas ou se deslocavam para outras. Como exemplo nas fazendas de café de São Carlos interior de São Paulo, apesar do nítido predomínio de trabalhadores italianos, ainda continuavam com número expressivo de trabalhadores brasileiros, incluindo negros e mulatos. Também os estudos constataram que os trabalhadores nacionais, em especial os negros e mulatos, após a abolição, sofreram preconceito por parte dos fazendeiros, que muitas vezes preferiam contratar imigrantes europeus do que os trabalhadores nacionais.



No final do século XIX, em 1898, uma grave crise financeira se abateu sobre o estado que se viu obrigado a suspender a imigração subsidiada. Foi somente após 1894 que o estado firmou os contratos para trazer imigrantes. No ano de 1895 chegaram em Minas Gerais 6.422 imigrantes italianos e no ano seguinte este número saltou para 18.999, decrescendo para 17.303 em 1897. A partir de então o número caiu drasticamente para 2.111 em 1898 e somente 41 imigrantes em 1901. 

Os imigrantes aportavam no Rio de Janeiro e após uma passagem pela Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores, embarcavam em trens que os transportavam até Petrópolis e desta cidade seguiam até Juiz de Fora, por estrada de rodagem, a chamada Estrada União e Indústria, a primeira rodovia macadamizada da América Latina, inaugurada em 23 de junho de 1861 por Dom Pedro II. Em Juiz de Fora existiam grandes plantações de café e não ficava muito distante do Rio de Janeiro.




Ao chegarem em Juiz de Fora ficavam abrigados na Hospedaria Horta Barbosa, a maior do estado, que funcionava como a primeira acolhida aos imigrantes em solo mineiro. Esta hospedaria tinha a capacidade para abrigar seiscentas pessoas, mas, na verdade no período de quarentena, chegava a hospedar um número quatro vezes maior de imigrantes. Segundo os relatos da época, nesses períodos de grande movimento, surgiram relatos de falta de higiene, promiscuidade no local. Nesse local ficavam aguardando a chegada dos fazendeiros que ali faziam a seleção para trabalhar em suas propriedades. 

Os imigrantes italianos que chegaram em Minas Gerais provinham de diversas cidades de quatorze regiões da Itália, tanto do norte, centro e sul da península. Estes são dados obtidos no município mineiro de Leopoldina. Os estudos mostram a grande diversidade das origens dos imigrantes italianos em Minas Gerais embora, como na maior parte do Brasil, o Vêneto despontou como a região com maior presença.

Diferentemente dos outros estados brasileiros que receberam imigrantes italianos, Minas foi o único a receber um número significativo de imigrantes da Sardenha, que por sinal não se fixaram no Brasil, retornando para Itália após um período de dois anos. 

As colônias agrícolas formadas por italianos não tiveram grande relevância no contexto imigratório de Minas Gerais, ao contrário do que ocorreu nos estados do sul do país. Em 1900, em todo o estado de Minas Gerais as colônias abrigavam apenas 2.882 pessoas. Os núcleos coloniais eram áreas agrícolas nas quais os imigrantes viviam como pequenos proprietários. Esses núcleos apenas prosperaram nas regiões onde não havia plantações de café, como nos estados do Sul e mesmo no estado do Espírito Santo. Nas regiões cafeeiras, como São Paulo e Minas, as terras disponíveis à colonização eram marginais e escassas e o fluxo migratório era preferencialmente destinado às plantações de café.


Imigração Italiana para o Brasil de 1876 a 1920
Região de OrigemNúmero de ImigrantesRegião de OrigemNúmero de Imigrantes
Veneto365.710Sicília44.390
Campania166.080Piemonte40.336
Calabria113.155Puglia34.833
Lombardia105.973Marche25.074
Abruzzo e Molise93.020Lazio15.982
Toscana81.056Umbria11.818
Emlia Romagna59.877Liguria9.328
Basilicata52.888Sardenha6.113
Total : 1.243.633
 




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS





quarta-feira, 18 de abril de 2018

Alguns Sobrenomes Italianos em Botucatu Estado de São Paulo



Estes sobrenomes são pertencentes às famílias italianas de várias procedências regionais na Itália, descendentes ou não daqueles primeiros emigrantes, que foram trazidos para trabalhar nas fazendas da região, em substituição à mão de obra escrava. 
Bem diferente da colonização italiana implantada nos três estados do sul do Brasil, onde os italianos eram assentados nas colônias criadas pelos governos provinciais, em São Paulo eles vieram com destino certo para trabalharem nas várias fazendas de café já existentes, contratados por alguns ricos donos de terras e alojados nos casebres, que até bem pouco tempo eram usados pelos escravos. 


Devido as duras condições de trabalho impostas, com o passar do tempo esses imigrantes italianos foram abandonando as fazendas, especialmente devido as precárias condições em que viviam e o tratamento que recebiam. Vários deles, depois de alguns anos, retornaram para a Itália. 


Certos proprietários de terras, acostumados a lidar com os escravos, queriam tratar os italianos da mesma maneira que sempre tinham feito. Não deu muito certo. Aqueles mais empreendedores ou que já possuíam algum ofício, largaram as fazendas e passaram a trabalhar como empregados nas cidades vizinhas e mesmo, os mais preparados, montaram os seus próprios negócios como artesãos e comerciantes.



 Sobrenomes Italianos em Botucatu 
Estado de São Paulo


Andreasi
Avallone
Botti
Bozoni
Bronzato
Cagliare
Canellas
Carboneri
Caricati
Carnavalli
Carnieto
Cezario
Chequetti
Chiaradia
Chiari
Colognese
Conti
Corte
Cuiatti
Dal Farra
De Tomasi
Devide
Di Biasi 
Di Carli
Dorini
Faconti
Fioravante
Fioravanti
Frederico
Fusco
Galerani
Gasparini
Germinagnani
Gori
Grandi
Lanzaro
Laperuta
Lunardi
Magnani
Maselli
Matturo
Meneguin
Migiorini
Monteferranti
Moressi
Moscogliato
Paganini
Pedretti
Picinin
Pópolo
Rasati
Rauzani
Santarora
Serra
Simonete
Stefanini 
Tomasi
Trombaco
Varoli
Venditto
Ventrella
Vizotto
Zerbetto
Zonin



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS