A maior parte dos italianos que foram levados para as fazendas de café de São Paulo, encontraram condições às vezes muito difíceis de sobrevivência, e sem disporem, em sua maioria, de terras próprias, o que reproduzia mais ou menos a mesma situação da vida na Itália e da qual tinham estavam tentando fugir.
Relatos dessa época, especialmente aqueles encontrados em cartas que posteriormente foram enviadas para os familiares, antigos patrões e padres na Itália, testemunham o desalento e o desespero dos recém-chegados aos cafezais, privados da iniciativa própria, imobilizados pelos termos rígidos dos contratos, impossibilitados de reconstruir a paisagem de modo que se assemelhasse à sua terra de origem, enfiados em pequenas casas de pau-a-pique emprestadas pelo patrão, e constrangidos a uma submissão que devia expressar-se agradecidos, pela "bondade dos patrões em tirá-los da miséria e dar-lhes trabalho". Muitos se rebelaram contra tais condições de exploração e opressão, e tão logo vicia o contrato de trabalho abandonaram o campo buscando as cidades, engrossando a massa marginalizada, ou retornaram desiludidos para a Itália.
Enquanto isso, aqueles imigrantes que foram destinados para o Rio Grande do Sul e, mais tarde, também no Paraná e Santa Catarina, tiveram um destino bem diferente. No Rio Grande do Sul a ideia original dos mentores da imigração européia foi preservada com a criação de colônias, verdadeiros minifúndios formados por homens livres e proprietários das suas terras. Esse fator por si só se constituiu no mais forte atrativo para a fixação dos imigrantes naquelas colônias.
A experiência migratória européia em solo gaúcho teve início com a criação de quatro colônias alemãs. Pelos bons resultados alcançados o governo da Província do Rio Grande em 1869 solicitou ao império a concessão de terras devolutas para a instalação de mais duas dessas colônias. Conseguiu uma área de 32 léguas quadradas localizadas na parte nordeste da província onde foram criadas as colônias de Conde d'Eu (atualmente o município de Garibaldi) e Dona Isabel (atualmente Bento Gonçalves).
Era intenção do governo provincial era trazer 40.000 colonos alemães no período de 10 anos, no entanto somente conseguiu introduzir cerca de 4.000 imigrantes e a maior parte deles não era formada por alemães como a pretensão inicial, e sim portugueses. Devido o insucesso em trazer os colonos alemães o projeto ficou estacionado.
No ano de 1874 o numero de imigrantes italianos para as lavouras de café na Província de São Paulo tinha chegado no seu ápice e assim, no ano seguinte 1875, o governo imperial assumiu as colônias Conde d'Eu e Dona Isabel, decidindo ali instalar famílias italianas que continuavam a chegar em grande número ao Brasil.
Em Maio de 1875 já se instalavam no Rio Grande do Sul as primeiras famílias de imigrantes italianos. Ainda nesse mesmo ano o império delimitou uma nova área, com a mesma finalidade, chamada de Colônia Fundos de Nova Palmira, a qual foi rebatizada em 1877 como Colônia Caxias. Ela deu origem à vários municípios gaúchos: Caxias do Sul, São Marcos, Flores da Cunha, Nova Pádua e Farroupilha. Também no mesmo ano foi criada a Colônia Silveira Martins, que deu origem ao município do mesmo nome e mais oito: Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Seca, São João do Polesine. Era conhecida como a quarta colônia por ter sido instalada cronologicamente em quarto lugar.
A maior parte da zona colonial italiana no Rio Grande do Sul era coberta por uma densa mata onde se via esporadicamente algum pedaço de campo. Essa grande região era povoada por tribos indígenas que aos poucos foram sendo erradicadas ou expulsas para dar lugar ao assentamento dos colonos europeus.
Os imigrantes depois de uma longa e penosa espera no caís do porto de Gênova, ou de Havre na França, dormindo pelas ruas e sistematicamente sujeitos a exploração de vigaristas e donos de estabelecimentos desonestos, embarcavam nos precários navios transatlânticos que os transportavam para a América, como então o Brasil era comumente conhecido.
A viagem através do mar durava um mês ou mais, mal instalados em velhos e lentos navios, onde a higiene era precária e o surgimento de doenças infeciosas graves era muito frequente, ocasionando diversas mortes a bordo durante o trajeto. Se houvesse suspeita de doenças ao desembarcarem eram imediatamente colocados em quarentena.
O porto de desembarque para a maioria daqueles que estavam destinados para as fazendas de café de São Paulo era o Porto de Santos e os demais desciam no porto do Rio de Janeiro, onde ficavam alojados temporariamente em uma hospedaria aguardando o encaminhamento para o destino final.
Os imigrantes destinados ao Rio Grande do Sul deviam embarcar, em outro navio de menor calado, até Porto Alegre entrando no rio Guaíba pelo porto de Rio Grande e Pelotas. Em Porto Alegre ficavam alojados provisoriamente em barracões de madeira até que as autoridade de migração dessem a ordem de partirem para as suas terras nas colônias.
Depois de algum tempo de espera, que variava muito, eram embarcados em pequenos navios fluviais e iniciavam a subida do rio Caí até a pequena cidade de São Sebastião do Caí, na época um importante entreposto comercial onde existia algumas instalações de apoio aos imigrantes para descansarem e tomarem fôlego para a etapa seguinte da longa viagem.
Após alguns dias, acompanhados por guias experientes e funcionários da imigração iniciavam a etapa final, com a formação de caravanas, e a pé, lombo de mulas ou em carroções puxados por juntas de bois ou mulas subiam as escarpadas serras do nordeste da província.
Faziam uma parada em um barracão de acolhimento já na 1ª Légua da Colônia Caxias, onde hoje se chama de Nova Milano, de onde eram então distribuídos para as demais colônias criadas pelo governo.
Os imigrantes que se destinavam à Colônia Conde d'Eu tomavam um atalho que saía de Montenegro, um pouco antes do Caí, onde desembarcavam dos barcos.
Devido as grandes dificuldades encontradas em todo esse difícil trajeto, muitas eram as mortes especialmente entre os mais fracos, crianças e idosos.
As dificuldades foram muitas, mas, a iniciativa de colonização do Rio Grande do Sul foi muito bem sucedida, o que levou o governo à formação de novos centros de colonização surgindo vários deles: Encantado em 1878, Núcleo Norte (Ivorá) e Núcleo Soturno (Nova Palma) já em 1883, Alfredo Chaves em 1884, São Marcos em 1885, Antônio Prado em 1886, Jaguari em 1889, Ijuí e Guarani em 1890, Guaporé em 1892 e Erechim em 1908.
O programa de colonização subvencionado pelo estado só terminou em 1914, mas, ainda continuaram a chegar por conta própria novos imigrantes italianos.
Em todo o Brasil as estatísticas apontam a entrada de um milhão e meio de imigrantes italianos entre os anos de 1819 e 1940 sendo que quase 100.000 deles assentados no Rio Grande do Sul.