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sábado, 6 de janeiro de 2024

O Fogo da Epifania: “Pan e Vin” e Queimar a Velha

 


O Fogo da Epifania: “Pan e Vin” e Queimar a Velha

No coração do Veneto, a Epifania se transforma em uma explosão de fogo carinhosamente chamada de “Pan e Vin”. O encanto desta tradição cristã emerge da lembrança dos pastores que, seguindo a estrela, acendiam fogueiras para secar as roupas do Menino Jesus e iluminar o caminho perdido dos Magos na região.

Contudo, o verdadeiro espírito dessas fogueiras remonta às antigas civilizações agrícolas pré-cristãs, onde o culto ao sol e ao fogo ganhava vida. O ritual do “Pan e Vin” ocorria por três noites consecutivas, o número sagrado segundo as crenças pagãs. Essa repetição do fogo, além de queimar o “Pão e Vinho”, limpava o solo de espinhos e vegetação, preparando-o para pastagem e cultivo.

Um ritual antigo, perdido ao longo dos séculos, seguia a queima, honrando a divindade e buscando seus favores. Independentemente das origens, o “Pan e Vin” sobrevive hoje como expressão da necessidade de compartilhar, de dividir ansiedades e alegrias. Reunir-se em torno do calor do fogo durante os períodos mais difíceis do ano nos campos reafirmava a necessidade de laços fraternos e de um renovado equilíbrio com a natureza, apesar das adversidades.

A tradição do “Pan e Vin” se estende ao fogo de meia Quaresma, onde um boneco representando uma velha bruxa simboliza o inverno, o mal e a miséria. Precedido por um “processo” em que a “velha” torna-se bode expiatório para as desgraças da comunidade, esta queima marca o fim do inverno, abrindo caminho para a primavera com um toque mágico.