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segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Os Perigos e Doenças a Bordo em um Navio de Imigrantes para o Brasil




A imigração italiana para o Brasil começou em meados do século XIX e continuou até a primeira metade do século XX. Durante esse período, milhões de italianos deixaram seu país em busca de uma vida melhor no Novo Mundo. A viagem de navio do Mediterrâneo até o Brasil, através do Oceano Atlântico, era longa e difícil, e os imigrantes enfrentavam muitos perigos e doenças a bordo.

Os navios utilizados para transportar os imigrantes eram geralmente velhos e mal equipados, e muitas vezes superlotados. Os imigrantes eram acomodados em beliches estreitos e desconfortáveis, e tinham que compartilhar banheiros e outras instalações sanitárias. As condições de higiene eram precárias, e muitos navios não tinham água potável e nem instalações sanitárias suficientes para todos os passageiros. Em muitos deles eram colocados baldes de madeira com tampo, em cada fila de beliches, para os passageiros usarem para as suas necessidades fisiológicas. 

A travessia do Oceano Atlântico podia levar de um mês a três meses, dependendo das condições climáticas e das rotas navegadas. No início da grande emigração duravam bem mais que nos últimos anos, quando eram usados até lentos veleiros. Também com o passar do tempo os navios eram melhores e mais rápidos. Durante esse tempo, os imigrantes enfrentavam vários perigos, como tempestades, naufrágios, colisões e incêndios. 

Além dos perigos do mar, os imigrantes também enfrentavam muitas doenças a bordo. O espaço confinado e as condições insalubres dos navios favoreciam a propagação de doenças contagiosas, como a varíola, o sarampo, a tuberculose, a febre tifoide e a temível cólera. Muitos imigrantes morriam antes mesmo de chegar ao seu destino.

Para tentar evitar a propagação das doenças a bordo, as autoridades sanitárias brasileiras exigiam que os navios que transportavam imigrantes italianos e não tivesse sido relata casos de epidemias a bordo, passassem por um período de alguns dias de quarentena na Ilha das Flores, no Rio de Janeiro. Durante esse período, os passageiros eram examinados por médicos e tratados para qualquer doença que apresentassem. Somente após a liberação das autoridades sanitárias, os imigrantes eram autorizados a desembarcar no Brasil e prosseguir a viagem.

No entanto, mesmo com as medidas de precaução adotadas pelas autoridades brasileiras, muitos imigrantes chegavam ao país doentes e debilitados. A falta de assistência médica adequada e de condições sanitárias adequadas nos portos de desembarque também contribuíam para a propagação de doenças entre a população local.

Apesar das condições adversas, a imigração italiana para o Brasil continuou durante décadas, e os italianos se estabeleceram em várias regiões do país, contribuindo para o desenvolvimento da agricultura, da indústria e da cultura brasileiras. Ainda hoje, a presença dos descendentes de italianos é uma parte importante da identidade cultural brasileira. 

Algumas das principais regiões onde os imigrantes italianos se estabeleceram no Brasil foram o estado de São Paulo, a região Sul do país (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e em menor número nos estados do Espírito Santo e Minas Gerais. No Paraná, por exemplo, a cidade de Curitiba recebeu um grande número de imigrantes italianos a partir de 1870.

Os imigrantes italianos que chegavam ao Brasil eram em sua maioria camponeses, que deixavam suas terras na Itália para escapar da fome, da pobreza e da falta de trabalho nas cidades. No Brasil, muitos italianos se estabeleceram em áreas rurais, onde puderam trabalhar na agricultura e plantações de café.

As condições de trabalho nas áreas rurais eram difíceis, e os imigrantes enfrentavam longas horas de trabalho, baixos salários e pouca proteção social. No entanto, com muito esforço e dedicação, milhares de italianos conseguiram prosperar no Brasil e construir uma vida melhor para si e para suas famílias.

Ao longo dos anos, a presença dos italianos no Brasil contribuiu para a diversidade cultural do país, influenciando a culinária, a música, a arte e a arquitetura brasileiras. A influência italiana é especialmente forte na região Sul do Brasil, onde muitas cidades foram fundadas por imigrantes italianos e onde a cultura italiana é celebrada com festas e eventos especiais.

Em resumo, a imigração italiana para o Brasil foi um processo longo e difícil, marcado por condições precárias e perigosos, tanto no mar quanto em terra. No entanto, apesar das dificuldades, os italianos conseguiram se estabelecer no Brasil e contribuir significativamente para o desenvolvimento do país. Hoje, a presença dos descendentes de italianos é uma parte importante da identidade cultural brasileira e um testemunho do papel vital que a imigração desempenhou na formação do país.


Texto
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS



quinta-feira, 23 de março de 2023

O Legado dos Imigrantes Italianos no Brasil




O legado dos imigrantes italianos no Brasil: como a história dos imigrantes italianos no Brasil deixou um legado de perseverança e resiliência que é valorizado até hoje.


A história dos imigrantes italianos no Brasil deixou um legado de perseverança e resiliência que é valorizado até hoje. A saga desses imigrantes é um exemplo de coragem, determinação e superação das adversidades.

Os imigrantes italianos enfrentaram muitos desafios ao chegar ao Brasil, desde a adaptação a um país desconhecido, passando pelas condições precárias de vida nos primeiros anos até a luta para construir uma vida melhor. Apesar de tudo, eles nunca desistiram e continuaram lutando por seus sonhos.

Essa perseverança e resiliência foram fundamentais para o sucesso dos imigrantes italianos no Brasil. Eles foram capazes de superar as dificuldades, trabalhando arduamente e mantendo-se unidos como uma comunidade. Esses valores também foram transmitidos para as próximas gerações, que continuaram a valorizá-los.

Os imigrantes italianos também deixaram um legado no desenvolvimento do Brasil. Eles contribuíram para o crescimento da agricultura, da indústria e do comércio, ajudando a construir a economia do país. Muitos deles se tornaram empresários bem-sucedidos, criando empregos e gerando riqueza.

A cultura italiana também deixou um legado no Brasil. A arte, a música, a gastronomia e a arquitetura italiana são apreciadas e valorizadas no país até hoje. Os descendentes de italianos no Brasil mantêm vivas essas tradições, preservando a cultura de seus ancestrais.

Além disso, a história dos imigrantes italianos no Brasil também deixou um legado de integração e tolerância. Os italianos chegaram ao Brasil com suas próprias tradições e cultura, mas souberam se adaptar e integrar à sociedade brasileira, respeitando as diferenças e contribuindo para a construção de uma nação mais diversa e inclusiva.

A história dos imigrantes italianos no Brasil é um exemplo de como a perseverança e a resiliência podem levar ao sucesso. O legado que eles deixaram é um testemunho de sua contribuição para a história e cultura brasileira, e uma inspiração para as gerações futuras. Os imigrantes italianos no Brasil deixaram um legado significativo que continua a ser valorizado até hoje. Sua contribuição para o desenvolvimento econômico do país, sua rica cultura e suas tradições estão enraizadas na história e na identidade do Brasil.

Os imigrantes italianos no Brasil foram pioneiros na agricultura, na indústria e no comércio. Eles trouxeram novas técnicas de cultivo e produção, introduzindo novos produtos no mercado brasileiro, como a uva e a oliveira. Além disso, eles contribuíram para o desenvolvimento da indústria têxtil, de calçados e de móveis, entre outras.

A cultura italiana também deixou uma marca indelével no Brasil. A influência italiana pode ser vista na culinária, na arquitetura, na música e nas artes em geral. O Brasil adotou muitas das tradições italianas, como a celebração da Páscoa com pratos típicos como o cordeiro assado e o colomba pasquale (um bolo em forma de pomba), a comemoração da Festa de San Gennaro, padroeiro dos napolitanos, em São Paulo e em outras cidades, e a dança da tarantella, que é uma dança popular italiana.

A comunidade italiana no Brasil também fundou inúmeras organizações culturais e clubes sociais, que se tornaram uma importante fonte de preservação da cultura italiana. Essas organizações são responsáveis por manter viva a tradição da língua italiana, da culinária, da música e das artes.

A influência dos imigrantes italianos na cultura brasileira é evidente em todo o país. Em São Paulo, por exemplo, é possível encontrar uma grande quantidade de restaurantes italianos, muitos dos quais são administrados por famílias italianas que vivem no Brasil há várias gerações. Além disso, muitas cidades brasileiras têm ruas e praças com nomes italianos em homenagem à herança italiana.

A presença dos italianos no Brasil também é evidente na moda. Muitos estilistas brasileiros são descendentes de italianos e têm raízes na Itália. Eles são conhecidos por sua criatividade e habilidades de design, e muitos deles são considerados líderes da moda em todo o mundo.

Os imigrantes italianos no Brasil também deixaram um legado de resiliência e perseverança. Eles enfrentaram muitas dificuldades e desafios quando chegaram ao Brasil, incluindo a falta de emprego e moradia, a barreira da língua e o preconceito. No entanto, eles perseveraram e trabalharam duro para construir uma vida melhor para si e para suas famílias.

A determinação e o trabalho árduo dos imigrantes italianos no Brasil são uma inspiração para todos os brasileiros. Seus descendentes, muitos dos quais se tornaram líderes empresariais, políticos e culturais, são exemplos vivos do legado deixado pelos imigrantes italianos no Brasil.

Em resumo, os imigrantes italianos deixaram um legado significativo no Brasil. Sua influência na cultura, economia e sociedade brasileiras é evidente em todo o país, e sua história é uma fonte de inspiração. Outro legado importante dos imigrantes italianos no Brasil é a riqueza cultural e a diversidade que trouxeram para o país. A cultura italiana é extremamente rica e diversa, incluindo música, arte, literatura, culinária e muito mais. Os imigrantes italianos trouxeram muitos desses elementos com eles e, ao longo dos anos, eles se tornaram parte da cultura brasileira.

Um exemplo notável é a culinária italiana, que é amada em todo o mundo e é uma das cozinhas mais populares no Brasil. Pratos como pizza, lasanha, spaghetti e risoto são agora comuns em restaurantes brasileiros e fazem parte da dieta diária de muitos brasileiros. Além disso, os imigrantes italianos trouxeram consigo receitas regionais específicas, como polenta e panettone, que se tornaram parte da cultura alimentar brasileira.

Além da culinária, os imigrantes italianos também influenciaram a música e a arte brasileira. A música popular brasileira tem influências italianas, com artistas como Tom Jobim e Vinicius de Moraes citando a música italiana como uma grande inspiração. Na arte, muitos artistas brasileiros foram influenciados pelos movimentos artísticos italianos, como o Renascimento, e foram inspirados pelos trabalhos de artistas italianos famosos, como Michelangelo e Leonardo da Vinci.

Os imigrantes italianos também trouxeram consigo suas tradições religiosas e práticas culturais. A Igreja Católica, que é a religião predominante no Brasil, tem forte influência italiana, com muitos santos e tradições sendo originários da Itália. Além disso, as tradições italianas, como a celebração do Carnaval e a Festa de São João, foram adaptadas e incorporadas às celebrações brasileiras, tornando-se uma parte importante da cultura brasileira.

Em resumo, o legado dos imigrantes italianos no Brasil é profundo e significativo. Eles ajudaram a construir o país, contribuíram para sua economia, sua cultura e sua identidade. A influência italiana é vista em toda parte, desde a culinária até a arte, música, religião e muito mais. Hoje em dia, muitos brasileiros se orgulham de suas raízes italianas e valorizam o legado deixado por seus ancestrais imigrantes.









sexta-feira, 28 de agosto de 2020

A Necessidade de Emigrar



Na Europa do final do século XVIII, se iniciaram profundas transformações sociais e econômicas que estabeleceram mudanças importantes dos fluxos migratórios de todo o continente. De emigrações temporárias que tinham como destino alguns poucos países mais ricos e desenvolvidos, migrações essas já conhecidas desde muito tempo, os povos europeus se voltaram para emigrações visando os novos países em fase de desenvolvimento do outro lado do oceano. Essas emigrações tinham como característica principal o fato de serem de caracter definitivo e abrangiam famílias inteiras. que deixavam os países onde tinham nascido para nunca mais retornarem.

Entre as principais causas, que levaram a essa necessidade de emigrar, estavam mudanças demográficas, principalmente o aumento da população rural em alguns países que levaram a uma crise econômica. Também fatores sociais e políticos ocorridas nesse período criaram condições desfavoráveis para os mais pobres. 



Na segunda metade do século XIX a Itália foi atingida por grandes mudanças políticas geradoras de guerras e conflitos especialmente quando da formação e unificação do reino, que levaram ao aumento do desemprego no campo, agravado pelo aumento populacional decorrente da maior expectativa de vida da população, pela melhoria das condições da saúde e higiene em relação aos séculos precedentes. Também as condições meteorológicas desfavoráveis nesse período ocasionaram grandes enchentes e deslizamentos de terra no norte e muita seca no sul, aumentando rapidamente a fuga do campo e o consequente  desabastecimento nas cidades. O aumento repentino de desempregados forjou o aparecimento nas cidades de uma força de trabalho mal remunerada

Estas alterações drásticas do clima, somadas ao aumento populacional, especialmente no campo, atingiram ao mesmo tempo a maioria dos países europeus, agravadas em alguns grandes centros, pelo incipiente desenvolvimento industrial.

A melhoria do transporte marítimo oceânico, dos meios de comunicação internos, aqueles com o surgimento de navios à vapor em substituição aos antigos e mais lentos veleiros e estes com a popularização do trem, também contribuíram para aumentar a emigração das populações européias. Devemos lembrar também a grande importância da criação de novas políticas públicas que vieram favorecer a emigração, tanto nos países europeus como naqueles do outro lado do oceano que necessitavam de mão de obra. 


Emigrantes Italianos no Porto de Genova


O pico dessa grande emigração, principalmente para os italianos, alcançou o seu ápice nos últimos vinte anos do século XIX e início do século XX, diminuindo somente com o desencadeamento da I Grande Guerra Mundial para repreender logo após a essa até a década de 1930. Nesse período mais de 50 milhões de europeus, protagonizaram o maior êxodo  ocorrido em toda a história da humanidade até então, somente comparável a fuga dos judeus do Egito, deixaram definitivamente suas casas para fixarem residência em países distantes e não mais voltarem. 

Estudos posteriores apontaram que o crescimento populacional da Europa no século XVIII multiplicou por mais de dois a população de todo o continente até o início da I Grande Guerra Mundial, passando de 190 milhões para alcançar a cifra de 458 milhões de habitantes.  

Esse rápido aumento populacional se deve a diminuição  da  mortalidade, tão característica nas sociedade europeia e italiana em particular; pelo progresso da medicina e pela diminuição da insegurança alimentar. Por outro lado, esse aumento de expectativa de vida não foi acompanhado por uma redução da taxa de natalidade que ainda continuou alta.  Esse fenômeno se manteve até meados do século XX quando, começaram a surgir os primeiros programas de controle da natalidade. 

As revoluções agrícola e industrial  também exerceram pressão para o aumento dos fluxos migratórios em massa. A Itália do século XIX era um dos países menos desenvolvidos da Europa. Praticava uma agricultura bastante atrasada, baseada em conhecimentos já ultrapassados de muitos séculos atrás. 

A importação de grãos, especialmente dos Estados Unidos, que chegavam na Itália com preços muito mais competitivos do que aqueles produzidos no país,  contribuíram para a diminuição dos lucros e o empobrecimento dos proprietários rurais, aumentando assim o desemprego e o consequente êxodo do campo para as cidades.

O melhoramento das ferramentas agrícolas e a mecanização da lavoura em algumas regiões italianas, apesar de ainda serem praticadas de forma muito incipiente, em comparação com outros países europeus, também já estava colaborando com o aumento do desemprego no campo. Ao mesmo tempo em que as cidades se inchavam, os salários por sua vez diminuíam vertiginosamente e o número de desempregados rurais era cada dia maior. O empobrecimento do campo também atingiu em cheio os pequenos artesãos, que viram o fruto do seu trabalho ficar sem mercado.

Após a unificação do Reino da Itália, em 1866, as condições de vida dos  pequenos camponeses e artesãos se tornou cada vez mais crítica, principalmente, após a introdução de novos impostos para sustentar a unificação do Reino da Itália. O imposto sobre o sal e dos produtos que deviam ser moídos, é o caso da farinha de milho, principal ingrediente da polenta, na maioria das regiões italianas, alimento consumido pelos mais pobres. Este famigerado imposto na maceração de grãos era pago diretamente no moinho, onde todos precisavam levar as suas pequenas produções a fim de obter a farinha de milho. Esses dois impostos gravavam de maneira muito forte os mais  desprotegidos e pobres da população italiana.

A fome já começava a bater à porta das casas  dessa grande massa de trabalhadores e foi nesse amplo  contesto que apareceram os primeiros recrutadores de mão de obra, composta inicialmente, por  desempregados,  desesperados, prontos para embarcarem para os destinos mais longínquos, em busca da tão sonhada "cucagna", a sorte que nada mais era do que a posse de um lote de terra para cultivar e um pedaço de pão para comer.

Nesse período na Itália e também em muitos outros países europeus, a  revogação de leis e decretos que até então dificultavam e reduziam  a emigração para o exterior, também influenciaram diretamente para o aumento do fluxo emigratório. 




As políticas praticadas pelos países americanos, como no caso do Brasil, após 1888, no sentido de facilitar o recebimento de emigrantes,  as quais no início chegavam a oferecer  transporte e crédito a longo prazo para a aquisição de terras em colônias recém criadas, muito facilitaram para o aumento do fluxo emigratório. 


Dr. Luiz Carlos Piazzetta