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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

O Papel do Carbonarismo na Unificação da Itália: um Movimento Secreto com Grande Influência


 
O carbonarismo foi um movimento político secreto que surgiu na Itália no início do século XIX, com o objetivo de derrubar as monarquias absolutistas e promover a unificação do país. Através de suas redes de membros, os carbonários espalharam ideias revolucionárias e promoveram ações políticas em todo o país. O movimento desempenhou um papel significativo na luta pela independência e na unificação italiana, que culminou na criação do Reino da Itália em 1861. Os carbonários foram um dos principais grupos revolucionários que lutaram pela unificação da Itália. Através de sua rede de membros, que se estendia por todo o país, os carbonários desempenharam um papel importante na propagação de ideias revolucionárias e na mobilização de atividades políticas. Em particular, o movimento carbonário desempenhou um papel crucial na Revolução de 1848, que visava derrubar as monarquias absolutistas em toda a Itália e criar uma república unificada. Durante a Revolução de 1848, os carbonários lideraram manifestações populares e organizaram milícias armadas para lutar contra o exército austríaco. Embora a revolução tenha falhado em alcançar seus objetivos de unificação e reforma política, ela inspirou um senso de unidade nacional e solidariedade entre os italianos, e o carbonarismo continuou a ser um movimento influente na luta pela independência. Após a Revolução de 1848, o carbonarismo continuou a desempenhar um papel importante na luta pela unificação italiana. O movimento carbonário ajudou a organizar a Campanha da Itália, que foi liderada pelo general Giuseppe Garibaldi e visava conquistar o Reino das Duas Sicílias, no sul da Itália. Garibaldi contou com o apoio dos carbonários, que forneceram-lhe armas e ajuda financeira. A campanha foi bem-sucedida e contribuiu significativamente para a unificação da Itália. Além disso, o carbonarismo também teve uma influência significativa na formação do movimento republicano italiano, que defendia a criação de uma república unificada em vez de uma monarquia constitucional. Muitos dos líderes do movimento republicano eram ex-carbonários, incluindo Giuseppe Mazzini, um dos principais teóricos do movimento e um dos fundadores da sociedade secreta Jovem Itália, que teve uma grande influência na política italiana durante o século XIX. No entanto, embora o carbonarismo tenha desempenhado um papel significativo na luta pela independência e na unificação italiana, também é verdade que o movimento tinha suas limitações. Por um lado, a organização secreta e a natureza clandestina do movimento significavam que seus membros muitas vezes operavam na sombra, sem grande apoio público. Além disso, os membros do movimento muitas vezes tinham objetivos e ideologias divergentes, o que dificultou a formação de uma plataforma política coesa. Isso levou a algumas divergências entre os diferentes grupos carbonários, bem como entre os carbonários e outros grupos revolucionários italianos. Além disso, a própria natureza secreta do carbonarismo, com seus rituais, senhas e códigos, tornou-o vulnerável a infiltração e espionagem pelas autoridades governamentais, o que muitas vezes resultava na prisão e execução de seus membros. Isso limitou sua capacidade de agir abertamente e de mobilizar grandes massas populares em seu apoio. No entanto, apesar dessas limitações, a influência do carbonarismo na unificação italiana não pode ser subestimada. O movimento carbonário desempenhou um papel crucial na difusão de ideias revolucionárias e na mobilização de atividades políticas em todo o país, ajudando a criar um senso de unidade nacional e solidariedade entre os italianos. O movimento também forneceu importantes lideranças e recursos para a luta pela independência e pela unificação italiana, ajudando a criar um movimento unificado e coeso. Concluindo, o carbonarismo foi um movimento político secreto que teve uma influência significativa no processo de unificação da Itália no século XIX. Embora tenha tido algumas limitações, como a natureza secreta do movimento e suas divisões internas, o carbonarismo desempenhou um papel importante na difusão de ideias revolucionárias e na mobilização de atividades políticas em todo o país, ajudando a criar um senso de unidade nacional e solidariedade entre os italianos. Como tal, o movimento carbonário é um exemplo importante da importância do ativismo político na luta pela liberdade e independência nacional.


domingo, 3 de janeiro de 2021

Início da Emigração Vêneta



Até o ano de 1875 a população do Vêneto não pensava muito em atravessar o grande oceano em emigração para o Novo Mundo. Poucos tinham se aventurado até então nessa longa e perigosa viagem e  não eram os mais pobres e sim os pequenos proprietários de terra que já não conseguiam mais cumprir com os seus compromissos. Estavam mais atentos no que ocorria na Itália e nos demais países e saíram na frente. Vender as suas pequenas propriedades  e emigrar para a América, o Novo Mundo, com suas intermináveis riquezas, que se abria. 

A situação econômica da Itália se deteriorava rapidamente e muitas coisas estavam mudando, principalmente, para aqueles mais pobres, que agora já podiam pensar em viajar sem ter o dinheiro para os bilhetes de navio. Essa despesa agora seria paga pelos países que estavam recrutando mão de obra no Vêneto. Assim partiram em massa, para a Argentina emigrantes da Liguria, Lombardia e Piemonte. Os vênetos no entanto foram atraídos pelo Brasil, com os seus amplos espaços vazios, suas grandes florestas e as grandes plantações de café. Os primeiros vênetos a deixarem o país foram os pequenos agricultores provenientes do vale do Brenta, da Valsugana, de Belluno e de Feltre que, em 1876 em número de 275 pessoas, com eles Don Domenico Munari, até então o pároco de Fastro. Em 1877 partiu um outro grupo formado pelo padre Angelo Cavalli com 200 famílias, recrutados no vale do Brenta, Enego e Maróstica, que se dirigiram para o Paraná. Partiram, naqueles primeiros anos da emigração, cerca de 2.000 agricultores de toda essa parte do Vêneto, quase todos vicentinos e trevisanos, em direção ao mítico Brasil, em busca da cucagna

Povo religioso e respeitador, os vênetos foram ensinados durante séculos, pela igreja católica e forçados pelos senhores, a calar sempre, a obedecer sempre. Assim não tiveram o ímpeto de se rebelar e lutar, como aconteceu em outras regiões da Itália, contra as autoridades e os patrões. Tinham consciência que estavam sendo rápido e impiedosamente expulsos das suas terras, mas, os culpados eram sempre os seus patrões e não a difícil situação político econômica que o Vêneto precisou suportar, principalmente, nos primeiros anos da sua anexação pelo reino da Itália. 

A resposta dos vênetos, para essa situação crônica de pobreza e subserviência em que estavam vivendo, foi a emigração definitiva para o Novo Mundo, um verdadeiro movimento de libertação, que pode ser considerado como um ato revolucionário, uma forma de protesto ao estado italiano, aos odiados senhores,  os proprietários das terras, sem recorrerem ao uso da violência. Se moveram vilas inteiras, partindo muitas vezes no escuro, em silêncio, como se estivessem fugindo. Saíam dando vivas à América e morte aos insaciáveis patrões! Nós vamos para o Brasil e agora caberá aos senhores proprietários, aos patrões, trabalharem as suas terras, diziam os emigrantes em forma de desafio. 

A partida foi vivida, sem dúvida, como um acontecimento doloroso, mas, por outro lado, necessário. Rompeu uma secular situação de miséria sem fim e de vergonhosa subserviência, abriu as portas para esperança. 



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS