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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Os Emigrantes Italianos nas Fazendas de Café de São Paulo



Apesar que a região Sul tenha sido a pioneira na imigração italiana, foi a Sudeste aquela que recebeu a maioria dos imigrantes. Isto se deve ao processo de expansão das lavouras de café em São Paulo e, também no Espirito Santo e Minas Gerais. 
Com o fim da escravidão no Brasil e o sucesso da colonização italiana no Sul do país, os próprios donos das fazendas de café trataram de atrair e contratar os imigrantes italianos para trabalharem nas suas propriedades.


No começo, por volta de 1870, o emigrante tinha que trabalhar nessas plantações vinculados a um contrato de cinco anos e o valor da passagem, paga inicialmente pelo fazendeiro, deveria ser devolvida anualmente pelo imigrante contratado. 


A partir de 1881, o governo paulista, que na ocasião era controlado politicamente pelos fazendeiros, passou a incentivar oficialmente a imigração italiana com destino aos cafezais, subsidiando metade das despesas da viagem, mas, ainda mantendo o contrato de cinco anos e a necessidade de ressarcimento das despesas com a viagem. 
Os colonos eram contratados ainda na Europa e trazidos diretamente para as fazendas de café. Tinham sua viagem de navio paga, assim como o transporte por terra até as fazendas. Essas despesas, entretanto, entravam como um adiantamento feito ao colono pelo proprietário, assim como, igualmente, lhe era adiantado o necessário à sua manutenção, até que ele pudesse se sustentar. 


À cada família era atribuída uma porção de pés de café, na proporção do número de seus membros e capacidade para cultivar, colher e beneficiar. Aos colonos também era facultado cultivar uma pequena roça própria, em locais estipulados pelo fazendeiro, onde produzia alguns produtos agrícolas básicos  necessários ao seu sustento. 
O colono não podia abandonar a fazenda sem ter previamente comunicado por escrito a sua intenção de retirar-se e só o poderia fazer após saldar todos os seus débitos com o patrão. 
A região mais emblemática para a história do café no estado de São Paulo e também da imigração italiana fica em volta da cidade de Ribeirão Preto, onde ali se concentrava o melhor solo para o plantio de café em todo o mundo.


O estado de São Paulo se constituiu no destino da maioria dos emigrantes italianos que vieram para o Brasil. O estado paulista foi o destino de aproximadamente 44% da emigração italiana para o Brasil entre os anos de 1820 e 1888. No entanto, entre os anos de 1889 e 1919 este número chegou a 67%. O pico foi entre 1900 e 1909, quando esse total chegou a 79%. 
O peso demográfico italiano no estado foi muito grande: em 1934, italianos e seus descendentes já representavam aproximadamente metade da população de São Paulo. 
São Paulo oferecia muitas vantagens para quem quisesse emigrar para lá: pagava 75 mil réis por adulto, a metade por meninos de 7 a 12 anos e 20% pelas crianças de 3 a 7 anos. 
Uma entidade chamada de Sociedade Promotora de Imigração foi criada na Itália com o intuito de incentivar a emigração. Na época não era difícil atrair emigrantes para o estado: os jornais paulistas também publicavam anúncios, convidando os estrangeiros que lá residiam a chamar parentes para o Brasil, com o incentivo que teriam passagem gratuita. Na sede dessa sociedade na Itália logo surgiram milhares de solicitações de interessados em embarcar para o Brasil. 
No ano de 1887, foi construída a Hospedaria dos Imigrantes, no bairro do 
Brás, onde os emigrantes recém chegados ficavam abrigados por no máximo oito dias. Lá, eles eram procurados pelos fazendeiros que lhes ofereciam os contratos de trabalho. Geralmente o contrato era estabelecido oralmente, sem nenhuma garantia escrita de que seria integralmente cumprido de acordo com o combinado. Uma vez aceito o contrato, os imigrantes eram transportados do porto de Santos, por meio de trem até a fazenda, sendo viagem inicialmente custeada pelos fazendeiros.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS