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sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

A “Pequena Itália” no México — História, Imigração Vêneta e Tradições Preservadas


 

A “Pequena Itália” no México — História, Imigração Vêneta e Tradições Preservadas

No século XIX, em meio à fome e à instabilidade provocadas por enchentes e crises econômicas na região do Vêneto, muitas famílias decidiram deixar a Itália em busca de um novo começo. Em 1882, cerca de 50 famílias — totalizando aproximadamente 550 pessoas — originárias principalmente de comunidades como Segusino, Quero, Valdobbiadene, Feltre e Maser partiram rumo ao México. Essas famílias fundaram a colônia que viria a se chamar Chipilo, no estado de Puebla.

Inicialmente a localidade ficou conhecida como Colonia Fernández Leal, e depois como Chipiloc — nome de origem náhuatl. Em 1899, foi oficialmente reconhecida como povoado com o nome Chipilo. 

Chipilo Hoje: Demografia, Idioma e Identidade Cultural

 . População e herança vêneta

Atualmente, Chipilo permanece uma comunidade pequena — com pouco mais de 4 000 a 4 500 habitantes. A grande parte da população é descendente direta dos colonos originais. A comunidade preservou sobrenomes típicos de origem italiana/vêneta e manteve tradições culturais herdadas dos antepassados. 

. O dialeto vêneto e o “veneto-chipileño”

Uma das características mais notáveis de Chipilo é a manutenção do dialeto vêneto, adaptado localmente como “veneto-chipileño”. Apesar de estar no México, muitos habitantes continuam falando essa língua dentro de casa e entre si. Segundo relatos de moradores locais, as crianças aprendem o vêneto como primeira língua em casa — antes do espanhol — o que faz do Chipilo um caso raro no continente americano de preservação linguística de uma comunidade de imigrantes. 

Economia, Cultura e Tradições de Chipilo

. Agricultura, laticínios e carpintaria

Embora os colonos tivessem chegado com expectativas de cultivar uvas ou olivais, as terras se mostraram inadequadas para essas culturas. Em resposta, os imigrantes vênetos se adaptaram: voltaram-se para a criação de gado, produção de laticínios e, com o tempo, desenvolvendo a carpintaria e a fabricação de móveis rústicos. Essa adaptação permitiu não só a sobrevivência da comunidade como também seu crescimento econômico. Atualmente, os móveis artesanais de Chipilo têm alcance nacional e, em muitos casos, internacional.

Identidade, costumes e resistência cultural

Chipilo preserva diversas tradições trazidas da terra natal. A arquitetura, os costumes, a gastronomia — incluindo pratos, queijos e alimentos típicos — e o dialeto fazem com que a cidade seja conhecida como uma “pequena Itália” no México. 

Os habitantes mantêm forte senso de comunidade, e muitos valorizam a herança cultural de seus antepassados. Em festas, na comida, nos negócios e até no modo de cumprimentar — com o dialeto vêneto —, a italianidade permanece viva em pleno território mexicano. 

Chipilo: Um Caso Único de Imigração e Preservação Cultural

Chipilo representa um exemplo raro — talvez único em âmbito latino-americano — de como uma comunidade de imigrantes europeus conseguiu manter, por gerações, sua língua original, seus costumes e sua identidade cultural, mesmo vivendo fora da Itália. A comunidade resistiu à assimilação total e preservou sua essência, algo reforçado por gerações que aprenderam o dialeto em casa e transmitem às novas gerações. 

Estima-se que entre 3.800 e 4.000 chipileños descendem diretamente dos colonos italianos de 1882. Entre os sobrenomes vênetos que ainda se preservam em Chipilo, destacam-se aqueles trazidos pelos primeiros colonos vindos do Vêneto, como Bortolussi, Dalla Costa, Dall’Omo, Dal Pozzo, De Nardi, De Rocco, Durigon, Furlan, Marcon, Menegazzi, Ongaro, Pasin, Piovesan, Roncato, Rossetto, Sandrin, Sasso, Schiavon, Tonin, Toffoli e outros que, ao longo das gerações, mantiveram viva a identidade vêneta na comunidade. Esse grau de preservação cultural — idioma, sobrenomes, tradições — faz de Chipilo um patrimônio vivo da imigração italiana nas Américas.

Conclusão do Autor

Chipilo é muito mais do que uma curiosidade histórica: é a prova viva de que a migração, mesmo tão distante e difícil, pode preservar raízes culturais profundas. A comunidade formada por vênetos que partiram da Itália há mais de 140 anos construiu uma nova vida no México, mas não deixou para trás sua língua, seus costumes ou sua identidade. Hoje, Chipilo representa uma conexão vibrante entre o Vêneto e a América Latina.

Este texto busca homenagear essa trajetória — contar a história desses imigrantes, expor como, por meio da adaptação e da persistência, transformaram terras inóspitas em um refúgio de esperança. E mostrar que, mesmo longe da pátria, é possível manter viva a memória e a cultura. 

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta



domingo, 7 de dezembro de 2025

La “Pìcoła Itàlia” ’ntel Mèssico — Stòria, Imigrassion Vèneta e Tradission Conservà

 

La “Pìcoła Itàlia” ’ntel Mèssico — Stòria, Imigrassion Vèneta e Tradission Conservà


Stòria de ’l ’800: Fama, Crisi e ’l Viagio fin a Chipilo

Ntel sècolo XIX, in meso a la fame e a l’instabilità sossial causà da slavine, piene e crisi economiche ’nte la region del Vèneto, tante famèie i ga pensà de lassar l’Itàlia par catar un nuovo scomìnsio. ´Ntel 1882, da comunità come Segusino, Quero, Valdobiadene, Feltre e Maser, i ga partì intorno a 50 famèie — aprossimativamente 550 persone — drio ’ndar fin al Mèssico. Ste famèie i ga fondà la colònia che dopo la sarà ciamà Chipilo, ´ntel stato de Puebla.

´Ntel scomìnsio ’l posto el zera cognossù come Colònia Fernandez Leal, e dopo Chipiloc, nome de origen náhuatl. ´Ntel 1899 el vien ricognossù ufissialmente come paese con el nome de Chipilo.

Chipilo Ancó: Demografia, Lenga e Identità Culturale

.Popolassión e eredidà vèneta

Ancó Chipilo el ga restà ’na comunità pìcoła — da 4.000 a 4.500 abitanti. La parte granda de la zente la ze dessendente direta dai primi coloni. La comunità la conserva tanti cognomi típici de origen talian/vèneta e tradission che vien da i veci.

.El dialeto vèneto e el “vèneto-chipileño”

Una dele caraterìstiche pì interessante de Chipilo la ze la conservassion del dialeto vèneto, che ’el se ga trasformà in loco come “vèneto-chipileño”. Anca stando ’ntel Mèssico, tanti de lori i parla ancora questa lèngua in casa e tra de lori. Da testimonianse dei abitanti, i putei i impara prima el vèneto che el spagnolo — un caso raro de preservassion lingüìstega de ’na comunità imigrà ’nte tuto el continente americano.

Economia, Cultura e Tradission de Chipilo

.Agricoltura, lateria e falegnameria

I primi coloni i contava de piantar viti e olivi, ma la tera no zera bona. Cussì, i imigranti vèneti i se ga adatà: i ga svoltà verso lo slevamento, la produssion de derivà dal late e, con el tempo, anca la falagnameria e la costrussion de mòbili rùstegui. Sta capacità de ’ndar drìo ai fadighi ga portà vita a la comunità e un svilupo económico continuo. Ancó, i mobili artigianài de Chipilo i riva in tuto el Mèsico e anca fora.

.Identità, costumi e resistensa cultural

Chipilo la tien vive tante tradission portà dal Vèneto: l’architetura, i costumi, le maniere de magnar — con piati de la tradission vèneta, formài e altri magnar tìpichi — e sopratuto el dialeto. Par questo la zé cognossù come ’na “pìcoła Itàlia” ’ntel Mèssico.

La zente la ga ’n senso forte de comunità e la valora l’eredità dei noni. ´Nte le sagre, ´nte la cusina,´nte i negossi e anca ´ntel modo con che i se saluda — sempre con el dialeto vèneto — la venetissità la resta viva e forte.

Chipilo: Un Caso Ùnico de Imigrassion e Preservassion Cultural

Chipilo el ze un caso raro — forse ùnico ’nte tuto el Latinoamèrica — de come ’na comunità imigrada la ga riussì a tegner viva par generassion la loro lèngua, i loro costumi e la loro identità, anca vivendo fora de l’Itàlia. Lori no i se ga lassà assimilar, ma i ga continuà a transmetar tuto ai fiòi e ai nepoti.

Se stima che tra 3.800 e 4.000 chipileñi i ze dessendenti direti dei imigranti taliani del 1882. Tra i cognomi vèneti ancora vivi a Chipilo ghe ne ze tanti: Bortolussi, Dalla Costa, Dall’Omo, Dal Pozzo, De Nardi, De Rocco, Durigon, Furlan, Marcon, Menegazzi, Ongaro, Pasin, Piovesan, Roncato, Rossetto, Sandrin, Sasso, Schiavon, Tonin, Toffoli, e altri che, par generassion, i ga tegnù viva l’identità vèneta. Sta preservassion — de lèngua, cognomi e tradission — la fa de Chipilo un património vivo de l’imigrassion veneta ’nte le Amèriche.

Conclusión de l’Autor

Chipilo no la ze mia ’na sèmplisse curiosità de stòria: lal ze la prova viva che l’imigrassion, anca lontan e dura, la pol conservar radise profunde. La comunità de vèneti che i ga lassà l’Itàlia pì de 140 ani fa la ga costruì ’na vita nova ´nte’l Mèssico sensa mai perdar la so lèngua, i so costumi e la so identità.

Sto testo el vol far onor a sta caminada — contar la stòria dei imigranti, far védar come con l’adatassion e la volontà i ga trasformà un posto difìssile in un rifùgio de speransa. E ricordar che, anca lontan da la pàtria, se pol tegner viva la memòria e la cultura.

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta


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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Emigrações Vênetas Quase Esquecidas



Na emigração vêneta, o papel central pertence aos fluxos que partiram da província de Belluno. Nos anos entre 1876 e 1915, por exemplo, 589.872 pessoas da província de Belluno partiram para o exterior. Este número é igual a 32,4% das pessoas de todo o Vêneto que emigraram no mesmo período. Os "comuni" da província de Belluno são todos montanhosos e isto permite-nos associar esta dinâmica aos fatores que determinaram um forte despovoamento da zona de montanha na Itália. Entre 1876 e 1900, a região do Veneto enviou 299.739 emigrantes para a Alemanha de um total de 353.896 italianos. Já no que se refere à segunda fase, no nível regional certamente há evidências de contenção das saídas: os expatriados passam de 1.822.793 para 392.157 pessoas. As trilhas de 1959 e 1976 contam com 344.908 expatriados no Vêneto, trazendo a região para perto de 10% dos expatriados de toda a Itália. A província de Belluno continua a ser o reservatório de onde se alimenta principalmente o fluxo migratório de Vêneto. O ranking de destinos após a Segunda Guerra Mundial é liderado pela Suíça e Alemanha. No entanto, deve-se notar que a diáspora vêneta foi uma das mais significativas. 

Scalpellini Veneti in Romania


Três são os eventos migratórios bastante incomuns. Primeiro com a cidade de Ploštine, uma cidade localizada na Eslovênia (hoje Croácia), situada a cerca de cem quilômetros ao sul de Zagreb. Uma carta em croata datada de 26 de dezembro de 1876, acompanhada de uma brochura em italiano, com a qual os proprietários J. Reiser e F. Stein propunham oficialmente aos italianos vindos das montanhas de Veneto e Friuli a compra dos lotes de sua propriedade. “A habitual e consolidada emigração de Belluno naqueles anos sofreu um aumento dramático. Condições atmosféricas particularmente desfavoráveis ​​comprometeram a já precária economia de subsistência da região de montanha e, assim, tornou necessário, para sobreviver, emigrar para outro lugar, ainda mais do que antes”. Sete aldeias foram fundadas por imigrantes italianos na Eslovênia no início de 1880. Cerca de 45 famílias se estabeleceram em Khuenovo Selo,  nome antigo de Ploštine  mais tarde, outros imigrantes e seus parentes foram ali assentados, provenientes dos municípios de Longarone, Soverzene e Ponte delle Alpi, todos na província de Belluno. No início não faltaram as dificuldades, mas os emigrantes vênetos arregaçaram as mangas. Além da agricultura e da pecuária, se dedicavam à produção de carvão e até tijolos, único material com o qual podiam ser construídas casas e estábulos. Em 1904, a construção da igreja foi concluída e foi dedicada a Santo Antônio de Pádua. 

Há poucos anos o município de Segusino, na província de Treviso, publicou um livro  para recordar o gemellaggio celebrado em 1982 com a cidade de Chipilo, no estado de Puebla, no México, que acolhe uma comunidade de descendentes de colonos vênetos provenientes de Segusino, que emigraram no final do século XIX, e que representaria cerca de 80% da população atual do município de cerca de 4 mil habitantes. Em todo caso, é a outra fonte que se deve recorrer para reconstruir as etapas desse processo de migração. Com uma lei datada de 31 de maio de 1875, o Congresso da União dos Estados Mexicanos aceitou a proposta do Ministério do Fomento, Colonización, Industria y Comercio para uma nova legislação sobre imigração. Foi uma legislação mais pontualmente atenta às necessidades concretas da colonização que preparou uma série de garantias teóricas para que os assentamentos pudessem ser realizados em áreas propícias à salubridade. Apesar do disposto neste regulamento, as dificuldades enfrentadas ao nível operacional foram consideráveis. Ao apelo juntaram-se, entre outras, numerosas famílias de Segusino que em junho de 1882 chegaram a Chipilo, distrito de Cholula. Os migrantes vênetos que chegaram ao porto de Veracruz foram inicialmente fixados na colônia "Porfirio Diaz" de Barreto, no estado de Morelos, a qual foi uma experiência muito triste para eles.

No caso dos 1000 a 1500 italianos que no final do século XIX trabalharam nas pedreiras de Meulière, em Grigny, uma município do Departamento de Essonne, na França. A maioria deles veio dos municípios de Posina, Schio e Arsiero, na província de Vicenza. Os homens chegaram sozinhos e, assim que se acomodaram, trouxeram sua esposa e filhos da aldeia.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS



quarta-feira, 7 de março de 2018

Emigração Vêneta para Chipilo no México






Emigração Vêneta para Chipilo no México


Já se passaram mais de 132 anos dessa outra incrível página da história protagonizada pelo vênetos fugindo da fome e falta de prospectiva de futuro, principalmente depois das enchentes ocorridas no rio Piave naquela época.

No ano de 1882 cerca de 50 famílias das Províncias de Treviso e Belluno a maioria de Segusino (Segusino, Quero, Valdobbiadene, Feltre e Maser), um total de cerca 550 pessoas, quase todos agricultores, partiram em emigração, deixando o município de Segusino para fundar a Colônia de Chipilo, no estado de Puebla, no México. A história da descoberta desta outra façanha dos vênetos ainda é bem recente e é contada no romance da escritora e pesquisadora Francesca Cazzaniga, no livro “Chipilo, uma Vila Vêneta no México”.






Chipilo está a 12 Km ao sul da cidade de Puebla, situada em um altiplano com 2150 metros sobre o nível do mar, a cerca de cem quilômetros da capital mexicana. Seu nome oficial é Chipilo de Francisco Javier Mina. Nos primeiros 20 anos a cidade foi batizada como Colonia Fernández Leal e em seguida batizada com o nome nativo Chipiloc de onde veio se originar o nome atual. Com pouco mais de 5.000 habitantes, os descendentes dos vênetos correspondem a dois terços desse total. O progresso pode ser visto por toda parte, com as suas inúmeras indústrias e negócios em contraste com os município vizinhos, mais na planície. Em Chipilo ainda hoje se fala o dialeto vêneto e os nomes vênetos e italianos podem ser vistos por todo o comércio local, em negócios e nas fábricas.

Atualmente em Chipilo existem 32 sobrenomes italianos muito comuns:

Barbizani, Berra, Bertoni, Bortolini, Bortolotti, Bronca, Colombo, Crivelli, Dossetti, Fascinetto, Galeazzi, Lavazzi, Martini, Mazzocco, Merlo, Minutti, Mioni, Montagner, Meotti, Orlansino, Pasqualli, Piloni, Précoma, Salvatori, Simoni, Spezzia, Stefanoni, Vanzzini, Zago, Zanella e Zecchinelli. Outros, como Melo, Zalot, Nanni y Facinetto são menos encontrados.


Chipilo tem gemellaggio com o comune de Segusino desde o ano de 1982, quando então se comemorava o centenário da fundação da Colônia de Chipilo. Além da língua também mantiveram inúmeras outras tradições vênetas, entre as quais a dedicação e amor ao trabalho.






Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta

Erechim RS