quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Os Tecelões de Schio no Brasil



Em 17 de fevereiro de 1891 na pequena e já  relativamente industrializada cidade de Schio, província de Vicenza, Itália, os operários têxteis do maior estabelecimento industrial do país, na época, pararam as máquinas. O motivo que desencadeou a greve foi que a empresa reduzira o valor pago das horas trabalhadas alegando que o valor que estavam pagando em trabalhos  na cidade era bem maior do que em outros locais e também que a produção atual estava abaixo daquela de anos anteriores. 

Os operários, já esmagados em seus míseros salários reagiram contra a nova situação criada parando os teares e partindo para a greve, mesmo sabendo das consequências que teriam que assumir de tal paralização.

Com o desfecho da greve veio o fechamento da fábrica levando ao afastamento voluntário de muitos e a demissão sumária de tantos outros  empregados que deixaram assim a empresa têxtil Lanifício Rossi. 

Um grande número desses ex-funcionários emigrou principalmente para o Brasil, no início de 1891, aproveitando a corrente favorável em todo o Vêneto em direção ao novo "El Dorado" sul americano. 

Entretanto, além do Brasil, que de longe foi o que mais recebeu imigrantes de Schio, também a Suíça, a Alemanha, os Estados Unidos, a Austrália e em menor escala a Argentina acolheram grupos desses operários. 

Na Suíça, concentraram-se nas cidades da zona industrial de Zurique, às margens do lago homônimo. Dentre essas cidades suíças, a que mais recebeu imigrantes de Schio foi Thalwil. Nos Estados Unidos, esses imigrantes se concentraram em duas cidades industriais: a Capital Nova Jersey e Paterson, localizadas, do outro lado do rio Hudson, em frente a Nova Iorque, já no Estado de Nova Jersey. 

Muitos dos que chegaram ao Brasil conseguiram encontrar oportunidades de emprego em algumas fábricas têxteis no estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul. Os estados brasileiros que receberam contingentes migratórios de Schio foram, por ordem de grandeza numérica: São Paulo, 257; Rio Grande do Sul, 159; Rio de Janeiro, 53; Minas Gerais 12; e Espírito Santo, 3.  Entretanto outras 555 pessoas não tiveram seus destinos ou desembarques identificados. 

Na Colônia de Caxias, no Rio Grande do Sul,  alguns desses imigrantes se fixaram em uma localidade próxima, nas terras devolutas da 4ª e 5ª léguas, denominando o lugar como “Profondo”, hoje Galópolis.  A existência de arroios e quedas d'água em abundância levou os imigrantes a organizarem uma rudimentar tecelagem em forma de cooperativa para fornecer a energia que movimentaria as rodas dos moinhos. 

O grupo de sócios dessa cooperativa era composto por José Comerlato, João Batista Tisot, José Bolfe, Angelo Basso, José Casa, Otávio Curtolo, Jacinto Vial, João Sartor, Batista Mincato, José Berno, entre outros. Junto com alguns investidores locais, concorreram para a formação de  uma pequena tecelagem, inaugurada em 29 de janeiro de 1898, com teares adquiridos de uma empresa italiana falida. 

Não conseguindo o sucesso industrial e comercial esperado, os sócios da cooperativa foram forçados a vender a fábrica em 1907 para o italiano Ércole Galló, químico tintureiro da firma F.G. Rheingantz e Cia. (Cia União Fabril) da cidade de Rio Grande. Galló foi Vice-Intendente do município de Caxias do Sul entre 1914 e 1915. Do seu nome deriva-se o primeiro distrito de Caxias, Galópolis. 

A pequena tecelagem, organizada pelo grupo de imigrantes italianos provenientes de Schio  transformou-se no Lanifício Chaves Irmãos e Cia. Em 1913, com o objetivo de ampliar a tecelagem, Galló associou-se a Pedro Chaves Barcellos, sócio principal da empresa Chaves Almeida, de Porto Alegre. 

A comunidade agrupou-se ao redor da fábrica e em 1979 a Chaves Almeida foi adquirida pelo Grupo Alfred, passando a denominar-se Lanifício Sehbe S/A. 

Segundo boletim da empresa, de março de 1985, a Lanifício Sehbe empregava 700 funcionários, ou seja, um quarto da população da vila na época. Segundo pesquisa em 1984 residiam em Galópolis 2.759 pessoas. 

As famílias de Schio que entraram no Estado de São Paulo, entre 1891 e 1895, foram: 

ANDRIGHETTO 
BASSO 
BELTRAME, Eugenio
BELTRAME, Guglielmo Luigi 
BENETTI 
BERTON 
BICEGO 
BONIVER
BORGHERO
BRESSAN
CAMPANA
CARPIN
CASARA
CERIBELLA 
CHEMELLO 
CHIARATI 
CISCATO 
CISCO 
COR(R)À 
CRESTANA 
DAI ZOVI 
DAL LAGO 
DAL SANTO 
DALLA COSTA, Pietro 
DALLA COSTA, Stefano 
DALLA VECCHIA 
DANIELE 
DANIELI 
DE LUCA
FABBIANI
FERRARO 
FRIZZO, Domenico 
FRIZZO, Emilio 
FUCCENECCO 
GAFFI 
GAVASSO 
GHIOTTO, Bortolo 
GHIOTTO, Vittorio 
LAGO 
LOSEO, Angela 
LOVATO 
LUCCARDA 
MAGNANI 
MALAGNINI 
MARTINUZZI 
MARZOTTO 
MELO 
MENIN, Girolamo 
MENIN, Pietro 
MILANI 
NAZZO 
PASQUALOTTO 
PATRONCINI, Giovanni 
P A TRONCINI, Luigi 
PEZZELA TO 
PIAZZA 
POLI 
RABBITO 
RENZI 
ROMAN 
ROSSI 
SALIN 
SCAPIN 
SCARAMUZZA 
SEGALA 
SELLA 
TESCARI 
TESSARI 
TESSARO
TESTA 
TOVAGLIA, Pietro Nicola 
TOVAGLIA, Giuseppe 
USTORIO 
VICENTIN, Antonio 
VICENTIN, Girolamo 
ZALTRON, Giovanni (1) 
ZALTRON, Giovanni (2) 
ZALTRON, Giuseppe 
ZAMBELLI 
ZANELLA 
ZANONI



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