Em 17 de fevereiro de 1891 na pequena e já relativamente industrializada cidade de Schio, província de Vicenza, Itália, os operários têxteis do maior estabelecimento industrial do país, na época, pararam as máquinas. O motivo que desencadeou a greve foi que a empresa reduzira o valor pago das horas trabalhadas alegando que o valor que estavam pagando em trabalhos na cidade era bem maior do que em outros locais e também que a produção atual estava abaixo daquela de anos anteriores.
Os operários, já esmagados em seus míseros salários reagiram contra a nova situação criada parando os teares e partindo para a greve, mesmo sabendo das consequências que teriam que assumir de tal paralização.
Com o desfecho da greve veio o fechamento da fábrica levando ao afastamento voluntário de muitos e a demissão sumária de tantos outros empregados que deixaram assim a empresa têxtil Lanifício Rossi.
Um grande número desses ex-funcionários emigrou principalmente para o Brasil, no início de 1891, aproveitando a corrente favorável em todo o Vêneto em direção ao novo "El Dorado" sul americano.
Entretanto, além do Brasil, que de longe foi o que mais recebeu imigrantes de Schio, também a Suíça, a Alemanha, os Estados Unidos, a Austrália e em menor escala a Argentina acolheram grupos desses operários.
Na Suíça, concentraram-se nas cidades da zona industrial de Zurique, às margens do lago homônimo. Dentre essas cidades suíças, a que mais recebeu imigrantes de Schio foi Thalwil. Nos Estados Unidos, esses imigrantes se concentraram em duas cidades industriais: a Capital Nova Jersey e Paterson, localizadas, do outro lado do rio Hudson, em frente a Nova Iorque, já no Estado de Nova Jersey.
Muitos dos que chegaram ao Brasil conseguiram encontrar oportunidades de emprego em algumas fábricas têxteis no estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul. Os estados brasileiros que receberam contingentes migratórios de Schio foram, por ordem de grandeza numérica: São Paulo, 257; Rio Grande do Sul, 159; Rio de Janeiro, 53; Minas Gerais 12; e Espírito Santo, 3. Entretanto outras 555 pessoas não tiveram seus destinos ou desembarques identificados.
Na Colônia de Caxias, no Rio Grande do Sul, alguns desses imigrantes se fixaram em uma localidade próxima, nas terras devolutas da 4ª e 5ª léguas, denominando o lugar como “Profondo”, hoje Galópolis. A existência de arroios e quedas d'água em abundância levou os imigrantes a organizarem uma rudimentar tecelagem em forma de cooperativa para fornecer a energia que movimentaria as rodas dos moinhos.
O grupo de sócios dessa cooperativa era composto por José Comerlato, João Batista Tisot, José Bolfe, Angelo Basso, José Casa, Otávio Curtolo, Jacinto Vial, João Sartor, Batista Mincato, José Berno, entre outros. Junto com alguns investidores locais, concorreram para a formação de uma pequena tecelagem, inaugurada em 29 de janeiro de 1898, com teares adquiridos de uma empresa italiana falida.
Não conseguindo o sucesso industrial e comercial esperado, os sócios da cooperativa foram forçados a vender a fábrica em 1907 para o italiano Ércole Galló, químico tintureiro da firma F.G. Rheingantz e Cia. (Cia União Fabril) da cidade de Rio Grande. Galló foi Vice-Intendente do município de Caxias do Sul entre 1914 e 1915. Do seu nome deriva-se o primeiro distrito de Caxias, Galópolis.
A pequena tecelagem, organizada pelo grupo de imigrantes italianos provenientes de Schio transformou-se no Lanifício Chaves Irmãos e Cia. Em 1913, com o objetivo de ampliar a tecelagem, Galló associou-se a Pedro Chaves Barcellos, sócio principal da empresa Chaves Almeida, de Porto Alegre.
A comunidade agrupou-se ao redor da fábrica e em 1979 a Chaves Almeida foi adquirida pelo Grupo Alfred, passando a denominar-se Lanifício Sehbe S/A.
Segundo boletim da empresa, de março de 1985, a Lanifício Sehbe empregava 700 funcionários, ou seja, um quarto da população da vila na época. Segundo pesquisa em 1984 residiam em Galópolis 2.759 pessoas.