sábado, 26 de dezembro de 2020

Roma Antiga

A loba que aleita Romulus e Remus em um alto relevo proveniente de Klagenfurt
Segundo a lenda os dois gêmeos foram abandonados na corrente do rio Tibre mas este os depositou aos pés do Monte Palatino e a uma loba os alimentou. Se acredita que Romulus fundou Roma em 21 de Abril de 753 a. C.


AS ORIGENS E A MONARQUIA

Entre os povos presentes na Itália no primeiro milênio a.C. estavam os Latinos, que viviam na área da região do Lazio dos dias de hoje. Provavelmente foram eles  que fundaram Roma, passando de uma vila ao sul do rio Tibre, localizada em uma posição que permitia o controle da produção de sal da região.  Graças a essa extração, Roma se desenvolveu até se tornar uma cidade no século VII.

Nos primeiros séculos de sua história (ou seja, de 753 a 509 a.C.) Roma era uma monarquia, na qual o rei, escolhido entre as principais famílias possuidoras de terras, governava a cidade juntamente com uma assembléia (chamada Senado) formado pelos homens das famílias mais importantes. 
Nesse período monárquico, o território controlado por Roma era  limitado a uma pequena área ao redor do rio Tibre.


Tarquinius, o Soberbo, o último rei de Roma
Segundo a lenda Tarquínio, era etrusco

Na sociedade romana, existiam duas classes sociais: a nobreza, formada pelos proprietários de terras, que então eram chamados de patrícios, e o povo, constituído por camponeses, artesãos e comerciantes, chamados de plebeus. Somente os patrícios podiam fazer parte do Senado, enquanto que os plebeus eram excluídos de qualquer poder político.



Retrato em bronze do início do século III a.C., chamado "Bruto Capitolino", representando certamente um patrício


Relevo representando uma oficina de pedreiros. Os artesãos faziam parte do povo romano e suas oficinas estavam espalhadas por toda a cidade



A REPÚBLICA

No final do século VI a.C., a monarquia foi substituída por uma nova forma de governo, a chamada república, palavra derivada do latim "res publica" ou seja assuntos públicos, na qual o governo da cidade era dividido por uma série de magistrados, eleitos pelos cidadãos para assumir cargos públicos, ou as magistraturas. 
Os magistrados eram diferentes e numerosos: cada um se ocupava de tarefas específicas, como a construção de obras públicas, os julgamentos daqueles que infringiam a lei e assim por diante. Eles permaneciam no cargo por apenas um ano.  Os magistrados mais importantes eram os cônsules, lideraram o exército, mas tinham amplos poderes também em tempos de paz. 


Laje de mármore em que os romanos gravavam os nomes dos cônsules eleitos cada ano


No governo da cidade, os cônsules trabalhavam ao lado do Senado, do qual podiam fazer parte desde que tivessem anteriormente exercido cargos públicos. Por muitas décadas, esses deveriam ser patrícios.
Havia também outras assembléias de cidadãos, os chamados comícios, que eram formados por patrícios e plebeus, mas, como o voto dos nobres importava mais do que o povo, os plebeus tiveram pouca influência nas decisões que foram tomadas e a república romana permaneceu assim rigorosamente aristocrática.

Entre os séculos V e IV, os plebeus conseguiram enfim, de forma gradual, assumir alguns poderes políticos, obtidos através de grandes protestos que punham em perigo toda a cidade.
No início do século V, conseguiram a criação de uma nova magistratura, a dos tribunos da plebe, a qual tinha a tarefa de defender os interesses dos plebeus. 
Por volta de 450 a. C. conseguiram que as leis passassem a ser escritas. 



Reconstrução de uma das XII Tabelas, no início em madeira, nas quais eram  escritas
as primeiras leis romanas

Cerca do ano 400 a.C. os plebeus obtiveram acesso a algumas magistraturas e, portanto, passaram a fazer parte do Senado. Em 367 a.C. os plebeus conseguiram o direito de poder se tornarem cônsules.
Aos pouco, durante muitos anos os plebeus conseguiram limitar o poder dos patrícios, mas nunca fizeram de Roma uma cidade democrática. Uma nova nobreza fase formou, constituída pelos patrícios e plebeus, que conseguiram enriquecer e comprar terras, mas a grande parte do povo sempre foi excluída da administração do poder.


Tiberio Sempronio e Gaius Sempronio Gracco eram dois irmãos famosos,
ambos  tribunos eleitos pela plebe, no final do século II a.C. 
aqui são representados em 1853, uma obra de Jean-Baptiste-Claude-Eugène Guillaume


Nos 5 séculos da história republicana, Roma experimentou um forte desenvolvimento, determinado pelo seu desejo de expandir e conquistar novas terras, o que só se concretizou através de guerras.


Placa funerária do centurião Tito Calidio Severo, representando o equipamento militar
dos centuriões, os oficiais encarregados de comandar uma centúria  o departamento militare formado por 100 soldados, elas eram a espinha dorsal do exército romano

A primeira fase de expansão romana foi dirigida contra a própria península, lutando primeiro contra os etruscos, depois contra tribos italianas, em particular os Samnita e depois  contra os gregos do sul da península.  Roma, por volta de 270 a.C. já dominava quase todo o território da atual Itália, dos Montes Apeninos até o Estreito de Messina. 

Guerreiro Itálico 

Guerreiros Samnita

A segunda fase Roma se caracterizou pela invasão da colônia fenícia de Cartago, no norte da África, mediante três guerras, as chamadas guerras púnicas. À partir de então Roma passou a controlar todo o Mediterrâneo ocidental,  compreendendo a Sicília, Sardenha, Córsega, as costas da Espanha e o noroeste da África.


Batalha de Aníbal e Cipião, em Zama, gravura de 1567, de Cornelis Cort, baseada em um desenho de Raffaello Sanzio. 
A batalha de Zama ocorreu em 202 a.C. e marcou a derrota definitiva do general cartaginês Hannibal. Este e seu oponente romano Scipione, são considerados entre os líderes militares mais brilhantes da história

Com a terceira fase, ocorrida entre os séculos II e I a.C., Roma ampliou seus domínios no Mediterrâneo oriental, da Macedônia à Pontus, na península da Anatólia e no Egito, e ao norte da Itália setentrional até a Gália, as atuais França e Bélgica.


Baixo relevo no mausoléu dos Julius, em Saint-Remy-de-Provence, século I a.C.
representando uma batalha entre gauleses e romanos

A quarta e última fase, entre os séculos I e II d.C. levou Roma à novas conquistas, a Bretanha, Mauritânia, no norte da África e algumas áreas no Oriente Próximo e Europa Oriental, essas conquistas foram ditadas principalmente pela necessidade de consolidar e defender o grande império de povos que ameaçavam as suas fronteiras.




Detalhe da Coluna de Trajano, monumento do início do século II d.C., erguido em Roma para celebrar a conquista da Dacia, região entre a atual Romênia e a Moldávia, pelo imperador Trajano). Na representação vemos Trajano, sentado, discutindo com seus oficiais, enquanto os legionários romanos, mais à direita, iniciavam sua marcha, equipados com suas armaduras, capacetes, escudos e as espadas




O IMPÉRIO

O nascimento do Império Romano foi precedido por uma série de guerras civis, travadas pelas duas facções formados na Roma republicana, todas elas visando o expansionismo:

- por um lado, o partido aristocrático, formado pela nobreza senatorial, que queria defender seus privilégios e era contra qualquer mudança política

- do outro, o partido popular, formado por cavaleiros com apoio da plebe, que exigiam maior poder político e uma série de transformações econômicas. 

As tensões entre os dois grupos já haviam antes causado confrontos violentos. No século I a.C. alguns generais ambiciosos aproveitaram a situação para impor seu poder pessoal, contando com o apoio do partido aristocrático, mas, também em outras ocasiões com o do partido popular. Assim, durante este século, as guerras entre Mario, plebeu e a nobre Silla se continuaram depois entre Pompeo, que era apoiado pelo Senado,  com Cesar e finalmente entre Otaviano e Marco Antonio. 

Mario, Silla, Cesar e Pompeo 

A derrota de Marco Antonio (aliado da rainha do Egito, Cleópatra) na batalha de Actium no ano 31 a.C. deixou Otaviano como o único patrão de Roma. Em 27 a.C. o Senado concedeu-lhe o título de Augusto e essa data tradicionalmente marca o nascimento do Império. Desde então até o século V d.C. Roma voltou a ser uma monarquia, desta vez de tipo imperial, e que tinha domínio sobre um vasto território. 

O Império Romano no período de seu máximo esplendor 

Augusto, nas vestes de pontífice máximo, maior cargo religioso romano

Augusto com a lorica, a característica armadura dos comandantes militares


A organização de um império assim grande, certamente, não foi tarefa nada fácil. Simplificando, podemos dizer que o território foi dividido em províncias, cada uma das quais dependendo de um governador. Os habitantes das províncias pagavam tributo à Roma: algumas populações foram submetidas às leis romanas, outras, especialmente aquelas no leste, mantiveram certa autonomia administrativa, desde que não entrassem em conflito com os interesses do Império. 



Escultura representando um oficial de cobrança de impostos que conta moedas,
 enquanto outro verifica as listas de pagadores nos registros em pergaminho


Todo o poder que não tinha limites estava nas mãos do imperador e somente uma conspiração ou um levante militar poderiam pôr fim ao domínio dos imperadores, os quais eram particularmente cruéis e mal vistos, como exemplo Calígula (41 d.C.), Nero (68 d.C.) e Domiciano (96 d.C.).

Calígula - Nero e Domiciano


O poder imperial era muitas vezes transmitido por herança, ou seja, na morte de um imperador era sucedido por um filho ou parente mais próximo; outras vezes os imperadores escolhiam como herdeiro não um parente, mas sim uma pessoa que consideravam ter condições adequadas para ocupar esse cargo de tanto poder; outras vezes ainda, os imperadores e seus herdeiros eram assassinados e o novo imperador vinha a ser escolhido pelo Senado (assembléia que continuou a existir mesmo após a criação do Império) ou pelos pretorianos (guarda pessoal do imperador) ou ainda pelo exército. A partir do terceiro século d.C. a violência tornou-se o meio usual para se chegar ao trono imperial.

Pretorianos 


Foi no terceiro século que começou um período de crises para o império, devido a causas externas e internas.
Entre as causas externas, a principal foi o início dos ataques contra Roma de outros Povos, pelos romanos denominados bárbaros, que viviam do outro lado das fronteiras do império. Essas invasões ocorreram na Mesopotâmia, Anatólia, Gália e na própria península italiana.
As causas internas incluíram conflitos e tumultos de regiões inteiras do império, que resultou em guerras civis ou, que em alguns casos, levou muitas delas à conseguir a independência.
Outro elemento que colaborou para essa crise foi a situação por que passavam as legiões romanas daquele tempo, pois a mínima parte delas, eram constituídas por cidadãos romanos (como era no período republicano), a maioria dos legiões se compunha por soldados mercenários, especialmente formada por recrutados provenientes das tribos germânicas, que se alistavam por dinheiro, mas, sem patriotismo estavam sempre prontos para se colocar ao serviço daqueles que mais pagavam.

Legionários em batalha


Com as guerras e as consequentes destruições chegaram a fome e as epidemias, as quais favoreceram a um declínio da população, que por sua vez causava uma maior crise econômica, pela diminuição da produção de alimentos e enfraquecimento do comércio.
A crise marcou substancialmente a história do Império Romano pelo espaço de dois séculos, com períodos de alguma recuperação, alternados com outros de declínio. 
Para enfrentar e reprimir esses ataques vindos de fora, que ocorriam em várias frentes, se fazia necessária  a presença nesses locais do próprio imperador, pois ele era também o comandante supremo das legiões. Às vezes o imperador enviava  seu representante, para regiões distintas, muitas vezes bastante distantes de Roma. 
No ano de 286 d. C. o imperador Diocleciano dividiu o império de duas partes, o Império Oriental e o Ocidental, designando para governa-los dois imperadores, os quais tinham o título de Augusto. Cada um deles estava auxiliado por um príncipe, aos quais receberam o título de César, estes destinados a se tornarem seus legítimos sucessores. A esses quatro mandatários foi dado o nome de tetrarcas.

Estas estátuas de pórfiro, esculpidas no IV século d.C., estão localizadas do lado esquerdo do portão principal, na entrada da Basílica de São Marcos, em Veneza, é são comumente interpretados como os quatro primeiros tetrarcas romanos, ou seja, os Augustos Diocleciano e Maximiano que abraçam os Césares Galério e Costanzo Cloro


Quando Constantino se tornou imperador no ano 306, a divisão do império em dois foi abolida, mas, logo no ano de 395, ocasião da morte  do imperador Teodósio, foi definitivamente restabelecida. À partir de então, havia dois impérios romanos:

1 - Império do Ocidente, que naquele tempo era o menos rico devido à presença de imensos latifúndios que dificultavam o  desenvolvimento da agricultura e também mais fraco devido aos inúmeros contrastes sociais internos entre cristãos e pagãos;

2- Império do Oriente, também chamado de bizantino, que indicava o antigo empório grego, no qual o imperador havia fundado a cidade de Constantinopla, escolhendo-a como a nova capital do império. Nesta o poder imperial e as  atividades econômicas eram muito mais estáveis ​​e desenvolvidas, portanto bem mais rico.
Os dois impérios tiveram destinos diferentes.



O Arco de Constantino em Roma foi construído para homenagear a vitória do imperador Constantino contra Maxêncio, que se auto proclamou imperador


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