segunda-feira, 2 de julho de 2018

Os Vênetos na Terra da Cucagna




Em 1875 a Itália, inicialmente, passou por uma grave crise econômica que atingiu a península de norte ao sul, justamente no período pós reunificação do país e a formação definitiva do Reino da Itália. Em seguida surgiu uma grave crise na agricultura, que já vinha se acumulando de anos anteriores, que veio a contribuir para o crescimento da emigração, especialmente das zonas de montanha do Vêneto. As condições de atraso da agricultura e da indústria e a crescente pressão fiscal foram alguns fatores que deram início a partida dos emigrantes. 




O êxodo dos vênetos foi causado pelo aumento do desemprego, pelas precárias condições de vida e de trabalho da população, que atingiram com maior força as camadas mais vulneráveis da população, aqueles pequenos agricultores sem terras e os artesãos, mas também os pequenos proprietários rurais. Um outro fator que naquele momento foi decisivo para incentivar a partida de milhares de vênetos foi a nova política de colonização adotada pelo governo imperial brasileiro. Este com auxílio de empresas e de uma intensa propaganda para atrair mão de obra dos países europeus que passavam por problemas econômicos. Os agentes de emigração contratados pelas empresas que buscavam mão de obra, giravam pelas vilas nos dias de mercado, quando o movimento de pessoas era muito maior, e descreviam o Brasil como a terra “de la cucagna” onde poderiam ficar ricos.
As primeiras levas de emigrantes que deixaram a Itália eram compostas prevalentemente por vênetos e as metas escolhidas eram o Brasil e a Argentina. O Brasil passava por um período de grande desenvolvimento econômico, necessitando de mão de obra livre, para utilizar nas enormes plantações de café no Estado de São Paulo, em parte para substituir a força de trabalho escravo, que estava prestes de ser abolido. Na mesma época, no Sul do país, principalmente, nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná, o governo brasileiro tinha criado várias colônias para o assentamento desses emigrantes.
A necessidade de emigrar era uma solução para os pobres que para conseguirem o dinheiro para comprar as passagens no navio, vendiam os animais e os objetos que não podiam levar e,  quando os possuíam, também os pequenos pedaços de terra. Muitas famílias juntavam as suas economias para permitir que algum de seus membros pudesse ir em busca de melhores oportunidades naquela terra “de la cucagna”, lá do outro lado do desconhecido oceano. 
No início da grande emigração a viagem marítima não era financiada e o bilhete entre Gênova e o Brasil podia custar de 160 a 200 liras. À partir de 1877 começaram a surgir as oportunidades de emigração, onde a viagem era totalmente custeada, pelas agências de emigração convencionadas, com o governo dos países para onde eles seriam levados. 

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

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