Com um vasto território, grande como toda a Europa,
muito rico em recursos minerais e naturais, tinha no final do século XIX uma
escassa população, quase toda concentrada em duas grandes cidades, nas faixas litorâneas.
Para os trabalhos pesados como o da extração de madeira, como o pau-brasil e depois
as culturas de cana de açúcar, os portugueses trouxeram os escravos africanos,
que durante muitos anos foram a força motriz da economia brasileira.
No ano 1830 as culturas de café foram introduzidas,
principalmente no estado de São Paulo e a mão de obra escrava é que dava conta
da demanda de mão de obra. Em pouco tempo o Brasil se tornou o seu maior
fornecedor em todo o mundo.
Em 1888 chegou a abolição da escravidão no Brasil e
com ela um grande caos nas plantações de café. Os escravos libertos não queriam
trabalhar para os ex-senhores e a falta de mão de obra, ou muito escassa, no
campo se tornou um drama para as autoridades brasileiras. A solução encontrada
foi buscar essa mão de obra nos países da Europa onde ela estava sobrando.
A Itália nessa época sofria com um secular atraso
industrial em relação com outros países europeus. Também uma série de
acontecimentos e desastres naturais geraram um declínio econômico muito intenso
nunca até então visto, que atingiu também nos campos, especialmente aquelas
populações que viviam nas montanhas e sua agricultura sempre era de
subsistência.
O desemprego e a fome estavam rondando os lares dos
menos favorecidos. No Vêneto, poucos anos de acontecer a emigração em massa,
aconteceu a anexação da Região do Vêneto ao Reino da Itália, governado pela
Casa de Savoia fato que veio somar e aumentar esse caos social que já estava a
ponto de explodir em uma revolução. No Vêneto devido a ação da Igreja essa
explosão pode ainda ser contida e a solução encontrada foi emigrar.
A emigração, é um fato muito doloroso e dramático, mas
foi a válvula de escape para essa pressão social que rapidamente ia se
acumulando. Foi a resposta dada por aquele povo sofrido ao sistema vigente no
Reino da Itália.
Nessa época o governo brasileiro tinha organizado
um serviço de recrutamento que agia agressivamente, nem sempre com honestidade
desejada, com angariadores percorrendo os diversos municípios italianos mais
atingidos pela fome, apregoando a
exuberância e a fartura do Brasil, oferecendo a viagem de graça e outras
vantagens para os pobres agricultores, entre elas a possibilidade de em pouco
tempo se tornarem donos da terra. Essas três palavras “donos da terra” soaram com uma força irresistível de atração por
toda a Itália, especialmente no sul e mais particularmente no Vêneto.
Infelizmente aqueles emigrantes que assinaram os documentos
de recrutamento em branco, onde não estava especificado o local para onde
seriam enviados, logo, ao chegarem no Brasil, perceberam o erro cometido. Foram
quase todos levados para as plantações de café no estado de São Paulo para
trabalharem como boias frias, em substituição aos escravos que tinha sido
recentemente libertos. Em muitos outros locais de assentamento desses
imigrantes as condições não eram das melhores e os casebres a eles destinados eram
aqueles mesmos que os escravos tinham a pouco desocupado. Entretanto, os
imigrantes que foram destinados para os três estados do sul do Brasil e do
Espírito Santo, nas diversas fases da emigração italiana, tiveram um pouco mais
de sorte, se bem que mesmo nesses locais tenham havido muitos problemas em diversas
colônias que os obrigaram a mudar de local.
No Sul a emigração italiana foi prevalentemente de
vênetos, que constituíam a sua grande maioria, mas também de lombardos,
trentinos e friulanos.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS
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