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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

A Emigração de Pederobba



O município de Pederobba foi instituído através de um decreto imperial de Napoleão Bonaparte em 1810 e se localiza na zona de transição entre a fértil planície atravessada pelo rio Piave e aquela de colinas, um pouco mais elevada, pelas montanhas que circundam o maciço do Monte Grappa. Ele se situa na zona fronteiriça entre as Províncias de Treviso e Belluno.

Como os demais municípios vizinhos, vivia, até o último quartel do século XIX de uma economia pobre  baseada principalmente  na pequena agricultura e algum artesanato. Os pequenos agricultores e os artesãos complementavam os seus parcos ganhos com a migração temporária em terras próximas e muitas vezes naquelas mais longínquas atravessando fronteiras. A população mais pobre, desde tempos remotos, andava a "fare la stagione", uma migração temporária, onde partiam em determinadas estações do ano, alcançando as terras do vizinho Império Austríaco, que  então compreendia a Hungria, parte da Romênia e da Polônia, e terminada a estação, retornavam para as suas casas com alguma economia nos bolsos. São ainda lembradas as aventuras dos "badilanti" dos "carriolanti", os emigrantes temporários, que munidos de um carrinho de mão, com alguns instrumentos de trabalho, ns poucos quilos de farinha de milho, para a polenta e, as vezes, uma forma de queijo, percorriam a pé longas distâncias, muito além das fronteiras da Itália, em procura de trabalho.


Igreja de Covolo
 

Com a queda da Sereníssima República de Veneza, durante os longos anos de dominação austríaca, quando Pederobba e toda a região  estavam foram anexados à casa dos Habsburgos, os jovens em idade militar serviam o exército imperial por nove anos, estacionados nas mais diversas partes do grande império. Isso proporcionava à esses jovens o contato com uma outra realidade, conhecendo regiões menos pobres que Pederobba em que viviam, e muitas vezes não mais retornavam mais para casa, tendo constituído família em terras austríacas. 




Por volta de 1880 teve início a emigração definitiva dos vênetos, para os países vizinhos mais ricos da própria Europa, mas, principalmente, em direção ao Novo Mundo: Estados Unidos, Brasil, Argentina e Uruguai. Sendo que aquela mais significativa nesse final de século foi em direção ao Brasil, iniciando-se após 1875. Partiam agora, não mais os homens sozinhos, com um carrinho de mão, ou uma grande caixa de madeira nas costas, repleta de estampas, mas, de famílias inteiras, em busca de uma vida melhor no tão sonhado Brasil, a mítica terra da cucagna, com as suas intermináveis extensões de terra e grandes plantações de café. Agora tinha início uma emigração para terras distantes, para nunca mais voltarem. 




Mais tarde, já no século XX, os pederobbesi emigraram também para a África e especialmente para a Austrália. 


pederobbesinelmondo.blogspot.com

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS


sexta-feira, 17 de julho de 2020

Giacomo Piazzetta Escultor em Madeira e Mármore

Ezequiel (detalhe)


Giacomo Piazzetta foi uma das figuras mais interessantes no panorama da escultura veneziana entre os séculos XVII e XVIII.
Injustamente esquecido entre os séculos XVII e XIX, a sua recuperação crítica e historiográfica só aconteceu com os trabalhos de Enrico Lacchin, renomado crítico de arte que o reavaliou no final da década de 1920.
Pouco se sabe sobre o artista e sua vida. Nascido no comune de Pederobba, província de Treviso o seu pai se chamava Domenico. Por motivo de trabalho transferiu-se para Veneza por volta de 1665, onde trabalhou na oficina de Santo Pianta. Casou-se com Angela em 20.05.1677 e viviam na paróquia de S. Felice em Veneza. Sabe-se que ela morreu de parto. Giacomo era pai do famoso pintor veneziano Giovanni Battista Piazzetta, este já nascido em Veneza. 



Seu primeiro trabalho documentado é a uma decoração complexa e detalhada, em madeira de nogueira, da biblioteca do convento dos padres dominicanos na basílica veneziana de São Giovanni e Paolo. Alguns anos depois produziu outros trabalhos importantes na construção dos altares e outras obras de madeira da Scuola de S. Maria della Carità. Trabalhou também na decoração das Procuratorie na piazza S. Marco. Infelizmente, a maioria de seus trabalhos foram perdidos especialmente devido à saques ocorridos durante a invasão napoleônica e austríaca à partir de 1807. O Piazzetta não era apenas um escultor e entalhador de madeira, mas também um escultor de mármore, como atestam as esculturas de São Romualdo levado para o céu por dois anjos, localizada no altar deste santo na igreja de San Michele, em Isola, Veneza. 



Detalhe do forro da Scuola Grande dei Carmini em Veneza

 
Basílica SS Giovanni Paolo em Veneza

Estátua em mármore de San Giovanni Battista
Chiesa dei Santi Apostoli di Cristo 
Veneza




Basílica Santos Giovanni e Paolo



Dr. Luiz Carlos Piazzetta

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Comune di Pederobba um pouco de História




Pederobba está situada em uma área estratégica relatada desde os tempos antigos, na margem direita do Piave e aos pés dos pré-Alpes de Belluno, onde conecta a área montanhosa (Feltrino) à planície através da SS 348 denominada estrada "Feltrina".
As áreas habitadas de Pederobba e Curogna se distribuem  no início da Valcavasia, uma área plana que compreendida entre as colinas Asolana e os pré-Alpes de Belluno. Onigo, Levada e Covolo estão localizadas mais ao sul, em um platô que se abre para Cornuda e Crocetta. 



A altitude máxima é de 780 m acima do nível do mar no Monfenera em direção do maciço do Grappa que é o limite setentrional do município. A altitude mínima é de 134 m e corresponde leito do rio Piave, já na área de Covolo.
Além do Piave, os cursos d'água dignos de nota são o Curogna, que desce dos pré-Alpes, e o Brentella, um canal artificial construído em 1436 sob o domínio do Sereníssima que, trazendo as águas do Piave, contribui para irrigar a planície abaixo, caso contrário, seco e estéril.
Os testemunhos mais antigos do passado de Pederobba são representados por várias descobertas da era romana. O mesmo topônimo derivaria do latim petra rubra, em referência à característica pedra vermelha comum na localidade. 



Acredita-se que então localidade era uma zona de trânsito, tendo em vista que por ali passava a Via Claudia Augusta Altinate, talvez coincidindo com a atual Feltrina e a posição próxima ao  Piave.  Esta característica teria sido mantida mesmo em época seguintes: a presença de inúmeros locais de culto aos lados da estrada, faz-se pensar na passagem de peregrinos. Cerca do ano 1000 foram criadas as paróquias de Pederobba e Onigo, enquanto que as igrejas de Levada e Curogna, ambas erigidas em homenagem a San Michele, seriam mais antigas. 
A área ficou ligada por muito tempo à nobre família dos Onigo, senhores feudais que residiam em um castelo perto da aldeia homônima, da qual algumas ruínas ainda permanecem. Durante o século XIII este local foi assolado constantemente por guerras contra os Ezzelini. 

Prefeitura de Pederobba

Passando para o domínio da Sereníssima Republica de Veneza, houve uma certa recuperação econômica, com a construção de moinhos e fábricas. Pederobba tornou-se, entre outras coisas, a sede de um dos mais importantes mercados de milho do século XVI.
Do domínio de Veneza passou para as mãos dos regimes napoleônico e austríaco. A administração imperial austríaca tentou impulsionar a agricultura local. No entanto, a fome e a pobreza continuaram atingindo severamente a população e muitos foram forçados a emigrar. 
Passada para o Reino da Itália, Pederobba foi arrasada durante a grande guerra de 14/18, e após a ruptura de Caporetto, se viu no meio do fronte do Piave, perto do Grappa e do Montello. Testemunho desses difíceis anos são os vários monumentos construídos na zona, entre os quais se destaca o ossuário francês.
A recuperação após a Segunda Guerra Mundial fez de Pederobba hoje um dos principais centros artesanais e industriais da zona do Grappa.

Dr. Luiz Carlos Piazzetta