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segunda-feira, 3 de maio de 2021

Pederobba e a Nobre Família d'Onigo



Os Onigo foram por muito tempo uma das famílias nobres de Treviso. É muito provável que a família tivesse origens distantes , provavelmente germânicas, chegando ao Vêneto seguindo algum imperador. Outra teoria é a sua origem longobarda. 

Desde tempos imemoriais, os representantes dessa família eram agraciados com o título de conde, o qual também foi reconhecido pela Sereníssima em 1795. A partir de 1460, segundo documentos já pesquisados, eles faziam parte do conselho dos nobres de Treviso. O progenitor é identificado como Gualperto da Cavaso, capitão das forças de Treviso. Ele lutou vitoriosamente em Cesana, contra o bispo de Belluno, mas por outro lado perdeu a sua vida nesse local. 

Posteriormente, a viúva Lodovica Capilupi comprou os castelos de Onigo e Rovigo e a partir de Gualpertino a família tomou o nome de Onigo. Durante o tempo de Ezzelino da Romano, o castelo passou temporariamente para este último, que ali aprisionou Giovanni di Gualpertino. 

Entre os membros da família De Onigo mais importantes da época medieval, devemos lembrar Guglielmo e Gherarduccio, que apoiaram o golpe de estado de 1327 liderado pelo pró Scaligero Guecello Tempesta. Em 1356 eles se rebelaram contra a República de Veneza e, derrotados, conseguiram obter o perdão graças à intercessão de Ludovico da Hungria. 

Outras figuras importantes foram Alberto, tenente, em Asolo, de Caterina Cornaro e Fiorino, que construiu o Teatro Onigo, reconstruído várias vezes e conhecido hoje como Teatro Comunale di Treviso (a família continuou a administrar a estrutura por mais dois séculos). 

Os Onigo também se destacaram em um período posterior. Girolamo da Onigo foi prefeito de Belluno sob o domínio de Napoleão e depois vice prefeito de Treviso. Ele é também lembrado pela construção da estrada Pederobba à Bassano. Seu filho Guglielmo (1808-1872) foi considerado um patriota do Risorgimento italiano. 

Teodolinda d'Onigo


A família se exterminou com a morte trágica de Zenobia Teodolinda Costanza, filha ilegítima de de Gugliemo d'Onigo e Caterina Jaquillard Onigo, esta de origem suíça. 

Em 11 de março de 1903, a condessa conhecida pela sua sórdida mesquinhes e avareza, quando caminhava no parque de seu palácio em Treviso,  em companhia de um seu administrador, foi decapitada com um machado, por  Pietro Bianchet, um inquilino (espécie de "servo della gleba") das suas propriedades rurais. O túmulo da condessa Teodolinda e de seus pais Caterina e Guglielmo Onigo, se encontra no pequeno templo, erguido no interior dos jardins da Opere Pie di Onigo.

O território de Pederobba ainda hoje é marcado por diversas lembranças dessa época, como nas atividades das Opere Pie de Onigo e no Palazzo Onigo. Também são recordações desse tempo as ruínas de uma fortaleza e antigo castelo dos Onigo, construção do século XII, onde  então residiram os primeiros membros da família, hoje conhecida como Mura Bastia. 




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

A Emigração de Pederobba



O município de Pederobba foi instituído através de um decreto imperial de Napoleão Bonaparte em 1810 e se localiza na zona de transição entre a fértil planície atravessada pelo rio Piave e aquela de colinas, um pouco mais elevada, pelas montanhas que circundam o maciço do Monte Grappa. Ele se situa na zona fronteiriça entre as Províncias de Treviso e Belluno.

Como os demais municípios vizinhos, vivia, até o último quartel do século XIX de uma economia pobre  baseada principalmente  na pequena agricultura e algum artesanato. Os pequenos agricultores e os artesãos complementavam os seus parcos ganhos com a migração temporária em terras próximas e muitas vezes naquelas mais longínquas atravessando fronteiras. A população mais pobre, desde tempos remotos, andava a "fare la stagione", uma migração temporária, onde partiam em determinadas estações do ano, alcançando as terras do vizinho Império Austríaco, que  então compreendia a Hungria, parte da Romênia e da Polônia, e terminada a estação, retornavam para as suas casas com alguma economia nos bolsos. São ainda lembradas as aventuras dos "badilanti" dos "carriolanti", os emigrantes temporários, que munidos de um carrinho de mão, com alguns instrumentos de trabalho, ns poucos quilos de farinha de milho, para a polenta e, as vezes, uma forma de queijo, percorriam a pé longas distâncias, muito além das fronteiras da Itália, em procura de trabalho.


Igreja de Covolo
 

Com a queda da Sereníssima República de Veneza, durante os longos anos de dominação austríaca, quando Pederobba e toda a região  estavam foram anexados à casa dos Habsburgos, os jovens em idade militar serviam o exército imperial por nove anos, estacionados nas mais diversas partes do grande império. Isso proporcionava à esses jovens o contato com uma outra realidade, conhecendo regiões menos pobres que Pederobba em que viviam, e muitas vezes não mais retornavam mais para casa, tendo constituído família em terras austríacas. 




Por volta de 1880 teve início a emigração definitiva dos vênetos, para os países vizinhos mais ricos da própria Europa, mas, principalmente, em direção ao Novo Mundo: Estados Unidos, Brasil, Argentina e Uruguai. Sendo que aquela mais significativa nesse final de século foi em direção ao Brasil, iniciando-se após 1875. Partiam agora, não mais os homens sozinhos, com um carrinho de mão, ou uma grande caixa de madeira nas costas, repleta de estampas, mas, de famílias inteiras, em busca de uma vida melhor no tão sonhado Brasil, a mítica terra da cucagna, com as suas intermináveis extensões de terra e grandes plantações de café. Agora tinha início uma emigração para terras distantes, para nunca mais voltarem. 




Mais tarde, já no século XX, os pederobbesi emigraram também para a África e especialmente para a Austrália. 


pederobbesinelmondo.blogspot.com

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS