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sexta-feira, 13 de maio de 2022

Os Imigrantes e a Nacionalização Forçada durante o Estado Novo

 



Durante o governo de Getúlio Vargas, no chamado Estado Novo,  onde parte dele coincidiu com a segunda grande guerra mundial, entre os anos de 1937 e 1945, o Brasil viveu um período de censuras, entre as quais de se falar línguas estrangeiras em público, onde  os infratores eram severamente punidos até com prisão.

Nesse período o governo de Getúlio Vargas pôs em prática uma forte campanha de nacionalização do país. Tinha por objetivo principal valorizar a cultura brasileira, construir a integração dos brasileiros e minimizar a influência de governos estrangeiros nos assuntos internos do país. 


Edital da Delegacia de Polícia de Caxias do Sul em 30.01.1942



Em vastas áreas do território brasileiro, principalmente no sul do país, quase não se falava em português e as aulas eram ministradas  ou em idioma alemão ou em talian, no caso dos descendentes de italianos.  

Em 1942, quando aconteceu a entrada do Brasil na guerra, esta repreensão se tornou ainda mais rigorosa e serviu para evitar que os países que compunham o eixo: Alemanha, Itália e Japão, inimigos do Brasil, criassem cistos étnicos no país, no meio das grandes e quase isoladas populações de origem estrangeiras do sul do Brasil. 

Nesse período da guerra havia o medo real que italianos, alemães e japoneses (estes últimos em São Paulo e no Paraná) e seus descendentes, pudessem atentar contra o Brasil ou mesmo se constituirem em espiões operando para seus países de origem. Eram chamados de quinta coluna. Esta é uma expressão usada para se referir a grupos clandestinos que atuam, dentro de um país ou região prestes a entrar em guerra ou mesmo já em guerra com outro, ajudando o inimigo, espionando e fazendo propaganda subversiva, ou, no caso de uma guerra civil atuando em prol da facção rival. 

A expressão quinta coluna nasceu durante a guerra civil espanhola de 1936 a 1939 para designar a comunidade de madrilenhos simpatizantes do general Francisco Franco.

Fez parte dessa campanha do governo central, além da proibição de se falar em línguas estrangeiras em público, a obrigatoriedade que os professores das escolas deveriam ser brasileiros natos ou naturalizados e que as aulas somente fossem ministradas em português, ficando totalmente proibido o ensino de outras línguas estrangeiras.




Também foram proibidos os livros, jornais, revistas, manifestações culturais, programas de rádio e cultos religiosos em línguas estrangeiras, assim como também foram sumariamente proibidos de funcionarem todos os clubes étnicos, de todo e qualquer tipo de atividade, por serem considerados perigosos. 

O grau de isolamento em que viviam os descendentes de italianos, alemães e japoneses, e pelo fato de ainda não dominarem o idioma português, depois de mais de sessenta anos da chegada, passou a ser visto como um grave problema pelo governo central brasileiro.

No caso dos descendentes de alemães, que tradicionalmente ainda mantinham escolas, cultos e missas somente em língua alemã, além do arraigado costume de se casarem preferentemente entre si, foram acusados de serem resistentes à integração nacional e mantidos sob estreita vigilância pelas autoridades policiais. 

Por sua vez, os descendentes de imigrantes italianos, que viviam nas pequenas cidades do interior, principalmente nas antigas zonas coloniais italianas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, e um pouco menos no Paraná, onde também somente falavam em talian, sofreram muito com esta perseguição. 

Os moradores de cidades gaúchas, como Caxias, Bento Gonçalves, Farroupilha, Garibaldi e muitas outras,  principalmente, naqueles seus distritos mais afastados do interior, sentiram na pele não poderem se expressar na língua nativa. Os mais velhos simplesmente não sabiam falar nada em português e muitos deles tinham medo de sair de casa.




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS