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sexta-feira, 8 de julho de 2022

Os Navios da Emigração Italiana

 




Se definia como tonelada humana o fardo humano dos emigrantes que um navio transportava no início da emigração italiana. Era assim que parte da impressa italiana da época se referia à essas embarcação destinadas ao transporte de emigrantes. Também surgiu o termo navios de Lázaro quando se referiam a essas precárias embarcações.

No início do grande êxodo a maior parte dos emigrantes italianos, aproximadamente 90% deles, eram analfabetos, sendo que alguns somente sabiam desenhar o seu nome. 

Quando chegavam às fronteiras da Itália, ou nos portos de embarque transoceânico, eram imediatamente identificados tendo consigo o infame e humilhante passaporte vermelho, autêntico símbolo da emigração, que colocou milhares de infelizes na categoria de trabalhadores não qualificados, úteis para trabalhos humildes, com pagamento de somente duas liras que, passados alguns anos, passaram para oito.

Foi pelo porto de Gênova que a grande maioria dos emigrantes italianos deixaram o país. Para ele confluíam de todas as partes da Itália, amontoados como carga em vagões ferroviários.

Agentes e subagentes de emigração terceirizados, contratados pelas companhias de navegação ou pelos governos dos países interessados naquela mão de obra, percorriam os mais remotos cantos da Itália para recrutar interessados em emigrar  assim e lotarem os navios.

Tinham cotas contratuais rígidas a serem cumpridas e recebiam dos países de imigração, ou das companhias de navegação, um determinado valor fixo por cada emigrante que conseguissem embarcar. O governo imperial do Brasil pagava a esses intermediários 10 liras por cada um deles. 

Esperavam o embarque alojados em pequenas pensões, que existiam em abundância nas ruas e vielas vizinhas ao cais, ou mesmo amontoados sobre o calçamento das ruas, ficando sujeitos as intempéries, como cães abandonados.

Uma vez dentro do navio, durante a viagem, eram mal acomodados em improvisados dormitórios coletivos, na antiga estiva de cargas, amontoados em verdadeiros catres com palha, nos seus fétidos e mal ventilados porões, denominados de terceira classe.

As refeições eram preparadas em grandes panelas e servidas individualmente para os passageiros em tigelas de madeira ou de lata.

Em um determinado período da grande emigração, os passageiros antes de embarcarem, eram submetidos a um banho desinfetante, assim como as suas bagagens e depois passavam por uma consulta médica para avaliar as condições de saúde e a aptidão de cada um para o trabalho. 

Recusavam o embarque para passageiros que aparentassem estar doentes ou incapacitados para o trabalho. Se por acaso algum emigrante fosse recusado pelas autoridades sanitárias quando no porto dos Estados Unidos, a companhia de navegação era multada em 100 dólares americanos. 

Em 1910, a maioria das companhias de navegação já havia substituído os porões da estiva dos novos navios por acomodações um pouco melhores, que denominavam de terceira classe. Os enormes dormitórios antigos foram substituídos por cabines de 4 ou 6 camas. As refeições agora passaram a ser servidas em longas mesas, nos refeitórios da embarcação.

O navio Matteo Bruzzo teve uma das suas viagens que durou três meses no ano de 1884 e transportava 1.333 passageiros a bordo. Uma epidemia de cólera causou 20 mortes. Não conseguiu atracar no porto do Rio de Janeiro e também foi repelido a tiros de canhão do porto de Montevidéu. Foi assim impedido de atracar pelas autoridades portuárias devido o medo que a epidemia pudesse se alastrar pelo país. 

Sem outra solução, teve que empreender a viagem de volta para o porto de origem na Itália, carregando consigo toda a sua carga de passageiros, grande parte deles muito doentes e afundando pelo percurso centenas de cadáveres.

O vapor Remo partiu em 1893 com 1.500 emigrantes italianos com destino ao Brasil, teve durante a travessia 96 mortes por cólera e difteria. Ele também foi rejeitado pelas autoridades sanitárias do porto do Rio de Janeiro, não podendo desembarcar os seus passageiros ou mesmo qualquer membro da sua tripulação. Teve que retornar à Itália com toda aquele número de passageiros a bordo, vários deles ainda gravemente doentes. Para muitos foi o fim do sonho de emigração.

Naquele período, no início da grande emigração italiana, um pequeno veleiro para o transporte de emigrantes, poderia fazer com que o seu proprietário arrecadasse anualmente 30% do valor do próprio navio. 









sexta-feira, 8 de novembro de 2019

A Chegada dos italianos no Brasil


Com a esperança de encontrar melhores condições de vida, cerca de 380 camponeses italianos foram trazidos pelo navio La Sofia, desembarcando no Brasil em 21 de fevereiro de 1874.
As longas viagens de navio eram feitas em condições precárias, mas de acordo com documentos históricos, a confiança em uma vida melhor dava ânimo às pessoas.


Antes de embarcar eles precisavam percorrer longas distâncias dentro do próprio país, já que os navios saiam dos portos de Nápoles e Gênova. As passagens pagas pelos fazendeiros ou pelo governo brasileiro eram de terceira classe, quase sempre nos porões das embarcações.
A travessia podia demorar até 40 dias, conforme o destino final. Por conta da insalubridade, da falta de alimentação adequada, das precárias condições de higiene a bordo, da umidade e da superlotação, muitos passageiros adoeciam, principalmente as crianças pequenas e os idosos, que morriam antes de completá-la. Esses mortos eram sepultados no mar, enrrolados em cobertor ou lençóis e estas são as cenas mais fortes que ficaram indelevelmente marcadas na memória dos nossos antepassados.
O desembarque acontecia no porto do Rio de Janeiro, ou no de Santos e a partir daí, os imigrantes eram conduzidos para uma hospedaria de trânsito, e posteriormente para o local onde iriam se instalar. Para aqueles que tinham destino o Paraná e Santa Catarina, deviam embarcar em outro navio, para o porto de Paranaguá. Para os destinados ao Rio Grande do Sul, também precisavam embarcar em outro navio com destino à Porto Alegre. Antes desses embarques domésticos os imigrantes recem chegados deviam passar por uma quarentena na Ilhas das Flores, no Rio de Janeiro, onde ficavam alojados em uma hospedaria.
De acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os imigrantes italianos da época da “grande imigração” partiram de diversas regiões.
A maioria deles, quase 400 mil, partiram da região do Vêneto, no norte da Itália, onde, principalmente, na zona rural a população enfrentava a pobreza e a fome, desde a queda de Veneza o que piorou anos depois com a unificação da Itália. Os vênetos são seguidos de perto pelos italianos das regiões da Campania (166 mil), Calabria (113 mil), Lombardia (105 mil), Abruzzi/Molise (93 mil) e Toscana (81 mil).
Somente as regiões da Liguria, Umbria, Lazio e Sardenha não enviaram um número significativo de imigrantes ao Brasil.