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domingo, 13 de outubro de 2024

Guardiões de Bronze: A Fascinante Saga dos Quatro Cavalos da Basílica de São Marco

Fachada da Basílica de São Marco


Guardiões de Bronze: A Fascinante Saga dos Quatro Cavalos da Basílica de São Marco


No ano de 1204, por ocasião da IV Cruzada, a cidade de Constantinopla foi tomada e completamente saqueada. No comando das forças venezianas estava o octogenário doge Enrico Dandolo. Dentre as inúmeras obras de arte levadas da cidade pelos venezianos, estavam os quatro belíssimos cavalos de bronze dourado que decoravam o famoso hipódromo da cidade bizantina, os quais foram levados para Veneza como botim de guerra. 

Ficaram durante umas dezenas de anos depositados no arsenal e posteriormente içados e colocados em posição elevada, na frente da Basílica de San Marco justamente acima da sua porta principal para serem admirados por todos. 

Na metade do século XIV o célebre poeta Francesco Petrarca, que viveu entre os anos 1304 e 1374, foi um dos primeiros a escrever exaltando a belezas dos cavalos. Essas quatro estátuas são do século IV a.C. provavelmente de origem grega, tendo por base os estudos da composição da liga metálica. Foram trabalhadas em bronze e receberam um fino acabamento. Cada cavalo foi fundido em duas peças distintas: o corpo e a cabeça. 



 
Os quatro cavalos de bronze originais no interior da Basílica de San Marco no Museu Marciano
Fotos de Luiz Carlos B. Piazzetta



Os quatro cavalos desde os primeiros tempos foram considerados símbolos da potência veneziana e freqüentemente recebiam a atenção maliciosa dos inimigos da Sereníssima República. Primeiro os genoveses, que durante a famosa guerra de Chioggia em 1378 quando chegaram aos limites da lagoa, corajosamente declararam que nunca partiriam "sem atrelar os quatro cavalos desenfreados", mas os pobres genoveses tiveram que voltar sem conseguir chegar perto deles. 

A quadriga permaneceu bem firme sobre a basílica por quase seis séculos, assistindo o transcorrer da história da Sereníssima, seja nos tempos de glória, seja na derrota.Permaneceu para assistir a sua agonia até 13 de dezembro de 1797 quando foram retirados do seu local, junto com outras obras de arte, levados para a França como botim de guerra de Napoleão Bonaparte. Foram colocados em Paris, primeiro na entrada do Palácio das Tulherias e depois no Arco do Triunfo do Carrossel, construído para esse propósito por Napoleão. Após a derrota dos franceses, os quatro cavalos retornaram à Veneza em 1815 por ordem do imperador  Francisco José, do Império Austro Húngaro. Por ocasião da grande guerra de 1913 a 1918 foram levados para Roma junto com outras estátuas. Terminado o conflito retornaram para Veneza e depois de um breve tempo para restauros, em 1919 retornaram para o seu antigo posto na Basílica de San Marco. Em 1942, com a segunda guerra mundial, foram levados a salvo para a província de Padova. Em agosto de 1945 retornaram novamente ao seu posto na basílica. 

O tempo e as várias mudanças fizeram os cavalos sofrer corrosões, principalmente pela ação da maresia. Por isso foram construídos réplicas perfeitas que os substituiu na entrada da basílica. Os originais, depois de restaurados, foram colocados em um ambiente fechado e protegido no Museu Marciano, no interior da grande basílica, onde podemos admira-los de perto.