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sábado, 7 de abril de 2018

O Fascismo nas Comunidades Italianas do Rio Grande do Sul




No Rio Grande do Sul, mais fortemente na zona colonial italiana, entre os anos 1928 e 1942, ocorreu um forte movimento político ligado ao partido  fascista italiano. 
Nessa época a emigração em massa de italianos já havia sido muito reduzida através de políticas contra a emigração. Os países, que na época acolhiam emigrantes, já tinham criados leis que também dificultavam aquele tipo  de emigração em massa conhecida nas décadas anteriores. Esses países, inclusive o Brasil, agora estavam dando preferência àqueles alfabetizados, operários especializados e os com maior nível instrução, como profissionais liberais. 
Na Itália nesse período começaram as emigrações dirigidas, também chamadas de tuteladas, pelo regime fascista italiano, onde quem era incentivado a emigrar não era mais o pobre e analfabeto agricultor e sim aqueles escolhidos entre os apoiadores e simpatizantes daquele regime. Assim em poucos anos uma considerável leva de comerciantes, professores, médicos, enfermeiros, engenheiros e outros  tipos de profissionais liberais e se estabeleceram legalmente no Brasil. O interessante é que a maioria deles já chegava com apreciáveis recursos financeiros, médicos equipados com aparelhagens modernas e dinheiro suficiente para se estabelecerem confortavelmente no Brasil.
Eram orientados a se dirigirem para as cidades onde a presença italiana era mais forte e o seu trabalho muito requisitado pela população. Foram destinados para todos os núcleos de descendentes de imigrantes italianos existentes no Brasil, especialmente nas cidades maiores, dos Estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul, com  a predominância de italianos. 
Aqui no Rio Grande do Sul se concentraram principalmente em Caxias do Sul, mas, também se espalharam por outras cidades, do centro e do norte do estado, nas antigas colônias italianas, até mesmo nas mais novas em direção à Erechim. 
Atuando nos diversos ramos de atividade tinham a missão de conseguir uma rápida inserção na sociedade local, organizando ou participando de clubes e escolas italianas, na política local, com a finalidade de facilitar a difusão da filosofia fascista. Em todas essas cidades ainda são lembradas, pelos mais velhos, as marchas, desfiles e festas organizadas por essas sociedades e escolas de cunho fascistas. Um grande acervo fotográfico do período pode ainda ser encontrada em museus, escolas e principalmente nas diversas coleções particulares. Elas são o testemunho da presença dos núcleos fascistas, os chamados fascios, aqui entre nós.
A leitura recomendada para quem quiser se aprofundar neste interessante, mas, ainda  pouco conhecido tema, é o livro “As Sombras do Littorio– O Fascismo no Rio Grande do Sul” da escritora Loraine Slomp Giron, na editora Parlenda, um verdadeiro tratado sobre o assunto. 
Nele, depois de um trabalho de pesquisa que, certamente, exigiu muita paciência, a autora com muita competência dissecou completamente os fatos ocorridos no período. 
O crescimento rápido desses movimentos começou a chamar a atenção e preocupar as autoridades brasileiras, que passou a investiga-los. Os novos decretos do governo de Getúlio Vargas, na tentativa de estabelecer algum controle nas suas atividades, fez com que a maioria desses emigrantes tutelados, na verdade agentes disfarçados do fascismo, viesse a mudar de lado para encobrir assim as suas participações. 
Não era de interesse para eles e nem para as suas famílias escancararem publicamente as suas atividades no seio desse movimento. Entretanto, os seus escritos, manifestos, discursos, as atas dos clubes e das escolas, bem como os recortes de inúmeros jornais da época e especialmente a grande quantidade de fotos que sobreviveram, estão aí para comprovar o que realmente aconteceu.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS