Havia uma vez em Mondovì, um pequeno município na pitoresca província de Cuneo, um jovem chamado Alessandro Ferrazo, apelidado carinhosamente pela família como Piccin, cujo nascimento ocorreu em 1893. À medida que atingiu seus dezessete anos, Alessandro começou a indagar se o mundo não reservaria algo mais além da árdua vida que levava como camponês em sua pequena cidade. Inspirado por relatos empolgantes da América, compartilhados através de cartas enviadas por outros compatriotas emigrantes, Alessandro tomou a corajosa decisão de empreender uma jornada além-mar, ansioso por desbravar novas oportunidades.
Em outubro de 1910, uma chance única surgiu quando seu primo, Giovanni Mansuetto, conhecido como John, estava retornando aos Estados Unidos e convidou Alessandro para acompanhá-lo. Com coragem e o apoio do primo, eles embarcaram no navio Savoia a partir do porto de Genova, chegando finalmente a Nova York em 5 de novembro de 1910.
Ao longo dos dezoito dias no mar, Alessandro e John compartilharam histórias com os mais de mil outros imigrantes a bordo, oriundos de distintas regiões da Itália e até mesmo de outras nações. Após a chegada em Nova York, Alessandro passou pela inspeção médica em Castle Garden, a primeira estação de triagem para imigrantes recém-chegados a Nova York. Notavelmente, o médico, ao avaliar a expressão decidida em seus olhos, permitiu que ele seguisse adiante.
De Nova York, Alessandro e John partiram de trem em uma longa viagem para a ensolarada Califórnia. Chegando a San Giuseppe di San Francisco, ficaram maravilhados com a terra fértil e as plantações exuberantes de pessegueiros, ameixeiras e vinhas. Encontraram um emprego nas vastas terras de um rico e respeitado fazendeiro da região.
Após alguns anos nas plantações, Alessandro decidiu mudar para uma fábrica de cimento, onde o pagamento era melhor. Trabalhou arduamente por quatro anos até que a Primeira Guerra Mundial estourou. Os jornais italianos instavam os compatriotas no exterior a retornarem para lutar, e Alessandro, junto com outros italianos, decidiu voltar para a Itália.
Embarcando em uma jornada incerta, Alessandro retornou à Itália com dez mil liras em economias. Enquanto se preparava para o próximo capítulo de sua vida, ele pensava: "Sarà mica la fine del mondo." A guerra o aguardava, mas Alessandro estava determinado a enfrentar o desconhecido com a mesma coragem que o levou da pacata Mondovì para a vibrante América.
Após o término do serviço militar na Primeira Guerra Mundial, Alessandro retornou a Mondovì, sua cidade natal, mas não mais como o jovem sonhador que partira anos atrás. Ferido em uma perna durante os conflitos, passou quase três meses no hospital militar de Padova, recebendo alta com uma sequela significativa: a perna atingida era notavelmente mais curta, causando-lhe uma evidente claudicação. Contudo, a guerra também lhe concedeu uma condecoração por bravura e uma indenização pelos ferimentos.
Em 1923, Alessandro, buscando novas oportunidades, embarcou novamente para a América. Dessa vez, optou por um trabalho mais leve e compatível com sua atual limitação, tornando-se zelador de um clube de golfe em Sacramento. Nessa cidade, ele encontrou uma jovem chamada Marion, filha de imigrantes italianos pioneiros, nascida e criada nos Estados Unidos. Alessandro e Marion se apaixonaram, casaram-se e, ao longo dos anos, tiveram três filhos e duas filhas.
Os filhos, honrando suas raízes, receberam nomes que refletiam a dualidade cultural de sua herança.
A vida da família transcorreu tranquilamente após a herança das duas casas dos pais de Marion. Alessandro faleceu com quase 90 anos, enquanto Marion seguiu-o dois anos depois. Ambos foram sepultados no antigo cemitério da cidade, onde suas histórias se entrelaçaram com as de outros imigrantes que contribuíram para a construção da comunidade.
Os netos da família Ferrazo, guiados pelo legado de seus avós, buscaram a educação e tornaram-se profissionais bem-sucedidos. Mantendo as tradições italianas, eles se tornaram pontes entre duas culturas, honrando a memória de Alessandro e Marion. A história da família Ferrazo perdura, tecida nas tradições e sucessos das gerações que seguiram os passos corajosos de seus antepassados.
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