A imigração italiana trouxe para o Rio Grande do Sul um legado histórico cultural de grande importância também na arquitetura colonial da qual, ainda hoje, podemos encontrar nas robustas construções que bravamente continuam resistindo ao tempo.
Nos primeiros dias da chegada nos lotes que estavam destinados nas colônias, a necessidade mais urgente foi providenciar um abrigo para a família, para escaparem das intempéries, especialmente, da chuva e do frio da região. Nessa primeira fase as construções eram muito precárias, verdadeiros abrigos e tinham um caracter provisório.
Com o passar dos anos e a consequente consolidação econômica das colônias, com a comercialização mais intensa dos produtos advindos da venda de produtos agrícolas, as famílias de imigrantes passaram a construir suas casas com mais imponência e com materiais de maior durabilidade e atenção especial à arquitetura, que nessas regiões se revestiu de uma estética, em certos casos, muito especial. Entre o início do século XX e meados da década de 1940, quando a arquitetura colonial italiana atingiu o seu apogeu no Rio Grande do Sul, estava associada à identidade cultural das famílias de imigrantes e do status na sociedade.
Essa arquitetura se baseava na simplicidade de formas, na originalidade no uso dos materiais, na solidez da construção, nas criativas soluções estruturais e decorativas, além na harmoniosa inserção na paisagem. Os materiais mais escolhidos na época, pela praticidade e robustez da construção, foram a madeira e a pedra, ambas abundantes nas regiões coloniais italianas.
Foram as igrejas e as capelas as construções que nos reservaram a possibilidade de observar a grandiosidade e a beleza ornamental da época, hoje reconhecidos pelo público e pelos pesquisadores, como verdadeiros patrimônios da arquitetura colonial italiana no Rio Grande do Sul, que devem a todo custo serem conservados e protegidos para as gerações futuras.
Infelizmente, na última metade do século XX, com pesar, podemos constatar que a maior parte das edificações daquele primeiro período, localizadas nas antigas colônias italianas e que marcaram a face de muitas comunidades, desapareceu, engolidas pelo progresso e pela falta de uma política inteligente de conservação, tanto no âmbito estadual como no federal.
A conscientização da população desse patrimônio através do maior conhecimento da história coletiva regional e das suas origens, somadas com as novas iniciativas que hoje estão sendo colocadas em prática para a tutela e preservação dessas antigas construções, poderá ainda salvar o que restou da arquitetura colonial no estado. A recuperação e preservação dessas construções sobreviventes trará um incremento no turismo das cidades nas regiões de colonização italiana.
Dr. Luiz Carlos Piazzetta
Erechim RS
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