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segunda-feira, 20 de setembro de 2021

O Gueto Judeu de Veneza



O chamado Gueto era o bairro de Veneza onde já a partir de 1516, por ordem do governo da Sereníssima República, deviam morar todos os judeus que viviam na cidade. A presença de judeus suscitava na população certo mal-estar, não só devido a histórica antipatia dos cristãos contra eles, mas, também pela inveja do poder econômico que eles possuíam, uma vez que muitos deles exerciam atividades de banqueiros e usurários, emprestando dinheiro com juros. Quem precisava de um empréstimo devia deixar um bem de maior valor como garantia. A prática da usura era bastante combatida pela igreja católica que a considerava uma atividade condenável, não digna de um cristão, e portanto proibida, porém, tolerada se exercida pelos judeus. No ano de 1516 foi destinada a eles uma pequena porção da cidade, como uma ilha circundada por água, localizada no sestiere (bairro) de Cannaregio que ficou conhecido por Gueto Velho. A origem do nome provavelmente é derivado do fato que nesta zona antigamente existiam algumas fundições públicas cobre e fabricação de pequenos canhões, bombardas, isto é se "gettavano" do verbo getare, o ferro e outros metais fundidos nos moldes. O termo gueto ali criado se firmou em todo o mundo e com o tempo passou a designar os locais onde se concentram as minorias socialmente esclusas de uma comunidade. 

O perímetro do gueto era cercado por altos muros e os moradores estavam proibidos de sairem desses limites durante a noite, ficando reclusos do anoitecer até o amanhecer, contidos por portões e uma grossa corrente que era estendida no canal que o atravessava. Eram também vigiados por guardas armados que controlavam todos os seus movimentos. Em 1541, com a chegada de mais judeus, o gueto precisou ser estendido até uma pequena ilha vizinha, passando então a ser conhecido como Gueto Novo. Em 1663 devido ao crescimento da população que ali vivia, teve que ser ampliado novamente e passou a ser chamado de Gueto Novíssimo. 




Com a queda da República em 1797, pela invasão das tropas napoleônicas, todo o gueto foi aberto e os judeus que ali viviam ficaram livres para se expandir por toda a cidade e participar de todas as atividades de Veneza. 

Pela falta de espaço a disposição da comunidade  judia, as casas do gueto tem uma construção bem característica: algumas delas chegavam a  ter até oito ou nove pavimentos, mas os tetos  dos apartamentos eram bem mais baixos. As sinagogas, também chamadas de escolas, ali construídas  chegaram em número de cinco. 

Grande parte do antigo gueto pode ser ainda hoje visitado e se conserva como o ponto central da comunidade judia da cidade.