A colonização italiana no Paraná teve início pelo litoral do estado, nas proximidades do porto de Paranaguá, com a criação de duas colônias, a primeira a Colônia de Alexandra e logo depois a segunda, denominada de Colônia Nova Itália, ambas de iniciativa particular subvencionadas pelo governo imperial.
A ideia dos idealizadores de ambos o projetos coloniais era de fixar um grande número de imigrantes italianos próximos do porto de Paranaguá, o que teoricamente propiciaria maior facilidade de transporte para o mercado europeu.
A Colônia de Alexandra foi um empreendimento desastrado desde o seu início e teve uma vida muito curta. O seu proprietário era um italiano de nome Sabino Tripotti, que tinha ganho um contrato com o governo do império brasileiro, para trazer assentar milhares de imigrantes italianos no Brasil.
A Colônia Alexandra foi fundada em 1872 e desde a sua inauguração inúmeros problemas surgiram que inviabilizaram o projeto.
Localizada em local inadequado, no meio da mata, em terreno de má qualidade e com um clima quente e úmido, característicos de uma zona tropical, muito diferente daquele que os imigrantes estavam acostumados na Itália, a presença de insetos desconhecidos infestavam o local, causando doenças nas pessoas e nas plantações, foram alguns dos principais fatores para o falimento da colônia.
Também o não cumprimento, por parte do governo, da construção de uma estrada ligando a colônia ao porto de Paranaguá e a má administração de Tripotti, influenciaram no descontentamento e na revolta dos imigrantes ali assentados. O contrato foi definitivamente cancelado em 1877 pelo governo do estado, tendo sido confiscados todos os bens.
Para reassentar os imigrantes abandonados, descontentes e acalmar os ânimos eles foram transferidos para a cidade de Morretes e Porto de Cima, em uma nova colônia denominada Nova Itália.
Apesar da mudança para novo local, os problemas climáticos continuaram a tornar desconfortável a vida daqueles primeiros imigrantes italianos no Paraná. A umidade local e o forte calor do verão propiciava o aparecimento de inúmeros insetos como: mosquitos transmissores da febre amarela, enxames de moscas e uma infestação de bicho-de-pé que tanto desconforto causavam as pessoas. Tudo isso somado a falta de moradias adequadas, de alimentos e roupas devido principalmente ao mau uso dos recursos financeiros pelos administradores da colônia, foram causando um descontentamento crescente dos imigrantes. Os abrigos temporários que já deveriam estar prontos, só começaram a ser construídos meses depois quando a colônia já contava com mais de mil assentados.
Muitas das culturas que estavam obrigados a plantar eram totalmente desconhecidas pelos imigrantes. Muito foi ensinado para eles pelos caboclos e negros, que moravam na redondeza, como a queimada do mato e a escolha das madeiras adequadas para construção das suas casas.
O contrato assinado, ainda na Itália, pelos agricultores com a companhia de imigração já previa, como uma forma de renda extra, o direito deles poderem trabalhar, durante um período de até de seis meses, nas obras de construção da estrada de ferro Curitiba/Paranaguá, enquanto esperavam serem instalados em seus lotes de terra. Terminado esse período deveriam tomar posse definitiva da terra e não poderiam mais trabalhar fora dela.
A grande demora na concessão definitiva das terras foi criando uma situação insustentável para aqueles imigrantes. Em 1877 mais de 800 famílias precariamente assentadas na Colônia Nova Itália estavam vivendo uma situação de miséria onde faltavam roupas e até sementes para plantar.
O descontentamento era geral e muitos daqueles imigrantes já cogitavam em retornar para a Itália se não fossem transferidos para outros locais. Sabiam, por conversas com os tropeiros que regularmente por ali passavam, que existiam terras muito férteis nos arredores da capital paranaense e da presença de outros assentamentos de imigrantes, inclusive de outras nacionalidades, nesses locais do altiplano paranaense.
Realmente o clima da capital era muito agradável e semelhante aquele que os imigrantes viviam na Itália. Também as terras eram muito férteis e estavam isentas de insetos transmissores de doenças.
Tentando resolver o problema, as autoridades da província do Paraná resolveu transferir aqueles que desejassem para as terras localizadas nos arredores da capital.
Carroções foram colocados a disposição daqueles imigrantes para que pudessem subir a serra através da estrada da Graciosa. Poucas foram as famílias que decidiram permanecer no litoral, pois já estavam bem fixadas. Muitas outras realmente retornaram para Itália.
A chegada desse grande número de imigrantes em Curitiba obrigou as autoridades, tanto do município como do estado, criarem novas colônias para o assentamento de todos. Assim foram criadas várias colônias as quais com o passar do tempo deram lugar a municípios: Piraquara, Cerro Azul, São José dos Pinhais, Araucária e Colombo e também importantes bairros de Curitiba como: Pilarzinho, Água Verde e Umbará.
Alguns desses imigrantes, por iniciativa própria, adquiriram lotes de terras e se instalaram independente das colônias organizadas pelas autoridades. Foi o caso da Colônia de Santa Felicidade, que rapidamente prosperou transformando-se inicialmente no grande fornecedor de lenha e produtos agrícolas, principalmente, frutas e hortaliças para os curitibanos. Se destacou também pelo artesanato, pela presença de pequenas fábricas e cantinas de vinho. Esta colônia deu lugar ao conhecido bairro gastronômico da capital paranaense.