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domingo, 4 de agosto de 2024

Guias Ilusórios: Entre Sonhos e Realidade na Emigração

 


Os "Guias para Emigrantes", era pequenos folhetos frequentemente criados e produzidos pelos países que desejavam atrair mão de obra europeia, neles apresentavam imagens que retratavam extensas planícies com vegetação exuberante, especialmente feitos para aqueles mais atraídos pela América Latina, um apelo irresistível para quem muitas vezes estava acostumado a cultivar pequenos pedaços de terra disputados com grande esforço nas montanhas, na maioria não sendo o verdadeiro proprietário das mesmas.

Esses livretos davam a entender, que um paraíso terrestre, onde seria suficiente estender a mão para colher os frutos, os estava esperando ouro lado do Atlantico. Na realidade, as coisas eram muito diferentes. Na Argentina, país divulgado como o mais semelhante à Itália, as autoridades governamentais sentiram a necessidade de hospedar todos os imigrantes por alguns dias em uma estrutura específica, o Hotel dos Imigrantes, onde eram apresentados aos recém-chegados europeus os costumes e as práticas vigentes no país, com especial ênfase nas culturas agrícolas que lá eram cultivadas. No Brasil, uma natureza ainda mais exuberante escondia o perigo e as duras condições de vida enfrentadas por aqueles que acabavam se estabelecendo nas grandes fazendas de café ou nas colônias italiana espalhadas pelo sul do Brasil. Nos Estados Unidos, por fim, a maioria dos imigrantes se concentrava nas grandes cidades, desempenhando humildes trabalhos no setor terciário e serviços, ou, como mão de obra não qualificada, percorria o vasto território dos Estados, trabalhando na construção das grandes infraestruturas.

Uma pergunta se faz nos dias de hoje: os emigrantes realmente liam essas publicações? Parece mais provável que fossem instrumentos de consulta por parte daqueles com mais conhecimento nas aldeias e vilarejos, aqueles que sabiam ler, tais como professores, párocos, prefeitos - para assim eles poderem repassar a informação para aqueles que estavam prestes a emigrar. No entanto esses livretos eram exibidos, sem escrúpulos, por agentes de viagem e representantes de companhias de navegação que exploravam as belas imagens para seduzir e  convencer os indecisos a embarcar.




segunda-feira, 4 de março de 2024

A Atração da Emigração: Sonhos e Realidades nos Portos Italianos



 

A decisão de partir muitas vezes era influenciada por convites de parentes ou amigos no exterior, e também era encorajada por guias para emigrantes, frequentemente subsidiados pelos países que buscavam atrair mão de obra da Europa. Esses guias apresentavam imagens de paraísos na Terra: vastas planícies com vegetação exuberante, casas bonitas e bairros bem organizados. Esses sonhos impressos eram exibidos sem escrúpulos pelas agências de viagens e pelos agentes das companhias de navegação para persuadir os indecisos a partirem. Alguns agentes eram verdadeiros representantes de empresas ou governos estrangeiros. Um exemplo típico foi o Brasil, que, nas últimas décadas do século XIX, aumentou a imigração da Europa oferecendo viagens gratuitas do porto de partida até o destino final nas fazendas, onde cada família emigrante recebia um lote de terra cultivável. O processo de expatriação envolvia a solicitação e posterior concessão de passaporte. A capa do passaporte do emigrante, a partir do início do século XX, foi predominantemente vermelha por um longo período. No passaporte do homem com família, a esposa, os filhos e até mesmo os ascendentes que viviam juntos podiam ser registrados. Os que estavam inscritos para o serviço militar também precisavam de autorização das autoridades militares. Embora no meio do século XIX já existissem pequenos grupos de emigrantes italianos nas Américas, muitos dos quais emigraram após o fracasso de várias revoltas do Risorgimento, um fluxo migratório significativo se dirigiu, a partir dos últimos anos do século XIX, primeiro para países europeus, começando pelas regiões do norte e só mais tarde para as regiões do sul, que, no entanto, manifestaram uma clara preferência pelas Américas. A escolha entre as Américas era determinada pela posse ou não de dinheiro para investir na expatriação. Era mais caro ir para a América Latina, onde as perspectivas econômicas eram melhores, os problemas de idioma eram superáveis e as diferenças culturais eram menores. Por outro lado, o bilhete para os Estados Unidos era mais barato e era fácil encontrar trabalho, embora pouco qualificado, na agricultura ou em empresas industriais, em um país em pleno desenvolvimento. Além disso, trabalhar na construção de infraestrutura às vezes permitia um ritmo de trabalho sazonal que permitia, se desejado, retornos periódicos para casa. Os portos de embarque dos emigrantes eram Gênova, Nápoles e Palermo. Os países europeus e o porto francês de Le Havre, de onde era mais fácil para os emigrantes do norte embarcarem para destinos americanos, eram alcançados de trem. O número de partidas cresceu vertiginosamente até a véspera da Primeira Guerra Mundial, marcando o período conhecido como "a grande emigração". Após o conflito e devido ao fechamento progressivo das portas de entrada americanas, houve um renovado êxodo em direção aos destinos europeus, mas com um número reduzido de expatriados. Trieste foi adicionada aos outros portos. Após a Segunda Guerra Mundial, as partidas para todos os destinos, continentais ou intercontinentais, recomeçaram com um aumento significativo no número de emigrantes.