A viagem para o Brasil começava muito antes de embarcar, precisavam percorrer longas distâncias dentro da própria Itália até conseguirem alcançar os portos de Gênova, e mais tarde também o de Nápoles, por onde partiam a maior parte dos navios de emigrantes com destino ao Brasil.
Os que embarcavam não tinham certeza além daquela que deviam sair do seu país em busca de um trabalho, de uma nova vida. Não tinham conhecimento de como eram os locais para onde seriam levados, somente as declarações, nem sempre verdadeiras, dos agentes de emigração comissionados pelas companhias de navegação os quais, invariavelmente, pintavam com belas cores o que os esperava. Muitas vezes os emigrantes nem sabiam direito para que país seriam enviados e não poucas vezes eram levados para destinos diferentes daqueles estipulados nos seus contratos. Só tomavam verdadeiramente consciência quando desembarcavam no Brasil nos portos do Rio de Janeiro ou de Santos.
As primeiras levas de emigrantes italianos se seguiram aproveitando o incentivo concedido pelo governo brasileiro de viagem gratuita, mas, as acomodações à eles destinadas eram péssimas, localizadas nos pouco ventilados e fétidos porões de velhos e lentos navios. Era a chamada terceira classe sempre superlotada, bem acima da capacidade estabelecida pelas autoridades italianas e onde o conforto e a higiene não eram prioridade.
No início esses barcos eram movidos à vela e essas viagens geralmente duravam sessenta dias até o porto de desembarque. Com o advento dos navios à vapor a mesma travessia foi aos poucos sendo reduzida para trinta dias e mais tarde para vinte dias.
O enorme número de passageiros amontoados em porões úmidos e mal ventilados criavam condições para o aparecimento de epidemias de doenças contagiosas à bordo. Não era raro que passageiros de muitos navios fossem acometidos por surtos epidêmicos de sarampo, cólera, tracoma e piolhos. Nos primeiros anos d grande emigração ainda não eram obrigatórios as enfermarias e médicos à bordo e assim não havia como tratar dos doentes. Muitos deles morriam e seus corpos eram rapidamente sepultados no mar após uma breve cerimônia de despedida, envoltos em sacos de pano ou lonas costuradas envolta ao corpo e com uma grande pedra amarrada nos pés, a fim de garantir que ele afundasse.
A chegada ao porto de destino, o desembarque, era um grande alívio para aqueles que sofreram por tantos dias confinados à bordo de pequenos navios.
Encontravam uma natureza exuberante com árvores e flores que não conheciam, assim como se maravilhavam com homens e mulheres de cor negra, que quase não existiam na Europa daquela época.
Logo após o desembarque os imigrantes eram levados para uma Hospedaria de Imigrantes, de onde seguiam, após alguns dias para o destino estabelecido nos contratos.
Dr. Luiz Carlos B. PiazzettaErechim RS
Nenhum comentário:
Postar um comentário