Depois de decidirem imigrar para o Brasil, quase sempre após terem sido persuadidos pelos agentes e subagentes de imigração, a próxima etapa era a viagem de navio. O primeiro desafio era chegar até o porto de embarque.
Para os emigrantes do norte da Itália, o local de partida era o porto de Gênova e, os que emigravam do sul, o porto de Nápoles. A ida até o porto, muitas vezes era feita a pé, mesmo nos meses frios do inverno, muitas vezes envolvia vilas inteiras. Antes de partir, vendiam os poucos bens que possuíam. Frequentemente chegavam ao porto vários dias antes do embarque, iludidos pela má-fé dos agentes de emigração, que mancomunados com os comerciantes e donos de pequenas estalagens, entrono ao porto, que tratavam de aumentar os preços, explorando os pobres emigrantes.
Uma vez dentro do navio, os imigrantes precisavam enfrentar uma dura viagem marítima que durava até 36 dias, para os que se dirigiam ao Brasil. Ficavam amontoados no navio ocupando todas as instalações da terceira classe. Muitas foram as mortes ocorridas nessas embarcações mal adaptadas para o transporte de seres humanos. Em várias dessas travessias ocorreram muitos óbitos à bordo, quase sempre devido a falta de comida que diminuía a resistência dos passageiros e por epidemias surgidas devido a falta de higiene, nas instalações destinadas aos emigrantes. Casos de asfixia também foram frequentes, devido a grande concentração de pessoas, algumas vezes muito acima da suportada, em um ambiente confinado com pouca ventilação.
Ao chegarem ao porto brasileiro, se encantavam com o verde intenso da natureza exuberante do país e estranhavam os homens e mulheres de pele escura que perambulavam pelo porto, que os italianos nunca tinham visto em seu país de origem. Encaminhados para as fazendas de café, em São Paulo, muitos desses emigrantes tiveram que enfrentar uma vida de semiescravidão naquelas fazendas, uma situação bem diferente daquela dos relatos de um paraíso, apregoados pelos recrutadores e agentes de viagem, que os persuadiram a abandonar a Itália e se dirigirem para o Brasil.
Como consequência, um número elevado de emigrantes retornou para a Itália ou reemigrou para outros países ou migraram para as colônias criadas no sul do Brasil, onde as condições de vida pareciam melhores. Também a possibilidade de ser dono do seu lote de terra, influenciou muitos a se instalarem mais ao sul.
Entre 1882 e 1914, entraram no estado de São Paulo 1.553.000 emigrantes e saíram 695.000, ou seja, 45% do total. Para aqueles que voltaram para a Itália, restou na lembrança histórias trágicas que ainda hoje permanecem na memória dos filhos e netos desses que retornaram.
Por outro lado também ficaram memórias positivas do Brasil, das plantações de café, das frutas tropicais que a maioria nunca mais iria provar.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS
Nenhum comentário:
Postar um comentário