Os Emigrantes
de Edmondo De Amicis
Com olhos apagados, com as bochechas encovadas,
Pálidos, com uma postura dolente e grave,
Amparando as mulheres abatidas e desvanecidas,
Sobem no navio
Como se sobe no palco da morte.
E no peito trêmulo cada um deles carrega
Tudo o que possui na terra,
Alguns um mísero pacote, outros uma
Criança definhada, que agarra firme
No pescoço, aterrorizado pelas águas gigantescas.
Sobem numa longa fila, humildes e calados,
E nos rostos parecem tristes e esmorecidos
Ainda fresca a dor desconsolada
Das últimas despedidas
Feitas às montanhas que não voltarão a ver.
Sobem, e os olhos agitados de cada um deles
Detêm-se sobre a rica e elegante Gênova,
Atentos em profundo espanto
Como numa festa.
Um moribundo fixaria o olhar.
Amontoados ali como jumentos
Na gélida proa castigada pelos ventos,
Migram para terras inóspitas e distantes;
Dilacerados e macilentos,
Sangram os mares em busca de pão.
Traídos por um negociante mentiroso,
Partem; objeto de escárnio do estrangeiro,
Animais de carga, desprezados hilotas,