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terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Resistência Feminina na Província de Belluno no Século XIX - O Trabalho Sazonal das Meninas

 


No crepúsculo do século XIX, nas belas terras de Belluno, no entorno da magnífica província de Trento, desdobrava-se um capítulo épico de luta e sobrevivência, protagonizado por jovens moças compelidas pelo flagelo da fome. Entre os frágeis anos de 10 a 12-13, essas meninas destemidas se entregavam a afazeres domésticos nas rústicas fazendas, enquanto, nos raros intervalos de liberdade, embrenhavam-se nos campos para a colheita de ervas e a pastagem dos animais.

Entrementes, as mulheres, desabrochando na plenitude dos 14 anos, ingressavam em uma esfera mais árdua do labor agrícola, revelando uma resiliência notável que desafiava as agruras da natureza. Imbuídas em tarefas que tradicionalmente incumbiam ao sexo masculino, elas se dedicavam incansavelmente ao cuidado meticuloso das plantações de milho, perfurando as fileiras de vinhas com determinação, realizando tarefas de pulverização de sulfato, com a pesada carga de bombas sobre os ombros, uma labuta que persistia ao longo de intermináveis dias.

Além disso, eram parte integral das operações essenciais da agricultura, engajando-se no árduo processo de corte e colheita de trigo e milho. Seu envolvimento transcendia os limites das plantações, pois manipulavam o feno com destreza, virando-o, empilhando-o e, por fim, carregando-o com graciosidade nos carros, compondo uma sinfonia de força e graça em meio à ruralidade imponente.

Na dança mágica da vindima, essas meninas- moças destemidas não apenas testemunhavam, mas eram protagonistas, contribuindo ativamente nas operações vitais, traçando os contornos de suas existências entrelaçadas com a terra que tanto exigia e, paradoxalmente, concedia. Assim, sob o firmamento austero da época, as jovens de Belluno traçavam uma narrativa de coragem e perseverança, onde a fome instigava uma dança ardente entre o dever e a resistência.