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segunda-feira, 19 de março de 2018

Padre Colbachini no Paraná



Nos anos finais do século XIX a emigração definitiva para fora da Itália, muitos setores da igreja começaram a se preocupar com este novo fenômeno. Até então a Itália conhecia, principalmente nas províncias mais setentrionais, um outro tipo de imigração que acompanhava a sazonalidade das safras e colheitas. Era a chamada emigração sazonal, onde quem quase sempre emigrava era o chefe da família e os filhos homens maiores de idade. Ficavam fora por alguns meses e depois retornavam sempre para as suas casas. Também podemos citar aqueles que tinham profissões e percorriam continuamente diversas cidades de vários países por conta do seu trabalho: fabricantes e reparadores de cadeiras, funileiros, carpinteiros, vendedores ambulantes, cantores, músicos e outros artesões. Com as dificuldades sempre maiores também chegou a vez para as mulheres darem a sua parte de contribuição no fenômeno migratório para os países vizinhos, especialmente no império austro- húngaro, na França e também nas famílias nobres espalhadas por toda a Itália. As jovens partiam para trabalhar como domésticas e as aquelas que eram mães para serem amas de leite, as chamadas balias. Essas geralmente eram provenientes das montanhas de Beluno, muito procuradas devido a sua saúde privilegiada e excelente qualidade e quantidade de leite que podiam fornecer. Evidentemente deixavam os seus filhos naturais em casa, sendo alimentados artificialmente por alguém da família que ficava.

Pietro Colbachini nasceu em Bassano Del Grappa, província de Vicenza, no Vêneto em 12 de setembro de 1845. Entrou para a Ordem dos Jesuítas, mas, por motivos de saúde não chegou a fazer os votos perpétuos, permanecendo assim como noviço. Foi ordenado sacerdote algum tempo depois, em 1869. Quando ainda na Itália tentou reunir missionários para atuar na América, junto aos emigrados, mas, infelizmente não conseguiu. Sensibilizado pelos diversos pedidos dos seus conterrâneos por atendimento espiritual em 1884 conseguiu autorização da Sagrada Congregação de Propaganda da Fé para ir a América como missionário apostólico. Na verdade, Padre Colbachini queria criar uma entidade para o atendimento dos emigrados, e quando conheceu a iniciativa do Monsenhor Scalabrini, imediatamente solicitou a sua filiação. Partiu espontaneamente logo depois para o Brasil, mais especificamente para o estado do Paraná, seguindo as pegadas dos imigrantes. Em pouco tempo na nova terra fundou quase duas dezenas de capelas e uma grande igreja na Colônia Santa Felicidade, nos arredores da capital paranaense.

 No Paraná, diante do fracasso de instalar colônias no litoral, o governo da  província passou a investir nos assentamentos em  regiões próximas da capital que apresentavam condições mais favoráveis ao desenvolvimento econômico dos imigrantes, os quais na sua maioria eram agricultores. 

É justamente nessas novas colônias, algumas distantes mais de 50 Kms que se deu a atuação do padre Colbachini e depois de alguns anos e de ter criado mais de 30 capelas e igrejas, doente e se sentindo muito fraco para continuar, solicitou o seu retorno na Itália, onde veio falecer com a idade de 55 anos.

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta

Erechim RS