Mostrando postagens com marcador Mel. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mel. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Castelo de Zumelle a Mel




Castelo de Zumelle a Mel
Grande charme, encruzilhada de histórias medievais

Lugar de muita história, se sabe já estar fortificado ainda em tempos pré-romanos, mesmo que não ainda não exista qualquer  evidência arqueológica dessa teoria. Uma primeira torre, protegida pela escavação de um grande fosso na rocha viva e por paliçadas de madeira, poderia ser do tempo dos romanos. O forte estava localizado ao longo do trânsito, entre o Praderadego e a junção do município de Feltre, da estrada militar romana Claudia Augusta Altinate. Uma das rotas mais importantes e freqüentadas desde tempos antigos.

Ali aconteceram incursões de bárbaros que assolavam povoações e estradas romanas, que infelizmente deixaram poucos vestígios. 

Diz a lenda que Gianserico, o personagem misterioso e homem de confiança de Amalasunta, a rainha dos godos na morte de seu pai Teodorico no ano 526, depois de uma conspiração com Teodato, primo de Amalasunta, escapou com a serva Eudosia.
Os dois amantes se abrigam em um lugar inacessível no Val Belluna, entre as ruínas de um castelo. Podemos imaginar que o castelo foi reconstruído, a lenda continua com o nascimento de dois filhos gêmeos: Goffredo e Ildebrando.
O castelo de Zumelle tem o seu nome devido essa lenda. Chamava-se então "castrum zumellarum" ou castelo dos gêmeos.
Outra lenda, mais historicamente reconhecida, Zumelle deriva do nome de "zamelo" ou "zumelo", para indicar a combinação com o vizinho Castelvint, no lado oposto do vale Terche, em Carve, do qual restam apenas alguns vestígios. Em pares, eles controlavam o trânsito na estrada de Praderadego. 




Entre história e a lenda, o castelo foi disputado entre os potentados de Belluno, Feltre, Ceneda (Vittorio Veneto) e a alta Marca Trevigiana, quando sofreu numerosos cercos e destruições. No ano de 737, quando Liutprando, rei da Lombardia, briga com a corte de Zumelle, foi imediatamente contestado por Giovanni conte di Belluno ocasionando guerras sangrentas, tanto que em 750 Astolfo, rei da Lombardia, teve que se apressar para apaziguar os conflitos. 



Otto I da Saxônia, imperador do Sacro Império Romano, em 963 investiu os bispos com poderes políticos confiando-lhes  cargos feudais. O condado de Zumelle foi dado aos bispos de Belluno.
Em 1037, o castelo passou, por vontade de Corrado II Salico, para o seu protegido Barão Abelfredo, que morreu sem deixar  herdeiros do sexo masculino tem os bens herdados pela sua filha Adelaita, que tomou Valfredo di Colfosco como marido. Sua filha Sofia se casou com Guecello da Camino, resultando na união dos vastos feudos da região alta de Treviso e de todo o Val Belluna. 



Textos não confiáveis ​​fazem com que Sofia da Camino, condessa de Zumelle, se opôs em armas ao temível Federico Barbarossa em 1160, quando se apressou em apoiar os habitantes do Castelo de San Cassiano, cercados por Cristiano da Magonza, súdito do imperador. A valente Sofia morreu em 1177 em Mareno di Piave e foi enterrada na Abadia de Follina, onde ainda hoje está, confirmando os laços muito estreitos entre os feudos do alto Marca e Val Belluna. 


O esplendor máximo do castelo Zumelle data deste período. Pode ter sido equipado com quatro paredes e quatro torres, além de uma forte guarnição militare.
A vontade de Sofia é novamente motivo de divergências e disputas entre Caminesi, Zumellesi, Bellunesi e o condado, divididas em duas partes. A disputa foi resolvida em Veneza, então neutra, e confirmada por Federico Barbarossa em 2 de junho de 1177. 



Já em 1192, o patriarca Gottifredo excomungou a área de Treviso e o papa Clemente III e o imperador Arrigo IV intervieram nas discussões, que delegaram o bispo de Trento para resolver a disputa. O bispo de Belluno, Gerardo, retomou a posse do município e do castelo de Zumelle. Isso é uma desculpa para desencadear a devastação de cidades pelos exércitos de Treviso e Pádua, que correram em auxílio do bispo por ordem do imperador. Em 18 de junho de 1193, foi retirada a excomunhão de Treviso e proferida a sentença que confiava definitivamente os bens de Sofia ao bispo de Belluno. Também foi decidido demolir o Castelo de Zumelle, a fim de não dar origem à futuras contenções.
Mas os moradores de Treviso recorreram ao imperador Henrique IV, que anula a sentença. 



A raiva do bispo recaiu sobre todos os castelos ocupados pelos trevisanos em terras de Belluno. Em 6 de abril de 1196, ele cercou o castelo e, após um ataque sangrento, o conquistou, incendiou e o destruiu. Outros castelos famosos tiveram o mesmo fim: Castel Mirabello di Sedico, Castel Landredo, Castel d'Ardo (Trichiana), Tagliata di Quero, a torre-fortaleza de Praderadego.
A vingança de Treviso não tardou e, liderada por Valperto de Onigo, as tropas de Treviso entram na área de Belluno atropelando o Praderadego. O bispo é ferido, preso e levado à morte em meio a sofrimentos atrozes, Valperto é morto em uma batalha no campo. O papa Inocêncio III excomunga os trevisanos e a cidade sofre um pesado "embargo".
O castelo de Zumelle ficou abandonado e o mato cresceu no sangue derramado.
Rizzardo da Camino, vigário imperial, se apropria novamente do castelo em 1311, reconstruindo-o em suas formas atuais, deixando nele uma pequena guarnição militar.
Mas o grande periodo feudal se acaba e o declínio político e militar desaparecendo gradualmente. 



Um incêndio final, no sentido literal do termo, ocorre com a destruição, pelas tropas imperiais associadas à Liga de Cambrai, em 1510. O castelo e toda a zona feltrina, Feltre em particular, são incendiados e submetidos à ferro e fogo.

Zumelle é rapidamente restaurada, mas o complexo se torna mais uma residência e abrigo rural para os agricultores, com o longo e sonolento 'pax' veneziano e o abandono de todas as estruturas medievais dos papéis militares com a demolição de muitos castelos. Proprietários por três séculos, os condes Zorzi, senhores de Mel, o passaram para a rica família veneziana Gritti e, depois com a queda de Veneza, confiscados pelos novos invasores austríacos.

Dentro do castelo, além de artefatos interessantes e da característica Mastio do século XIII, há uma capela dedicada ao bispo de San Donato de Arezzo - muito reverenciada pelos lombardos - construída no início da Idade Média, provavelmente entre os séculos VIII ao IX.
O altar de madeira é do século XVII e o valioso retábulo de 1715.
Fortemente restaurada no início dos anos 1900, para abrigar uma estátua da Madonna de Lourdes, desde então também foi chamada Madonna della Grotta.

Em 1872, foi comprado pelo município de Mel, que ainda é o proprietário, e concedido sob gestão a particulares ou associações. É considerada como o mais preservado na área de Belluno. Se encontra no município de Mel na estrada Feltrina à esquerda do rio Piave, entre os municípios de Belluno e Feltre.
Imerso em um ambiente natural esplêndido e perfeitamente intacto, é um local de grande charme.